[@#galeria#@]
A pedido dos personagens, o nome da cidade onde fica o cabaré não será divulgado
##RECOMENDA##
É fim de noite em uma cidade localizada no Agreste de Pernambuco. Após uma festividade na praça do município – local de encontro dos moradores -, o povo começa a se recolher para suas residências. Acordar bem cedo, ainda com o céu escuro, é costume na região, o que justifica a dormida antes da madrugada. Nossa reportagem, durante uma conversa com alguns populares, discute como o município ainda guarda características tradicionais de cidades interioranas. Os moradores, porém, relembram uma história triste que marcou a localidade. “Uma cheia deu aqui há alguns anos e tudo ficou alagado. Dava pra ver as prostitutas, calcinas e sutiãs boiando”, relata um morador, que não quis ser identificado. O depoimento intriga a nossa equipe. Em seguida, o morador explicou que as “prostitutas” moravam no tradicional cabaré da cidade – ou como alguns costumam chamar: prostíbulo -, porém, só boiaram porque o “estabelecimento” fica em baixo de uma ponte, ao lado do rio que corta a cidade.
O cabaré lembra muito o fictício Bataclã da novela global “Gabriela”. Não pela aparência ou mulheres, mas sim por causa da representação do espaço para a sociedade do município. “Os homens daqui procuram as raparigas porque não estão satisfeitos com as esposas ou querem uma experiência diferente. É um lugar de música e diversão também. Nossos filhos, quando estão prontos para se deitarem, são levados para lá”, explica um morador, que também não quis se identificar.
O prostíbulo também revela a triste situação de mulheres, com idades variadas, que largam famílias para mergulhar no mundo da prostituição. Uma das prostitutas do cabaré, de 27 anos, que pediu para não ser identificada, conta que tem dois filhos e que sua mãe nem pensa que ela se prostitui. Natural de Limoeiro, também no Agreste, há pouco mais de um ano ela entrou para o prostíbulo e ganha de seus clientes cerca de R$ 1 mil por semana.
“Se minha mãe souber que estou aqui, ela me mata. Ela pensa que estou morando na casa da minha irmã. Às vezes passo lá para ver ela, meu pai e minhas crianças. Vim parar aqui por causa da influência de umas amigas. É uma vida triste. Só que a gente se acostuma a ganhar dinheiro fácil”, revela a mulher, que chega a atender uma média de seis homens por dia.
Ela e outra jovem são as únicas garotas do humilde estabelecimento. O cabaré também oferece serviços de bar, mas, os programas de sexo são as atividades que mais atraem clientes. As relações acontecem em quartos que ficam ao lado do salão do bar, em compartimentos simples que também servem para as mulheres dormirem.
A escolha por construir o espaço debaixo da ponte não foi feita pelo proprietário. De acordo com ele, que também não se identificou, a casa é uma herança familiar. “Isso aqui ficou pra mim de parentes, há mais ou menos quatro anos. Eu não cobro nada as meninas. Elas só me pagam o aluguel dos meus quartos. O que elas ganham com sexo fica pra elas”, conta o proprietário.
Com olhar de tristeza, a garota de programa que aceitou dar entrevista afirma que não quer mais continuar nessa vida. Ela diz que não se sente bem em se deitar com vários homens, porém, a necessidade financeira ainda a faz continuar. Ela já foi casada, inclusive com um ex-cliente, mas, não pretende construir um novo casamento. “Só quero sair daqui e cuidar dos meus filhos”, finaliza a jovem.