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Médicos chineses encontraram microplásticos no coração humano pela primeira vez. A descoberta, feita por meio da aplicação de laser infravermelho e microscopia eletrônica durante cirurgias cardíacas, foi publicada na revista científica Environmental Science & Technology.

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Australian Institute of Marine Science

Até o momento, o microplástico já havia sido encontrado no sangue e em partes do corpo humano mais expostas ao ambiente, como pulmões, placenta, útero, boca e anus. O coração é, portanto, o órgão mais profundo e fechado no qual o material já foi encontrado.

"Amostras microplásticas foram coletadas de 15 pacientes de cirurgia cardíaca, incluindo 6 pericárdios, 6 tecidos adiposos epicárdicos, 11 tecidos adiposos pericárdicos, 3 miocárdios, 5 apêndices atriais esquerdos e 7 pares de amostras de sangue venoso pré e pós-operatório", diz a publicação.

De acordo com os médicos e pesquisadores chineses, os microplásticos não estavam universalmente presentes em todas as amostras de tecido cardíaco dos pacientes, mas nove tipos desse material foram encontrados em cinco tipos de tecido. O maior deles media 469 micrômetro de diâmetro (o equivalente a um milionésimo de metro ou à milésima parte de um milímetro).

Os nove tipos de microplásticos também foram detectados em amostras de sangue pré e pós-operatórias dos pacientes. Neste caso, eles tinham no máximo 184 micrômetro de diâmetro e o tipo e a distribuição dos materiais no sangue sofreram alterações após o procedimento cirúrgico.

Ainda não se sabe qual é o impacto da cirurgia na introdução dos microplásticos e o quanto isso pode ter influenciado nas amostras de tecidos cardíacos. No entanto, estudos anteriores já haviam demonstrado o potencial desse material em penetrar o corpo humano.

Outro indício de que o microplástico tenha chegado ao coração humano, independentemente da intervenção cirúrgica, é que os cientistas encontraram metil metacrilato (um dos tipos de plástico) no apêndice atrial esquerdo, no tecido adiposo epicárdico e no tecido adiposo pericárdico de alguns pacientes. E, nestes locais, não pode ser atribuída a exposição acidental durante a cirurgia.

Os efeitos potenciais da presença desses materiais nos órgão internos na saúde humana ainda estão sendo estudados. Porém, pesquisas anteriores já demonstraram que esse poluente tem potencial de causar:

Abortos;

Diabete;

Infertilidade;

Reações alérgicas;

Diferentes tipos de câncer;

Doenças cardíacas e psíquicas;

Síndrome do ovário policístico (SOP).

Os microplásticos são partículas minúsculas, com menos de cinco milímetros de diâmetro. Eles são eliminados a partir de materiais plásticos comuns. Estão no ar, na água e no solo a partir da decomposição de garrafas, embalagens, tinta e outros produtos feitos de plástico.

Os danos ambientais desse lixo têm preocupado os cientistas. Estudo publicado na revista científica Plos One aponta que nada menos do que 171 trilhões de partículas de plástico - o equivalente a 2,3 milhões de toneladas - estão nos oceanos. É o mesmo peso, por exemplo, de 10 mil baleias-azul. Ou 5.137 aviões Boeing modelo 747-8 com carga máxima.

O maior ecossistema da Terra, que cobre 70% do planeta, sofre com acidificação, aumento do nível do mar, poluição difusa, erosão costeira, pesca insustentável, aumento da temperatura das águas, a lista é longa e perigosa.

Uma pesquisa publicada nesta quinta-feira (24) na revista “Environmental International”, feita por cientistas holandeses mostra evidências da presença de microplásticos na corrente sanguínea de seres humanos. 

Os cientistas coletaram sangue de 22 doadores anônimos. Foram encontradas partículas micro e nano plásticas (ainda menores) em 17 deles. A concentração das partículas atingiu uma média equivalente a uma colher de chá em mil litros de água. Algumas amostras chegaram a ter dois ou três tipos de plásticos. 

