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A defesa do rapaz amarrado pelos pés e mãos com corda durante uma abordagem policial protocolou pedido de indenização por danos morais de R$ 1 milhão na Justiça paulista, nesta terça-feira (23). A ação pede a condenação do estado de São Paulo pela prática de tortura cometida por policiais militares no exercício da profissão.

“Como um verdadeiro animal, remetendo às imagens degradantes da época da escravatura, o autor foi mantido com seus pés e suas mãos amarrados por mais de três horas, conforme o depoimento da testemunha”, aponta o advogado na ação ajuizada. As agressões contra Robson Rodrigo Francisco começaram após sua recusa em sentar-se, destacou o advogado José Luiz de Oliveira Júnior.

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Imagens das câmeras corporais dos policiais militares e do sistema de segurança de um prédio, reunidas e divulgadas pelo G1, revelaram que o então suspeito já estava algemado quando foi amarrado por cordas. Um dos policiais aperta as amarrações, deixando mãos e pés bem juntos, atrás do corpo do rapaz, na altura do quadril.

Com base nas imagens, o advogado reforçou que não houve qualquer agressão por parte de Robson que pudesse desencadear tal conduta dos agentes. “Em razão da violação à sua integridade física e moral, em decorrência de uma abordagem policial excessiva e violenta, baseada em pura tortura ao custodiado, é que o autor propõe a presente”, destaca a ação, que classifica a conduta dos policiais de tratamento desumano e degradante.

A defesa cita ainda a previsão na legislação sobre o direito de Robson em receber tratamento digno mesmo em situação de privação de sua liberdade e o entendimento pela responsabilização do estado nos casos de abuso de autoridade cometido por policiais militares no exercício da profissão.

"Ação é pertinente"

Diretora executiva do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), Marina Dias avalia que a ação indenizatória em favor de Robson é pertinente. Ela acrescenta que é indiscutível que houve dano moral e abuso do estado. “A gente precisa cada vez mais entrar com ações indenizatórias sempre que existe uma situação de violência do estado praticada, porque é uma forma de começar a estabelecer a responsabilidade do estado com relação a essas violações e a importância de mudar essa realidade”, disse.

Ela ressalta que, no Brasil, a política de segurança pública está focada no policiamento ostensivo, o que resulta no uso da abordagem policial como instrumento de controle de determinados territórios e determinados corpos, além de uma presença opressiva do estado. Ela chama atenção para a ocorrência de racismo nas abordagens, revelada na pesquisa “Por que eu?”, do IDDD, que mostrou que, a cada dez pessoas abordadas, oito são negras.

“A abordagem tem que acontecer dentro dos limites da Constituição Federal, em respeito à dignidade da pessoa humana. Jamais, mesmo que a pessoa seja resistente, se pode amarrar uma pessoa. Isso é gravíssimo, existem protocolos para o uso da força, e certamente esses protocolos não foram seguidos por esses policiais”, disse Marina Dias, sobre o caso Robson.

Para evitar casos de excesso de uso da força e práticas violentas cometidas por agentes de estado, ela aponta a necessidade de o Ministério Público exercer o seu dever de controle da polícia e o Judiciário fazer o controle constitucional das ações da polícia. Além disso, ela indica uma capacitação da polícia sobre o tema, inclusive com relação a letramento racial.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou, em nota, que os policiais envolvidos na ocorrência retornaram às atividades de policiamento ostensivo em agosto de 2023 após período de avaliação psicológica. “O caso em questão foi investigado por meio de Inquérito Policial Militar (IPM) e remetido ao Tribunal de Justiça [Militar] também em agosto”, diz a nota.

Histórico

Em junho do ano passado, o então suspeito foi amarrado pelos pés e mãos com corda por policiais militares durante uma abordagem que resultou em prisão por furto. Robson foi amarrado de forma que não conseguisse ficar em pé nem sentado, após ser encontrado com duas caixas de chocolate, que seriam fruto do crime.

Em outubro do ano passado, em audiência na Justiça paulista, Robson assumiu o furto das duas caixas de chocolate, mas não foi sentenciado. Ele está atualmente em liberdade provisória. Ainda não há data para a próxima audiência, segundo o advogado de defesa.

Em vídeo feito por testemunha na ocasião da prisão, quando o então suspeito foi levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), é possível vê-lo no chão, enquanto os policiais estão em pé. Na sequência, o rapaz é arrastado pelo chão por um dos agentes para dentro de uma sala. Depois, Robson é carregado por dois policiais, que o seguram pela corda e pela camiseta. Ainda amarrado, ele é colocado no porta-malas de uma viatura.

No mesmo mês da prisão, o caso já teve desdobramento na Justiça paulista, que o tornou réu, enquanto seis policiais, que estavam afastados das atividades operacionais, ainda passavam por investigação para apurar “eventuais excessos”. Advogados de entidades de direitos humanos ouvidos pela Agência Brasil avaliaram que em nenhum cenário tal conduta dos policiais, durante a prisão de Robson, seria aceitável. As cenas foram comparadas ao período da escravização e barbárie.

O Senado aprovou nesta terça, 7, o projeto de lei orgânica das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros. O texto trata de garantias, vedações, uso da força e das redes sociais, entre outros assuntos. A matéria também prevê que o pagamento da folha da Polícia Militar e dos bombeiros do Rio de Janeiro, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima possa passar para a conta da União.

Está previsto no texto do projeto que o militar em atividade não poderá estar filiado a partido político e a sindicato, nem comparecer fardado a eventos político-partidários, salvo se em ato de serviço.

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De acordo com a legislação, as corporações continuarão subordinadas aos governadores e os detalhes de sua organização serão fixados em lei de iniciativa desses governantes, observadas as normas gerais do projeto e os fundamentos de organização das Forças Armadas.

Preocupados com a possibilidade de a matéria voltar para a Câmara, o texto foi aprovado pelos senadores sem alterações no texto do relator Fabiano Contarato (PT-ES). Apenas o senador Cid Gomes (PDT-CE) insistiu em uma emenda para mudar a redação do texto. A preocupação com uma possível volta para a Câmara, no entanto, fez com que a emenda fosse rejeitada. O texto segue agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aumentou a pena de oito policiais militares do Rio de Janeiro condenados pela tortura, morte e ocultação de cadáver do pedreiro Amarildo Dias de Souza. A decisão foi lastreada na repercussão internacional dos crimes e o fato de que o corpo não foi encontrado até hoje - mais de dez anos após o sumiço do pedreiro. A pena mais alta ficou em 16 anos, três meses e seis dias de reclusão.

"O caso do desaparecimento de Amarildo de Souza se tornou notório em decorrência da gravidade concreta do fato, que configurou um emblemático episódio de violência policial contra integrante da população preta e periférica do Rio de Janeiro, a provocar abalos sociais não apenas na comunidade local como também no país e na comunidade internacional", afirmou o relator, ministro Rogerio Schietti Cruz.

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Segundo a denúncia do Ministério Público do Rio, Amarildo foi torturado por um grupo de 25 policiais na Rocinha, no Rio, em 2013 - 17 acusados foram absolvidos.

A acusação narra que as lesões causadas pela tortura levaram à morte do pedreiro. Depois, os agentes ocultaram o corpo de Amarildo e alteraram a cena do crime "para forjar a narrativa de que Amarildo teria sido sequestrado e morto por traficantes", afirma a Promotoria.

