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O ex-vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro aposentado Gilson Dipp, faleceu, nesta segunda-feira (28), aos 78 anos. A informação foi confirmada pela corte que o magistrado integrou por mais de 16 anos. O penalista deixa três filhos. O STJ não divulgou a causa da morte do ministro.

Dipp se aposentou em 25 de setembro de 2014, após 25 anos na magistratura. No Superior Tribunal de Justiça, também foi presidente da Quinta Turma, vice-presidente do tribunal e do Conselho da Justiça Federal. Integrou o Tribunal Superior Eleitoral entre 2011 e 2013.

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O magistrado ainda atuou como corregedor nacional de Justiça, entre 2008 e 2010, e em 2012 chegou a coordenar a Comissão Nacional da Verdade, que investigou violações dos direitos humanos durante o regime militar.

O ex-vice-presidente do STJ também presidiu a comissão de juristas criada pelo Senado para preparar a reforma do Código Penal - grupo cujos trabalhos foram encerrados em 2012.

Na ocasião, Dipp levantou as bandeiras de combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro. À época, em entrevista ao Estadão, defendeu a criminalização do enriquecimento ilícito de servidores públicos, inclusive de magistrados.

O penalista nasceu em 1º de outubro de 1944 em Passo Fundo (RS) e se formou em ciências jurídicas e sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Antes de atuar no STJ, era juiz do Tribunal Regional Federal da 4ª Região em 1989, corte que presidiu entre 1993 e 1995.

O advogado responsável pela defesa do senador Delcídio Amaral em seu processo de cassação no Senado, Gilson Dipp, afirmou não saber da existência de uma delação e se demonstrou incomodado com a notícia. "É novidade para mim, senão eu não estaria brigando tanto na defesa. Como que eu ia perder tempo assim no Senado?", indagou.

Segundo o advogado, ele recebeu a informação pela imprensa. "Estou tão surpreso quanto vocês. Nunca me foi informado nada, até para que eu tivesse uma linha de defesa", afirmou Dipp nesta quinta-feira, dia 3.

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O advogado, que foi ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é responsável pela defesa de Delcídio no processo em que ele responde no Senado por quebra de decoro parlamentar, e que pode levar à cassação de seu mandato.

No âmbito do STF, a defesa é coordenada pelo advogado Maurício Leite, enquanto Figueiredo Basto é o advogado responsável por delações premiadas e já atuou na defesa de outros investigados pela Lava Jato que colaboraram com as investigações.

Dipp concordou com avaliação do relator do processo, senador Telmário Mota (PDT-RR), de que a suposta delação é um complicador para o caso de quebra de decoro no Senado. "Evidentemente acelera o processo", concordou.

Insatisfação

O advogado não soube explicar como os novos fatos podem modificar a estratégia da defesa. "Não sei nem o que vai ser feito, como vai ser feito e por quem vai ser feito. Pelo que eu li, já tem várias declarações. Vou me informar direito e tomar uma decisão, que pode ser não apenas de ordem jurídica", disse.

Quando questionado sobre o que seriam estas decisões de ordem não-jurídica, Dipp afirmou que vai avaliar toda a situação "em termos gerais, amplos, muito amplos".

Apesar de demonstrar insatisfação com a situação, o advogado negou que vá deixar o caso. "Não posso dizer isso agora. Mas vou ver o que aconteceu, como aconteceu e avaliar em termos de defesa."

Na manhã desta quinta-feira, a revista IstoÉ publicou reportagem em que revela trechos de suposta delação premiada do senador Delcídio Amaral, que foi preso preventivamente por tentar obstruir investigações da operação Lava Jato.

Segundo a revista, Delcídio teria dito em delação premiada que a presidente Dilma tentou atuar ao menos três vezes para interferir na Operação Lava Jato por meio do Judiciário. Na delação, Delcídio teria citado também o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e detalhado os bastidores da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras.

O decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff que regulamenta a Lei Anticorrupção, parte do pacote anunciado pelo governo federal na semana passada, foi alvo de críticas por parte do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp. Para ele, que foi um dos mentores das varas especializadas na temática de lavagem de dinheiro, o decreto "extrapola" a própria lei e traz mais questionamentos ao texto. "Se a lei era questionada, com o regulamento será mais questionada ainda. E quem vai dar a última palavra será o Judiciário", afirmou o ex-ministro na segunda-feira, 23, durante seminário sobre a Lei Anticorrupção no Tribunal de Contas da União (TCU).

