O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, destacou por mais de uma vez, em entrevista para comentar o IPCA de agosto, que todos os analistas projetam que a inflação de 2014 deve convergir para muito próximo de 6%, o que mostra mudança relevante de previsão em relação ao início do ano. "Não só a nossa avaliação, mas é a avaliação que temos de economistas em geral, que, na média de setembro a dezembro deste ano, teremos um comportamento melhor da inflação do que o observado no mesmo período do ano passado. O próprio mercado já projeta isso", afirmou. Segundo ele, em algum mês pode ficar parecido, mas a média do período será menor que os mesmos meses do ano passado. "O IPA-DI agrícola reforça, com deflação relevante de produtos importantes", disse.
O secretário fez questão de ressaltar que não existe estouro da meta de inflação mês a mês, no acumulado em 12 meses. "O regime de meta de inflação aqui e em todos os países que adotam se referem ao ano calendário. A inflação pode ultrapassar metas anunciadas ao longo do ano. Isso acontece em muitos casos e o importante é que feche o ano dentro das bandas ou da meta central", justificou.
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Para ele, os últimos meses deste ano serão melhores que em 2013 porque a seca para o setor agrícola está menor. "Está menos esparramada neste ano do que no ano passado", disse. Holland afirmou que, em 2013, a situação de seca envolveu aproximadamente 1.200 municípios e muitos produtores agrícolas. Esse ano, esta seca está mais concentrada em municípios que são menos intensivos em produção agrícola", afirmou. "Ela está bem menor que 1.200 municípios. Alguma coisa próxima a 700 municípios", continuou.
Segundo Holland, a previsão de inflação mais comportada até o final do ano também se justifica pela acomodação de vários preços agrícolas nesse período. "Feijão este ano está com preço bem abaixo do ano passado", disse. O secretário disse que qualquer recuperação que venha a ter nos preços até o fim do ano será pequena perto do que teve no ano passado. "Essa seca que acontece nesse período da pastagem, por mais que afete a produção de carnes e seus substitutos, é menor que no ano passado porque a produtividade agropecuária neste ano está melhor que no ano passado", avaliou.
Para ele, também já houve um ciclo de alta dos produtos monitorados que afetaram a inflação nesse período. "Eu poderia dizer que o conjunto mais relevante desses produtos monitorados já contribuíram para a inflação deste ano. E o efeito deles até dezembro é muito menor. Não diria residual, mas bem menor do que foi até então e no ano passado", afirmou.
O secretário defende que a inflação está muito mais benigna neste ano que nos anos anteriores, a despeito de o País estar vivendo quatro anos de seca. "Não é um período trivial para atividade agrícola", afirmou.
Ele disse que a inflação no Brasil está sob controle há 10 anos consecutivos e que, no cenário básico do governo e do mercado, ela permanecerá dentro das metas anunciadas. "Eu destaco sempre a inflação de alimentação e bebidas, que é a mais importante para as famílias e para os trabalhadores de todo o País. Ela ajuda no orçamento familiar, principalmente a população de renda menor", disse.
O secretário disse que o comportamento tanto dos preços livres quanto de alimentos se deve à "exitosa" política econômica e às políticas públicas. "No caso de alimentos, são os planos safras que temos anunciado ano após ano que incentivam a inovação no campo e o aumento da produtividade, como também redistribuem melhor a produção de vários produtos vulneráveis às condições climáticas no Brasil", disse. "No caso dos demais produtos livres, é resultado de uma política econômica voltada para combater a inflação no Brasil".
Reajuste de energia
Holland não espera para o restante do ano grandes reajustes nos preços da energia elétrica. Segundo ele, a maior parte ocorreu entre janeiro e agosto, período que acumula alta de 11,66% de reajuste. "Teve essa alta e o que nós temos no calendário daqui para frente é um reajuste bem menor e com impacto bem menor no IPCA do que teve nesse ciclo até agora", disse.
Ele também falou sobre os preços de passagens aéreas. "Pela fórmula de cálculo, podemos esperar nova alta em setembro, mas não será nada parecido com o período anterior à Copa e que depois se dissipou", explicou.