Por unanimidade, os ministros do STJ acolheram parcialmente pedido do Ministério Público do Rio e rechaçaram alegações da defesa dos policiais, que apontou supostas "ilegalidades no inquérito, falhas na prova testemunhal e incompetência da Justiça do Rio de Janeiro para analisar o caso".

Em seu voto, Rogerio Schietti considerou como a repercussão internacional do caso Amarildo está ligada à gravidade dos crimes e "ao exemplo claro de violência policial contra uma pessoa pobre moradora da periferia".

"Ainda que o crime de ocultação de cadáver seja de natureza permanente, a ausência de recuperação do corpo autoriza o aumento da sanção. O fato de o corpo da vítima, dez anos depois do crime, ainda não haver sido encontrado, de modo a impedir que seus familiares o sepultem, é circunstância mais gravosa do delito, que enseja exasperação da pena-base", apontou ainda o relator.

Ao menos um terço das mortes de civis registradas na Operação Escudo envolveu policiais militares que não usavam câmeras corporais. Em seis dos 16 casos, não há imagens dos equipamentos, segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo. As bodycams, que começaram a ser implementadas há três anos, estão presentes em metade dos batalhões no Estado. Entre eles, a Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), um dos batalhões de elite da PM.

Conforme dados oficiais, a Operação Escudo, deflagrada no fim de julho após o assassinato do policial da Rota Patrick Reis, reúne cerca de 600 policiais, de diferentes batalhões. A ação policial teve início no Guarujá, no litoral paulista, e depois se estendeu para Santos e Caraguatatuba, onde policiais foram alvo de disparos na última semana. A previsão é de que a operação dure pelo menos um mês.

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A secretaria afirma que, das 16 mortes por intervenção policial confirmadas oficialmente até aqui, dez tiveram envolvimento de agentes que usavam câmeras corporais. A pasta diz ter enviado imagens de sete desses casos para averiguação de órgãos de controle.

Logo após o início da Operação Escudo, que já é a mais letal do Estado pelo menos desde 2006, moradores relataram indícios de execuções por parte da Polícia Militar. Como mostrou o Estadão, uma família relata que uma das vítimas foi morta dentro de casa em Santos. Outra diz que um vendedor ambulante foi executado com nove tiros.

Diante dos relatos, a Defensoria Pública do Estado pediu, na última semana, o "fim imediato" da operação. Cobrou também o uso de câmeras corporais no uniforme de todos os PMs e civis envolvidos na operação. Os equipamentos passaram a ser uma demanda central para apurar as circunstâncias das mortes.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) afirmou que "já começou a receber as imagens das câmeras corporais dos agentes que atuaram no âmbito da Operação Escudo". O órgão não especificou quando o envio começou ou quais das 16 mortes por intervenção policial as gravações retratam.

"Os promotores designados pela Procuradoria-Geral de Justiça para apurar os desdobramentos da intervenção na Baixada Santista aguardam o envio de outros dados solicitados à corporação, que vem colaborando para o esclarecimento dos fatos", afirmou, em nota, o Ministério Público do Estado.

Já a Ouvidoria das Polícias do Estado, que tem tido papel central na coleta de denúncias de agressão, tortura e execução pela população, disse que ainda não recebeu as imagens. Na última semana, o órgão relatou que a Secretaria da Segurança dificultou o acesso a boletins de ocorrência. A pasta nega.

Rota foi um dos primeiros batalhões a adotar câmeras em SP

A instalação do Programa Olho Vivo foi montada em fases. "Começou em agosto de 2020, com o anúncio do então governador João Doria (então no PSDB). Naquele momento, pouco mais de 500 câmeras foram distribuídas, mas eram câmeras que a polícia já tinha", lembra Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Em fevereiro do ano seguinte, o governo fechou contrato com a Axon, atual fornecedora, e expandiu o programa para 15 batalhões. "Um deles foi a Rota", diz a pesquisadora. Desde então, policiais do grupo de elite da PM passaram a contar com os equipamentos.

A pesquisadora destaca que o Estado foi pioneiro em adotar a gravação ininterrupta das imagens - em outros locais, a captação costuma ocorrer apenas quando o sistema é acionado por um agente ou uma central. O objetivo era depender menos de aspectos subjetivos.

"O policial só pode retirar a câmera quando vai se alimentar ou quando vai ao banheiro. De resto, ele tem de usar o tempo todo", disse Samira. "Não tem nenhum tipo de desculpa para que a Rota não utilizasse."

A pesquisadora afirma que a Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas), que também participa da Operação Escudo, é outro batalhão que recebeu os equipamentos. A Secretaria da Segurança Pública não informou, porém, quantos dos agentes atuando no Guarujá usaram as COPs durante as incursões.

Atualmente, 63 batalhões (quase metade do total) usam as COPs. Como reflexo disso, as mortes decorrentes da intervenção de agentes em serviço caíram 62,7% entre 2019 e 2022, segundo estudo recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Unicef (fundo da ONU para a infância).

Em batalhões que já possuem a tecnologia, a queda chegou a 76,2%, mais do que o dobro da redução observada no resto da corporação (33,3%). Mais de 10 mil câmeras corporais já foram adquiridas pelo governo, segundo balanço mais recente.

Policiais militares do 12º BPM prenderam um suspeito de assalto a ônibus e recuperaram pertences subtraídos dos passageiros, na noite de quinta-feira(3), na Rua Cosme Viana, em Afogados, Zona Oeste do Recife.

O efetivo se deslocava pelo bairro quando foi abordado pelo motorista do coletivo, que fazia a linha Bongi-Afogados. O condutor relatou o crime e descreveu características da dupla envolvida.

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O policiamento seguiu em buscas e localizou um dos suspeitos no cruzamento com a Avenida Abdias de Carvalho. Foi feita a abordagem e com ele estavam os celulares das vítimas.

A ocorrência foi encaminhada para a Central de Plantões da Capital (Ceplanc), para que fossem adotados os procedimentos legais.

A Justiça paulista concedeu habeas corpus para o homem que foi amarrado por cordas, com os braços e pernas para trás, por policiais militares. A decisão em favor de Robson Rodrigo Francisco foi proferida nesta terça-feira (25) pela 12ª Câmara de Direito Criminal. O rapaz ainda não foi liberado da prisão.

A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou à Agência Brasil que a direção do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros II recebeu nesta quarta-feira (26) o alvará de soltura em favor de Robson. “Contudo, o preso não será posto em liberdade por estar condenado em outro processo que tramita na Justiça”, disse, em nota.

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“Esse habeas corpus é um verdadeiro bálsamo [alívio] e mostra que o Poder Judiciário está atento às legalidades e ilegalidades cometidas tanto pelos policiais militares quanto pelo próprio Robson, e o segredo foi a proporcionalidade, o que é importantíssimo de se aplicar”, disse o advogado José Luiz de Oliveira Junior. Isso porque, segundo o advogado, há a possibilidade de absolvição ou que a condenação não seja a privação de liberdade.

A audiência para julgamento de Robson está marcada para amanhã (27). Em 20 de junho, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) aceitou denúncia por três crimes contra o rapaz, tornando-o réu por furto qualificado por concurso de agentes, resistência à prisão e corrupção de menor de idade.

