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Mais de um ano e meio após uma sucessão de liminares resultar na suspensão do juiz de garantias, o Supremo Tribunal Federal (STF) volta a debater a adoção da nova função, cuja criação foi aprovada e sancionada em 2019.

O Supremo realiza hoje (25) e amanhã (26) uma audiência pública para debater a criação do juiz de garantias, que pela legislação ficaria responsável por supervisionar a fase de inquérito dos processos criminais, sendo diferente do juiz que profere a sentença.

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A audiência foi convocada pelo ministro Luiz Fux, relator de quatro ações diretas de inconstitucionalidade (ADI) que questionam a criação do juiz de garantias ou pontos específicos sobre sua implementação. A audiência deveria ter ocorrido em março do ano passado, mas acabou adiada em razão da pandemia da Covid-19.

Além do juiz de garantias, são tema da audiência os acordos de persecução e a autorização dada ao Ministério Público para que arquive inquéritos sem a necessidade da anuência de um juiz. Todas as medidas integram o pacote anticrime (Lei 13.964/2019), aprovado em 2019.

Ao abrir o evento, nesta segunda-feira (25), o ministro Fux disse haver “a necessidade de amadurecimento da discussão sobre a constitucionalidade de institutos de tão amplo impacto para a Justiça Criminal”.

Liminares

A criação e implementação do juiz de garantias, que é tida por membros dos meios jurídico e acadêmico como a maior alteração no Código de Processo Penal (CPP) desde a Constituição de 1988, encontra-se suspensa, sem prazo, desde janeiro de 2020, por força de uma liminar de Fux.

O tema expôs uma divergência interna, uma vez que a decisão de Fux suspendeu outra, proferida uma semana antes, pelo então presidente da Corte, ministro Dias Toffoli. Nessa primeira liminar, a implementação do juiz de garantias ficaria suspensa por apenas seis meses.

À época, Toffoli convocou uma entrevista coletiva para anunciar o teor de sua decisão. Ele defendeu a constitucionalidade do juiz de garantias, afirmando ainda que sua adoção não resultaria em nenhum custo adicional para o Judiciário.

A decisão de Fux permanece em vigor até que o plenário do Supremo julgue o mérito sobre a constitucionalidade ou não do juiz de garantias.

Entenda

A criação do juiz de garantias gera polêmica desde que foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro em dezembro de 2019. À época, o então ministro da Justiça, o ex-juiz Sergio Moro, chegou a defender, em nota, o veto à medida, por considerar que ela não fora suficientemente debatida e esclarecida.

A figura do juiz de garantias, conforme aprovada pelos parlamentares, foi inserida pelo deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) no pacote anticrime apresentado ao Congresso pelo próprio Moro. Pela justificativa da medida, ela seria necessária para garantir a imparcialidade do juiz que profere a sentença, que ficaria livre de vieses adquiridos na fase de inquérito.

A medida sofre oposição das principais associações de magistrados do país - a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) -, sob os argumentos de que a criação do juiz de garantias gerará problemas no andamento de processos e na efetividade da Justiça, bem como resultaria em gastos maiores em um cenário de aperto fiscal.

A nova figura, contudo, foi celebrada por defensores e advogados, que veem na medida um avanço civilizatório na garantia de direitos fundamentais contra desmandos do próprio Estado.

Debate

Hoje e amanhã, 68 expositores falarão, cada um por 10 minutos, sobre os temas da audiência. Participam membros de órgãos públicos, tribunais, conselhos, associações de carreiras ligadas ao meio jurídico, institutos de direito e outras organizações da sociedade civil autorizadas por Fux.

O primeiro a se manifestar, na manhã desta segunda-feira, foi o representante do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) Allan Dias Simões Maia, assessor especial e delegado de Polícia Federal. Ele, contudo, não falou sobre juiz de garantias, atendo-se a defender a inconstitucionalidade do arquivamento de inquéritos pelo MP.

Em seguida, falaram representantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que divergiram frontalmente sobre a constitucionalidade do juiz de garantias.

Em nome do CNJ, o conselheiro Mário Augusto Figueiredo de Lacerda Guerreiro, juiz de Direito, afirmou que a criação do juiz de garantias atenta contra a segurança jurídica e autonomia de organização dos tribunais, entre outros pontos. “O artigo 96 da Constituição Federal é claro ao dizer que os tribunais organizarão os serviços judiciais e a competência de seus órgãos. De modo que não pode vir uma lei federal e estabelecer qual juiz julgará o quê”, disse o conselheiro.

