Tópicos | Bom Senso FC

A 38ª e última rodada do Campeonato Brasileiro começou com um protesto organizado pelo Bom Senso FC, movimento dos jogadores que pedem mudança no futebol nacional. Logo após o apito dos árbitros, os atletas nos 10 jogos por todo o País cruzaram os braços por alguns segundos.

Na página do grupo no Facebook foi publicado um texto em português com versão em inglês e francês enumerando uma nova pauta de reivindicações. O Bom Senso FC pede a renúncia do presidência Marco Polo del Nero, que na última semana se licenciou do cargo por 150 dias para se defender do indiciamento da Justiça norte-americana.

##RECOMENDA##

Ainda convocou os torcedores para protestar contra a manobra política do atual mandatário que, por estar licenciado, consegue indicar o sucessor provisório. Marco Polo Del Nero indicou o deputado federal Marcus Vicente (PP-ES) para o cargo. O político, nas primeiras entrevistas, disse acreditar na inocência de Del Nero.

O Bom Senso FC defende também a convocação de novas eleições "livres e democráticas para a presidência da CBF", com o fim da cláusula de barreira, que impede a formação de oposições independentes. "Essas são as medidas que verdadeiramente podem trazer uma solução à maior crise da história do futebol brasileiro. Em defesa do Futebol Brasileiro e por uma #CBFfichalimpa", finalizou o comunicado.

Alex resgatou as glórias e os dissabores de sua carreira como jogador ao lançar a sua biografia. E vislumbra um futuro novo, começando aos quase 40 anos: ele quer ser técnico de futebol. Em entrevista exclusiva, o ex-meia que marcou mais de 400 gols apontou uma falha que, segundo ele, atinge uma boa parte dos técnicos brasileiros: o discurso ultrapassado. "Acho justo o questionamento (em relação aos técnicos brasileiros). Cabe a quem é treinador se aprimorar. Para mim o grande problema hoje é o discurso. Um discurso dos anos 2000 não cabe mais hoje. A sociedade mudou".

A seguir, confira os principais trechos da entrevista em que o ex-jogador e agora comentarista da ESPN fala também do Bom Senso FC, de seleção brasileira e da mágoa com Felipão, que não o levou para a Copa do Mundo de 2002.

##RECOMENDA##

Agência Estado - Você pensa em ser treinador?

Alex - Penso e um dia pode acontecer.

AE - Mas o que falta?

Alex - Primeiro eu tirar a vestimenta de jogador de futebol, o sentimento de jogador, que é diferente do de treinador. Jogador é individualista, cuida só dele. O treinador cuida de todo um conjunto, monta um time, comissão técnica... Depois, preciso obter as qualificações burocráticas, as certificações. No Brasil você até pode burlar, mas não vou fazer isso. Vou começar os cursos, mas não sei se termino ano que vem, não sei o funcionamento exato do processo burocrático.

AE - Após a derrota do Brasil na Copa (7 a 1), os técnicos brasileiros passaram a ser ainda mais criticados. O que você pensa sobre isso? É justa toda essa contestação?

Alex - Acho justo o questionamento. Cabe a quem é treinador se aprimorar. Para mim o grande problema hoje é o discurso. Um discurso dos anos 2000 não cabe mais hoje. A sociedade mudou. O jogador de futebol é a mesma coisa. Vários treinadores têm o mesmo discurso. É um discurso de quem foi campeão, de quem ganhou um dia. Eu não vejo o treinador brasileiro como ultrapassado, ele entende a cultura do país, mas vejo alguns perdendo espaço pelo discurso, um discurso repetido de uma década atrás.

AE - Entre os técnicos com que você trabalhou, qual mais te inspira?

Alex - O melhor treinador que eu tive foi o Vanderlei (Luxemburgo). Só que o Vanderlei foi meu treinador em 2003 e nós estamos falando em 2015, quase 2016. Com todos eles eu absorvi alguma coisa. Se eu virar treinador, vou usar algo do que absorvi, mas com os modelos de hoje. O treinador precisa de uma metodologia. Vou treinar isso porque quero atingir esse objetivo. O problema (no Brasil) é que as vezes não há tempo, quando ele pode atingir, ele perdeu o emprego. Essa é a dificuldade. Estou curioso para ver o Roger (técnico do Grêmio) ano que vem. O Tite é consagrado, ganhou vários títulos, vai ganhar o Brasileiro a qualquer momento, mas o treinador revelação do Brasil é o Roger.

AE - Por que o Roger?

Alex - O Roger surgiu num Grêmio que o Felipão dizia que ia jogar para escapar da segunda divisão. O Felipão, treinador consagrado, não acreditava no time, achava que aquele Grêmio brigaria embaixo. Aí aparece um Roger, que já tinha dirigido o Grêmio interinamente, aglutina o grupo e coloca o Grêmio na Libertadores.

AE - O Tite é o melhor técnico hoje?

Alex - É o melhor treinador do Brasil, é o que o Telê (Santana) era no início dos anos 90, depois substituído pelo Vanderlei. Se olhar para trás. o que foi o Rubens Minelli, o seu Ênio Andrade, o Muricy... Aí surge o Tite, ele é o cara.

AE - Dois técnicos que trabalharam com você, Felipão e Luxemburgo, estão na China. Esses dois técnicos se enquadram nesse discurso ultrapassado dos anos 90?

Alex - Não digo que o discurso seja ultrapassado, o discurso é o discurso que fez deles dois vencedores.

AE - E não serve mais hoje?

Alex - A aceitação dos moleques hoje é totalmente diferente da nossa época. Se o Felipão me desse um esporro na década de 90 eu me encolhia todo, absorvia o que ele falava e ia tentar fazer. Mas se ele der um esporro hoje num moleque igual ao que ele dava em mim na década de 90, o moleque tá c... para ele. Não tá nem aí porque o sistema hoje favorece o jogador de futebol. O moleque liga para o empresário e fala: ‘pô, o Felipão me deu um esporro’, e o cara fala: ‘fica tranquilo, a gente resolve isso, sossegado’. O discurso hoje é outro. Eles entendem de bola pra cacete, foram campeões. Foram não, são, o Felipão acabou de ganhar um título, mas o discurso dele... Por exemplo: o auxiliar dele é o Murtosa. O que o Felipão pensa e o Murtosa pensa é a mesma coisa desde que eles se conhecem. E o jogador de hoje não é o jogador da década de 90. O Felipão viveu isso na pele com o time que ele montou em 2002 e com o time que ele montou em 2014, o sentimento é diferente, a aceitação é diferente, a educação é diferente.