A defesa afirma que Robson foi encontrado com duas caixas de chocolate e que não há qualquer prova objetiva de que ele agiu junto a outras duas pessoas, conforme denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP). Segundo o advogado, Robson deve ser enquadrado no máximo por furto simples. Além disso, a defesa avalia que a estrutura do estado se mostra desproporcional, quando trata de reprimenda, especialmente ao pobre, negro e vulnerável social.

O TJSP manteve a prisão preventiva de Robson desde a audiência de custódia em 5 de junho, quando a juíza Gabriela Marques da Silva Bertoli entendeu que não houve tortura nem maus-tratos contra o suspeito no momento do flagrante.

Imagens das câmeras corporais dos policiais militares e do sistema de segurança de um prédio revelaram que Robson já estava algemado, no momento de sua prisão, quando foi amarrado por cordas, de forma que não conseguisse ficar em pé nem sentado. Os vídeos, junto ao registro de uma testemunha, foram reunidos e divulgados pelo G1.

No vídeo feito pela testemunha, quando o suspeito foi levado para uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), é possível vê-lo no chão, enquanto os policiais estão em pé. Na sequência, o rapaz é arrastado pelo chão por um dos agentes para dentro de uma sala. Depois, Robson é carregado por dois policiais militares, que o seguram pela corda e pela camiseta. Ainda amarrado, ele é colocado no porta-malas de uma viatura.

Advogados de entidades de direitos humanos ouvidos pela Agência Brasil avaliaram que em nenhum cenário tal conduta dos policiais, durante a prisão de Robson, seria aceitável. As cenas foram comparadas ao período da escravização e barbárie.

Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP), na época da ocorrência, a Polícia Militar (PM) afastou das atividades operacionais seis agentes envolvidos e um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias relativas às suas ações no episódio. A última atualização enviada pela SSP, no mês passado, informava que os policiais envolvidos na ocorrência seguiam afastados das atividades operacionais, com “eventuais excessos” ainda sendo apurados.

A Agência Brasil solicitou atualização sobre a investigação dos policiais militares, mas não teve retorno da SSP até a conclusão da reportagem.

Quatro policiais militares foram condenados pelo Tribunal do Júri a 275 anos e 11 meses de prisão cada um pela participação em 11 assassinatos no episódio conhecido como "Chacina do Curió", em Fortaleza, no Ceará. A sentença foi anunciada na madrugada deste domingo, 25, após mais de 60 horas de julgamento.

O cumprimento das penas que, somadas, chegam a 1.103 anos e 8 meses, é imediato. Os réus perderam o cargo de policiais. A defesa anunciou que vai entrar com recursos.

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Os réus Antônio José de Abreu Vidal Filho, Marcus Vinicius Sousa da Costa, Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio foram considerados culpados de 11 homicídios qualificados, três tentativas de homicídio com qualificadoras, três crimes de tortura física e um de tortura mental.

Um dos réus, Antônio Vidal Filho, mora nos Estados Unidos e deverá ser extraditado para o Brasil. Outros 30 réus acusados pelos mesmos crimes ainda serão julgados. O julgamento de outros oito réus está marcado para o dia 29 de agosto. Outra sessão com o mesmo número de réus se inicia em 12 de setembro. A Justiça cearense ainda vai definir as datas dos júris dos demais acusados.

'Esquadrão da morte'

A chacina aconteceu em um período de seis horas, entre a noite do dia 11 e a madrugada do dia 12 de novembro de 2015. De acordo o Ministério Público do Ceará (MPCE), os acusados se organizaram em uma espécie de "esquadrão da morte", supostamente, vingar o assassinato do policial Valtemberg Chaves Serpa, de 32 anos, morto ao defender a namorada durante um assalto, no mesmo dia 11.

As vítimas, todas do sexo masculino, nove delas com idades entre 16 e 19 anos, eram moradoras dos bairros Messejana, Curió, São Miguel e Lagoa Redonda, na periferia de Fortaleza. Apenas três vítimas tinham passagem pela polícia, mas por delitos considerados leves.

A chacina é considerada a maior da história da capital cearense e causou grande repercussão. No dia 8 de novembro, centenas de pessoas realizaram uma manifestação no Conjunto Curió pedindo justiça. As mães das vítimas formaram um grupo para lutar por justiça.

A investigação apurou que os PMs se comunicaram por mensagens de celular antes de se reunirem para os crimes. Os policiais usaram viaturas descaracterizadas e veículos com placas adulteradas - alguns estavam encapuzados. As vítimas foram mortas com tiros na cabeça.

O MP cearense denunciou 45 agentes, mas a justiça excluiu um comandante, acusado de omissão. Outros 10 foram excluídos do processo por falta de provas. Com a sentença condenatória, os acusados estão presos no 5º Batalhão da Polícia Militar, em Fortaleza, mas serão transferidos para presídios comuns.

Em nota, o procurador-geral de Justiça do Ceará, Manuel Pinheiro, disse que o resultado do julgamento se baseou na prova bem fundamentada dos autos. "É a resposta civilizada para a barbárie que foi a Chacina do Curió. A justiça não apaga a dor dessas famílias, mas ela traz paz no presente e paz no futuro para essas comunidades que viveram tanto tempo sob os signos da incerteza e do medo", disse.

O Movimento Mães do Curió Lutam por Justiça, formado pelas mães das vítimas, comemorou o resultado do primeiro julgamento dos acusados. "Essa vitória é da nossa periferia, é do nosso povo periférico, é dos nossos jovens. É libertar os jovens das mortes", postou Edna Carla Souza Cavalcante, mãe do jovem Álef Souza Cavalcante, de 17 anos, uma das vítimas, na página do movimento em rede social.

Na chacina, além de Álef, foram assassinados Antônio Alisson Inácio Cardoso, de 17 anos, Francisco Enildo Pereira Chagas, de 41, Jandson Alexandre de Sousa, 19, Jardel Lima dos Santos, 17, José Gilvan Pinto Barbosa, 41, Marcelo da Silva Mendes, 17, Patrício João Pinho Leite, 16, Pedro Alcântara Barroso, 18, Renaylson Girão da Silva, 17, e Valmir Ferreira da Conceição, 37.

Nesta segunda-feira, 26, o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT) disse que o Estado irá procurar as famílias das vítimas para fazer um acordo de indenização. Depois do indiciamento dos policiais, a Defensoria Pública do Estado entrou com ações indenizatórias em nome das famílias das vítimas.

Logo após o julgamento, a defesa dos quatro policiais militares anunciou que entrará com recurso contra a decisão do júri.

A Corregedoria da Polícia Militar (CGPM) do Rio prendeu na manhã desta segunda-feira, 1º de maio, três PMs suspeitos do estupro de uma jovem de 18 anos, em Saquarema, na Região dos Lagos. Um quarto policial militar envolvido no caso ainda está sendo procurado. O estupro aconteceu dentro de uma viatura.

O crime aconteceu na semana passada e, segundo a corregedoria, as investigações começaram na sexta-feira, 28, após a vítima registrar o caso na 118ª DP, em Araruama.

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Segundo o relato da jovem, ela e uma amiga foram abordadas pelos policiais por suspeita de estarem com drogas. As duas foram colocadas na viatura e levadas a um local deserto, onde ocorreu o estupro.

Logo após a denúncia, a corregedoria iniciou uma investigação interna e chegou aos nomes dos quatro policiais.

Segundo o órgão, além do depoimento da jovem e do laudo da perícia que constatou lesões compatíveis a um estupro, os investigadores analisaram imagens de câmeras de segurança, o GPS da viatura envolvida e a escala dos agentes.