Pela OAB, o jurista Gustavo Badaró, advogado e professor titular de Direito Processual Penal da Universidade de São Paulo (USP), defendeu que o juiz de garantias é essencial para garantir a parcialidade do magistrado ao proferir a sentença, sendo adotada em países como Portugal, Itália, Paraguai, Colômbia e Chile.

Para o criminalista, os estudos da psicologia do direito demonstram que os vieses cognitivos são de natureza inconsciente, motivo pelo qual a parcialidade do julgador é naturalmente prejudicada se ele participar de produção de provas. “Não porque o juiz quer ser mau ou perder sua imparcialidade, mas porque é humano”, disse.

Bandeira de alguns ministros da corte, a gradual substituição das decisões individuais de integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) por julgamentos em conjunto requer um esforço concentrado para acabar com uma pilha de liminares pendentes de julgamento.

O Estadão identificou dez decisões tomadas por relatores há mais de cinco anos. São atos para suspender resoluções, leis estaduais e federais e até Emenda à Constituição da República e à do Estado do Rio. Todas estão em pleno vigor, por decisão de um único ministro, mas sequer começaram a ser julgadas até hoje pela Corte.

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O carro-chefe dentre as decisões individuais (monocráticas) que aguardam julgamento no plenário é a que suspendeu as regras de distribuição dos royalties do petróleo aprovadas pelo Congresso. Em 2013, a ministra Cármen Lúcia decidiu atender a um pedido do governo do Rio, que estimou prejuízo ao Estado e aos seus municípios de até R$ 4 bilhões só naquele ano.

Na prática, a relatora protegeu as receitas dos Estados produtores, até que o plenário da Corte adotasse um posicionamento sobre o tema. O caso, que envolve interesses bilionários, entrou no calendário de julgamentos de novembro de 2019 e de abril de 2020, mas foi retirado duas vezes. Se nenhum imprevisto surgir, será finalmente julgado em 3 de dezembro, ou seja, sete anos depois.

Outra liminar de 2013 com grande relevância para o País e que ficou para as calendas é aquela que permitiu ao então presidente do STF, Joaquim Barbosa, suspender a criação de quatro Tribunais Regionais Federais, aprovada em Emenda à Constituição. A decisão levou cinco anos para ser liberada para julgamento no plenário, mas até hoje sua votação não foi iniciada.

O relator atual é o presidente Luiz Fux, que, apesar de controlar a pauta de julgamentos, não marcou ainda o dia dessa ação. Em agosto, a Câmara dos Deputados aprovou a criação de um novo TRF, sediado em Minas.

O atual presidente do Supremo, que tem se mostrado um entusiasta do fim das decisões individuais - a chamada "desmonocratização" -, liberou para julgamento, no mês passado, ação em que concedeu liminar, em 2011, para suspender uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Essa resolução previa horário uniforme de atendimento ao público pelo Judiciário em todo o Brasil.

Em abril de 2015, Fux também suspendeu uma mudança na Constituição do Estado do Rio que aumentava de 70 para 75 anos a idade para aposentadoria compulsória de servidores públicos estaduais. Os dois casos aguardam julgamento.

Essas são algumas das 65 liminares concedidas por relatores que estão pendentes de julgamento pelo plenário, em ações que discutem a constitucionalidade de leis e de normas do País.

A possibilidade de ministros, individualmente, suspenderem atos do Legislativo e do Executivo é tema de forte crítica entre políticos no Brasil, que denunciam, em alguns casos, um certo "ativismo judiciário". Segundo pesquisadores que têm como objeto de análise o Supremo, os 11 ministros do tribunal se comportam como "ilhas", que decidem sozinhas a maioria dos processos. Nesse sentido, a "desmonocratização" é bem-vista e aguardada, inclusive por ministros da Corte.

Mudanças

Há propostas em discussão para criar uma forma de impedir que as ações fiquem penduradas nos gabinetes. Uma delas prevê que todas as liminares sejam levadas a referendo do plenário virtual imediatamente após tomadas. Dependeria disso a validade da decisão do relator. O tema já vinha sendo discutido na gestão de Dias Toffoli na presidência, por proposta de Luís Roberto Barroso, e foi abraçado por Luiz Fux.

