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O coordenador executivo do Comitê Científico de Combate à Covid-19 do Estado de São Paulo, João Gabbardo, afirmou que o pico de internações pela doença no Estado deve ocorrer em até três semanas. Com avanço da variante Ômicron, a ocupação de leitos deve continuar a piorar nas próximas semanas, com uma situação "mais tranquila" em março, avaliou o coordenador.

"O Comitê Científico trabalha com uma expectativa de que nós ainda vamos piorar por duas semanas, nós vamos aumentar muito o número de casos. O nosso pico de internações e uso de leitos de Unidade de Terapia Intensiva UTI deve ocorrer em três semanas, aí pelo dia 20 de fevereiro vamos começar a reduzir a ocupação desses leitos e em março vamos estar em uma situação mais tranquila", disse Gabbardo, em entrevista à CNN na manhã desta sexta-feira.

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Mesmo com o cenário de aumento de internações, o coordenador descartou a necessidade de adoção de lockdown devido à alta disseminação da doença. Gabbardo justificou que não há risco de "desassistência" afirmando que São Paulo é capaz de aumentar os leitos na medida da necessidade. "Nós não vamos passar de cinco mil leitos para 15 leitos, até porque não seria necessário", disse, ressaltando que a expectativa do governo é que o número de internados fique em torno 6 mil pacientes.

Sobre o aumento na taxa de ocupação dos leitos, que atualmente na Grande São Paulo é de 74,4%, o coordenador justificou que existe um outro perfil de internados no Estado. "O que acontece agora é que as pessoas estão internadas por outras razões, pelas situações clínicas delas, na cardiologia, na neurologia", disse.

"Quarenta por cento da população hoje apresenta teste positivo para covid mesmo sem ter sintomas, e quando chega no hospital, faz o teste e esse pessoa vai ter o teste positivo para covid, então ela tem que ser deslocada para um leito de covid, e vai aparecer como uma interação por covid, porque efetivamente ela está com covid, mas ela não está no hospital pelos sintomas da covid, ela está no hospital por outras razões", justificou.

Vacina

Em incentivo à vacinação, o coordenador censurou aqueles que ainda não completaram o ciclo vacinal. "Quem ainda não tomou a dose de reforço está perdendo tempo, está fazendo uma aposta para ver quem chega primeiro no hospital". Gabbardo também avaliou que a vacinação contra a covid possa ser anual. "É bem provável que as pessoas uma vez por ano tomem uma vacina por covid, assim como a gente toma vacina por influenza", disse. "Talvez não seja necessário em toda a população, talvez seja necessário só nos grupos de maior risco", considerou.

O Ministério da Saúde classificou como "satisfatória" a capacidade de o Brasil oferecer testes para identificar contaminações pelo novo coronavírus, se comparada com os demais Países do mundo. O secretário-executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis, minimizou o desempenho da Coreia do Sul, considerada referência na aplicação de testes na população.

"Estamos sendo questionados com relação ao número de testes. Qual o melhor país? Coreia do Sul? Não chegou a fazer 500 mil testes. Testou 450 mil pessoas. Alguém pode dizer que a população é de 50 e poucos milhões (51,47 milhões). É um quarto da nossa. Vamos fazer muito mais. Antes de criticar o que estamos fazendo, é legal comparar com os demais. A questão do teste é extremamente complexa. O que o Ministério da Saúde tem conseguido é motivo de satisfação", afirmou.

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O secretário de vigilância da pasta, Wanderson de Oliveira, admitiu a subnotificação de casos de coronavírus, mas ponderou que ela também existe para outras doenças. Além disso, por conta da dimensão da pandemia, ele diz acreditar que ela é muito menor do que poderia ser e, por isso, não impacta planejamentos.

"Tenho absoluta certeza, dada a cobertura da imprensa, que ela é muito inferior do que em um ano interepidêmico. Não creio que essa questão da subnotificação vai influenciar muito o planejamento. Associado a isso, temos portaria que está para ser publicada falando da obrigatoriedade dos registros de internação. Então, juntando todos os elementos vamos buscar diminuir ao máximo", disse.

Incógnita

A crise no fornecimento de testes para checar as contaminações pelo novo coronavírus não dá trégua. O planejamento do Ministério da Saúde conta com 22,9 milhões de testes, adquiridos ou doados, incluindo os testes moleculares, que são mais precisos no resultado, e os testes rápidos (sorológicos). Ocorre que, até agora, só há previsão de entrega para 9,183 milhões. Para as demais 13,7 milhões de unidades, o prazo é uma incógnita.

A informação é da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. O boletim da covid-19 desta quinta-feira informa ainda que, desses 9,183 milhões de testes com programação de entrega confirmada, apenas 904.872 unidades já foram entregues, sendo 500 mil unidades do teste rápido e 404.872 unidades do teste molecular, também conhecido pela sigla RT-PCR. A remessa integral só deve ser concluída no fim de julho.

Na prática, o ministério recebeu apenas 9,9% desta parcela de testes com entrega programada. Em abril, a previsão é de que mais 525 mil testes moleculares serão entregues. Três remessas de 1 milhão de testes cada estão programadas para maio, junho e julho.

Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, o Ministério da Saúde detectou "limitações importantes" nos 500 mil testes rápidos doados pela mineradora Vale, fabricados na China, e pediu cautela a gestores do SUS ao aplicar o produto. A desconfiança do governo federal surgiu após análise de qualidade de um laboratório privado, feita a pedido da pasta, apontar 75% de chance de erro em resultados negativos para o novo coronavírus.

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