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Estreia nesta sexta (15) o documentário de Jorge Furtado, O Mercado de Notícias, às 19h30, no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, localizado no Derby, área central do Recife. Após a exibição do longa, será realizado um debate com a participação do diretor. O filme foi premiado pelo júri oficial e popular da Mostra Competitiva de longas documentários internacionais do 18º Cine PE.

A trama busca causar uma reflexão sobre o sentido, a prática e o futuro do jornalismo e conta com depoimentos de jornalistas, além de encenação da peça O Mercado de Notícias, de Bem Jonson. O filme reflete casos recentes da política brasileira, nos quais a cobertura da imprensa teve papel de grande destaque.

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Jorge Furtado já escreveu vários roteiros para séries e programas de televisão, como Comédia da Vida Privada, Agosto e A Invenção do Brasil. É um dos fundadores da Casa de Cinema de Porto Alegre. Foi premiado no Brasil e no exterior com os curtas-metragens O Dia Em Que Dorival Encarou A Guarda (1986), Barbosa (1988), Ilha Das Flores (1989), Esta Não É A Sua Vida (1991), Ângelo Anda Sumido (1997) e O Sanduíche (2000).

Serviço

Estreia O Mercado de Notícias

Sexta-feira (15) | 19h30

Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (R. Henrique Dias, 609 - Derby)

Gratuito

(81) 3073 6689

Confira o trailer

Jorge Furtado sabe que não é o único, mas vai na contramão dos que acreditam que a imprensa - e o impresso - estão com os dias contatos, em tempos de internet. É motivo de aflição nos grandes jornais - como continuar atraindo leitores? Com tantos blogs, sites, a informação corre livre e solta. "É o problema. Esse tipo de informação raramente é apurado. Mais que nunca, é preciso bons jornalistas que façam seu trabalho investigativo." Estreia hoje o novo longa de Furtado, o documentário O Mercado de Notícias. Nasceu com o declarado objetivo de discutir a imprensa - e os jornalistas - no Brasil atual. E não é só um filme. O próprio Furtado explica.

"Há tempos, eu vinha com essa vontade de discutir a imprensa. Pesquisando sobre o assunto, descobri uma peça do autor elisabetano Ben Jonson. O primeiro jornal surgiu na Inglaterra em 1622. Três anos mais tarde, Jonson escreveu sua peça, O Mercado de Notícias, que foi montada pela primeira vez no ano seguinte. No Brasil, era - é - inédita. Traduzimos, a professora Liziane Kugland e eu, e montei a peça exclusivamente para integrar esse projeto. Peça, filme e site. O filme poderia ser um trabalho eternamente em processo, porque todo dia surgem novidades em relação à cobertura da imprensa. Montei (com Giba Assis Brasil), mas o work in progress continua no site (www.omercadodenoticias.com.br), que continua sendo permanentemente alimentado. Hoje mesmo (a entrevista foi na segunda-feira), acrescentei material novo."

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Manipulação da informação, o jornalista como intermediário entre o fato e o leitor, a relação promíscua do jornalista com as fontes, a irrelevância de certas notícias que beiram mais a fofoca etc. Tudo isso já estava delineado na peça de Ben Jonson, contemporâneo de Shakespeare. "Como dramaturgo, ele foi um cronista de seu tempo, escrevendo peças sobre o que ocorria na época. É impressionante como conseguiu sacar de cara que o jornal era uma invenção de grande poder, mas também de grandes riscos", avalia Furtado. Sua ideia foi a seguinte: enviou a tradução da peça para 13 importantes jornalistas brasileiros. Montou a peça para eles e filmou as entrevistas que lhe deram, debatendo os assuntos propostos por Jonson há quase 400 anos. As entrevistas foram editadas no filme. Estão na íntegra no site.

"Escolhi jornalistas da área política, e nomes conhecidos nacionalmente", contextualiza o diretor, que elegeu, entre outros, José Roberto de Toledo (do jornal O Estado de S.Paulo), Jânio de Freitas, Paulo Moreira Leite, Luis Nassif, Mino Carta, Renata Lo Prete, Geneton Moraes Neto, Bob Fernandes. "São profissionais que respeito. Não chamei por veículo. Existem alguns de grande projeção e influência, mas não chamei ninguém porque não encontrei ali essas pessoas com credibilidade", acrescentou.

Furtado tem consciência do risco - seu filme, como ele, poderá ser acusado de petismo. "Até tentei colocar algum noticiário polêmico da imprensa sobre o (ex-presidente) Fernando Henrique (Cardoso), mas não achei." Alguns casos são exemplares - a bolinha de papel jogada no candidato José Serra e que foi tratada como atentado, na eleição de 2010; a cópia de Picasso que passou por original na sede do INSS, em Brasília; a tapioca que o ex-ministro Orlando Silva pagou com cartão corporativo (R$ 8); e o suposto caso de pedofilia na Escola Base de São Paulo, cujos donos foram julgados na imprensa para depois ser absolvidos na Justiça (mas o estrago já estava feito).

No caso da bolinha de papel, Furtado denuncia o factoide. "Fiz o que a imprensa deveria ter feito. Fui atrás e, no filme, mostramos quase com 100% de certeza que a bolinha foi lançada por um dos seguranças do candidato. O motivo fica por conta do espectador." No caso do ‘Picasso’, Furtado chega a dar uma de Michael Moore e vai pessoalmente ao MoMa, em Nova York, onde está o original. "Não faço nada que um bom jornalista não deveria ter feito, em nome da apuração e da verdade." O filme não deixa de iluminar uma suspeita - o alinhamento da grande imprensa com interesses de classe, representados por determinados políticos. Furtado não é contra isso. "É legítimo. O que não se pode é manipular e mascarar, tratando como verdades absolutas coisas que não são."

