Peça-chave na histórica reaproximação entre Cuba e Estados Unidos, o cardeal cubano Jaime Ortega faleceu aos 82 anos, nesta sexta-feira (26) - informou a Arquidiocese de Havana.
"O cardeal Jaime faleceu e, ao começar a sentir sua ausência física, revivem, junto com o afeto agradecido, as lembranças de sua qualidade pessoal e seu incansável zelo pastoral", afirmou o arcebispo Juan de la Caridad García Rodríguez.
Nascido em 18 de outubro de 1936, em Matanzas, Ortega foi considerado um homem de consensos e liderou a Igreja católica em Cuba por 35 anos.
Ao completar 75 anos em 2011, apresentou sua renúncia como arcebispo de Havana, conforme as regras estabelecidas pelo Vaticano. Seu amigo, o papa Francisco, recusou sua renúncia até um ano depois de visitar a ilha em 2015.
Ortega atuou como facilitador das longas conversas secretas com os Estados Unidos. Essas negociações levaram ao histórico degelo entre ambos os países em 2014, após mais de meio século de inimizade e de confronto político.
A esta reaproximação, acompanhada por uma troca de presos políticos entre esses dois inimigos da Guerra Fria, seguiu-se a visita à ilha do então presidente americano, o democrata Barack Obama, em 2016.
À missão que lhe foi entregue pelo papa argentino, Ortega dedicou o livro "Encontro, diálogo e acordo" (em tradução livre), publicado em 2017, mesmo ano em que Donald Trump chegou ao poder e as relações entre Cuba e Estados Unidos entraram em retrocesso.
Sobre o cardeal Ortega, o arcebispo García se lembrou "de seu amável sorriso, sua inteligência clarividente e o testemunho de um sacerdócio de entrega e muitas vezes sofrido".