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“Nosso estudo é a primeira indicação de que temos partículas de polímero em nosso sangue. É um resultado inovador”, afirmou o professor Dick Vethaak, ecotoxicologista da Vrije Universiteit Amsterdam, ao jornal britânico “The Guardian”. 

“Agora provamos que nossa corrente sanguínea, nosso rio da vida, por assim dizer, tem plástico”, declarou Heather Leslie, da Vrije Universiteit. O próximo ponto para os pesquisadores é descobrir essas partículas se deslocarem da corrente sanguínea para os tecidos e órgãos. 

Os tipos mais frequentes de plásticos encontrados foram o PET (de garrafas plásticas), polietileno (usado em embalagens de alimento e sacolas de supermercado) e polímeros de estireno (isopor). Os pesquisadores também analisaram as amostras para identificar polipropileno (usado em embalagens e rótulos de produto), mas as concentrações eram muito baixas para uma medição precisa. 

Várias pesquisas anteriores já apontavam a presença de microplásticos no corpo humano ou próximas a ele. As partículas foram encontradas na placenta de uma mulher grávida, mamadeiras e na água potável em 2019, segundo um relatório feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Os  resíduos de microplásticos encontrados podem ser de vários tamanhos. Às vezes são tão pequenos que podem ser invisíveis a olho nu, mas já se tornaram um dos principais poluentes da água nos rios e oceanos. 

Por Camily Maciel

 

 

 

 

Partículas invisíveis de produtos como roupas sintéticas e pneus de carros representam até um terço dos plásticos que poluem os oceanos, afetando os ecossistemas e a saúde humana, alerta um órgão conservacionista.

Essas partículas microplásticas constituem uma parte significativa da "sopa de plástico", que representa entre 15% e 31% das 9,5 milhões de toneladas de plásticos lançadas nos oceanos a cada ano, de acordo com um relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que será divulgado na quarta-feira (22).

A organização descobriu que em muitos países desenvolvidos da América do Norte e da Europa, que têm uma gestão eficaz de resíduos, minúsculas partículas plásticas são uma fonte maior de poluição plástica marítima do que os resíduos plásticos.

"Os resíduos plásticos não são tudo o que há para os plásticos nos oceanos", disse a diretora da IUCN, Inger Andersen, em um comunicado, alertando que "devemos olhar muito além da gestão de resíduos para enfrentar a poluição oceânica na sua totalidade".

"Nossas atividades diárias, como lavar roupas e dirigir, contribuem significativamente para a poluição que asfixia nossos oceanos, com efeitos potencialmente desastrosos para a rica diversidade de vida dentro deles e para a saúde humana", afirmou.

Os microplásticos, que são difíceis de detectar, podem prejudicar gravemente a vida selvagem marinha e, conforme penetram no fornecimento global de alimentos e água, podem representar um risco significativo para a saúde humana.

A IUCN pediu aos fabricantes de pneus e vestuário, especialmente, que mudem seus métodos de produção para fazer produtos menos poluentes.

Karl Gustaf Lundin, que lidera o Programa Marinho e Polar Global da UICN, disse à AFP que os fabricantes de pneus poderiam, por exemplo, voltar a usar principalmente borracha, enquanto os fabricantes de têxteis poderiam parar de usar revestimentos de plástico em suas roupas.

Essas medidas são vitais para limitar os danos, disse Lundin, alertando que a situação é particularmente preocupante no Ártico - a maior fonte de frutos do mar da Europa e da América do Norte.

"Parece que o microplástico está congelando dentro do gelo marinho, e visto que o ponto de fusão do gelo diminui quando há pequenas partículas nele, isso provoca um desaparecimento mais rápido do gelo marinho", acrescentou.

Lundin apontou, ainda, que quando o gelo derrete, ele libera o plâncton que atrai os peixes, permitindo que as partículas plásticas "entrem diretamente na nossa cadeia alimentar".

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