Tópicos | Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte

A votação pela Câmara dos Deputados do projeto de Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, que estava prevista para esta quarta-feira, foi adiada a pedido do governo. A decisão ocorreu durante a tarde, e foi tomada mediante a promessa do governo que apresentar até a próxima terça-feira a Medida Provisória que trata do assunto. Se o texto não for encaminhado, os deputados então votarão o projeto da lei elaborado com influência de parlamentares ligados à bancada da bola.

A dívida fiscal dos clubes brasileiros é de cerca de R$ 4 bilhões, de acordo com cálculos do governo. Os débitos são com INSS, Imposto de Renda, Fundo de Garantia e Timemania.

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Participaram da reunião desta tarde, entre outros, os deputados Otávio Leite (PMDB-RJ), relator do projeto, Vicente Cândido (PT-SP) e Jovair Arantes (PTB-GO), conselheiro do Atlético-GO. Andrés Sanchez (PT-SP), superintendente de futebol do Corinthians, esteve em parte do encontro. O Ministério do Esporte foi representado pelo novo secretário nacional do futebol, Rogério Haman. O Bom Senso FC também esteve reunido com deputados em Brasília.

O governo argumentou, para demover os deputados do objetivo de votar o projeto, que a Medida Provisória está sendo elaborada com a participação de todos os seguimentos ligados ao futebol, e ao esporte de maneira geral, e que será uma via mais rápida e ágil para atingir os objetivos de ajudar os clubes a resolverem seus problemas financeiros ao mesmo tempo em que estabelece como contrapartida punições pesadas e a implementação de métodos modernos e transparentes de gestão. Ganhou, então, um voto de confiança.

O texto da Medida Provisória deverá contemplar punições mais severas para clubes que não honrarem o acordo de refinanciamento da dívida e descumprirem o fair play financeiro e trabalhista, inclusive com rebaixamento de divisão. Falta estabelecer prazo de pagamento (o projeto de lei estabelece 20 anos, mas o Ministério da Fazenda tenta impor um tempo máximo de 18 anos), além das taxas de juros.

A Medida Provisória da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte deve sair nesta quarta-feira, sendo apresentada ao Congresso Nacional. Quem garante é Rogério Hamam, que comanda a Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor - ele ainda não assumiu o cargo oficialmente, mas já trabalha efetivamente na função.

"A Medida Provisória deve sair amanhã. Precisa passar ainda pelos ministros para que eles deem a validação", explicou Hamam, nesta quarta-feira, durante evento em São Paulo, na sede do Clube Paineiras do Morumby.

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Assim, a expectativa do ministro do Esporte, George Hilton, é de que a Medida Provisória seja apresentada ao Congresso nesta quarta-feira. E ele garantiu que todas as partes interessadas foram ouvidas sobre o assunto - no início do ano, a presidente Dilma Rousseff vetou uma primeira MP sobre o assunto.

"A Medida Provisória foi extremamente debatida e tivemos conversas com todos segmentos, árbitros, CBF, clubes, o Bom Senso. Acho que contempla todas reivindicações do Bom Senso. A CBF se antecipou e fará exigência aos clubes no Campeonato Brasileiro. Agora estamos fazendo o trabalho de convencimento da importância junto ao Congresso", afirmou.

Nesta terça-feira, o ministro do Esporte e o presidente da Confederação Brasileira de Clubes, Jair Pereira, oficializaram a liberação de recursos provenientes das loterias federais (Nova Lei Pelé) para quatro clubes paulistas: Paineiras do Morumby, Esperia, Athlético Paulistano e Associação Desportiva Classista da Mercedes-Benz. Ao todo os repasses somam R$ 6 milhões.

No evento, o ministro também falou sobre a Lei de Incentivo Fiscal ao Esporte, defendendo a sua prorrogação. "A vigência vai até dezembro, mas já conversei com a presidente Dilma. A gente precisa muito da lei e devíamos prorrogá-la. Acredito quer pode ser prorrogada até 2020. Ao criar essa lei, demos um salto substancial", defendeu George Hilton.

O ministro também defendeu a criação de um sistema nacional de esporte. Ele prometeu atuar pela proposta, ainda que não tenha apresentado detalhes da ideia para incentivar o esporte de base. "Em alguns dias vamos soltar um diagnóstico que vem de três anos e traz dados assustadores: 45% da população é completamente sedentária. E 25% pratica esporte de vez em quando. Precisamos aproveitar os megaeventos para deixar um legado material para que as pessoas pratiquem esporte", afirmou.

Líderes partidários da Câmara Federal decidiram adiar a votação do projeto da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (LRFE), que estava pautada para esta semana e que vai substituir o antigo Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpicos (Proforte). Ocupados com suas campanhas eleitorais, os deputados só devem voltar à Brasília para votar projetos em setembro, mas não é certo que a votação ocorrerá nesse próximo período de trabalho legislativo.

Consultados pela reportagem, o deputado oposicionista Otávio Leite (PSDB-RJ), relator da proposta em discussão, e o governista Vicente Cândido (PT-SP), um dos idealizadores da renegociação da dívida, mostraram-se céticos sobre a definição de uma data próxima para a votação.

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Antes do adiamento, representantes do Bom Senso FC criticaram o projeto que propõe a renegociação das dívidas dos clubes de futebol brasileiros com a União. A principal queixa dos atletas é sobre o mecanismo estabelecido pelo projeto para controlar as contrapartidas oferecidas pelos clubes beneficiados. Eles querem incluir na proposta itens como a obrigação de os times estarem com o pagamento de salários e direito de imagens em dia para poderem ter facilidades fiscais.

Um documento distribuído pelo Bom Senso a congressistas afirma que a fragilidade da proposta em tramitação está em quatro pontos principais. O primeiro é a exigência apenas de Certidões Negativas de Débito, ao início de cada temporada, para os clubes beneficiados com a renegociação da dívida provarem que estão com pagamentos em dia.

O segundo ponto atacado é a "baixíssima frequência de fiscalização, apenas uma vez ao ano". O terceiro ponto é a "ausência de indicação de quem será o responsável pela fiscalização". Por fim, o Bom Senso diz que não é possível ter só um tipo de punição (o rebaixamento) para clubes que descumprirem a lei.

O deputado Otávio Leite questionou as sugestões dos atletas. Para ele, o texto mais atual da LRFE, já inclui, além da exigência da certidão negativa, a necessidade de os clubes publicarem seus balanços de forma padronizada. O deputado também disse que, apesar de o comprovante de quitação de dívidas ser exigido anualmente, a proposta em discussão exclui do programa de financiamento da dívida os clubes que deixarem de pagar suas parcelas por três meses seguidos.

Sobre a punição dos que atrasarem salários, ele disse que ainda vai discutir esse assunto. "Vou apreciar as emendas sugeridas pelo Bom Senso com muita atenção. A maior parte das propostas deles já está no projeto, talvez com uma calibragem diferente", disse Leite.

Apesar das cobranças do Bom Senso, são divergências entre os clubes e o governo que impedem a votação. Um dos pontos de desacordo, segundo Vicente Cândido, é o prazo de 25 anos que o projeto dá para os times quitarem seus débitos. "O governo não aceita", afirmou o deputado, dizendo que é preciso negociar mais para tornar o projeto viável. O Bom Senso informou ontem que levou suas sugestões também ao Poder Executivo por meio da Casa Civil, da Advocacia-Geral da União e do Ministério do Esporte.

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