Segundo a Polícia Militar, os acusados estavam a serviço do Proeis, um programa de reforço de segurança na cidade de Saquarema. Dois deles estavam na viatura onde aconteceu o crime, e outros dois estavam em um outro carro, que acompanhou todo o caso.

Ainda de acordo com a PM, a vítima reconheceu apenas um dos homens como responsável pelo estupro, mas os outros três foram indiciados pelo crime porque estavam no local e nada fizeram.

Na madrugada desta segunda-feira (20), policiais que faziam uma ronda na Estrada do Barbalho, no bairro da Iputinga, na Zona Oeste do Recife, salvaram uma bebê de um engasgo. Com apenas nove dias, a recém-nascida ficou sem respirar quando tomava leite materno. 

Acompanhado da soldado Aparecida, soldado Torres contou que a rua em que a criança mora não seria patrulhada, mas decidiu entrar nela de última hora. Nesse momento, percebeu os pais e familiares da pequena Alexsandra desesperados.  

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Os policiais do 13º Batalhão foram chamados e constataram que a criança estava sem respirar. Prontamente, aplicaram a manobra de heimlich e conseguiram desengasgar a bebê.

"Nós aplicamos as técnicas que aprendemos no curso de formação e conseguimos estabilizar a criança. Graças à Deus, foi ele que nos colocou naquela rua. Ficou marcado na minha vida, se eu for embora amanhã, eu sei que cumpri o que eu tinha que fazer na terra”, relatou o PM. 

Depois dos primeiros-socorros, Alexsandra e a mãe Talita dos Santos foram levadas ao Hospital Barão de Lucena, onde ela foi examinada e passou por atendimento especializado. 

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, convidou os comandantes-gerais de todas as Polícias Militares para uma nova reunião em Brasília, nesta quarta-feira, 23. Oficialmente, o objetivo da reunião será o de fazer um balanço das ações de segurança durante as eleições, discutir protocolos para os próximos pleitos e "sedimentar a parceria" das forças estaduais com a Justiça Eleitoral.

A iniciativa para a "aproximação" ocorre no contexto de críticas à politização da cúpula da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o processo eleitoral. O vice-presidente Hamilton Mourão e o núcleo próximo ao presidente Jair Bolsonaro (PL) manifestaram incômodo com os acenos do TSE às tropas estaduais. Mourão chegou a falar em "estado de exceção" provocado por decisões de Moraes.

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Interlocutores das cúpulas das polícias ouvidos pelo Estadão disseram ver no chamado de Moraes para uma nova reunião, depois das disputas eleitorais, um interesse do ministro em se contrapor à ala bolsonarista da PRF. Mesmo assim, se sentem prestigiados com o convite para sentar à mesa em Brasília. O ofício chegou aos comandantes no dia 8 - data em que a PRF anunciou o fim dos bloqueios totais nas estradas após mais de uma semana de movimentações.

Aliados do Planalto falam em desrespeito ao pacto federativo e investida inconstitucional de Moraes sobre as polícias, subordinadas aos governadores. Com o novo chamado de Moraes, o vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), senador eleito pelo Rio Grande do Sul, encomendou um estudo à sua assessoria jurídica para tentar barrar a interlocução direta do ministro com os comandantes.

O documento fala em "estado de exceção" provocado pela Justiça. A análise sustenta que não caberia uma reunião neste momento porque as eleições já acabaram e as PMs não poderiam atuar como "força auxiliar" do TSE. Além disso, destaca que Moraes não poderia pedir para que elas se mobilizem para conter bloqueios em rodovias federais. Esta seria uma atribuição da PRF.

"A título de combater manifestações conceituadas como antidemocráticas, as decisões judiciais do ministro Alexandre de Moraes têm suspendido direitos fundamentais outorgados na Constituição", diz o texto da equipe de Mourão.

A atuação do diretor-geral, Silvinei Vasques, nos bloqueios de estradas e nas abordagens a eleitores no dia da votação em segundo turno, virou alvo de investigações. Condutas do policial, de anos atrás, também repercutem no Judiciário: a União cobra de Vasques uma indenização que precisou pagar a um homem que foi agredido por ele.

Pressionado por um pedido de afastamento apresentado pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, ele saiu de férias e pode ser enviado para um mestrado no exterior com despesas custeadas pela PRF.

Maturidade

O comandante da PM da Bahia e presidente do Conselho Nacional de Comandantes Gerais, coronel Paulo Coutinho, afirmou que o encontro servirá para reforçar a "maturidade institucional".

"Estamos sendo chamados para discutir emprego de tropa e aproximar as PMs do TSE para outros eventos. As forças de segurança são necessárias para a garantia de qualquer pleito no Estado de Direito. Será para discutir avanços, protocolos de outras eleições e sedimentar parceria que foi exitosa no pleito", disse.

Na pré-campanha eleitoral, havia um temor de ruptura democrática a partir de policiais militares depois que o bolsonarismo ganhou os quartéis. Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontou, inclusive, crescimento do radicalismo nas tropas. O presidente Bolsonaro chegou a oferecer um "pacote de bondades" para consolidar sua base nas polícias.

Um primeiro encontro de Moraes com comandantes das PMs ocorreu ainda em agosto, antes do primeiro turno da disputa. Na ocasião, os militares estaduais rechaçaram insubordinação e garantiram respeito ao resultado das urnas.

Ministros da Corte Eleitoral também receberam os chefes das polícias em 11 de outubro, depois do primeiro turno, e elogiaram os trabalhos nos Estados.

"O que se viu foi uma eleição com paz, segurança, harmonia, respeito e maturidade", disse Moraes, na ocasião. "Como era de esperar, a PM agiu de acordo com regras e regulamentos, teve atuação forte, presente e discreta, sem truculência e muito compatível com a festa da democracia que são as eleições", declarou o ministro Ricardo Lewandowski.

Quatro policiais militares foram feridos na operação policial que ainda segue em andamento, nesta segunda-feira (7), no conjunto de favelas da Mangueirinha, em Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro. Dois deles morreram. Os soldados Cardoso, 34 anos, e Lopes, 36 anos, foram levados às 7h11 para o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, mas segundo a Prefeitura de Duque de Caxias, a Secretaria Municipal de Saúde informou que já chegaram mortos.

Entre os outros dois atingidos por tiros, a secretaria  anunciou que o tenente Marques, 33 anos, chegou ao hospital às 6h46 ferido no rosto e no ombro esquerdo. “A direção da unidade informa que o paciente segue em atendimento e que, no momento, está lúcido, orientado e estável”, acrescentou.

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O quarto policial, este ferido na mão, foi levado para o Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, também em Caxias. Não há informação sobre o quadro clínico dele.

Combate a crimes

De acordo com a Secretaria de Estado de Polícia Militar, policiais militares do 15ºBPM (Duque de Caxias), de batalhões subordinados ao 3º Comando de Policiamento de Área (Baixada Fluminense) e de unidades do Comando de Operações Especiais (COE) participam da operação na comunidade. O objetivo é “coibir movimentações criminosas, incluindo as relacionadas a roubos de veículos e roubos de carga”.



Segundo a secretaria, as equipes estavam entrando por um dos acessos da Mangueirinha quando, no início da ação, criminosos fizeram disparos de arma de fogo contra as viaturas, resultando nas duas mortes e ferimentos outros policiais militares feridos “em decorrência do ataque criminoso”.