AE - Como foi participar do Bom Senso FC jogando futebol?

Alex - Desgastante. Primeiro porque o jogador de futebol quer que o movimento aconteça, mas não quer participar. Ele quer que tenha alguns escudos. O Alex se expunha, o Ceni... Hoje o único que se expõe é o Fernando Prass. O Paulo André já nem consegue se expor de tanta carga que colocaram nele. Mas o movimento tem de acontecer. E o pior não é o jogador, o pior é o treinador porque eles não conseguem se posicionar.

AE - Mas na prática qual foi a conquista do Bom Senso FC?

Alex - A conquista do Bom Senso foi criar uma discussão. Mas discutiu-se muito o calendário e agora surge uma nova Liga com mais um campeonato (Copa Sul-Minas-Rio). A Liga seria boa se fosse um embrião para formar uma Liga nacional. Para que essa Liga Nacional tivesse 4 Divisões e os Estaduais, disputados por equipes menores, desse acesso a essa Liga Nacional.

AE - O presidente da CBF não pode viajar e a entidade que controla o futebol no País está fragilizada. Não seria esse o momento para uma Liga Nacional?

Alex - Entre a CBF e os clubes existe uma coisa chamada Federação, que é envolvida nesse esquema todo. Aposto que tem presidente de federação louco pra que o Del Nero saia para que ele possa assumir a CBF. O legal seria o cara assumir a CBF e falar: ‘este ano não dá mais tempo, mas se organizem porque a partir de 2017 eu, CBF, vou cuidar da seleção, dos meninos até a principal, e vocês, clubes, se organizem para fazer a Liga’.

AE - Olhando para a sua carreira, você se sente realizado?

Alex - Eu me sinto porque consegui jogar no meu time, consegui jogar em São Paulo, em Minas, na seleção, consegui jogar num clube europeu, fui artilheiro de algumas competições, joguei contra os melhores da minha geração... Poderia ter ganho mais? Poderia. Mas dentro do que surgiu, fico muito feliz. Estou entre os maiores goleadores de Coritiba, de Palmeiras, do Fenerbahçe, ganhei com a seleção brasileira...

AE - Palmeiras de 99 ou Cruzeiro de 2003? Qual foi melhor?

Alex - O Palmeiras de 99 era muito forte, jogadores consagrados e eu era menino. E o Cruzeiro era o contrário, o jogador campeão era eu. Mas em termos de plasticidade, o Cruzeiro de 2003. Individualmente falando, talvez o Palmeiras de 99 fosse mais forte. Mas aí entra a figura dos dois treinadores, o Felipão era pragmático e o Vanderlei queria ganhar jogando para a frente.

AE - Você não jogou uma Copa porque na sua posição havia Kaká, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho, como escreveu Tostão em seu livro, ou porque o Felipão não te levou em 2002?

Alex - O Tostão relata um fato, eles eram Bola de Ouro. A minha não participação na Copa do Mundo (2002) é opção do Felipão, pessoal dele, porque em 2002 o Kaká não era Bola de Ouro. O Felipão aposta no Kaká em detrimento a mim. Talvez, se eu tivesse jogado 2002, tivesse trilhado um outro caminho. Se você me perguntar se me sinto inferior a esse pessoal, eu respondo que não. Acredito que poderia estar em 2002. Eu dividia espaço com esses caras. De 98 a 2002, eu jogo, fico no banco (na seleção). A figura do Kaká surge na última hora. Por isso seleção é preferência do treinador. Podem passar 50 anos e o Felipão não vai me convencer de que o Kaká foi convocado pelo jogo contra a Islândia. O porquê do Kaká, só ele (Felipão) sabe.

AE - Ficou magoado com o Felipão?

Alex - Como treinador, não, mas como pessoa fiquei muito. Vou carregar isso o resto da vida.

O Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (Sapesp) vai processar civil e criminalmente o advogado do Bom Senso FC, Ricardo Borges Martins, por falsificação de documentos e falsidade ideológica. O motivo é uma notificação extrajudicial apresentada por Martins na qual 16 jogadores teriam questionado o sindicato sobre o repasse, a eles, do dinheiro referente ao direito de arena, além de pedirem o acesso a várias outras informações da entidade, entre elas estatuto, registro e dados referentes às três últimas eleições.

No entanto, o Sapesp assegura que 10 dos jogadores citados na notificação dizem não ter assinado nenhum requerimento pedindo informações à entidade nem autorizado terceiros a fazê-lo em nome deles - o documento que assinaram teria outro fim. O sindicato chegou a essa conclusão após consultar os atletas e obter deles declaração em que garantem não ter tomado tal iniciativa.

##RECOMENDA##

A reportagem do Estado teve acesso às declarações. Nelas, os atletas também asseguram que sempre foram atendidos em seus pedidos de informações e que estão "satisfeitos" com o trabalho da entidade.

De posse dessas declarações, o Sapesp decidiu por processar Ricardo Borges, pelo fato de ele ter apresentado a notificação ao cartório. "O crime está caracterizado", diz o advogado do sindicato, Regis Villasboas Villela.

Sua ação terá como fundamento os artigos 298, que trata de falsificação de documentos, e 299 do Código Penal, que trata da inserção "em documento público ou particular, de declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita".

O cartório também será interpelado, por, de acordo com o advogado Villela, ter cometido irregularidades na elaboração do documento, como a ausência de datas e o fato de uma das folhas da notificação extrajudicial estar em branco.

Assinaram a declaração que está em poder do sindicato, entre outros, os corintianos Cássio, Renato Augusto e Vagner Love e os santistas Renato e Ricardo Oliveira.

O presidente do sindicato, Rinaldo Martorelli, mostrou à reportagem livros de controle das ações envolvendo o direito de arena - cálculos de valores por jogador, recolhimento de impostos - desde 2001. Disse que o material está à disposição de todos os atletas e explicou como é feito o repasse aos atletas. "Há situações em que vamos ao clube e fazemos o pagamento aos atletas; noutras, eles retiram o cheque aqui no sindicato."

No caso de atletas que tenham se transferido para clubes de outros Estados ou do exterior, o depósito é feito em conta corrente mediante solicitação. Desde que a conta seja do próprio jogador.

SEM TEMOR - Ricardo Borges se diz tranquilo. Afirmou que a iniciativa de interpelar o sindicato foi dos 16 jogadores e que ele foi apenas um portador do pedido. "A gente consegue provar tranquilamente que as assinaturas são dos jogadores." Segundo o advogado, o recurso da notificação extrajudicial só foi utilizado porque o sindicato se recusou a receber o documento de maneira direta.