O filme é indiscutivelmente bom - e necessário. "Sei que a imprensa não gosta de ser criticada e, para ser honesto, como diretor, também leio críticas que me aborrecem, outras que me divertem e as que levo em conta. A crítica é importante porque, eventualmente, vai te permitir crescer." Uma frase dentro do filme é exemplar: "Quem lê a imprensa e tem certeza de tudo, está sendo mal informado." Uma crítica que tem feito Furtado pensar refere-se à própria montagem do filme. A peça, muito bem interpretada por atores gaúchos, é como o fósforo que deflagra o fogo. No começo, é muito boa, mas, quando ele volta com o texto de Ben Jonson no desfecho, o assunto não é mais a imprensa, e sim uma trama de casamento. "Algumas pessoas têm reclamado disso e acham que espicha o filme além do necessário. Mas achei esquisito começar com a peça e depois abandoná-la. Entendo o que me dizem, mas é algo de conclusão."

O Mercado de Notícias já estreou em Porto Alegre, onde fica a Casa de Cinema - produtora de Furtado e de um grupo de amigos. "Tivemos discussões muito interessantes. Existe uma demanda muito grandes das faculdades de jornalismo para ver e debater o filme." O Mercado tem vida no exterior? "O foco é muito no Brasil, na política brasileira. Mas, se encontrarmos uma brecha para levar para fora, é claro que o faremos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As poltronas do Teatro Guararapes, neste domingo (27), não ficaram tão ocupadas como na abertura do Cine PE 2014, que ocorreu neste sábado (26). Embora o público estivesse em menor número, o segundo dia do festival foi melhor que o primeiro em relação a seleção dos filmes. Enquanto na abertura, foram exibidos mais de 10 curtas e O Grande Hotel Budapeste- destaque do sábado-, neste domingo foram seis filmes, sendo dois curtas, dois documentários e o longa sobre Getúlio Vargas.

O filme que abriu o segundo dia do Cine PE foi Frascos. O curta fechou a programação da Mostra Pernambuco, que terá seus vencedores anunciados na terça-feira (29).  O segundo filme foi Ecce Homo, que pertence à Mostra Curta Nacional. A produção mostra e critica a triste realidade dos animais que são maltratados. Algumas cenas desse curta são reais e chocantes, o que deixou o público bastante impressionado. 

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Ao final da exibição de Ecce Homo, uma mulher da plateia fez um pedido para que o volume do áudio fosse diminuído. A resposta ao comentário da espectadora foi de aplausos vindos do público. Isso porque o volume do som dos filmes, este ano, vem causando certos incômodos durante alguns momentos das sessões.

Cine PE chega aos 18 anos mais maduro e repaginado

Em seguida, foi a vez do documentário de Jorge Furtado, O Mercado de Notícias. O filme abre a mostra Doc Internacional e traz uma reflexão bastante atual sobre o jornalismo. O roteiro também foi feito pelo diretor e é baseado na peça escrita pelo inglês Ben Jonson em 1625, The Stample of News.

Antes das sessões começarem, Furtado subiu ao palco do teatro para apresentar seu filme. “É um documentário que discute o jornalismo e é dedicado ao jornalista Janio de Freitas”, destaca o diretor, que finaliza com uma das frases emblemáticas do filme: “Falem bem ou falem mal, mas falem”.

Para compor o documentário, Furtado convidou 13 jornalistas de todo o Brasil exporem sua opinião sobre essa profissão que passa por momentos de mudança com o advento da internet. É uma verdadeira aula sobre o jornalismo. Rafael Mello, 18, é estudante da área e assistiu ao documentário. Ele contou ao LeiaJá que gostou do filme e se identificou com o mesmo. “O documentário levanta questionamentos que são importantes para mim, mas que servem também para toda sociedade”, comenta Rafael.

Já Igor Travassos é estudante de publicidade e integra o júri popular do Cine PE. Em conversa com o LeiaJá, ele opina sobre a seleção de filmes deste domingo (27). “Achei os filmes do segundo dia melhores que o do primeiro. Também gostei da distribuição de horário que foi feita hoje. Ontem foram exibidos muitos curtas sem intervalo, o que cansou um pouco”, conta Igor.

Getúlio

Depois de O Mercado de Notícias, foi a vez de o público assistir a Tony Ramos incorporando um dos personagens mais emblemáticos do Brasil, em Getúlio. O filme, que faz parte da sessão especial BNDES, traz os últimos 19 dias de vida do ex-presidente Vargas. 

Estrelado por Tony Ramos, 'Getúlio' ganha sessão no Cine PE

Antes de Getúlio começar, o diretor João Jardim subiu ao palco juntamente com um dos atores do filme, Thiago Faustino. Ele interpreta Gregório Fortunato, motorista do então presidente da república e peça importante para desvendar o atentado sofrido pelo jornalista Carlos Lacerda, que ganha interpretação de Alexandre Borges.

Ao LeiaJá, Jardim conta que o processo para escrever a história do filme foi demorado. “A pesquisa sobre a história de Getúlio durou anos e houve muito tempo para fazer o roteiro, de autoria de Jorge Moura”, comenta o diretor, que também falou a escolha de Tony Ramos para viver o presidente. “Tony é um grande ator, parece com Getúlio e era isso que a gente precisava. Um ator carismático, talentoso e forte, assim como Getúlio”, finaliza.

A sessão de Getúlio começou por volta das 22h. Assim que terminou a exibição do longa, grande parte do público deixou o Teatro Guararapes e não viu o último filme da noite, 1960, um home movie de Portugal. 

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