Dois policiais militares do Segurança Presente foram presos bebendo cerveja numa padaria durante o horário de trabalho. O caso ocorreu em Quintino, na zona norte do Rio, na tarde do sábado, 9. A região de patrulhamento da dupla é Marechal Hermes.

A Corregedoria da Polícia Militar atuou após ser informada sobre o comportamento dos policiais, informou a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Polícia Militar em nota.

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Os dois foram presos, autuados e conduzidos à unidade prisional da corporação.

"A Corporação ressalta que pune com rigor qualquer um de seus integrantes e que não compactua com desvios de conduta de seus membros", diz a nota.

Nos últimos 20 anos, as candidaturas de servidores públicos cresceram 52,3%, sendo que, entre policiais militares, o aumento foi mais expressivo: 120%. As informações são de um levantamento do Instituto República.org, com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os números se baseiam na autodeclaração da ocupação dos candidatos para a Câmara dos Deputados e as Assembleias Legislativas.

A ascensão política do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem forte apoio entre policiais, é vista como um dos fatores para o aumento de candidaturas de representantes do setor. Para além das demandas da corporação, os policiais candidatos passaram a defender pautas ideológicas e de costumes. Segundo o levantamento, de 2018 para 2022 houve crescimento de 39,41% das candidaturas de PMs para os Legislativos federal e estaduais.

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"Nós temos uma série de problemas na estrutura que afetam o dia a dia do trabalhador policial. Esses problemas são antigos e conhecidos de quem atua na área, seja ele policial ou não", disse o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, ao citar desde baixos salários até questões ligadas à segurança. "Sempre temos pessoas denunciando as mazelas do setor, mas pouco avanço. Uma das consequências é um movimento associativista no caso das PMs ou sindical nas demais."

Bandeira

Ao sair como candidato nas três últimas eleições, Luis Antonio Clemente, o Sargento Clemente, buscava combater o "sistema político". "Corrupção, falta de comprometimento. Uma revolta", afirmou, ao citar suas três candidaturas: para vereador, em 2016 e 2020, e para deputado estadual, em 2018. Sem se eleger, o sargento da Polícia Militar de São Paulo seguiu na ativa e, neste ano, busca uma cadeira da Câmara dos Deputados, pelo partido União Brasil.

O aumento das candidaturas, porém, representa um dilema, na avaliação de Lima. Antes, os policiais defendiam majoritariamente pautas ligadas ao setor; agora, ao levantar temas ideológicos, eles dividem votos com outros candidatos que não são da categoria. "A centralização na figura do Bolsonaro e a ampliação do número de candidatos, porque as lideranças tradicionais foram enfraquecidas, podem provocar uma diminuição dos eleitos."

"É uma cultura autoritária e conservadora, que se desenvolveu, sobretudo, a partir do fim da década de 1990", disse o professor da Universidade de Brasília (UnB) Rodrigo Lentz, que estuda a participação dos militares na política.

Ainda de acordo com o levantamento do Instituto República.org, as candidaturas de membros das forças de segurança, que incluem, além de PMs, bombeiros militares, membros das Forças Armadas, militares reformados e policiais civis, registraram um crescimento de 92,89% desde 2002, com a representação entre o total de candidatos passando de 4,39% para 5,07% no período. Já entre os servidores civis, esse porcentual caiu de 7,78% para 6,04%.

Corporativismo

Carlos Ari Sundfeld, professor da Fundação Getulio Vargas, destacou que o aumento de candidaturas de servidores pode, ao mesmo tempo, ajudar no avanço de pautas ligadas a setores estratégicos e também na manutenção de privilégios. "O servidor público não tem prejuízo nenhum em se candidatar", disse, ao citar o direito à licença remunerada durante o período de campanha.

Uma bancada forte pode contribuir para o aumento de investimentos para um setor e melhorias para a carreira. Há, porém, o risco de a concentração de servidores desequilibrar discussões relacionadas à reforma administrativa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma criança, que não teve a idade informada, foi salva por uma equipe da Polícia Militar do Ceará, no último sábado (4), após se engasgar com uma maçã, no bairro Conjunto Industrial, na cidade cearense de Maracanaú. 

Policiais militares da 2ª Companhia do 14º Batalhão de Polícia Militar, que patrulhavam a região, foram chamados pela mãe do garoto. De acordo com as informações repassadas por ela, o engasgo ocorreu após o filho tentar ingerir um pedaço de maçã.

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Diante da obstrução, os PMs realizaram a manobra de Heimlich, que consiste em uma técnica de primeiros socorros utilizada em casos de engasgo.

Após a manobra, a criança teve as vias aéreas desobstruídas e voltou a respirar. No entanto, a vítima foi encaminhada para uma unidade hospitalar para que fossem realizados os devidos procedimentos clínicos com o objetivo de assegurar o bem-estar dela.

Um homem foi morto e três ficaram feridos após troca de tiros com policiais militares do 26º Batalhão, em Igarassu, na Região Metropolitina, nesta terça-feira (12). Segundo a Polícia Militar, o Núcleo de Inteligência da Unidade recebeu informações sobre um possível sequestro no bairro Bom Sucesso, em Olinda e seguiram sentido Igarassu. 

De acordo com a PM, após abordar o veículo dos suspeitos na BR-101, os homens tentaram fugir, e um deles efetuou disparos de arma de fogo contra um dos policiais, que revidou atirando no suspeito.

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O homem foi socorrido, mas faleceu no hospital Miguel Arraes, em Paulista. Já os outros três homens envolvidos foram presos, e estavam com três armas de fogo, além de 85 munições .40, 11 munições calibre 9mm, 10 munições calibre 380 e uma algema.

A relação entre o presidente Jair Bolsonaro e os policiais militares sofreu abalos. Representantes da categoria que, há poucos meses, era vista como uma possível apoiadora do governo numa eventual ruptura democrática, tamanha a fidelidade, avaliam agora promessas não cumpridas. Apesar do apoio orgânico ao presidente, sobretudo entre os praças das corporações, eles estão dispostos a abrir diálogo com outros pré-candidatos ao Palácio do Planalto em 2022.

O programa de crédito habitacional lançado em setembro pelo governo para agradar o setor teve efeito contrário e virou nova fonte de reclamação da classe, que integra a base de apoio. A insatisfação se soma a outras, provocadas também por medidas que limitaram progressões e ganhos salariais principalmente para as tropas de fora de Brasília - a polícia do DF tem os maiores salários do País e conseguiu um reajuste em plena pandemia de covid-19.

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O Habite Seguro, que visa facilitar a aquisição de imóveis por agentes da segurança pública com juro baixo, foi lançado, via medida provisória, em cerimônia no Palácio do Planalto que contou com a presença dos principais ministros do governo. A iniciativa foi elaborada para atender a uma demanda de associações de policiais. Dois meses depois, as mesmas entidades reprovam o programa por considerá-lo demasiado restritivo e avaliarem que não cumpre o propósito. As queixas já chegaram ao governo, que tenta contorná-las.

Escalado para receber as reclamações, em um encontro com representantes das polícias em Santa Catarina, no último dia 11, o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, prometeu levá-las a Bolsonaro. Os ministros Paulo Guedes, da Economia, e Anderson Torres, da Justiça, foram acionados para estudar providências.