Sobre as declarações obtidas pelo Sapesp nas quais os atletas asseguram não terem questionado a entidade, Borges disse: "Vale a pena investigar como foram recolhidas essas assinaturas. Tenho certeza de que os jogadores que assinaram a notificação sofreram algum tipo de represália. É preciso lembrar que a notificação não tem nenhuma acusação. Simplesmente solicita a apresentação de documentos, direito de todos os atletas".

O Bom Senso FC, movimento de jogadores que reivindica melhorias no futebol brasileiro, soltou nota para criticar a assembleia geral da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) realizada na terça-feira para decidir pelo aval ou não à criação da Liga Sul-Minas-Rio. De acordo com os atletas, a Profut - a lei que possibilita o refinanciamento da dívida fiscal dos clubes - foi desrespeitada.

"Apenas as 27 federações estaduais foram convocadas, numa afronta clara à recém sancionada Lei do Profut, que prevê a obrigatoriedade da participação das 27 federações mais os 40 clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro em assembleias desta natureza", reclamou o Bom Senso, em comunicado curto.

##RECOMENDA##

O movimento lembra que a Profut modifica o parágrafo 2° do artigo 22 e o artigo 22-A Lei Pelé, definindo que "o colégio eleitoral será integrado, no mínimo, pelos representantes das agremiações participantes da primeira e segunda divisões do campeonato de âmbito nacional (no caso o Brasileirão)".

Reunidos em assembleia geral na sede da CBF, os presidentes das federações estaduais foram unânimes em dizer que não se opõem à liga e a sua competição, desde que ela respeite o que rege os estatutos da CBF e das federações.

Na prática, isso já obrigaria à liga a mudar a tabela de jogos apresentada na segunda-feira, que prevê rodada nos dias 27 e 28 de janeiro, período que o calendário do futebol brasileiro reserva para a pré-temporada. Além disso, a CBF não quer mais tratar do assunto com o CEO da Liga, Alexandre Kalil, que na semana passada declarou que "a casa dos 7 a 1 não quer saber do futebol brasileiro".

A chamada "bancada da bola" da Câmara, formada por deputados ligados a clubes ou à CBF, está redigindo um texto alternativo com regras mais brandas para o refinanciamento das dívidas fiscais e trabalhistas dos clubes. Apesar de o texto apresentado pelo deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) já ser mais suave que a medida provisória elaborada pelo governo, os clubes ainda não ficaram satisfeitos. Até a noite desta segunda-feira, já haviam sido apresentadas 181 emendas, a maioria para retirar exigências aos cartolas. A previsão é que a MP seja votada nesta terça na Câmara, em Brasília.

O texto precisa ser votado na Câmara e no Senado até o próximo dia 17. Caso isso não ocorra, a MP caduca e não pode ser mais votada neste ano. O principal objetivo da medida é estabelecer regras para que os clubes quitem suas dívidas, que somam cerca de R$ 4 bilhões.

A redação de Leite tem apoio do governo e, entre outros pontos, estabelece um prazo de 20 anos (240 meses) para parcelamento dessas dívidas, mas impõe uma série de contrapartidas. O relatório desvincula o refinanciamento das dívidas dos clubes de contrapartidas a serem cumpridas pela CBF.

Para Leite, o futebol brasileiro chegou ao "fundo do poço" na Copa do Mundo e, por isso, a MP precisa ser aprovada. "Não votar é perpetuar a estrutura que gerou o 7 a 1 (derrota do Brasil para a Alemanha, na Copa do Mundo do ano passado) e a desclassificação na Copa América (neste ano)", afirmou.

Deputados da "bancada da bola" vão se reunir com líderes partidários no fim da manhã desta terça-feira para concluir a redação do novo texto. Eles querem, por exemplo, reduzir o que consideram intervenção em federações e na CBF, suprimir a necessidade de os clubes fazerem auditorias periódicas e alterar comprovação de que estão com as contas em dia.

"Vamos fazer um substitutivo, tentar salvar a medida provisória", afirmou o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), integrante da "bancada da bola". "Temos de tentar resolver os problemas dos clubes, não estar se metendo em coisa de federação, CBF, Fifa", disse Arantes. Para ele, a única contrapartida que deve ser atribuída aos clubes deve ser "pagar em dia". "Você acha pouco? Tem de pagar em dia e tem de ter certificação de que está em dia", afirmou o parlamentar.

Para que este texto alternativo seja apreciado antes da votação do relatório de Otávio Leite, os deputados precisam antes aprovar um destaque de preferência. Caso contrário, ele só será votado se o texto de Leite for rejeitado.

APELO - Afinados com o Bom Senso FC, presidentes do Flamengo e Atlético Paranaense fizeram um apelo ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para que a medida provisória seja colocada em votação ainda nesta terça-feira.

Eduardo Bandeira de Mello, presidente do Flamengo, disse nesta segunda-feira, em reunião em São Paulo com representantes do Bom Senso FC, que é preciso uma mudança no colégio eleitoral das federações estaduais. Essa reivindicação faz parte do texto da MP, apresentado pelo relator Otavio Leite.

A "bancada da bola" não aceita e pede a revogação dessa exigência na MP. Mario Celso Petraglia, presidente do Atlético Paranaense, contesta os deputados alinhados com a CBF. "As federações não fazem mais sentido nenhum. Elas são cartórios espalhados pelo País inteiro, que cobram fortunas para um registro de jogador e não têm papel nenhum. Eu sou a favor de ter uma única federação".

Principal opositor ao modelo como Confederação Brasileira de Futebol (CBF) gere o esporte no país, o Bom Senso FC publicou uma nota na manhã desta quarta-feira (27) sobre o da prisão do ex-presidente da CBF, José Maria Marín, em uma investigação de corrupção na FIFA e nos próprios contratos da gestora do futebol brasileiro. De acordo com o texto, a prisão de Marín é a demonstração de que é necessária uma investigação maior sobre como o esporte é tratado no Brasil.

O movimento ainda ressaltou na nota a necessidade da aprovação da MP do Futebol, que visa dar transparência e democratização na administração das entidades esportivas brasileiras.  A medida provisória vem sendo alvo de muitas contestações no congresso que a consideram inconstitucional.

##RECOMENDA##

Confira a nota na íntegra:

Como diz a música: “Cai o Rei de espadas, Cai o Rei de ouros, Cai o Rei de paus, Cai não fica nada!”

