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Acontecerá no próximo dia 13 uma audiência pública, convocada pelo Ministério Público Federal (MPF), para cobrar respostas às recomendações expedidas após rebelião na unidade de internação Lar do Garoto, que matou sete internos. A audiência será na sede da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Paraíba em Campina Grande em alusão aos 100 dias da rebelião.

A audiência tem como objetivo desenvolver estratégias para criação e monitoramento de políticas públicas destinadas às unidades socioeducativas. Também serão apresentados relatórios elaborados a partir das entrevistas realizadas com as famílias dos adolescentes mortos na rebelião.

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De acordo com o edital de convocação publicado pelo MPF, o objetivo é que a lembrança da tragédia do Lar do Garoto sirva para evitar que outras tragédias parecidas se repitam, discutir os parâmetros do sistema socioeducativo da Paraíba e cobrar dos órgãos responsáveis respostas para as recomendações expedidas pelo Comitê Estadual para Prevenção e Combate à tortura da Paraíba (CEPCT), Conselho Estadual de Direitos Humanos da Paraíba (CEDH), o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente na Paraíba (CEDCA) e Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados da Paraíba (OAB-PB). Como destacado pelos órgãos, desde agosto do ano passado as unidades socioeducativas da Paraíba vêm enfrentando uma série de rebeliões, que chamaram a atenção do Comitê de Prevenção e Combate à Tortura da Paraíba.

A Polícia Civil da Paraíba realiza na manhã desta sexta-feira (11) a Operação “Retomada”, na cidade de Lagoa Seca-PB, com o intuito de cumprir dez mandados de prisão preventivas durante uma operação no Centro Socioeducativo do Lar do Garoto.

De acordo com a Polícia Civil os mandados foram expedidos pelo juiz do 1º Tribunal do Júri de Campina Grande e são referentes aos crimes cometidos durante a rebelião do Lar do Garoto ocorrida no último dia 3 de julho, que deixou sete internos mortos e dois feridos.

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Durante a rebelião, nove internos conseguiram fugir, e apenas três foram capturados. Os mandados de prisão estão sendo cumpridos nas cidades de João Pessoa, Campina Grande, Monteiro e Lagoa Seca.

Felipe, Gabriel, João Vítor, Leandro, José Douglas, Renan e Gabriel Eduardo são os sete adolescentes que foram mortos na madrugada do último sábado (3), durante a fuga de 6 internos numa rebelião no Centro Socioeducativo Lar do Garoto. O Lar perdeu o sentido do nome e pouco se difere de um presídio. Com capacidade para 44 pessoas, atualmente o Centro tem em torno de 200 internos. Na manhã desta quarta-feira (7), ocorreram 4 novas fugas no Centro, mas um interno já foi recapturado.  

As condições de salubridade e superlotação se arrastam pelos anos na Paraíba. Segundo o relatório realizado pela Comissão de Infância e Juventude do Conselho Nacional do Ministério Público, divulgado em 2015, a Paraíba é o 4ª estado do país com a maior porcentagem de superlotação em centros socioeducativos para menores infratores, ficando atrás apenas de Maranhão, Mato Grosso do Sul e Ceará.

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Ainda de acordo com o relatório, entre os 5 Centros Socioeducativos do Estado, a Paraíba tem capacidade para internar 223 menores, mas abriga 498, com um percentual de 223,3% acima da capacidade recomendada.

Em 2013, funcionários do Lar do garoto divulgaram fotos que denunciavam irregularidades no local, como infiltração, goteira, vazamentos e falta de higiene. Já em setembro do ano passado o Ministério Público da Paraíba fez uma inspeção no local, onde se constatou superlotação e situação precária. Segundo informações do site oficial do MPPB, a promotora de justiça Luciara Lima Simeão disse que as instalações físicas estavam precárias e que os adolescentes são separados apenas por faixa etária.

Entenda o caso

Sete adolescentes foram mortos na madrugada do último sábado (3) no Lar do Garoto, em Lagoa Seca, na Paraíba. Cinco deles foram queimados vivos em um dos quartos do Centro socioeducativo. Outros dois morreram agredidos com barras de ferro e armas brancas no pátio da instituição.

Segundo informações divulgadas pela Polícia Civil o crime foi cometido por quatro internos do Lar, todos têm mais de 18 anos e estavam cumprindo medidas socioeducativas por crimes que cometeram quando ainda eram menores de idade. Três deles estão presos e foram transferidos para o presídio Raymundo Asfora (Serrotão), em Campina Grande. O outro interno fugiu durante a rebelião e permanece foragido.