Nesta semana, Gilmar Mendes aderiu ao movimento e propôs que, não apenas daqui para frente, mas também sobre liminares antigas, todas sejam colocadas para votação, necessariamente, em um prazo de 180 dias. O gabinete do ministro pesquisou ações nessa situação. Foi com base nesse levantamento que o Estadão fez a análise de cada uma das 65 identificadas.

Apesar de seu movimento, Gilmar Mendes afirmou, na semana passada, que havia certa demagogia em torno do discurso de "desmonocratização". Em uma indireta a Luiz Fux, disse, em uma live, que a liminar mais antiga que ele conhecia de grande repercussão era a que garantiu o pagamento de auxílio moradia a membros do Judiciário. O autor da decisão, de 2014, foi Luiz Fux, que a reviu no fim de 2018, sem a ter levado a julgamento no plenário.

Além das ações antigas, há algumas recentes com grande apelo que aguardam apreciação no plenário. Algumas estão ligadas às crises sanitária e política deste ano. Quando houve um apagão de dados da covid-19 no site do Ministério da Saúde, o ministro Alexandre de Moraes determinou, em junho, que fosse restaurada a divulgação diária dos dados relativos à pandemia, a pedido da Rede Sustentabilidade.

Em junho, em meio à crescente tensão política com apoiadores do presidente fazendo manifestações por intervenção militar, o Partido Democrático Trabalhista (PDT) entrou com uma ação no Supremo. Luiz Fux atendeu a um pedido de liminar para estabelecer que as Forças Armadas não representam um "poder moderador entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário". Era uma resposta à narrativa golpista que vinha sendo defendida por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

Em uma liminar que mexe com o Legislativo, o então presidente Dias Toffoli decidiu que, em casos de eventual vacância no Senado Federal, por cassação pela Justiça Eleitoral da chapa eleita, o candidato imediatamente mais bem votado na eleição assume o cargo interinamente, até que seja empossado o senador eleito em pleito suplementar. A decisão foi de 31 de janeiro deste ano, em ações apresentadas ao Supremo, diante da cassação do mandato da senadora Selma Arruda (Podemos-MT) pela Justiça Eleitoral.

A advogada Bianca de Oliveira Farias, professora de Direito Processual da Universidade Candido Mendes (Ucam), diz que ainda se verifica uma "indesejável morosidade" em ações no Supremo, o que levaria ao "perecimento de direitos ou significativos impactos financeiros a Estados da Federação".

Ela cita, como exemplo, a ação sobre a distribuição dos royalties do petróleo. "O STF é um órgão colegiado e, por definição, órgãos dessa natureza devem privilegiar decisões conjuntas. Assim agindo, diminuímos o risco de inseguranças jurídicas derivadas de entendimentos diversos que diminuem a credibilidade do próprio Poder Judiciário junto à população", disse a advogada.

Fux promete liberação

O Estadão questionou os ministros do STF sobre as liminares de cada integrante do tribunal que ainda não foram julgadas no plenário. O presidente Luiz Fux disse, por meio da assessoria, que todos os processos de seu gabinete serão liberados até a próxima quarta-feira. O gabinete do ministro Edson Fachin disse que, das três ações de sua relatoria, duas estão no calendário para votação até o fim do ano e uma começou a ser julgada, mas foi suspensa por um pedido de vista.

A reportagem perguntou também se os ministros concordam com a proposta de Gilmar Mendes, de fazer uma varredura dessas decisões em 180 dias. O gabinete de Luís Barroso disse que o ministro só se manifestará quando a proposta entrar na pauta da sessão administrativa e que ele cumprirá o que for decidido pelo Tribunal.

A resposta do gabinete do ministro Marco Aurélio Mello foi que "a proposta ainda pende de deliberação e consiste em norma de caráter transitório, dependente, inclusive, da aprovação de outras modificações." O gabinete de Rosa Weber disse que "as propostas de alteração do Regimento Interno ainda serão objeto de deliberação". 

Setenta e cinco de cem liminares concedidas por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em ações que suspenderam parcial ou totalmente leis, decretos, resoluções e medidas provisórias aguardam julgamento no plenário da Corte. Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast aponta que, desde 2010, há decisões individuais provisórias aguardando chancela ou não do colegiado.