Um dia como hoje mostra quão válidos são a nossa luta e os nossos ideais. Sim, porque quando grandes dirigentes e operadores de corrupção são investigados ou presos, é a chance de surgir um futebol melhor para todos. 

É chegada a hora de discutir e investigar o comando do futebol brasileiro. O ambiente é de combate à corrupção estatal no Brasil e de investigação ao grande poder do futebol. É hora de democracia e transparência no futebol. Medidas concretas neste sentido estão presentes na MP 671, a MP do Futebol, que refinancia a dívida dos clubes. Por isso, é urgente e necessária a sua aprovação.

O dia de hoje também mostra que quando existe vontade do poder público e das instituições responsáveis é extremamente viável investigar os desvios, a corrupção e punir os envolvidos. Que a ação da Justiça dos EUA inspire os poderes responsáveis no Brasil para uma ampla, geral, irrestrita e imparcial investigação.

Após a revelação de minutas de contratos que mostram que a CBF "vendeu" os direitos de amistosos da seleção a uma empresa de fachada até 2022 e que as convocações atendem aos critérios de parceiros comerciais, o Bom Senso FC cobrou mais transparência da entidade que controla o futebol brasileiro.

O meia Alex, um dos principais líderes do movimento que cobra melhorias no futebol brasileiro, pediu a democratização da CBF. "Sinto-me absolutamente mal, enojado! É mais um sinal daquilo que pedimos: transparência! O Congresso Nacional precisa urgentemente aprovar a MP 671, para que se democratize a CBF, dando participação e direito de voto aos atletas", disse o ex-jogador, que agora é comentarista de tevê.

##RECOMENDA##

"O futebol é patrimônio do povo brasileiro e não pode ser usurpado como está sendo, a tanto tempo por uma sociedade privada como é a CBF", acusou o ex-jogador. "Já não jogo mais, mas essa notícia é como um soco enorme no estômago. Que sejam apurados todos os fatos para que saibamos realmente tudo o que acontece no comando do nosso futebol, que se faça uma limpa", declarou Alex.

O meia, que jogou na seleção brasileira entre 1998 a 2005, é taxativo em relação ao papel dos parceiros comerciais na escolha dos jogadores. "A escolha deveria ser exclusivamente técnica, da preferência do treinador. Diante da denúncia, todos podem pensar o que quiserem", disse. "Como ex-atleta minha maior preocupação é com o futebol brasileiro, que tem clubes muito endividados, pobre de pensamentos e pouco preocupado em melhorar. Enquanto a CBF enriquece em cima da área comercial e pouco se preocupa com o futebol", completou.

CBF REPUDIA ACUSAÇÃO - A reportagem feita com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre as suspeitas negociações da CBF junto a agentes, cartolas, testas de ferro e empresas em paraísos fiscais, causa polêmica na entidade. Por meio de nota divulgado na tarde deste domingo, a confederação repudiou as informações da matéria e afirma que suspeitas de irregularidades no acordo com a empresa ISE, do Grupo Dallah All Baraka, são "infundadas".

Por meio de 16 pontos enumerados no comunicado, a CBF diz que "não vendeu" a seleção brasileira, chamando o conteúdo de "insinuação infantil". "A CBF afirma que os critérios de escolha dos convocados para os jogos da seleção brasileira são e serão, sempre, técnicos. Jogarão e jogaram, sempre, os melhores jogadores em atividade".

A entidade explica que amistosos contra seleções menores, como ocorreu em 2011 contra o Gabão, ajudam na montagem do plantel. "É muito importante dizer que muito além do significado comercial estes jogos têm absoluta importância técnica. Servem para avaliação da equipe, a evolução do conjunto dos jogadores e o conhecimento de adversários internacionais."

No fim do comunicado, a CBF se coloca à disposição "de forma transparente" para esclarecer dúvidas que ainda possam surgir a após a publicação da matéria pelo Estado.

Na queda de braço para tentar tirar os clubes brasileiros do abismo financeiro em que se meteram, CBF e Bom Senso FC concordam em um aspecto: do jeito que está não dá para ficar. No entanto, as discordâncias são muitas, com visões bastante distintas sobre a Medida Provisória que possibilita o refinanciamento das dívidas fiscais. A entidade, unida aos clubes, quer mudar vários artigos e o movimento dos jogadores defende a manutenção quase integral do texto.

Fernando Prass, goleiro do Palmeiras e um dos líderes do movimento, não vê motivo para tanta resistência dos dirigentes a alguns pontos da MP. Ele não entende, por exemplo, a insegurança em relação a poder disputar torneios internacionais caso venham a aderir à MP - quem optar pelo refinanciamento só poderá participar de competições organizadas por entidades que também se adequem aos termos da medida.

##RECOMENDA##

"Na nossa visão não há esse risco porque a MP trata de competições que atingem clubes no Brasil", disse Fernando Prass. "Mas se surgir alguma incerteza é muito simples resolver: é só a CBF e as federações se adequarem às regras. A real função delas é ajudar clubes e federações. Então, se for preciso fazer isso para que os clubes tenham uma grande melhora..."

O Bom Senso FC também defende o teto de 70% do faturamento para os clubes investirem no futebol - algo que eles querem derrubar - porque um dos objetivos do fair play é justamente buscar um equilíbrio maior entre os participantes de um campeonato.

O goleiro do Palmeiras diz que os jogadores também desconfiam do fair play trabalhista proposto pela CBF. Estão convictos de que não funciona com base no que ocorre no Campeonato Paulista. "Em quatro anos, houve duas denúncias (a FPF diz que foram quatro) de problemas com o pagamento dos salários. Pega o número de processos trabalhistas nesse período. São duas, três dezenas. Não tem nem discussão de que não funciona".

DIÁLOGO - O texto da MP está na fase de apreciação pelo Congresso e poderá sofrer alterações. Fernando Prass sabe que a CBF vai fazer lobby para mudar os pontos que contrariam seus interesses e os dos clubes, mas considera ainda ser possível dialogar.

"Com certeza a nossa proposta tem diferença em relação à deles, mas só se chegará a bom termo se as partes sentarem e conseguir dialogar", afirmou. "O Walter (Feldman, secretário-geral da CBF) fala que o clube que não modernizar sua gestão não vai sobreviver. Nós, jogadores, estamos lutando justamente para que isso (a morte dos clubes) não aconteça".

Fernando Prass enfatiza que o Bom Senso FC não prega a punição aos clubes por não pagar salários em dia nem recolher tributos. "Essa é uma questão secundária. A gente quer dar aos clubes condições para ter os compromissos em dia. Mas para isso é preciso um texto (da MP) forte, que deixe bem claro direitos, deveres e punições".

