Esvaziado no cargo, o presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO) dos Jogos de 2016, Márcio Fortes entregou sua carta de demissão, no Palácio do Planalto, no início da semana e seu afastamento, aceito pela presidente Dilma Rousseff, foi publicado no Diário Oficial desta quinta-feira. Márcio Fortes, além tentar disputar, sem sucesso, espaço político com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, perdeu poderes e atribuições também para os órgãos estaduais e municipais que cuidam da Olimpíada no Estado do Rio de Janeiro.
Ex-ministro das Cidades do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Márcio Fortes achava que continuaria a ter poder e o status anteriormente conquistados. Ele teve seu nome aprovado pelo Senado em julho de 2011, mas, desde que chegou à APO, aos poucos, foi sendo engolido.
##RECOMENDA##Primeiro, seu cargo, deixou de ser ligado diretamente à Presidência da República, passando a responder ao Ministério do Esporte. Com isso, deixou de ter autonomia até mesmo sobre os recursos destinados à APO. Em seguida, o ministro Aldo criou o Grupo Executivo da Olimpíada para coordenar os trabalhos dos demais ministros que estavam diretamente envolvidos com o projeto, nomeando seu secretário-executivo, Luis Fernandes, o responsável pelo grupo. Mais uma vez, Márcio Fortes ficou como figurante.
O novo golpe veio quando a Prefeitura do Rio de Janeiro passou a ter controle sobre as obras do chamado Complexo de Deodoro, onde serão disputadas várias modalidades da Olimpíada. Com isso, Márcio Fortes embora responsável pelas obras, não tinha controle sobre elas e passou a reclamar e tentar reverter a situação, criando atritos não só com o Ministério, mas também com a prefeitura do Rio e o governo do estado. Por conta das polêmicas, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, chegou a declarar que não havia necessidade da existência da APO.
A Autoridade Olímpica foi criada por conta do compromisso assumido pelo Brasil junto ao COI - Comitê Olímpico Internacional , seguindo modelo adotado com o órgão centralizador, em Londres. Só que a governança ficou difícil por causa dos órgãos a nível federal, estadual e municipal que se sobrepuseram à sua missão, que seria de acompanhar a execução das obras para evitar que houvesse problemas de atrasos e para coordenar a participação dos três níveis na preparação dos jogos. Márcio Fortes, sem mando, sem controle sobre as obras ou seu orçamento, desistiu de permanecer no cargo.
Faltando três anos para a Olimpíada, há atrasos nas obras e orçamentos ainda indefinidos. O próprio Tribunal de Contas da União (TCU) já questionou atrasos nas obras.