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Na última reunião do ano, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou processo do PL contra a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP). O partido acusou a parlamentar de ofender integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o Movimento dos Trabalhadores sem Terra em reunião do dia 12 de julho. Segundo a representação, Sâmia Bomfim destratou especialmente o deputado General Girão (PL-RN), a quem teria chamado de “bandido”, “terrorista”, “fascista” e “golpista”. 

De acordo com o relator do processo, deputado Acácio Favacho (MDB-AP), as imagens da reunião da CPI do MST mostram que realmente ocorreu uma discussão entre a deputada e os demais integrantes da comissão. No entanto, conforme o relator, como o microfone estava desligado, não foi possível comprovar que todas as falas foram realmente proferidas como consta na representação do PL.  Além disso, Acácio Favacho entendeu que Sâmia Bomfim apenas expressou sua “opinião crítica” sobre o tema em debate no momento. Por isso, estava protegida pela imunidade parlamentar. 

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“Considerando que os fatos descritos na representação ocorreram durante a reunião de uma CPI realizada em plenário de comissão da Câmara dos Deputados, em contexto de um debate político, pode-se concluir que a representada agiu amparada pela imunidade material conferida aos membros do Congresso Nacional pela Constituição Federal. Trata-se, portanto, de fato atípico insuscetível de configurar afronta ao decoro.” 

Ao se defender da acusação, Sâmia Bomfim reiterou que a representação contra ela, assim como ocorreu com outras deputadas, foi parte de um processo de “perseguição política”.  “Termina um ciclo importante, em que havia aqui no Conselho de Ética vários pedidos de cassação de mandatos, sobretudo de mulheres, que, com a sua combatividade, a sua expressão política, se manifestaram e foram vítimas de perseguição política", disse.

"A gente precisa, no próximo ano, utilizar o Conselho de Ética, de fato, como um instrumento sério, para parlamentares que excedam o seu papel, que atrapalhem o andamento da boa administração da coisa pública, que cometam crimes, cometam violações graves, e não como forma de mostrar contrariedade ou oposição entre legendas”, completou Sâmia. 

O presidente do Conselho de Ética, deputado Leur Lomanto Júnior (União-BA), também fez um apelo aos parlamentares para que tenham moderação nas discussões para evitar processos desnecessários. Segundo o parlamentar, neste ano o colegiado analisou 22 representações por quebra de decoro, todas elas por utilização de “palavras inadequadas”.

*Da Agência Câmara de Notícias

Ao requerer a abertura de inquérito sobre suposta incitação ao 8 de janeiro por parte do deputado General Girão, a Polícia Federal argumentou como o parlamentar, um mês antes de a intentona golpista devastar a Praça dos Três Poderes, 'parecia estar ciente de que algo importante para ele e seus seguidores estava prestes a acontecer'.

Os investigadores alegaram que Girão incitava a violência muito antes do 8 de janeiro sendo importante 'considerar seriamente a possibilidade' de cometimento de quatro crimes por parte do deputado: associação criminosa, incitação ao crime, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

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A Procuradoria-Geral da República encampou o pedido da PF e, na quinta-feira, 6, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a instauração de um inquérito sobre a conduta de Girão.

No centro da investigação estão uma série de publicações e manifestações feitas por Girão entre 8 de novembro de 2022 e 10 de janeiro de 2023. Em um dos posts questionados, o parlamentar escreveu, em dezembro: "Casa do Povo pertence ao povo. O Brasil pertence aos brasileiros. A justiça pertence a Deus. #Vamos Vencer".

As publicações foram analisadas, preliminarmente, pela PF após a corporação ser instada pela Procuradoria da República no Rio Grande do Norte. O braço do Ministério Público Federal no Estado já entrou com ação sobre Girão na esfera civil, pedindo indenização de R$ 5 milhões por danos morais pelo suposto estímulo a atos antidemocráticos no RN.

Depois de verificar o conteúdo das manifestações do deputado, os investigadores levantaram a suspeita de Girão não ter apesar incitado hostilidade entre as Forças Armadas e as Instituições.

A PF citou o discurso feito em dezembro pelo parlamentar no acampamento golpista montado em Natal, destacando que, 'menos de um mês antes da tentativa de golpe de Estado, há uma clara antecipação do que estava por vir' em janeiro, com ' referência a uni presente trazido pelo Papai Noel'.