Das 75, três foram assinadas pelo ministro Teori Zavascki, morto em janeiro do ano passado em um acidente aéreo. Mais novo integrante da Corte, o ministro Alexandre de Moraes foi quem mais concedeu liminares - 21. A maioria delas trata de legislação estadual, envolvendo, principalmente, o pagamento de precatórios.

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Mas há casos mais polêmicos, como a decisão da ministra Cármen Lúcia, em 2013, que impediu a aplicação da lei de distribuição de royalties do petróleo. À época, cálculos feitos pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), com base em números da Agência Nacional de Petróleo (ANP), mostraram que, somente nos primeiros seis meses de vigência da liminar, R$ 4 bilhões deixaram de ser redistribuídos. A suspensão está até hoje em vigor.

A liminar mais antiga, de 2010, foi concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello, em caso protocolado pelo governo do Pará que trata de precatórios.

Entre as mais recentes, uma que provocou debate foi a suspensão de parte do indulto para presos concedido pelo presidente Michel Temer em dezembro de 2017. O ministro Luís Roberto Barroso manteve em fevereiro pontos do texto impugnados por Cármen Lúcia durante o recesso de fim de ano. Entre os artigos vetados estão os que alteravam o tempo mínimo de cumprimento de pena para a concessão de indulto e um que abria brecha para beneficiar presos condenados por corrupção.

Às vésperas do recesso de julho da Corte, o ministro Ricardo Lewandowski proibiu a privatização de estatais sem o aval do Congresso, atendendo a pedido de empregados e sindicalistas da Caixa Econômica Federal. A decisão foi criticada pela equipe econômica e pelo mercado por ampliar a insegurança jurídica para negócios e ter impacto nas contas públicas. A medida ainda não foi julgada pelo colegiado da Corte, que volta do recesso no dia 1.º de agosto.

Para especialistas em Direito, o quadro revela uma demora no julgamento pelo colegiado e um excesso de decisões monocráticas relacionadas a inconstitucionalidade. Eles apontam que a decisão individual para suspender leis deveria ser tomada apenas em situações excepcionais. "A liminar pode ser concedida pelo relator, mas em casos excepcionais. O STF é o plenário, o colegiado, não é o ministro individualmente", disse o ex-ministro da Corte Carlos Velloso.

Um dos ministros há mais tempo na Corte, Marco Aurélio Mello defende o poder do colegiado para tratar de matérias de natureza constitucional. "Tenho sustentado que a competência para implemento de medida acauteladora é do colegiado, não individual. Tanto que a lei exige seis votos para suspender a eficácia de uma norma. Como é que uma única visão pode substituir esse requisito?", questionou Marco Aurélio.

O especialista em direito constitucional Daniel Falcão disse que esse tipo de decisão provisória precisaria ter mais urgência no julgamento pelos 11 ministros. "Uma ação de controle de constitucionalidade é muito grave. Há um interesse público muito forte em jogo porque a ação contesta se uma lei vai contra o que diz a Constituição", afirmou Falcão.

Congresso

Considerada "medida excepcional", a decisão monocrática em ações diretas de inconstitucionalidade (ADI) é alvo de projeto aprovado no início do mês na Câmara. A proposta, que segue para o Senado, proíbe ministros do STF de conceder liminar em ações que têm poder de suspender leis.

"Trata-se de uma resposta do Congresso à monocratização do STF. Não é de bom tom que isso ocorra, pois provoca insegurança jurídica", disse o deputado Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA), autor do projeto, quando o texto foi aprovado na Câmara.

Segundo o ex-ministro do STF Ayres Britto, o Congresso deveria discutir uma forma de fixar prazos para as liminares serem referendadas ou não pelo plenário, sem retirar o poder de decidir individualmente. "O Congresso pode dispor sobre o modo mais racional de se administrar a pauta do Supremo. Mas retirar do relator o poder de conceder liminares em ações que já são por definição de relevância maior é mutilar a competência do juiz", afirmou.

Respostas

Procurados pela reportagem, os gabinetes da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, e de seu sucessor no cargo a partir de setembro, ministro Dias Toffoli, não se manifestaram. O gabinete do ministro Alexandre de Moraes também não comentou o fato de ele ter o maior número desse tipo de liminar aguardando julgamento no Supremo.