Ainda de acordo com a polícia, todos os suspeitos são naturais da cidade de Esperança, brejo da Paraíba, e a motivação do crime teria sido o fato de dois dos adolescentes mortos terem invadido e roubado a casa do familiar de um dos criminosos

Proinfância emite nota de repúdio

O Fórum Nacional dos Membros do Ministério Público da Infância e Adolescência (Proinfância) publicou uma nota sobre o ocorrido no Lar do garoto, definindo como “um terrível massacre”.

A Proinfância declarou repúdio ao que chamou de “indiferença estatal” devido à situação em que o Centro se encontra. “Há uma evidente superlotação verificada no sobredito estabelecimento destinado à segregação de adolescentes a quem se atribuiu a prática de atos infracionais”, diz a nota.

Além disso, a associação disse estar à disposição aos órgãos públicos para prestar apoio jurídico e institucional, “inclusive na tomada de medidas jurídicas em face de quem se omita quanto aos deveres prescritos na mencionada legislação e, especialmente, no artigo 227, da Constituição Federal”, completou.

Outro lado

O Governo do Estado da Paraíba foi à público lamentar o ocorrido na unidade Lar do Garoto e informou que tomará providência no que diz respeito à apuração do ocorrido e punição dos responsáveis por omissões ou negligências.

A nota também diz que o problema não é de responsabilidade apenas do governo do Estado, enfatizando que inclui o poder judiciário, no que diz respeito ao cumprimento dos prazos de liberação dos menores infratores com internações cumpridas para combater a superlotação.

 “Por fim, longe do debate reducionista que venha a ser apresentado, o governo se solidariza com as famílias das vítimas da rebelião causada após contenção de fuga na unidade e reafirma seu compromisso em continuar lutando pela garantia de oportunidades para nossas crianças e jovens. Com clareza e coragem. E sem hipocrisia”, diz a nota.

Sindicância é aberta

Uma sindicância para apurar a rebelião, as fugas e a morte dos sete adolescentes no Lar do garoto, no último sábado (3), foi aberta nesta quarta-feira (7) pelo governo do Estado. A decisão foi publicada no diário oficial.

O procurador do estado, Paulo Márcio Soares, ficou responsável por presidir a comissão sindicante. O prazo dado para concluir a apuração dos fatos através de documentações que serão disponibilizadas e depoimentos, é de 30 dias, mas poderá ser prorrogado.

Durante uma rebelião no Lar do Garoto sete internos morreram, na madrugada do sábado (3). A rebelião começou quando agentes da unidade impediram uma fuga no centro Socioeducativo. Três suspeitos foram presos em flagrante, o quarto suspeito está entre os jovens que fugiram durante a rebelião.

De acordo com o delegado de homicídios Antônio Lopes, a identificação dos suspeitos foi possível a partir dos depoimentos das testemunhas - algumas delas foram feitas reféns e agredidas. Os quatro suspeitos são maiores de 18 anos e completaram a maioridade durante o cumprimento da pena por homicídio na unidade. A fuga dos 27 internos aconteceu durante as 2h30 da manhã. Após o ocorrido, grupos rivais iniciaram uma briga e atearam fogo em colchões e móveis.

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Os cincos internos que morreram carbonizados ficaram presos nas celas incediadas. Eles estavam em cela exclusiva, pois aguardavam definição da justiça. Os outros jovens foram agredidos dentro das celas e levados para o pátio, onde foram mortos. Os acusados são moradores da cidade de Esperança, e dois dos que foram presos são irmãos. O outro suspeito está entre os fugitivos e teria participado somente do primeiro homicídio.

Segundo a delegada Ellen Maria, que também participa das investigações, as evidências indicam que apesar da oportunidade da fuga o grupo optou pelo crime, calculando que daria tempo de fugir. O grupo preso tinha desavença com as vítimas, e os principais alvos eram os dois jovens que foram mortos no pátio da unidade.

De acordo com o delegado de homicídios, os jovens serão acusados por homicídio triplamente qualificado. Uma vez que já haviam completados 18 anos quando cometeram os crimes, os internos serão encaminhados para o presídio Raymundo Asfora (Serrotão), em Campina Grande.

As causas da rebelião serão apuradas pela delegacia de Lagoa Seca em parceria com os assistentes do Lar do Garoto. A instituição, que tem capacidade para 44 jovens infratores em processo de ressocialização, abrigava 220 adolescentes - 5 vezes a sua capacidade.

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