Os investigadores destacaram o seguinte trecho da manifestação do parlamentar: "Eu quero dizer para vocês que essa semana é a semana que tá começando as festividades de Natal. Sim ou não? Então, todo mundo aqui eu espero que tenha sido bom filho, bom pai, bom irmão, boa esposa e aí botem o sapatinho na janela que Papai Noel vai chegar essa semana. Acreditem em Papai Noel. Pode até ser camuflado também".

Ao analisar o caso, a PGR entendeu que o discurso de Girão 'em apoio e a conclamação dos atos que culminaram na invasão às sedes dos poderes constitucionais são indicativos de que o incitamento difundido pelo deputado supostamente estimulou a prática das ações criminosas acima narradas'.

"Necessário apurar, portanto, todos os contornos eventualmente criminosos das condutas indicadas nos autos e se as postagens do requerido tiveram influência nos atos do dia 8 de janeiro de 2023, consubstanciando ou não o delito definido no Código Penal", anotou o subprocurador-geral Carlos Frederico Santos.

O ministro Alexandre de Moraes viu 'justa causa' para abrir o inquérito. A investigação terá duração inicial de 60 dias, podendo ser prorrogada. O relator determinou às plataformas sociais que forneçam à PF metadados das publicações sob suspeita.

Além disso, instou a PF a realizar uma nova pesquisa nas redes de Girão para identificar outras eventuais postagens com indícios dos crimes sob apuração. O deputado também deve ser ouvido sobre o caso, para 'esclarecer o que considerar pertinente'.

A Procuradoria da República no Rio Grande do Norte entrou com ação na Justiça cobrando R$ 5 milhões do deputado federal General Girão (PL-RN) - oficial da reserva - por danos morais coletivos. A Procuradoria atribui a Girão 'fomento de atos antidemocráticos' em frente ao 16° Batalhão de Infantaria Motorizada do Exército em Natal. Segundo a ação, o parlamentar fez 'reiteradas postagens em suas redes sociais conspirando contra o Estado Democrático de Direito'. O Ministério Público Federal classificou o general como 'importante articulador e motivador dos atos criminosos'.

A ação ainda tem pedido liminar - decisão provisória, dada em casos urgentes - para que sejam retiradas do ar as postagens de Girão. A Procuradoria ressalta que 'manifestações de ódio à democracia não estão protegidas pela liberdade de expressão, já que infligem risco de dano real e iminente às instituições democráticas, sobretudo no contexto das eleições'.

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O processo também atinge a União - os ex-comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica divulgaram nota 'estimulando os acampamentos', diz o Ministério Público Federal. Ainda são alvo da ação o Estado do Rio Grande do Norte e o município de Natal por suposta 'omissão na proteção à democracia ao permitirem a manutenção dos acampamentos'.

A ação civil pública foi apresentada à 4ª Vara Federal do Rio Grande do Norte e é assinada pelos procuradores da República Victor Manoel Mariz, Emanuel De Melo Ferreira e Fernando Rocha de Andrade. Eles argumentam que os acampados em frente ao QG do Exército em Natal defenderam um 'verdadeiro golpe de Estado', tratando-se de 'reunião realizada por associação antidemocrática, não protegida pela liberdade de expressão e reunião, incitando animosidade entre Forças Armadas e Poderes constituídos'.

Nessa linha, a ação argumenta que General Girão 'usou ativamente suas redes sociais, em claro abuso da liberdade de expressão e da imunidade parlamentar, para encorajar condutas que atentavam contra a ordem democrática', inclusive a continuidade do acampamento existente à época em Natal.

"Em postagem feita um mês antes da invasão dos prédios do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, o réu já instigava a violência contra as instituições, especialmente o Congresso", ressaltou a Procuradoria. "A vontade do réu em ver a concretização de um golpe de Estado, como se sabe, quase se consumou pouco mais de um mês de tal postagem, havendo nexo de causalidade entre conduta e dano".

Já com relação aos comandantes das Forças Armadas, a Procuradoria argumenta que a nota divulgada pelo trio 'defendeu que a liberdade de expressão e reunião podem ser utilizadas inclusive para estimular a prática de crimes'. "A emissão da nota demonstra politização inconstitucional das Forças Armadas e estimulou a manutenção dos atos antidemocráticos e golpistas em frente aos quartéis a partir do desenvolvimento da narrativa de que as eleições foram fraudadas, fomentando a busca pela quebra da ordem democrática", sustentam os procuradores.

COM A PALAVRA, O GENERAL GIRÃO

A reportagem do Estadão fez contato com o gabinete do deputado General Girão, mas o mesmo não se pronunciou sobre a ação do MPF até a publicação deste texto. O espaço está aberto para manifestações.