Depois de mais de um mês "calado", o Bom Senso FC voltou a soltar nota oficial nesta quinta-feira, para se posicionar com relação à polêmica envolvendo Federação de Futebol do Estado do Rio (Ferj), Flamengo e Fluminense. O movimento de jogadores profissionais apoia as diretorias rubro-negra e tricolor e deixa claro ser contra não apenas à Ferj como à posição do presidente do Vasco, Eurico Miranda.

"Diante dos episódios recentes do Campeonato Carioca que dominaram os debates do mundo do futebol, o Bom Senso manifesta sua solidariedade ao Flamengo e ao Fluminense. As arbitrariedades cometidas não são condizentes com o papel que as federações deveriam cumprir", aponta o Bom Senso, no início do comunicado.

##RECOMENDA##

Os jogadores lembram que não são contra as federações que "teoricamente" têm papel fundamental para o futebol brasileiro. O Bom Senso, entretanto, argumenta que os Estaduais não cumprem função social e ressalta que o grupo não concorda com o modelo com 19 datas. "Esse período representa 25% do ano e gera apenas entre 6 e 15% da arrecadação dos grandes times."

No texto, o Bom Senso deixa claro que discorda do papel que as federações estaduais (e não apenas do Rio) têm exercido no futebol brasileiro. "O objetivo de todas as entidades de administração do futebol brasileiro - além das dimensões sociais e educacionais - deve ser melhorar a visibilidade e competitividade do futebol que administram. Infelizmente, em todas esses aspectos as Federações estaduais fracassaram."

O governo federal apresentou, nesta quinta-feira (19), uma medida provisória com propostas para modernização da gestão do futebol no país. O texto será enviado para análise do Congresso Nacional.

Entre as medidas, a proposta estabelece um programa de responsabilidade fiscal dos clubes esportivos, que poderão renegociar suas dívidas em parcelas ao longo de até 20 anos. De acordo com o ministro do Esporte, George Hilton, essa dívida gira em torno de R$ 4 bilhões. Entre as contrapartidas, está o maior respeito aos direitos trabalhistas que, se não respeitados, poderão acarretar no rebaixamento dos clubes.

##RECOMENDA##

Para a presidente Dilma Rousseff, a medida elaborada em conjunto com os clubes, cronistas esportivos e atletas do Bom Senso Futebol Clube, promove o aprimoramento da gestão e o equilíbrio financeiro. “Essa MP vai além da renegociação das dívidas, porque, ao mesmo, visa a adoção de boas práticas de gestão baseadas em exemplos empresariais de clubes no exterior, além de estabelecer regras de governança, transparência e responsabilidade fiscal”, destacou.

O texto que será analisado por deputados e senadores determina que os clubes paguem em dia todas as obrigações tributárias, trabalhistas e fiscais com atletas em funcionários, inclusive os direitos de imagem. Essa é uma das contrapartidas para a renegociação das dívidas com a União. As entidades também deverão direcionar até 70% de seus recursos para o futebol profissional, garantindo o investimento em categorias de base e no futebol feminino.

Os clubes também deverão divulgar os balancetes financeiros, a fim de exercer uma gestão mais transparente, além de elaborar um cronograma progressivo para zerar o déficit até 2021.

"As novas medidas podem ajudar a mantermos nossos ídolos do esporte por mais tempo no Brasil", considerou o ex-goleiro Dida, do Bom Senso FC. “Queremos transformar nossos clubes em grandes entidades lucrativas, capazes de contratar técnicos, investir em jogadores e em meninos e meninas do nosso país. Que o nosso futebol, além da arte, conte também com a eficiência financeira, a capacidade de investimento e a tecnologia esportiva”, salientou Dilma.

A implementação do fair play financeiro anunciada na segunda-feira pela CBF não agradou o Bom Senso FC. Pelo menos não nos moldes em que a medida será instituída. Nesta quinta-feira, o movimento dos atletas divulgou nota criticando a decisão, que chamou de "fair play genérico", como já havia feito com a proposta de refinanciamento das dívidas dos clubes realizada no início de fevereiro.

"Já não fosse bastante sua articulação (da CBF) no Congresso para driblar o Governo Federal e oferecer mais uma colher de chá (sem contrapartidas) à cartolagem, a entidade máxima do nosso futebol aproveitou esta última segunda-feira para reapresentar uma obra-prima da incompetência do futebol brasileiro: o fair play genérico", apontou.

##RECOMENDA##

O Bom Senso explicou que não é contra a implantação do fair play financeiro, pelo contrário, acredita que a medida é necessária. O movimento, no entanto, não concorda com os moldes nos quais a proposta será aplicada, já que para haver punição a algum clube os jogadores que estiverem com salários atrasados precisarão entrar na Justiça contra o mesmo.

"A chave do fracasso do fair play genérico (esse já aplicado na Federação Paulista) é sua lógica denuncista: o atleta que estiver com seus salários atrasados precisa entrar com uma ação contra o próprio clube, só assim as punições podem acontecer. Isto é, o atleta que colaborou com o seu clube para conquistar os três pontos, teria que acionar o fair play genérico para que seu clube perca esses mesmos pontos" criticou.

Para o movimento, a experiência na Federação Paulista já condena a aplicação deste fair play financeiro. "O fiasco dessa versão 'cartolística' de fair play se verifica nos números. Segundo membros da própria Federação Paulista, nos mais de três anos de implementação do modelo, apenas quatro ações foram movidas. Existe alguém que acredite que nos últimos três anos, entre os mais de 100 clubes do estado de São Paulo, houve apenas quatro episódios atrasos de salário?", questionou.

O Bom Senso ainda explicou como gostaria que fosse implementada a medida. "Somos favoráveis a um verdadeiro modelo de fair play financeiro, em que os clubes prestem contas periodicamente sobre o pagamento de salários e direito de imagem a todos os seus funcionários (atletas e não-atletas) e com punições desportivas e responsabilização pessoal dos dirigentes que não estiverem em dia com suas obrigações fiscais e trabalhistas."

Depois de se reunir com parlamentares, dirigentes de clubes da primeira divisão e esportistas do Bom Senso FC, o ministro do Esporte, George Hilton, recebe nesta sexta-feira os cartolas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para tentar construir um consenso em torno do refinanciamento da dívida dos clubes. Hilton prometeu ouvir ainda clubes das séries B, C e D antes de fechar uma proposta na primeira quinzena de fevereiro sobre o tema.