Na avaliação de Dipp, "atores indesejados" pela Lei são trazidos atualmente ao debate atualmente por conta da Operação Lava Jato, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas. O atraso na regulamentação da lei "contaminou" a discussão com os fatos concretos da Lava Jato, nas palavras do ex-ministro.

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A Lei 12.846, conhecida como Lei Anticorrupção, foi sancionada em agosto de 2013, entrou em vigor em janeiro de 2014 e foi regulamentada apenas na última semana. "Estamos colocando essa lei casuisticamente. Estamos examinando frente ao quê? À Operação Lava Jato, o que causa distorção na aplicação da lei, que já é complexa por sua própria natureza", disse o ministro.

O ministro-chefe da CGU, Valdir Simão, saiu em defesa da regulamentação e rechaçou a possibilidade de tanto a lei como o decreto terem sido afetados pelo caso de corrupção na Petrobras. "A Lei (Anticorrupção) foi aprovada em 2013 e quem estabelece as multas é a lei. Ela foi encaminhada ao Congresso em 2010. Então não foi direcionada à Lava Jato. Nem a regulamentação. A regulamentação foi feita com base em critérios técnicos", defendeu Simão, que participou do mesmo evento do ex-ministro do STJ.

Dipp defende a não participação do MP e do TCU na celebração de acordos de leniência entre empresas envolvidas em esquemas de corrupção e desvios e Poder Público. "O MP quer participar do acordo de leniência. Não deve. Já participa da colaboração premiada. Sobre o TCU, onde está a possibilidade na lei de intervenção do TCU?", questiona Dipp.

A Lei Anticorrupção e o decreto que a regulamenta apontam que a prerrogativa para celebrar os acordos é da CGU. O ex-ministro do STJ diz que o decreto que regulamenta a Lei Anticorrupção concedeu um "protagonismo exagerado" à controladoria, ao prever a possibilidade de o próprio órgão instaurar os processos administrativos de responsabilização.

O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho, criticou a falta de participação do Ministério Público nos acordos. "Não deixa de ser curioso que quem mais têm externado preocupação em relação à autonomia do Executivo (na celebração dos acordos) são as próprias empresas por medo de, sejamos claros, achaque", disse o procurador no evento.

No caso da Operação Lava Jato, a leniência com empreiteiras envolvidas é defendida pelo governo federal como uma solução para evitar a paralisação de obras públicas no País e a quebra de empresas. Há cerca de um mês, contudo, procuradores envolvidos na investigação foram ao TCU pedir que a Corte evitasse que os acordos fossem fechados. A alegação é de que o Ministério Público tem acesso a informações sigilosas do caso e os acordos não seriam benéficos para o avanço das investigações.

O acordo de leniência traz para as empresas "muito mais problemas do que vantagens", afirma Gilson Dipp Ele menciona que um acordo com o Poder Público no âmbito administrativo não exclui ação penal se o ato configurar crime, tampouco exime a ação administrativa fiscal - por parte da Receita Federal.

O vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça, Gilson Dipp, está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Também integrante da Comissão da Verdade, Dipp foi internado há cerca de duas semanas no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, com quadro de asma. No entanto, a situação teria evoluído para uma pneumonia e a família teria decidido transferi-lo para São Paulo. Uma nova complicação teria surgido, fazendo com que ele fosse submetido a uma cirurgia abdominal. De acordo com boletim médico divulgado nesta sexta à tarde pelo Hospital Albert Einstein, o estado de saúde do ministro é "estável" e ele está na UTI recuperando-se da cirurgia abdominal. No entanto, pessoas próximas a ele afirmam que a situação é grave. Nota divulgada no início da noite pelo STJ informa que o ministro está internado "em razão de complicações de asma".

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp, que será o coordenador da Comissão da Verdade, disse que não há possibilidade de esse ser o primeiro passo para a revisão da lei de anistia. "A comissão visa apurar as violações de direitos humanos, visa recompor a memória e a verdade histórica e não temos nenhum poder jurisdicional ou persecutório", declarou Dipp. "A sociedade saberá compreender que esta é uma missão acima de qualquer suspeita de que adentremos em terreno que a lei não nos permite", acrescentou o ministro.