As entidades estimam em 53% o déficit habitacional nas polícias, situação que empurra agentes de segurança para as periferias, e apontam que as exigências para adesão ao Habite Seguro o tornam menos atraente do que outros programas do governo, como o Casa Verde e Amarela. O plano habitacional está sendo considerado uma "barca furada", segundo interlocutores das polícias com o governo, por entenderem que há mais marketing do que resultado. As reclamações aparecem também nas redes sociais de Bolsonaro.

Líderes das entidades representativas destacam que os militares e suas famílias entregaram milhões de votos a Bolsonaro, em 2018. Agora, reclamam um "reconhecimento" que ainda não veio em três anos de governo. Eles se queixam, principalmente: da carona na reforma da Previdência dos militares da União, em 2019, que os diferenciou de civis, mas não era o "plano A"; da lei complementar 173, que suspendeu promoções funcionais e ajustes nas remunerações durante a pandemia; da PEC emergencial com congelamento temporário de bônus; da perda de espaço com a extinção do Ministério da Segurança Pública; e da falta de prioridade com a proposta de mudança na Lei Orgânica das PMs no Congresso. Em paralelo, Bolsonaro possibilitou no passado reajuste de até 25% nos salários das polícias do Distrito Federal, onde estão os maiores vencimentos, a um custo anual de meio bilhão de reais.

O tratamento dispensado por Bolsonaro cria uma ameaça de debandada dos PMs, ao menos institucionalmente. "Vejo que as entidades vão ter que conversar com todos os candidatos. Na outra eleição, estava na onda do Bolsonaro e não quiseram ouvir, mas dessa vez tem que ouvir", afirmou Leonel Lucas, sargento da PM do Rio Grande do Sul e presidente da Associação Nacional de Entidades Representativas de Policiais e Bombeiros Militares.

A disposição para ampliar o diálogo com políticos do campo de fora do bolsonarismo também está posto entre representantes dos praças. "Todas as reformas não vem do gosto da maioria. O governo sempre restringe algumas coisas", afirmou o cabo da PM Wilson Morais, presidente da Associação de Cabos e Soldados de São Paulo. "Temos que ouvir os candidatos, independentemente de serem de partidos de esquerda ou direita."

Para solicitar o crédito, o policial precisa estar apto junto a instituições financeiras (SPC/Serasa) e ganhar até R$ 7 mil. O auxílio financeiro para a entrada é limitado a R$ 12 mil. Foram reservados para o primeiro ano do programa R$ 100 milhões. Estima-se que o montante poderia atender a no máximo oito mil homens.

EXECUTIVO

O governo não informou à reportagem o total de atendidos até o momento. A Caixa disse que os dados deveriam ser solicitados ao gestor do programa, o Ministério da Justiça. A pasta, porém, informou que ainda não tem um balanço porque o programa começou a funcionar de fato no início de novembro.

A exigência de "nome limpo" para conseguir o crédito é um dos principais gargalos. Pesquisas indicam que são mais de 80% os policiais com dívidas em Estados como o Rio e São Paulo. E os interessados devem submeter respostas de um questionário social aos seus comandantes diretos para solicitar o crédito à Caixa. "A revolta é muito grande. Criou-se uma expectativa com uma moradia. O pessoal vai na Caixa e não consegue. É mais fácil pegar o crédito pelo Casa Verde e Amarela", disse o sargento Lucas.

PRINCIPAIS QUEIXAS

Extinção de ministério

A extinção do Ministério da Segurança Pública e o esvaziamento da Secretaria do Ministério da Justiça que se relaciona com as forças estaduais.

Reforma da Previdência

A 'carona' na reforma da previdência dos militares da União, em 2019. Embora tenham sido diferenciados de civis, não era o "plano A" dos policiais, que esperaram compensações que não vieram.

Suspensão de promoções

A lei complementar 173, que suspendeu promoções funcionais e ajustes nas remunerações durante a pandemia. Prejudicou benefícios como o quinquênio, abono incorporado ao salário a cada cinco anos de serviços.

Congelamento de salários

A PEC emergencial endossada pelo governo incluía os policiais militares na lista de servidores que poderiam ter salários congelados para viabilizar o auxílio emergencial.

Lei Orgânica das PMs

A falta de empenho e de prioridade da base do governo para aprovar a nova Lei Orgânica das PMs, que aumenta o poder das forças estaduais diante de governadores.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma mulher com um bebê no colo foi imobilizada e derrubada por dois policiais militares de Itabira, município do interior de Minas Gerais, na noite da última sexta-feira (5). A abordagem policial foi gravada por câmeras de segurança do local e mostram um dos agentes imobilizando a mulher, que não teve o nome divulgado, com o joelho enquanto ela estava no chão segurando a criança.

Nas imagens, é possível ver outra criança, um menino com idade entre seis e sete anos, em desespero ao ver a cena. O menor tentou conter um policial com empurrões e gritos, mas foi afastado por um dos homens. Na ocasião, algumas pessoas tentaram ajudar as crianças e a mulher.

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Ao ser colocada deitada no chão com o joelho do policial em seu pescoço, uma testemunha tentou proteger o bebê pegando-o no colo. Mesmo com a tentativa das pessoas de conter os policiais, a mulher acabou algemada e levada pelos agentes para a viatura.

Repercussão nas redes sociais

As imagens da ação policial tomaram as redes sociais. Muitos internautas e autoridades criticaram o caso, entre elas, o prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage (PSB).

"Com a responsabilidade de prefeito, manifesto minha repulsa diante das imagens de uma abordagem policial ocorrida no início da noite em Itabira (...) As lamentáveis cenas precisam ser apuradas com rapidez e rigor”. O prefeito ainda afirmou que a conduta dos PMs não condiz com o “padrão das nossas escolas militares e do Comando Geral da Corporação".

Confira o vídeo da ação:

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O que diz a Polícia Militar de Itabira

Por meio de nota, a Polícia Militar de Itabira confirmou que um casal foi preso na noite da última sexta. Segundo o comunicado, por porte ilegal de arma e munições. "Durante a abordagem foram apreendidas quatro munições calibre .32 com o homem. Para impedir a apreensão da arma de fogo que estava consigo, a mulher se agarrou a uma criança, usando-a como escudo humano e se recusando a largá-la".

Ainda de acordo com a PM, a mulher foi imobilizada e projetada no solo de forma controlada e que a criança que estava no colo não sofreu ferimentos ou lesões.

Um grupo de pesquisadores concluiu neste mês um estudo em que analisa os efeitos de câmeras corporais em ocorrências com policiais militares de Santa Catarina. A conclusão é de que os equipamentos levaram a uma redução de 61,2% no uso da força (como contatos físicos e uso de algemas) pelos agentes, com melhoria também em eficiência dos registros e encaminhamento dos casos. A análise ocorre em um momento em que essa tecnologia está em uso pela PM de São Paulo e em expansão em outras corporações do País.

É o primeiro estudo dessa natureza a ser conduzido no Brasil e na América Latina, uma vez que as análises anteriores tinham focado em experiências nos Estados Unidos e no Reino Unido. E a conclusão brasileira mostrou pela primeira vez, de forma consistente, os efeitos positivos das câmeras na atividade policial.

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"Os resultados mostraram que câmeras corporais são efetivas em melhorar a natureza da interação polícia-cidadão - em contraste com a literatura existente. As câmeras reduziram o uso da força pela polícia em 61,2% e melhoraram a precisão dos informes (relatórios) policiais", escreveram quatro pesquisadores de quatro diferentes instituições: Universidades de Warwick e Queen Mary, London School of Economics (essas no Reino Unido) e da PUC-Rio.