Ações de inconstitucionalidade

Desde 2000, o Supremo Tribunal Federal recebeu 3.785 ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs). É o maior volume de ações entre os processos chamados de "controle concentrado" de constitucionalidade. De acordo com dados do STF, a maior demanda dessas ações é da Procuradoria-Geral da República. O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil fica em segundo lugar. Os números geram um congestionamento na fila de processos para serem julgados no plenário.

Em alguns casos, essa obstrução faz as ações perderem seu objeto, ou seja, ficam sem motivação de serem julgadas pelos 11 ministros. Um exemplo recente é a decisão do ministro Ricardo Lewandowski que suspendeu em 2017 a medida provisória que adiava para 2019 o reajuste dos servidores federais previsto para janeiro deste ano. O ato monocrático ocorreu às vésperas do recesso judiciário.

Para eventualmente referendar a liminar, os ministros só voltariam a se reunir em fevereiro, quando o primeiro pagamento dos servidores, com o reajuste não previsto pela União, já seria realizado. Em abril, o ministro arquivou o processo por perda de objeto. Com o adiamento, o governo esperava economizar R$ 4,4 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Apesar das mais de 800 confirmações no Facebook, apenas cerca de 50 pessoas participaram do "rolezinho" na noite deste sábado (18) no Plaza Shopping, em Niterói, na região metropolitana do Rio. O ato, marcado pelo tom político, começou com 40 minutos de atraso e durou pouco mais de uma hora. Os manifestantes não foram impedidos de entrar no shopping, mas foram seguidos o tempo todo por cerca de 20 seguranças, alguns deles à paisana. Alguns repórteres, fotógrafos e cinegrafistas que aguardavam o início do evento do lado de fora foram impedidos de entrar por seguranças e pela assessoria de imprensa do estabelecimento.

Assustados, comerciantes baixaram as portas. A grande maioria das lojas ficou fechada durante a realização do ato. Enquanto os ativistas caminhavam pelos corredores gritando palavras de ordem contra o racismo, a realização da Copa no Brasil, o governador Sérgio Cabral (PMDB) e a presidente Dilma Rousseff (PT), clientes do centro de compras se refugiavam dentro das lojas ou deixavam o shopping. "Olê olê, olê olá, se o racismo não acabar, a Copa eu vou barrar", eles cantavam pelos corredores.

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"As lojas só estão fechadas e estamos sendo seguidos por todos esses seguranças porque somos negros e pobres. Se fosse o Eike Batista, a Fifa, ou playboyzinhos de olhos azuis, isso não estaria acontecendo. Essa é a maior prova de que existe sim racismo nesse país", discursou o rapper PC Lima. Ligado ao PSOL, ele foi um dos líderes do movimento.

O rolezinho, no entanto, foi marcado no Facebook pelo advogado Thiago Corrêa, de 29 anos, que está na Argentina e só deve voltar no fim de fevereiro. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo pelo Facebook na última quinta-feira, Lima escreveu: "Criei o evento para debater o tema". O ato foi pacífico, mas houve princípio de tumulto e bate-boca em quatro ocasiões: quando os manifestantes tentaram entrar em uma loja do Starbucks e foram barrados; quando eles sentaram em mesas na praça de alimentação e seguranças tentaram impedir; quando tentaram entrar em um cinema; e quando passaram em frente à loja de roupas Star Point, onde vendedores seguravam cartazes com os dizeres "Eu trabalho por comissão. Obrigado, rolezinho!". "Vocês são escravos do capital! Seus salários não compram sua consciência!", gritava uma mulher que participava do ato ao ver os cartazes. "Quer manifestar, vão para a rua! Eu tenho que bater minha cota! Ficaram aqui chamando a gente de playboy. Isso não é preconceito?", indagou um vendedor da loja, que se identificou como Iago.

Mesmo surpreendidos pela confusão, alguns clientes do shopping decidiram seguir o ato em apoio aos manifestantes. Foi o caso do advogado Flávio Teixeira, de 40 anos, e da revisora de textos Silvia Monteiro, de 43, que haviam marcado se encontrar numa livraria. "Acho legítima (a manifestação), desde que não haja vandalismo", disse Teixeira.

Depois do protesto, o shopping distribuiu uma nota oficial. "O Plaza Shopping Niterói informa que, na tarde deste sábado, dia 18, foi necessário interromper as atividades do centro de compras temporariamente. A medida adotada pelo empreendimento fez parte do plano de ações para garantir a integridade e segurança de seus clientes, lojistas e colaboradores", afirmou no texto.

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