O Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito concordou em formar um governo de salvação nacional e passar completamente o poder às autoridades civis até julho de 2012, disse nesta terça-feira o político Selim al-Awwa à agência estatal de notícias MENA, citada pela agência France Presse (AFP). A junta militar concordou com a passagem de poder após quatro dias de manifestações na praça Tahrir do Cairo e violentos confrontos com os opositores, que deixaram pelo menos 29 mortos. As centenas de milhares de pessoas que protestam na praça Tahrir, no entanto, descartaram as concessões e pediram uma mudança imediata de regime, gritando "fora" para os militares.
Em comunicado na televisão estatal, o marechal Hussein Tantawi, líder da junta militar, disse aos egípcios que as eleições presidenciais serão realizadas até 30 de junho de 2012, mas não deu uma data específica para a transferência de poder. Tantawi também disse que os militares também estão prontos a realizar um referendo imediato para a transferência de poder aos civis.
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"As Forças Armadas, representadas pelo Conselho Supremo, não têm o desejo de governar e colocam os interesses do Egito acima de tudo. Elas estão prontas a entregar imediatamente a responsabilidade e voltarem ao seu dever original que é defender o país, se o povo quiser isso através de um referendo, se ele for necessário", disse Tantawi. O marechal disse que aceitou a renúncia do primeiro-ministro Essam Sharaf, que governava desde fevereiro com um gabinete civil tutelado pelos militares, após a queda de Hosni Mubarak em 11 de fevereiro.
Na praça Tahrir, os manifestantes pediram que Tantawi deixe imediatamente o poder. "Nós não vamos deixar a praça. Ele é que vai embora", gritavam os manifestantes. "Fora, marechal de campo".
"Nossas demandas são claras. Queremos que a junta militar renuncie imediatamente e entregue a autoridade a um governo de salvação nacional civil com poderes totais", disse Khaled El-Sayed, manifestante da Coalizão da Revolução Jovem e um dos candidatos às eleições parlamentares de 28 de novembro. El-Sayed também pediu que o chefe da polícia militar do Cairo e o ministro do Interior sejam julgados pelos "crimes horríveis" dos últimos dias, quando pelo menos 29 manifestantes foram mortos, a maioria no Cairo.
A junta militar egípcia enfrenta a pior crise política desde a queda de Mubarak em fevereiro. "Foi acordado na reunião, presidida pelo vice dirigente do Conselho das Forças Armadas, Sami Enam, que será formado um governo de salvação nacional, o qual implementará os objetivos da revolução", disse Awwa, pré-candidato presidencial que participou do encontro.
Awwa disse que também foi acordado que "o poder deverá ser transferido a um presidente civil eleito, até no máximo o final de junho de 2012".
Quem irá liderar o governo de salvação nacional é um mistério. Mais cedo, o nome do ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohammed ElBaradei, foi cogitado. Mas não houve confirmação e aparentemente a situação prossegue em um impasse.
As informações são da Associated Press e da Dow Jones.