Os dados foram coletados em ocorrências do ano de 2018 e cerca de 450 policiais participaram do estudo, dos quais 150 usaram as câmeras e os outros 300 participaram do chamado grupo controle, o que permitiu uma comparação adequada do efeito dos equipamentos. Esses agentes atuaram em ocorrências nas cidades de Florianópolis, São José, Biguaçu, Tubarão e Jaraguá do Sul. "O experimento tem implicações políticas importantes. Primeiramente, os resultados sugerem que as câmeras são efetivas em coibir a violência policial, o que indica que usá-las pode aumentar a responsabilidade de policiais", dizem os especialistas.

A redução do uso da força nos casos analisados se deu particularmente em relação a ocorrências de menor gravidade, em uma escala feita pela própria polícia. Ocorrências de alta gravidade são configuradas, por exemplo, em casos de disparo de arma de fogo. "Isso sugere que as câmeras afetam a dinâmica da situação ao prevenir a escalada da tensão que iria se desdobrar durante operações de rotina", apontam.

O uso da força foi definido por interações físicas, letais ou não letais, além de prisões e uso de algemas. Um outro indicador foi chamado de interação negativa, o que inclui ainda registros de que o cidadão desobedeceu ou desacatou o policial.

O uso da força pode ser considerado legítimo e é previsto em protocolos policiais em determinadas circunstâncias. As câmeras, destacam os especialistas, podem servir como solução tecnológica para aumentar o escrutínio e a supervisão sobre a tropa. Ainda que as imagens captadas não tenham sido objeto de análise pelos pesquisadores nesse caso, o que eles reforçam é que a presença dos equipamentos funcionou para mitigar eventuais escaladas de violência nas interações entre os policiais e os cidadãos.

Um outro achado mostrou que agentes de patentes menores apresentaram maiores reduções de interações negativas enquanto estavam com as câmeras. "Implementar câmeras pode ser um passo importante em direção à redução do uso excessivo da força pela polícia. Mas para assegurar que as câmeras são eficientes é importante considerar incentivos de carreira que existem para policiais", detalham os pesquisadores. "Se os agentes estão preocupados com a progressão da carreira, é mais provável que eles ajustem a conduta ao protocolo, temendo possíveis repercussões."

Os dados apontaram ainda que no grupo de agentes com câmeras o encaminhamento de ocorrências à Polícia Civil foi 9,2% mais frequente e incluiu vítimas também mais vezes (19,6%). Casos de violência doméstica foram mais reportados por policiais que possuíam o equipamento de gravação. "É difícil pensar em uma outra política que tenha apresentado um impacto tão forte como o que teve a implementação das câmeras corporais", diz Pedro Souza, professor do Departamento de Economia e Finanças da Universidade de Queen Mary, um dos autores do estudo.

Uso

A Polícia Militar de Santa Catarina iniciou o uso de câmeras corporais em 2019. Hoje, em todos os turnos operacionais pelo menos um dos dois policiais de cada guarnição está equipado com câmera. A Polícia Militar de São Paulo viu a letalidade de agentes de 15 batalhões cair para zero durante o mês de junho, em meio à implementação do uso de câmeras. (Colaborou Fabio Bispo, Especial para o Estadão)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mulheres nas portas dos quartéis impediam a saída de viaturas. Os policiais se mantinham nas casernas, e políticos - a maioria deles reunidos em torno da candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência - espalhavam notícias sobre crimes nas redes sociais. Assim foi o motim da PM capixaba, em 2017, que durou 21 dias e se tornou um marco da ação do bolsonarismo nos quartéis, estimulando motins contra os governadores.

Especialistas ouvidos pelo Estadão contam como uma parte considerável dos PMs se tornou um público fiel a Bolsonaro. Inclusive com a adesão de coronéis para os atos de 7 de Setembro em São Paulo e em Brasília. Um deles - o coronel da PM paulista Aleksander Lacerda - acabou afastado de seu comando no interior após convocar em rede social os "amigos" para o ato.

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"Fui o primeiro governador que enfrentou um motim da PM que combinava uma articulação paroquial de políticos locais com uma articulação nacional", conta o então governador do Espírito Santo, Paulo Hartung. A investigação de mensagens de redes sociais mostrou envolvimento da bancada da bala na greve. "Isso não é bom nem para o País nem para os brasileiros, que pagam a conta, nem para a instituição Polícia Militar nem para os policiais. Todos perdem", diz.

Desde então, os políticos vinculados ao presidente justificam o apoio aos movimentos dos PMs repetindo o que o então deputado Bolsonaro disse em 8 de fevereiro de 2012, no plenário da Câmara: "O chefe do Executivo não pode se prevalecer da disciplina do militar para subjugá-lo". Bolsonaro tratava da greve dos PMs na Bahia, Estado então governado pelo hoje senador Jaques Wagner (PT).

"Qualquer membro de qualquer corporação sempre vai procurar melhorias salariais e de condições de trabalho. É natural. O que não é natural é que alguém armado se insurja contra a sociedade que o armou", afirma Wagner. O senador diz que a manutenção da disciplina não implica falta de diálogo com a corporação. A greve na Bahia em 2012 durou 12 dias. A exemplo do Espírito Santo, lá também tropas do Exército foram usadas para garantir a ordem.

Entre 1997 e 2021, as Forças Armadas foram mobilizadas 26 vezes para lidar com greves de PMs. A maior delas atingiu a PM de Minas e foi causada pela decisão do então governador Eduardo Azeredo (PSDB) de conceder reajustes salariais de até 20% só para os oficiais. Seis dias após o anúncio, a greve estourou entre os praças. No fim, o governador deu aumento de 48% aos praças.

Sensível

Para coronéis entrevistados pelo Estadão, o que aconteceu em Minas seria o símbolo da "insensibilidade" de governadores com as condições de vida dos PMs. Seguiu-se uma onda de motins pelo Brasil, acompanhados pela presença de políticos que tentavam explorar um novo eleitorado: os cabos e soldados, que só passaram a ter o direito ao voto com a Constituição de 1988.

Para o tenente-coronel da reserva da PM paulista Paulo Ribeiro, os governos assistiram passivamente a PM "perdendo a esperança em razão de uma condição salarial desumana". Esse ponto seria explorado por Bolsonaro. "Esse desespero suscita a vontade de ser resgatado por um ‘messias’. Apareceu um com discurso raso, sem lastro, que, nada fazendo pelos policiais militares, consegue seduzi-los por meio de palavras de onipotência."

Para o cientista político Leandro Piquet, policiais que querem ser candidatos estão aproveitando o clima atual no País. "Houve erros das lideranças políticas, como as inovações malsucedidas feitas pela esquerda no Rio Grande do Sul." Segundo ele, Bolsonaro encontrou esse filão de insatisfação e o está explorando. Para Piquet, apesar disso, o risco de ruptura envolvendo as PMs seria inexistente.

Representante da bancada da bala paulista, o deputado estadual Coronel Telhada (PP), afirma que os atos do 7/9 devem ser pacíficos: "Estarei lá com minha família". Para ele, "o pessoal da ativa não vai comparecer, pois vai obedecer o comando". "Sou opositor do Doria, mas jamais usarei a imagem da tropa para fazer oposição. Quem está fazendo isso será candidato no ano que vem."