"A ideia é ouvir todos os segmentos e extrair ideias que sejam importantes na construção de uma proposta que defina claramente as diretrizes da repactuação dos passivos, porém exigindo contrapartidas claras de fair play financeiro e trabalhista e que coloque os clubes numa era de modernização", disse Hilton a jornalistas nesta quinta-feira, após mais uma reunião na Casa Civil, em Brasília. "Queremos amadurecer uma proposta, é importante ouvir todo mundo e a partir das opiniões, das propostas, vamos apresentar texto, elencando pontos que definam regras claras de como será relação governo e clubes de futebol", completou.

##RECOMENDA##

Segundo o ministro, a presidente Dilma Rousseff tem demonstrado que quer que o texto tenha regras claras que contribuam para o desenvolvimento do futebol brasileiro. "Queremos que os clubes tenham apoio do governo, mas que tenham uma atitude de modernizar a prática de futebol", ressaltou Hilton.

No dia 23 deste mês, o governo criou um grupo interministerial da Casa Civil, ministérios da Fazenda, do Esporte, da Justiça, da Previdência Social e da Advocacia-Geral da União para elaborar uma proposta legislativa para modernizar a gestão do futebol brasileiro.

A comissão foi criada após Dilma vetar artigo de medida provisória que introduzia a possibilidade de refinanciamento das dívidas dos clubes com a União, sem nenhuma contrapartida que os obrigasse a cumprir qualquer medida de responsabilidade financeira e de gestão, como o pagamento de multas em caso de atraso dos salários dos jogadores. A ideia do governo é fechar o texto de uma medida provisória na primeira quinzena de fevereiro.

Membro da "bancada da bola", o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) reuniu-se com o grupo interministerial na última quarta-feira e pretende apresentar na próxima semana uma proposta que inclua penalidades para times que atrasarem pagamentos, como perda de pontos até o rebaixamento da equipe em competições.

Da parte do governo, Arantes espera que haja uma flexibilização quanto ao número de parcelas em que a dívida pode ser dividida e a supressão da exigência de uma entrada de 20% do valor do débito. Enquanto os clubes pedem prazo de 240 meses (20 anos) para pagar, o governo propõe 180 (15 anos). Além disso, os times dizem não ter condições de apresentar qualquer entrada.

Sobre o parcelamento das dívidas, Hilton disse achar que 204 (17 anos) meses é um prazo "razoável", que vai permitir que os clubes realinhem a sua gestão financeira. "Os clubes trouxeram propostas que são importantes, há interesse de todos. Vamos intensificar o diálogo", afirmou o ministro.

Representantes do Bom Senso FC vão se reunir na tarde desta quinta-feira (29) em Brasília com o Grupo Técnico Interministerial criado pelo governo federal para tentar encontrar uma saída para a dívida fiscal dos clubes brasileiros e deverão insistir na necessidade de ação rápida do fair play financeiro. Outro ponto considerado fundamental pelos atletas é que o projeto de lei a ser elaborado contenha de forma clara as penalidades a ser aplicadas a quem descumprir o acordo.

O grupo de trabalho interministerial, coordenado pela Casa Civil da Presidência da República, tem o objetivo de redigir um projeto de lei de responsabilidade fiscal que permita aos clubes repactuarem as suas dívidas, mas estabeleça contrapartidas que visem à modernização de gestão.

##RECOMENDA##

Entre as exigências deverão estar o rigoroso cumprimento dos prazos de pagamento dos débitos - novos e os que forem refinanciados - e a adoção do fair play financeiro em relação, por exemplo, ao pagamento de salários e demais obrigações trabalhistas com os jogadores. O descumprimento dos termos que vierem a ser estabelecidos em lei acarretará punições aos clubes que podem ir de simples advertência ao rebaixamento de divisão.

O grupo começou a trabalhar na quarta-feira, ouvindo sugestões de parlamentares. Na manhã desta quinta está prevista reunião com dirigentes de clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. À tarde, com início previsto para as 15 horas, será a vez do Bom Senso FC.

O movimento estará representado em Brasília por Paulo André, Alex, Paulo Cesar (ex-lateral-direito do Fluminense), Fael e Lincoln. Além deles, irão à reunião o diretor executivo do Bom Senso FC, Ricardo Borges, o também diretor Enrico Ambrogini, o advogado Fernando Batista e o consultor Pedro Daniel.

"Nossas propostas não serão muito diferentes daquilo que temos colocado deste o início das discussões", disse Borges à reportagem. Ele enfatiza que um dos pontos preponderantes é o estabelecimento imediato dos critérios de escalonamento do fair play. "Entendemos que deva entrar em vigor o quanto antes". O Bom Senso FC também vai insistir na necessidade de as punições estarem estabelecidas e definidas em lei.

O grupo interministerial tem 15 dias, prorrogáveis por mais 15, para elaborar a proposta legislativa. Antes de o texto começar a ser redigido, porém, vai ouvir sugestão de vários outros setores envolvidos com o futebol e os esportes em geral, entre eles jornalistas. A CBF e clubes de divisões inferiores do Campeonato Brasileiro serão ouvidos na sexta-feira.

O Bom Senso FC emitiu artigo, nesta terça-feira, desta vez direcionado aos deputados federais. No texto, o movimento de jogadores questiona os congressistas com relação às suas posições acerca da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, em tramitação na Câmara dos Deputados. O título deixa claro o teor do texto: "Deputados, decidam: atletas ou cartolas?"

Diferente de outros artigos, normalmente longos, desta vez o Bom Senso é conciso a lista nove pontos em que a posição dos jogadores vai de encontro à postura defendida pelos clubes com relação ao projeto de lei citado.

##RECOMENDA##

Desde a semana passada, o movimento dos jogadores acusa os dirigentes de clubes de não respeitarem o que foi combinado entre as duas partes durante encontro realizado no Rio no início de outubro.

O Bom Senso FC pede que os clubes não gastem mais do que 70% de seu orçamento com o futebol, que a comissão da CBF seja constituída em até 90 dias e que a partir de 2016 comecem a valer sanções aos clubes que atrasarem pagamentos.

Os clubes querem que não seja estipulado limite para pagamento e contratação de jogadores e que a lei entre em vigor apenas em 2019. Com relação à auditoria que vai fiscalizar as contas dos clubes, a alegação é de que isso cabe à CBF - que solicitou um prazo maior.

Além disso, os jogadores defendem mandatos de quatro anos com uma reeleição na CBF e poder de voto em federações e na CBF, itens que não constam no projeto dos clubes.

A Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte já foi aprovada em Comissão Especial na Câmara, mas ainda precisa ser votada em plenário para ser encaminhada ao Senado. Com a apresentação de propostas divergentes entre Bom Senso FC e clubes, a análise do projeto deve ser prorrogada, sem prazo para ser concluída.

O Bom Senso FC, grupo de jogadores que cobra melhoras na gestão do futebol no País, publicou nesta terça-feira uma carta aberta aos candidatos que disputam o segundo turno das eleições à presidência da República: Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). No documento, eles exigem "o compromisso explícito com as bandeiras de reforma e democratização das entidades que administram o futebol brasileiro".

O pedido pelo "compromisso explícito" é a única referência que o Bom Senso faz aos presidenciáveis. No restante da carta, o grupo expõe algumas das suas teses, mostrando um cenário problemático no futebol brasileiro.

##RECOMENDA##

"No ano em que o País recebeu a Copa do Mundo, os sete gols da Alemanha pintaram o retrato das décadas de autoengano que vive o nosso futebol. Na nossa própria casa, o visitante veio nos escancarar a enorme fragilidade daquele que, apesar de tudo, ainda é um dos nossos maiores patrimônios culturais", começa o texto.

O Bom Senso levanta, na carta, uma das causas da campanha: a gestão amadora do futebol no País. "Embora o negócio movimente cerca de R$ 11 bilhões por ano, não se sabe para onde vai boa parte dos recursos. O que se sabe é que a gestão amadora não tem sido capaz de financiar o desenvolvimento desse esporte no País."

Os jogadores lembram aos candidatos que, mesmo com expressivo aumento de receitas, os principais clubes brasileiros aumentaram em 100% suas dívidas nos últimos cinco anos. "Apenas ao governo, eles devem cerca de R$ 4 bilhões", reforçam.

Outro ponto citado pelo Bom Senso é o calendário do futebol nacional, que faz com que 80% dos jogadores profissionais fiquem "desempregados ou subempregados sistematicamente por seis ou seis meses ao longo do ano, sem que nenhuma atitude das autoridades públicas seja tomada."

Dizendo que "é preciso que o Estado assuma o seu papel no desenvolvimento do esporte", o Bom Senso cobra um posicionamento dos candidatos. "Ficamos no aguardo de vossos posicionamentos, na convicção de que este apoio ao futebol e ao esporte brasileiro significa também a esperança para a democracia em toda a nossa sociedade."

Uma reunião entre o Bom Senso FC e o Ministério do Esporte encaminhou o acordo para as alterações no texto da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte. No encontro realizado nesta segunda-feira (18), em São Paulo, grande parte das divergências apontadas pelos representantes dos jogadores foi resolvida. Assim, abre-se a possibilidade de o projeto ser levado à votação na Câmara ainda este ano, em setembro, ou, mais provavelmente, após as eleições.

"Estamos chegando perto do acordo. O momento é de afinar os pontos e fazer com que o projeto seja aprovado", disse Toninho Nascimento, secretário nacional do futebol. "Existe pressa para aprovar o projeto, mas a gente prefere fazer tudo bem direitinho", afirmou, sobre o prazo. Caso todas as dúvidas sejam sanadas e as partes - representantes dos jogadores, clubes e governo - entrem em acordo até o fim do mês, o texto poderá ser apreciado nas duas sessões da Câmara marcadas para os dias 2 e 3 de setembro.

##RECOMENDA##

A principal preocupação do Bom Senso FC era que os clubes cumprissem o acordo de renegociação das dívidas. O grupo pedia uma fiscalização efetiva do processo, e punição aos que não cumprissem o acordo. Mas já há o acordo da criação de um órgão que vai fiscalizar as finanças dos clubes, o que tranquilizou os representantes dos jogadores. Resta, agora, definir a periodicidade dessa fiscalização. O Bom Senso pede que seja mensal, e não anual. "Isso está sendo discutido, ainda não é um processo acabado", disse Fernando Prass, que estava presente na reunião.

Uma das vozes mais esclarecidas entre os jogadores brasileiros, Kaká adotou tom precavido ao falar do Bom Senso FC, iniciativa dos jogadores para estimular mudanças no futebol do País. Ao ser questionado sobre uma eventual adesão ao movimento, o meia elogiou os jogadores, mas, por ora, não parece disposto a fazer parte.

"Me reuni duas vezes com o Bom Senso, queria saber o que eles estavam fazendo. Meu apoio é mais difuso em relação ao que for benéfico ao futebol brasileiro. Esse é meu apoio, não tão individualizado. É um momento importante e é legal esse debate, essas críticas construtivas e ideias de jogadores, ex-jogadores, vocês (jornalistas) também para que o futebol volte a ser desenvolvido", disse o meia são-paulino.

##RECOMENDA##

À primeira vista, as declarações indicam um afastamento do jogador à iniciativa, mas amigos de Kaká afirmam que ele não quer se associar a ninguém enquanto não estiver plenamente informado sobre como as coisas transcorrerão. Se concordar com os pilares, pode ser mais incisivo no apoio.

Apesar de não se vincular ao Bom Senso FC, Kaká não deixou de criticar a estrutura do esporte no País e lembrou que o futebol brasileiro está muito atrasado em diversos pontos se comparado às principais ligas do mundo.

"O futebol brasileiro precisa ser melhor organizado e planejado, isso sem dúvida nenhuma. Coisas como melhorar o calendário, o processo de gestão, o profissionalismo nas relações, uma série de coisas".

O Bom Senso FC bateu forte, nesta quinta-feira (7), no calendário de 2015 para o futebol brasileiro. Manifesto enfoca oito pontos, o movimento dos jogadores diz que o Brasil levou nova goleada de 7 a 1, em alusão ao massacre sofrido pela seleção brasileira na Copa do Mundo, no jogo diante da Alemanha. O documento diz que, até mesmo um aspecto que parece positivo, a adoção de 25 dias de pré-temporada, foi uma medida tomada pensando mais em evitar prejuízos para a televisão do que em benefício dos atletas.

Para o Bom Senso, o calendário anunciado na quarta-feira pela CBF não foi reestruturado e sim espremido. Apesar de o início dos campeonatos estaduais ser em fevereiro (dia 1.º), a quantidade de datas destinadas a jogos é praticamente a mesma desta temporada.

##RECOMENDA##

Os atletas reclamam que nenhuma competição teve o formato alterado profundamente e que há clubes que poderão jogar até 84 partidas em 2015 (43% mais do que qualquer clube alemão, compara o Bom Senso) e que, na outra ponta, os pequenos continuarão jogando menos de 20 partidas oficiais.