O deputado federal General Girão (PSL-RN), um dos bolsonaristas que teve o sigilo quebrado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, apresentou projeto de decreto legislativo para derrubar o ato do ministro Dias Toffoli que instaurou o inquérito que apura ofensas, ameaças e 'fake news' contra a Corte, no ano passado.

A investigação é relatada por Moraes e retroalimenta o inquérito sobre o financiamento e organização dos atos antidemocráticos, no qual Girão foi um dos alvos de quebra de sigilo. O texto apresentado pelo parlamentar precisa de aval do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para tramitar.

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O projeto de decreto legislativo afirma que Toffoli instaurou o inquérito das 'fake news' sem que tenha ocorrido infração na sede ou dependência do Supremo. Segundo ele, mesmo que o regulamento interno da Corte permitisse isso, o ministro estaria 'infringindo qualquer limite do singelo poder de regulamentação' ao abrir a investigação.

O STF, no entanto, já validou a legalidade do inquérito por 10 votos a um. A decisão abriu caminho para que provas sejam compartilhadas com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em ações que podem levar à cassação do presidente Jair Bolsonaro e de seu vice, Hamilton Mourão.

O inquérito das fake news fechou o cerco contra o chamado 'gabinete do ódio', grupo de assessores do Palácio do Planalto comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente da República. A existência do 'gabinete do ódio' foi revelada pelo Estadão em setembro do ano passado.

A investigação também retroalimenta outro inquérito conduzido por Alexandre de Moraes: o que apura o financiamento e organização de atos antidemocráticos. Neste processo, o deputado General Girão teve o sigilo bancário quebrado em junho a pedido do vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros.

Uma linha de apuração do inquérito quer saber se os investigados teriam articulado com parlamentares bolsonaristas o financiamento para a promoção de atos antidemocráticos, enquadrados pela Lei de Segurança Nacional, que pediam o fechamento do Congresso Nacional e do próprio STF.

A PF também apura se o governo Bolsonaro direcionou, intencionalmente ou por omissão, verba publicitária para páginas na internet dedicadas a promover manifestações contra a democracia. Outro foco apura 'vínculos' envolvendo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, de Damares Alves, com a contratação da esposa do blogueiro Oswaldo Eustáquio e a extremista Sara Giromini.

Foi nesta investigação que o Estadão revelou troca de mensagens entre o blogueiro Allan dos Santos e o assessor Mauro Cid, chefe da Ajudância de Ordem de Bolsonaro, no qual o primeiro sugere a necessidade de uma intervenção militar. Em uma conversa, Allan disse: 'As Forças Armadas precisam entrar urgentemente'.

Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PSL) usaram as redes sociais, na manhã desta sexta-feira (6), para cobrar respostas sobre o atentado a faca contra ele que aconteceu há exatamente um ano, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM) disse que não acredita que foi um ato de “um louco”, fazendo referência a Adélio Bispo, autor da facada, considerado inimputável por sofrer de  transtorno delirante persistente.

“Ainda aguardamos respostas sobre quem tentou matar o presidente. Louco é quem acredita que foi um ato de um louco”, ponderou acrescentando a hashtag “#quemtentoumatarBolsonaro”. Antes de dizer isso, contudo, Onyx enalteceu a força do presidente. 

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“Há um ano, um militante do Psol atentou contra a vida do presidente Jair Bolsonaro. Como foi muito bem lembrado pelo Abraham ontem [quinta-feira], com tudo que JB [sic] passou,  nunca o vimos amargurado ou com a sua vontade de transformar o Brasil abalada”, disse o ministro. 

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) também falou sobre o assunto. “Um ano sem respostas: Quem pagou a hospedagem do Adélio? Por que ele tinha quatro celulares e um notebook? Quem paga os advogados do Adélio? Os indícios não levam a um ato isolado. #QuemMandouMatarBolsonaro?”, perguntou.

O coro de cobrança foi endossado ainda pelo deputado General Girão Monteiro (PSL-RN). “Até agora não sabemos quem foi o mandante desse crime bárbaro! Quem mandou matar Bolsonaro? Até quando o país vai ter que esperar por essa resposta?”, indagou. 

Apesar de não ter seguido a mesma linha, o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC), também lembrou da facada contra o pai e ponderou que a fé o "mantém de pé".

"Hoje faz um ano da facada que quase matou meu pai! No final de semana passará pela quinta cirurgia devido ao ocorrido. A esperança que as coisas darão certo é que me mantém de pé! Na vida, nada é perfeito, entretanto temos que ter fé!", observou Carlos.

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