Dipp voltou a admitir que tanto os atos dos militares quanto os da esquerda serão analisados. "O artigo primeiro da lei diz que toda violação aos direitos humanos poderá ser examinada pela comissão para recompor a memória e a história e é isso que será feito."

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Ele disse que as prioridades do trabalho serão definidas a partir da primeira reunião da comissão, marcada para logo mais às 16 horas. "Vamos ter regimento interno e cronograma de ações e começar a escolher depoimentos, informações e entrega de documento e, principalmente, colaboração com outros órgãos públicos e de outras comissões."

Na avaliação do ministro este é um momento histórico para a sociedade e para o cidadão brasileiro. "O Brasil vai ter a oportunidade de se conciliar em definitivo com a história, com seu passado, com seus percalços e seus avanços. Uma democracia só se consolida se tivermos a certeza do que aconteceu no passado, sem que nada seja escondido. Que nenhuma mágoa fique latente, e que possamos promover a verdadeira reconciliação nacional, esta é a missão dolorosa da Comissão da Verdade", disse.

"Todos nós estamos cientes de que estamos trabalhando para que o Brasil possa se reconciliar com o seu passado, mais do que isso, possa se projetar para o futuro para que nossos filhos não mais sejam vitimas de intolerâncias, de violação aos direitos humanos, de tortura e do encobrimento da verdade", afirmou.

O ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), defendeu ontem a criminalização do enriquecimento ilícito de servidores públicos, inclusive de magistrados.

O enriquecimento é punido com base na Lei de Improbidade, que prevê sanções exclusivamente de caráter civil, como pagamento de multa, devolução de dinheiro desviado do erário e suspensão dos direitos políticos. "Proponho a tipificação do enriquecimento ilícito com pena de reclusão", declarou Dipp.

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Antecessor da ministra Eliana Calmon na Corregedoria Nacional de Justiça, Dipp é criador das varas de lavagem de dinheiro da Justiça Federal por onde tramitam ações contra o crime organizado. Ontem, ele conduziu a primeira audiência pública da Comissão de Reforma do Código Penal no Senado, fórum que ele preside. No Tribunal de Justiça de São Paulo, reuniram-se promotores, senadores, juízes, advogados, notáveis do Direito e segmentos da sociedade civil.

Dipp assinalou que o código é de 1940. Ao longo desses anos foram criadas mais de 120 leis extravagantes para suprir lacunas do código defasado. "O excesso de legislações esparsas conduz à situação de injustiça, gera descompasso e descrédito no Direito Penal", alertou o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Fernando Grella Vieira.

O ministro informou que o combate à corrupção é capítulo fundamental na construção do novo código. "O enriquecimento ilícito deve ser tipificado como crime, o servidor que tenha patrimônio incompatível com o seu rendimento e não saiba justificar de onde veio deve ser processado criminalmente. Está na convenção da ONU contra a corrupção. O Brasil é signatário."

Para Dipp, a punição de ordem criminal pode intimidar o agente envolvido em fraudes contra o Tesouro. "O tipo penal tem mais rigor, tem um peso maior de coação e de prevenção."

O ministro ressaltou que a comissão "está prevendo esse tipo penal basicamente em relação ao funcionário público, aquele que amplia seu patrimônio de forma injustificável". A proposta, ainda em estudo, alcança períodos mais abrangentes, não só do tempo em que o servidor exerceu sua atividade. O rastreamento deverá avançar a "algum tempo posterior para que (o investigado) não venha a se locupletar da sua função anterior para angariar fundos posteriormente".

Dipp avalia que "todos os servidores, inclusive juízes e membros do Ministério Público", devem ser enquadrados. "Os crimes são gerais. Se algum desses crimes que estão no Código Penal for praticado por membro do Judiciário ou do Ministério Público ele estará respondendo a um inquérito ou ação penal, não pelo fato de ser juiz ou promotor, mas por estar enquadrado em determinada figura penal."

A criminalização do enriquecimento vai ser ampla. "Todo aquele que exercer função pública, cargo público, inclusive político e do Judiciário. Não precisa ser funcionário concursado", assinala o ministro. Ele disse que não foi discutida a dosagem da pena de prisão a ser aplicada. "Vamos trabalhar com a nossa consciência e sem ouvir pressão." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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