Tópicos | Luan Araújo

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) entrou com um processo criminal contra Luan Araújo, jornalista que foi perseguido por ela com arma em punho, na véspera das eleições do ano passado. Na queixa-crime, a bolsonarista acusa o homem de iniciar a discussão, já que ele estaria “insatisfeito" com a sua ideologia política. 

A parlamentar ainda alega que o jornalista promoveu ofensas contra sua pessoa e cita um artigo escrito pelo jornalista no site Diário do Centro do Mundo, em que o profissional critica a apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

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"Zambelli, que diz estar com problemas, na verdade está na crista da onda. Continua no partido pelo qual foi eleita, segue com uma seita de doentes de extrema-direita que a segue incondicionalmente e segue cometendo atrocidades atrás de atrocidades", diz um trecho.

Na publicação, Luan ainda diz que sofreu "diversos ônus" desde o dia do conflito e viu sua vida pessoal virar "de cabeça para baixo".

Em outro trecho questionado pela defesa de Zambelli, ele escreve: "para ela, uma mulher branca com conexões com pessoas poderosas, foi apenas mais um espaço para fazer o picadeiro clássico de uma extrema direita mesquinha, maldosa e que é mercadora da morte".

Para a defesa da deputada, o episódio foi traumatizante tanto para Luan quanto para Zambelli, mas não garante à suposta vítima ofender a parte acusada.

“Não há explicação para o tom de suas palavras. Não há dúvida que os episódios vivenciados pelas partes tenham sido traumatizantes e tenham gerado consequências para o próprio querelado, como narrou em sua coluna. Contudo, as consequências não foram diferentes para a querelante, que sofreu danos de imagem, além de repercussões políticas, profissionais, judiciais e, principalmente, pessoais”, diz trecho da queixa-crime.

Embora o Ministério Público tenha discordado da tese de bolsonarista e afirmado que o jornalista não a ofendeu, o juiz Fabricio Reali Zia, da Vara Especial Criminal paulista, entendeu que no momento não é possível rejeitar os pedidos da autora da ação e determinou a realização de uma audiência preliminar, ainda sem data para ocorrer.   No entanto, de imediato, o magistrado determinou que Luan remova, em 48 horas, a postagem em que faz referência à Carla Zambelli. Cabe recurso. 

Relembre o caso 

No dia 29 de outubro do ano passado, Zambelli foi filmada apontando uma pistola Taurus G3C contra o rapaz, em uma rua dos Jardins, em São Paulo.  A parlamentar alegou que quis se defender após ter sido agredida e empurrada pelo homem. Porém, imagens do momento da confusão mostram que isso não aconteceu, pois a bolsonarista teria caído sozinha.

Em 20 de dezembro, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que Carla Zambelli entregasse a pistola que usou para perseguir Luan. O ministro atendeu um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).

A parlamentar cumpriu a decisão em 27 de dezembro, quando entregou a pistola e as munições na Superintendência da PF no estado de São Paulo.  Sendo assim, o STF marcou para agosto o julgamento que pode tornar ré a aliada de Bolsonaro por perseguição armada. O julgamento será em plenário virtual, modalidade em que os ministros apenas depositam seus votos em um ambiente digital.

Um segurança da deputada Carla Zambelli (PL), que não teve a identidade oficialmente revelada, foi preso em flagrante por disparo de arma de fogo pela Polícia Civil de São Paulo, na madrugada deste domingo (30). O segurança é um dos envolvidos na confusão entre a parlamentar e o jornalista Luan Araújo durante uma discussão, no bairro de Jardins, em São Paulo. A deputada apontou uma arma de fogo contra ele.

A deputada federal afirma ter agido em legítima defesa após ter sido agredida por "um homem negro" e "militante de Lula". Vídeos, que viralizaram na Internet, mostram a parlamentar, um segurança e seus assessores correndo atrás de Luan Araújo após uma discussão política entre os dois. No momento da confusão, é possível ver o homem xingando a parlamentar. Ela tenta correr, cai sozinha e depois segue Luan Araújo. O homem grita por socorro enquanto corre, um barulho de tiro é ouvido e alguém pede que a polícia seja chamada. Ao entrar em um bar onde Luan Araújo tentou se refugiar, Carla Zambelli manda que o jornalista deite de no chão. Ele diz que ela quer matá-lo e senta em uma cadeira.

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Após o incidente, Luan Araújo registrou queixa em uma delegacia em São Paulo contra a parlamentar por ameaça e racismo. Depois de prestar depoimento, o homem pediu proteção e disse que está assustado.

Carla Zambelli também registrou boletim de ocorrência. A deputada publicou em suas redes sociais um vídeo em que descreve o ocorrido. Na versão dela, um grupo de homens tentou intimidá-la, e ela foi empurrada para o  chão. Ela diz ter apontado o revólver na intenção de deter o sujeito até a chegada de policiais militares. “E aí, quando ele me empurrou, eu caí, eu saí correndo atrás dele, falei que ia chamar a polícia, que ele tinha que ficar aqui para poder esperar a polícia chegar. A polícia já está aqui. Aí ele se evadiu, daí eu saquei a arma e saí correndo atrás dele. Pedindo para ele parar, ele ficou com medo e parou dentro de um bar”, disse.

Resolução do TSE

Uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) restringe o transporte de armas 24h antes das eleições. A decisão do TSE foi tomada, por unanimidade, em setembro deste ano, atendendo a um pedido dos chefes de Polícia Civil dos estados, que alertavam para os riscos diante do cenário político polarizado. “A resolução é ilegal, e ordens ilegais não se cumprem. Eu conscientemente estava ignorando a resolução e continuarei ignorando a resolução do senhor Alexandre de Moraes [presidente do TSE], porque ele não é legislador. Ele é simplesmente presidente do TSE e membro do STF. Ele não pode em nenhum momento fazer uma lei. Isso é ativismo judicial”, avaliou a deputada.

A assessoria da parlamentar divulgou nota em que aborda a proibição. “A deputada federal possui registro de arma de fogo para defesa pessoal. A resolução do TSE que proíbe o porte aplica-se apenas aos CACs [Certificado de Registro Pessoa Física - Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador], ou para ingresso de armas em seções eleitorais”, aponta o texto.

O ministro Alexandre de Moraes determinou a investigação da conduta da deputada federal. Será investigado o possível crime eleitoral por porte ilegal de arma.

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