Em São Paulo, o histórico de como a PM lidou com movimentos grevistas ajuda a conter a tropa. A última greve da PM paulista foi em 1989. E resultou em 157 PMs demitidos. "Eu estava no Regimento (de Cavalaria), que agiu rapidamente e salvou o comando", lembra o coronel Rui César Melo, que depois comandaria a PM. Ao contrário de outros Estados, nenhum PM foi anistiado. Para Hartung, as anistias são um estímulo a novos motins. Em 2011, a presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou lei que anistiou PMs de 13 Estados e do Distrito Federal que se rebelaram entre 1997 e 2011. Entre os beneficiados estavam policiais de Minas e da Bahia.

O risco de que policiais da ativa se envolvam nas manifestações convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores para o dia 7 de Setembro levou os governadores a montar esquemas para tentar afastar dos atos os PMs e diminuir o risco de conflitos no dia da Independência. Promoções, mobilização de efetivos extras que estariam de folga e o planejamento de operações para controlar a disciplina da tropa estão entre as medidas tomadas nas duas últimas semanas.

As ações envolvem Estados que registraram, recentemente, episódios de indisciplina dentro das PMs, a maioria ligada à ação de políticos bolsonaristas, como o Ceará, Rio Grande do Norte, o Espírito Santo, e São Paulo. Nos dois primeiros, os governadores promoveram um número maior de agentes de segurança, fenômeno também registrado no Distrito Federal como forma de driblar o congelamento de salários do funcionalismo público, como revelou o Estadão. Ambos foram sacudidos pelas duas mais recentes greves de PMs no País entre 2018 e 2020.

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Outro Estado que conheceu um motim de policiais foi o Espírito Santo, em 2017. Ali o governador Renato Casagrande (PSB) decidiu colocar de prontidão todo o efetivo da PM no próximo dia 7, evitando assim que os policiais da ativa compareçam aos protestos. Por fim, em São Paulo a Secretaria da Segurança Pública montou uma gigantesca operação na data, a Operação Independência, e mobilizou 27 mil PMs, 3,6 mil deles só para vigiar os atos da Avenida Paulista e do Vale do Anhangabaú. A Corregedoria da PM deve pôr todo o seu efetivo - cerca de mil homens - nas ruas para vigiar possíveis transgressões.

Ontem, ao participar de surpresa da CPAC Brasil, conferência da direita realizada em Brasília, Bolsonaro defendeu a participação de policiais militares nos atos. "Hoje você vê alguns governadores ameaçando expulsar policiais militares que porventura estejam de folga no dia 7 e compareçam para festejar o 7 de Setembro. Se nós falarmos ‘eu não sou policial militar, não tenho nada a ver com isso’, aguarde que a sua hora vai chegar."

Salários

Para Rafael Alcadipani, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a onda de promoções nas PMs é uma forma de driblar o congelamento de salários do funcionalismo público e esvaziar a pressão bolsonarista na base das corporações contra os governadores Ele acredita ainda que muito das ameaças veladas de golpe são um blefe, uma forma usada por alguns para obter benefícios e manter privilégios. "Há um jogo político pesado. As PMs já tiveram uma reforma da Previdência vantajosa."

Durante a semana, o comando da PM reuniu todos os coronéis de São Paulo para definir os detalhes da Operação Independência. Nos quatro dias do feriado prolongado, a PM contará com 22 mil homens no patrulhamento do Estado e, no dia 7, esse número subirá para 27 mil. Ao todo 20 helicópteros e quatro drones farão a vigilâncias das cidades. Nos atos, todos os carros de som serão revistados e estão proibidos o porte de bastões, drones, rojões ou qualquer outro objeto que possam ser usados contra pessoas.

Na reunião do comando, o chefe da Corregedoria da PM, coronel Eduardo Henrique Briciug, apresentou uma lista de quatro crimes militares que os PMs da ativa podem cometer no ato. Além disso, o coronel exibiu ainda uma lista de condutas que não podem ser feitas pelos policiais.

Representante da bancada da bala paulista, o deputado estadual Coronel Telhada (PP) considerou uma polêmica desnecessária o possível comparecimento dos policiais da ativa aos atos do presidente. "O pessoal já participou em outras oportunidades. Sempre com as famílias e nunca houve problema. Mas alguns colegas resolveram fazer disso plataforma política. Ano que vem são todos candidatos." Para ele, a população não deve ter medo de confusão no dia 7. "Somos contra qualquer tipo de violência. A população pode contar a com a PM."

Benefícios

Em meio ao receio quanto à infiltração bolsonarista nos quartéis, e sob pressão de associações de policiais militares, governadores do Distrito Federal, do Ceará e do Rio Grande do Norte promoveram um número maior de agentes de segurança. Há a promessa do governador Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás, de que haverá neste ano o maior número de promoções e qualificações para PMs na história do Estado.

O aumento na quantidade de promoções, tanto de praças como de oficiais, é uma bandeira da Associação Nacional das Entidades Representativas de Policiais Militares e Bombeiros (Anermb) - que conta com 26 entidades locais afiliadas. Na prática, as promoções contornam as proibições impostas pela PEC emergencial, que impôs um congelamento de vagas e salários aos Estados até o fim de 2021.

A Anermb defende a reposição de vagas que surgem com aposentadorias com máximo de promoções que a lei permita, uma vez que há critérios para a mudança de patente. O presidente da associação, sargento Leonel Lucas, avalia que essa prática não conta com apoio suficiente dos governos. "São poucos Estados, são poucos governadores que entendem o que está acontecendo hoje no Brasil." Para ele, a adesão de policiais às manifestações do 7 de Setembro acontece em razão do descontentamento com salários."

No Distrito Federal, ao assinar o decreto que promoveu 2,4 mil policiais na semana passada, o governador Ibaneis Rocha (MDB) discursou contra o risco de insubordinação na tropa no 7 de Setembro. "Aqui no DF não temos esse problema."

No Rio Grande do Norte, foram promovidos mais de 1,7 mil policiais militares desde o início do ano. Desse total, 443 apenas na última semana de agosto, data em que tradicionalmente são efetivadas as promoções no Estado. A maior parte desse contingente promovido é de praças, mas também inclui os oficiais.

A gestão Fátima Bezerra (PT), desde o início de 2019, diz que já promoveu cerca de 7,6 mil policiais. Isso representa mais da metade do efetivo da PM potiguar, que é de 13,4 mil. O secretário de segurança, coronel Francisco Araújo, diz que agora não há preocupação com reivindicações da categoria nem com o clima político nos quartéis em torno do 7 de Setembro. "As promoções aconteceram em decorrência de uma política de valorização profissional não só dos militares, mas também dos civis." Outro Estado que viveu grave crise de segurança, o Ceará acelerou as promoções de PMs neste ano. Foram 3.075 militares promovidos até agora, entre praças e bombeiros, mas o governador Camilo Santana promete que o número chegará a 6 mil até o fim do ano na Segurança Pública.

Presidente da Federação Nacional de Entidades de Oficiais Militares Estaduais (Feneme), o coronel Marlon Teza alerta que os critérios de promoção devem seguir estritamente a previsão da lei. "Evidente que há a tentativa de alguns de tentar fazer essa relação (entre promoções e política), mas nós não vemos dessa forma porque há uma lei", disse.

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