Após estudar as medidas propostas pela CBF, o Bom Senso concluiu que a adoção do limite de 65 jogos por atletas no ano não passa do tradicional "me engana que eu gosto". Lembra que são raros os jogadores que participam de 65 partidas numa temporada. "Eles não chegam a esse número por uma limitação física, tal o desgaste a que estão submetidos. Essa é uma medida populista da CBF, para aparentar estar fazendo alguma coisa", disse à reportagem o diretor executivo do Bom Senso, Ricardo Martins.

O movimento também critica a falta de discussão sobre o horário dos jogos, as seguidas rodadas de meio de semana e entende que a divulgação de que não haverá jogos do Campeonato Brasileiro em dias em que a seleção estará em campo, é uma tentativa de jogar uma nuvem de fumaça na realidade.

"Nas datas Fifa não há jogos de clube, mas os há na véspera dessas datas", pontua o Bom Senso em seu comunicado. "Então, basta torcemos para que nossos clubes não tenham jogadores de alto nível para não serem convocados, certo? Ou, em caso de tê-los, vemos o nosso campeonato enfraquecido sem a presença dos principais atletas em datas importantes."

A pré-temporada de 25 dias é, para o Bom Senso, uma decisão tomada pelos cartolas "pensando no próprio umbigo, uma vez que a audiência do futebol no mês de janeiro tem caído vertiginosamente" e não uma medida modernizadora, como os cartolas querem fazer parecer. "O fato é que os atletas continuam não sendo ouvidos na hora em que a CBF toma decisões que os envolvem", criticou Ricardo Martins. "Eles nos ouviram algumas vezes, mas agora tudo esfriou."

O calendário do futebol para 2015 lançado pela CBF gera revolta em alguns jogadores. Por meio de seu Instagram, o veterano Ruy Cabeção postou uma montagem, nesta quarta-feira (7), com diversas fotos com uma mensagem que exige democracia e CBF e pedindo para que os atletas do futebol brasileiro tomem "vergonha na cara" e convoca greve nas quatro divisões do Campeonato Brasileiro.

Na mensagem, o lateral critica, sem citar nomes, o presidente da CBF, José Maria Marin, e também Marco Polo Del Nero, que assumirá o comando da entidade em 2015. "Todos os jogadores de futebol que tenham vergonha na cara, das Séries A, B, C, D e os mais de 12.000 mil desempregados, deveriam primeiro fazer uma greve geral e depois pedir a saída desses dois senhores e muitos outros da CBF. Tanto o calendário do futebol de 2014 e o de 2015 feito por eles, foi um f... para a nossa classe. Porque não atende em nada principalmente os 95% dos atletas de futebol amador do Brasil, porque de profissional não tem nada, a começar desses fulanos que dizem cuidar do futebol brasileiro", escreveu.

##RECOMENDA##

Além disso, o jogador, que atualmente atua pelo Operário-MT, pede para que os torcedores deixem de torcer pela seleção brasileira. "Sonho todos, todos os dias com a greve geral e agora sonho mais alto ainda, deveríamos boicotar a seleção da CBF, porque a seleção Brasileira é do povo e do país chamado Brasil e não desses dinossauros ditadores", afirmou.

Ruy Cabeção é um dos principais nomes do Bom Senso FC, movimento que surgiu no ano passado e que propõe à CBF um calendário menor para os times maiores e mais campeonatos para não deixar os times pequenos e consequentemente, os jogadores, sem atuar durante parte do ano. Dentre as propostas, a organização cobra a criação de uma Série E, além de uma mudança do padrão dos campeonatos regionais para um formato parecido com o da Copa do Mundo.

Líderes partidários da Câmara Federal decidiram adiar a votação do projeto da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (LRFE), que estava pautada para esta semana e que vai substituir o antigo Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpicos (Proforte). Ocupados com suas campanhas eleitorais, os deputados só devem voltar à Brasília para votar projetos em setembro, mas não é certo que a votação ocorrerá nesse próximo período de trabalho legislativo.

Consultados pela reportagem, o deputado oposicionista Otávio Leite (PSDB-RJ), relator da proposta em discussão, e o governista Vicente Cândido (PT-SP), um dos idealizadores da renegociação da dívida, mostraram-se céticos sobre a definição de uma data próxima para a votação.

##RECOMENDA##

Antes do adiamento, representantes do Bom Senso FC criticaram o projeto que propõe a renegociação das dívidas dos clubes de futebol brasileiros com a União. A principal queixa dos atletas é sobre o mecanismo estabelecido pelo projeto para controlar as contrapartidas oferecidas pelos clubes beneficiados. Eles querem incluir na proposta itens como a obrigação de os times estarem com o pagamento de salários e direito de imagens em dia para poderem ter facilidades fiscais.

Um documento distribuído pelo Bom Senso a congressistas afirma que a fragilidade da proposta em tramitação está em quatro pontos principais. O primeiro é a exigência apenas de Certidões Negativas de Débito, ao início de cada temporada, para os clubes beneficiados com a renegociação da dívida provarem que estão com pagamentos em dia.

O segundo ponto atacado é a "baixíssima frequência de fiscalização, apenas uma vez ao ano". O terceiro ponto é a "ausência de indicação de quem será o responsável pela fiscalização". Por fim, o Bom Senso diz que não é possível ter só um tipo de punição (o rebaixamento) para clubes que descumprirem a lei.

O deputado Otávio Leite questionou as sugestões dos atletas. Para ele, o texto mais atual da LRFE, já inclui, além da exigência da certidão negativa, a necessidade de os clubes publicarem seus balanços de forma padronizada. O deputado também disse que, apesar de o comprovante de quitação de dívidas ser exigido anualmente, a proposta em discussão exclui do programa de financiamento da dívida os clubes que deixarem de pagar suas parcelas por três meses seguidos.

Sobre a punição dos que atrasarem salários, ele disse que ainda vai discutir esse assunto. "Vou apreciar as emendas sugeridas pelo Bom Senso com muita atenção. A maior parte das propostas deles já está no projeto, talvez com uma calibragem diferente", disse Leite.

Apesar das cobranças do Bom Senso, são divergências entre os clubes e o governo que impedem a votação. Um dos pontos de desacordo, segundo Vicente Cândido, é o prazo de 25 anos que o projeto dá para os times quitarem seus débitos. "O governo não aceita", afirmou o deputado, dizendo que é preciso negociar mais para tornar o projeto viável. O Bom Senso informou ontem que levou suas sugestões também ao Poder Executivo por meio da Casa Civil, da Advocacia-Geral da União e do Ministério do Esporte.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando