Tópicos | Isaías

A tempestade tropical Isaías avança nesta terça-feira (4) pela costa leste dos Estados Unidos, causando fortes chuvas e deixando centenas de milhares de pessoas sem eletricidade, enquanto as autoridades de Nova York tomam precauções contra possíveis inundações.

Às 17h locais (18h de Brasília), Isaías passou pelo leste da Pensilvânia e sudeste de Nova York com ventos de 100 km/h, de acordo com o National Hurricane Center (NHC).

O fenômeno se movia rapidamente, a 65 km/h, rumo ao norte-nordeste e "o centro de Isaías era esperado no leste de Nova York e Vermont até o final da tarde e no sul do Canadá à noite", informou.

- Chuva e inundações -

Isaías causará fortes chuvas, entre 200 e 400 mm, no leste de Nova York e Vermont, com picos de 600 mm em áreas específicas, informou o boletim.

Prevê-se condições de tempestades tropicais "no leste de Nova York, Long Island e sul da Nova Inglaterra, com possíveis rajadas de vento com força de furacão" que "podem causar danos significativos" e "falta de energia".

Além disso, a tempestade pode "causar inundações em áreas normalmente secas perto da costa" e o "avanço das águas para o interior", disse o NHC.

Os serviços meteorológicos também emitiram alertas de tornado para o estado da Nova Inglaterra.

Mais de 1,3 milhão de pessoas estavam sem energia às 16h locais em Nova Jersey e mais de 500.000 pessoas no estado de Nova York, de acordo com o poweroutage.us.

"Estamos vendo árvores e galhos arrancados por toda a cidade", escreveu o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, no Twitter. Ele pediu à população para levar a situação a sério e ficar em casa.

Balsas, trens e alguns trechos aéreos do metrô de Nova York foram fechados devido às condições climáticas.

As autoridades instalaram diques de proteção na parte baixa de Manhattan pela manhã, antecipando um aumento no nível da água.

O governador de Nova Jersey, Phil Murphy, declarou estado de emergência e também pediu aos cidadãos que não se aventurem nas estradas.

- Estragos na Carolina do Norte -

O governador da Carolina do Norte, onde o furacão de categoria 1 atingiu o território por volta das 23h de segunda-feira com ventos de até 140 km/h, lamentou a morte de "pelo menos uma pessoa" enquanto enfatizava que "o dano não foi tão sério quanto poderia ter sido".

"Havia muitas árvores que caíram, inundações devido ao aumento do mar, especialmente no sudeste da Carolina do Norte, carros flutuando" em alguns lugares, disse o governador Roy Cooper, entrevistado na manhã desta terça-feira na ABC. "Tivemos vários tornados", disse.

Cerca de 370.000 pessoas sofreram cortes de energia na manhã de terça-feira na Carolina do Norte, de acordo com a agência estadual de gerenciamento de emergências.

As empresas de eletricidade recomendaram que as pessoas em casas inundadas desligassem a fonte de alimentação para evitar serem eletrocutadas.

Aproximadamente 300.000 pessoas também estão sem eletricidade no estado da Virgínia, de acordo com o site poweroutage.us.

- ... E o coronavírus? -

Os moradores dos estados da costa sudeste dos Estados Unidos estão acostumados, quase todo verão, à passagem de tempestades.

Este ano, no entanto, os preparativos para a chegada de Isaías foram afetados pela pandemia do novo coronavírus.

As duas Carolinas sofrem com o aumento de casos, enquanto os Estados Unidos lutam para conter a propagação da epidemia.

O governador Cooper havia recomendado que os moradores usassem máscara e mantivessem a distância física, apesar da tempestade.

Cooper explicou nesta terça-feira que mais abrigos precisavam ser planejados para permitir o distanciamento social entre os evacuados e que cerca de 150 soldados da Guarda Nacional foram enviados para tarefas de emergência.

Isaías foi rebaixado de furacão de categoria 1 para tempestade tropical depois de contornar a Flórida - um dos epicentros da pandemia de coronavírus - sem causar grandes problemas, mas se fortaleceu ao se aproximar das Carolinas.

Alguns centros de testes de coronavírus tiveram que fechar quando a tempestade se aproximava da Flórida, mas já foram reabertos.

Autoridades temiam o efeito devastador da tempestade somado à crise da saúde, mas o "Estado do Sol" se salvou.

Isaías passou como furacão no Caribe e deixou uma mulher morta em Porto Rico. Também causou pequenos danos na República Dominicana e nas Bahamas.

A tempestade tropical Isaías cercava a costa leste da Flórida neste domingo (2), sem ameaças de se tornar um furacão, uma possibilidade que pressionou a capacidade de resposta do estado americano em meio à pandemia.

O fenômeno chegou com força reduzida depois de atingir as Bahamas como um furacão de categoria 1, soprando com ventos máximos sustentados de 100 km/hora e movendo-se lentamente para o norte a 13 km/hora.

"Nenhuma mudança em sua força é esperada para os próximos dias", anunciou a instituição em seu último boletim.

Até sábado, havia a possibilidade de que chegasse com força de furacão. Em vez disso, ventos fortes sopram, chove intensamente e são esperadas quedas de energia na costa leste, mas não há expectativa de um grande desastre.

"Parece que estamos bem, embora não declaremos 'missão cumprida' até que se vá", disse o diretor do escritório estadual de gerenciamento de emergências, Jared Moskowitz.

O episódio serviu como uma simulação de como lidar com um desastre meteorológico, enquanto o estado tenta conter a pandemia, que se dissemina sem controle: cerca de um em cada 44 habitantes testou positivo para o coronavírus na Flórida.

- Ensaiando protocolos -

"Este foi realmente um bom teste dos protocolos e procedimentos que implementamos no estado da Flórida para lidar com a temporada de furacões com a COVID-19", disse Moskowitz.

No caso de um furacão, os residentes costeiros são chamados a se desalojarem. Os que não têm para onde ir vão para abrigos montados em ginásios escolares. Lá, dezenas e às vezes centenas de pessoas dormem em colchonetes no chão até a tempestade passar.

Esse é um cenário de horror no novo mundo imposto pelo coronavírus.

Moskovitz explicou que, por exemplo, hotéis - praticamente vazios devido à pandemia - foram disponibilizados para abrigar os evacuados que têm ou podem ter o vírus.

Embora a maioria dos abrigos permanecesse fechada, também foram testadas medidas sanitárias e de distanciamento social: sua capacidade era limitada a 50 pessoas e salas de aula - áreas anteriormente proibidas - foram preparadas para isolar os positivos do vírus.

"Se um furacão de verdade vier, teremos capacidade para 100.000 pessoas em nossos abrigos, com mais espaço e também lugares específicos para pessoas com COVID-19", disse o prefeito de Miami-Dade, Carlos Giménez.

Neste domingo, a Flórida registrou 7.104 novos casos de coronavírus, totalizando 487.132 e 7.206 mortos. Com 21 milhões de habitantes, é o estado com mais infecções depois da Califórnia, que tem o dobro da população.

- Fim do alerta -

Às 15h de Brasília (18h GMT), a porção central do Isaías estava a 150 km a sudeste de Cabo Canaveral com expectativa de avançar na costa da Geórgia e Carolinas entre segunda e terça-feira antes de entrar no Atlântico.

O presidente Donald Trump declarou emergência na Flórida e alguns moradores cobriram portas e janelas.

"Você sempre tem que se preparar, só para garantir, porque nunca se sabe", disse Jason Woodall, 44 anos, à AFP, na entrada de uma loja em Miami, onde quase não chovia.

Nas Bahamas, o Isaías deixou ruas inundadas, árvores e postes no chão. O escritório de gerenciamento de emergências do arquipélago declarou nesta manhã o "fim do alerta" para todo o país.

Orson Nixon, do departamento de meteorologia das Bahamas, disse ao canal ZNS local que houve "algumas inundações em áreas baixas, mas nada sério em termos de tempestades".

Isaías atingiu Porto Rico na quinta-feira como tempestade tropical, deixando um rastro de árvores caídas e ruas alagadas.

No sábado, o corpo de uma mulher foi encontrado dentro de um veículo arrastado pela água.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando