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Programação terá como foco a educação para a melhoria do ambiente na cidade e a conservação dos oceanos 

 O Dia Mundial do Meio Ambiente, no dia 5 de junho, será comemorado em Santos com mais de uma semana de programação, que tem como novidade a entrega de cinco eco peneiras para retenção dos resíduos de pequenas dimensões, ou micro lixo, que acabam escapando do processo de limpeza pública diária. Para conferir a programação completa, clique aqui

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O lançamento do equipamento na cidade, inicialmente na faixa de areia da praia, ocorrerá neste sábado (3), a partir das 9h, em frente ao Instituto Escolástica Rosa, onde será realizado um mutirão de limpeza. A ação marca também o início das atividades da Semana Municipal do Meio Ambiente, promovida pela Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura.

O evento na praia contará com a presença do idealizador da eco peneira, o ativista paranaense Diego Saldanha, grupos e ONGs ligadas ao meio ambiente e todos os interessados em particular. O novo aparelho se junta a outras ferramentas para coletar materiais como bitucas de cigarro, tampas de cerveja, lacres de latas, fragmentos de plástico, entre outros.  

Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Marcos Libório, o evento é um momento importante porque desperta a consciência ecológica e reafirmou o compromisso e ações que o município vem realizando pela melhoria da qualidade de vida dos santistas, que necessariamente, depende da qualidade ambiental e a chegada das eco peneiras vai ao encontro do foco que a Administração Municipal lança sobre os oceanos. “Os micro lixos são altamente perigosos para a vida marinha. Então, a ferramenta será importante no cuidado com a natureza, além da manutenção da limpeza da orla”, complementou. 

 

 

 

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse hoje (30), Dia Internacional de Desperdício Zero, que a data tem como meta a conscientização sobre a importância de promover padrões sustentáveis ​​de consumo e produção.

Em mensagem pelo dia, ele lembrou que, todo ano, 2 bilhões de toneladas de resíduos sólidos são gerados, mas 33% não recebem tratamento adequado. A quantidade equivale a um caminhão de lixo cheio de plástico sendo despejado no oceano a cada minuto.

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Alimentos

Segundo Guterres, 10% de todas as emissões globais de gases de efeito estufa vêm do cultivo, armazenamento e transporte de alimentos “que nunca são usados”.

Para mudar esse cenário, ele pede que o mundo invista maciçamente em sistemas e políticas modernas de gerenciamento de resíduos, que incentivem as pessoas a reutilizar e reciclar tudo, “desde garrafas plásticas até eletrônicos antigos”.

Desperdício

Para o secretário, é preciso “declarar guerra ao lixo” e os consumidores devem agir de forma mais consciente. Ele também cita empresas que precisam contribuir para uma “economia circular e sem desperdício”.

Segundo dados da ONU, o setor de resíduos é parte da tripla crise planetária de mudança climática, perda da biodiversidade e poluição. Os objetivos das iniciativas de desperdício zero são proteger o meio ambiente, aumentar a segurança alimentar e melhorar a saúde e o bem-estar humanos.

A Estratégia Global para Consumo e Produção Sustentáveis ​​pode orientar essa transição. Estabelecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas, Estados-membros e partes interessadas, o documento propõe a adoção de objetivos sustentáveis ​​de consumo e produção em todos os setores até 2030.

Lixo

O levantamento da ONU aponta que a humanidade gera cerca de 2,24 bilhões de toneladas de resíduos sólidos anualmente, dos quais apenas 55% são gerenciados em instalações controladas.

Todos os anos, cerca de 931 milhões de toneladas de alimentos são perdidos ou desperdiçados e até 14 milhões de toneladas de resíduos plásticos entram nos ecossistemas aquáticos.

*Com informações da ONU News

Do convés do barco, onde se observa apenas águas profundas a perder de vista, nada sugere a fauna e a flora que abundam a poucos metros da superfície, em pleno Atlântico, sobre uma fachada do Monte Vema, um monte submarino em alto mar, mil quilômetros a noroeste da Cidade do Cabo, na África do Sul.

Nesta primavera (hemisfério norte), cerca de 30 pessoas a bordo do navio Arctic Sunrise da organização Greenpeace se engajaram em múltiplas tarefas de observação.

Sua missão? Documentar os resultados da moratória sobre a pesca imposta em 2017 nas proximidades do Monte Vema, descoberto nos anos 1950 por um navio de mesmo nome que cruzava a região.

Equipados com câmera de alta resolução, os mergulhadores do Arctic Sunrise, em roupa neoprene laranja fluorescente e preto, entram no mar com seus cilindros de oxigênio para examinar os contornos desta montanha sob o mar de 4.600 m - quase um Mont Blanc - cujo cume fica a cerca de vinte metros da superfície.

Quarenta e cinco minutos depois, emergem com milhares de fotografias e horas de vídeo que revelam tesouros: lagostas, lagostins, muitas algas, esponjas e peixes de todas as espécies.

"É algo absolutamente fantástico de se ver. Magnífico!", comenta, estupefato, um dos mergulhadores, o holandês Jansson Sanders.

Alertada sobre a devastação causada pela sobrepesca, uma comissão intergovernamental, a Organização das Pescarias do Atlântico Sudeste (SEAFO), proibiu em 2007 os arrastões do Monte Vema.

Os resultados vistos hoje são espetaculares. Mas esse tipo de embargo radical ainda é a exceção.

Fora das águas territoriais administradas pelos países limítrofes, apenas uma pequena parte dos mares do mundo desfruta de proteção legal, que geralmente é muito teórica.

"A estatística é chocante: atualmente, 1% dos mares é protegido (...) O que é totalmente insignificante", alerta Bukelwa Nzimande, uma ativista ambiental do Greenpeace Africa. "É necessária uma mudança de paradigma", pede.

O Greenpeace milita pela adoção de um tratado que impeça a pesca industrial em um terço da superfície dos oceanos até 2030.

Vema é "o perfeito exemplo do que acontece quando deixamos a natureza tranquila durante algum tempo", estima o biólogo holandês Thilo Maack, que chefia a expedição do Greenpeace.

"Mesmo esgotado pela sobrepesca, conseguiu se reconstruir".

Javier Bardem está em negociações para interpretar o rei Tritão em "A Pequena Sereia", mas o ator espanhol já visitou as profundezas do oceano em um documentário que apresentou no festival de cinema de Toronto.

Em "Sanctuary", as câmeras seguem o ator espanhol e seu irmão Carlos até a Antártica, à medida que buscam apoio para a campanha do Greenpeace para preservar o oceano sul da depredação humana.

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Em certo momento, Bardem, visivelmente alarmado, aborda um pequeno submarino para duas pessoas e acompanha a coleta de amostras de espécimes afetadas pela mudança climática e pela pesca com redes de arrasto.

"Graças a Deus não sou claustrofóbico... era como um Kinder ovo", disse à AFP em Toronto. "Mas estava em boas mãos".

O ator vencedor do Oscar disse que sua mãe lhe inculcou a importância de "defender sempre as causas que considera justas, independente de qual for o seu trabalho", e em tempos recentes isso se traduziu em apostar em causas ambientais.

No mês passado ele falou nas Nações Unidas sobre a importância de um tratado mundial sobre oceanos.

"O mundo está observando" e "não podemos nos dar ao luxo de nos equivocarmos", disse. E ao mesmo tempo afirmou que gostaria de ver mais seus colegas de Hollywood aproveitando "seu potencial alcance a milhões" de pessoas para fomentar a mudança.

Em suas conversas recentes com o diretor Rob Marshal sobre o live-action de "A Pequena Sereia", Bardem pediu a ele que acrescentasse mensagens ambientais à trama.

"Você tem que aproveitar essa história bonita e incrível escrita por (Hans Christian) Andersen e abordar a poluição dos oceanos nela", disse Bardem. "Pode-se chegar a milhões e milhões de gerações mais jovens... isso é uma coisa que filmes como esse podem e devem fazer".

Marshall, indicou Bardem, mostrou-se "muito aberto" à sugestão, mas qualquer mudança deve ser aprovada pelo estúdio. "É um grande maquinário, não é um diretor de cinema que tem seu próprio filme onde pode tomar todas as decisões... Isso é a Disney".

- "Pai de todas as crianças" -

Bardem admitiu que isso não é a única coisa que o anima a cantar em "A Pequena Sereia". Tem dois filhos com a esposa, a atriz Penélope Cruz, incluindo uma menina de dois anos. "Papai será um herói! Só por isso vale a pena", brincou.

Mas a paternidade também o impulsionou a adotar a causa ambiental com mais garra. "Uma vez que você tem um filho, torna-se pai de todas as crianças do mundo. Sei que soa muito cafona, mas é verdade", disse. "Terão 18 ou 20 anos e nos dirão: 'Que vergonha! Você sabia da crise e o que você fez a respeito?".

Para Bardem, é essencial escolher papéis com mensagens importantes. Em seu próximo filme, "Dune", interpreta o líder da última tribo sobrevivente em um planeta cujo ecossistema ruiu, obrigada a reciclar saliva, suor e urina para suportar o calor.

"Isso pode ser uma realidade em 20 anos", disse o ator.

Em "Sanctuary", Bardem se reuniu com políticos e transmitiu ao vivo da Antártica para impulsar uma campanha que busca coletar 1,8 milhão de assinaturas para criar a maior área protegida do mundo, uma assinatura por cada quilômetro quadrado.

Agora todos os olhares se concentram em planos mais ambiciosos para uma rede mundial de santuários que está sendo debatida nas Nações Unidas.

Bardem elogiou o trabalho da ativista Greta Thunberg e qualificou de "gigante" a greve escolar pela mudança climática no mundo todo, estimando que gerará pressão nos políticos.

No entanto, sua própria experiência na ONU em um painel cheio de cientistas do clima de alto nível deixou claro para ele que o caminho é longo. "Me irritou muito porque mais da metade da sala estava vazia. É um mau começo".

"Isto deveria estar em primeiro lugar na agenda de todos, afeta a todos nós", apontou.

O governo japonês decidiu cortar o uso de produtos de plásticos em cafeterias e lojas em cerca de 200 órgãos e instituições ligadas ao governo, como universidades, a partir do ano fiscal de 2019, que tem início em abril.
A decisão tem como objetivo reduzir a quantidade de dejetos de plástico nos oceanos. Ela foi tomada quando as diretrizes para a assinatura de contratos entre o governo e operadoras de cafeterias e lojas estavam sendo revisadas.
Será pedido às operadoras de cafeterias que evitem o uso de talheres e recipientes descartáveis de plástico. A exceção é para serviços a portadores de deficiências.
Os donos de lojas de conveniência e demais varejistas serão orientados a deixar de fornecer sacolas plásticas, além de canudos e colheres de plástico.
O governo afirma que só irá assinar contratos com entidades capazes de atender aos novos padrões.
O ministro do Meio Ambiente, Yoshiaki Harada, afirmou que as novas diretrizes serão rigorosamente aplicadas. Ele disse acreditar que a campanha do governo incentive autoridades provinciais, municipais e diversos setores industriais a adotar a medida.

O ano de 2018 foi mesmo o mais quente já registrado para os oceanos. Em apenas uma semana, dois estudos publicados em revistas científicas de peso apresentaram esta mesma conclusão. Um trabalho divulgado nesta quarta-feira (16) aponta que o aumento do calor medido em 2018, em relação a 2017, é 388 vezes maior do que toda a geração de eletricidade da China no ano retrasado - e cem milhões de vezes mais do que o calor gerado pela bomba de Hiroshima.

Os anos de 2017, 2015, 2016 e 2014 (nesta ordem) foram os mais quentes dos registros, mostrando uma tendência clara de aquecimento. Os resultados foram baseados em análises de temperatura feitos pelo Instituto de Física Atmosférica e a Academia Chinesa de Ciências. Na semana passada, estudo mostrou que o os oceanos estão se aquecendo de modo acelerado.

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O novo trabalho publicado na revista "Advances in Atmospheric Sciences" lança nova luz sobre como a temperatura das águas oceânicas vem mudando ao longo dos anos. A mudança na quantidade de calor é considerada uma das melhores - se não a melhor - forma de medir as mudanças climáticas provocadas pelos gases do efeito estufa emitidos por atividades humanas.

Os oceanos cobrem 70% da superfície da Terra e absorvem mais de 90% do calor excedente das mudanças climáticas. Além disso, segundo os cientistas, o aquecimento dos oceanos é menos impactado por flutuações naturais e, portanto, é um importante indicado do aquecimento global, representando também uma base para ações de adaptação e mitigação.

"Os novos dados, ao lado de uma vasta literatura sobre o tema, servem como aviso adicional aos governos e ao público em geral de que estamos vivenciando um aquecimento global inexorável", afirmou Lijing Cheng, principal autor do relatório. "O aquecimento já está acontecendo e causa sérios danos e perdas para a economia e para a sociedade." Segundo Cheng, medidas devem ser tomadas imediatamente para minimizar as tendências de aquecimento.

Nível do mar

Os pesquisadores também frisam que o aumento do calor nas águas oceânicas - que, segundo eles, vai continuar a aumentar - deve ser motivo de preocupação da comunidade científica e do público em geral. Isso porque o aumento da temperatura das águas resulta em aumento do nível do mar. Exemplos desses problemas são a contaminação de água potável com água salgada e o comprometimento de infraestrutura nas áreas costeiras.

Uma outra consequência importante é que o aumento da temperatura da água afeta diretamente o sistema climático global, provocando tempestades mais intensas e chuvas mais pesadas, bem como secas e ondas de calor. Outro resultado nefasto é o branqueamento e a morte de corais e o derretimento do gelo marinho.

Para os cientistas, compreender o impacto do problema pode ser uma ferramenta importante para a indústria pesqueira e do turismo, por exemplo. "Essas informações podem ajudar o público em geral e os governos a tomar decisões mais embasadas e criar um futuro sustentável para todos nós."

Responsáveis por absorver cerca de 93% do excesso de energia solar aprisionado no planeta por causa da alta concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, os oceanos estão aquecendo mais rápido do que se imaginava e se apresentam como um sinal claro das mudanças climáticas sofridas pelo planeta.

De acordo com pesquisadores da China e dos Estados Unidos, liderados por Lijing Cheng, do Instituto de Física Atmosférica da Academia de Ciências Chinesa, observações feitas por quatro sistemas de observação confirmam não só que o oceano está aquecendo, como de forma acelerada. A análise foi publicada nesta quinta-feira, 10, na revista Science. Um dos modelos, o Argo, conta com quase 4 mil robôs flutuantes ao redor do planeta, fazendo medições desde o ano 2000. Os outros consideraram medições ajustadas desde os anos 1970.

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Os dados apontam que 2018 provavelmente será o ano mais quente para os oceanos desde que se iniciaram os registros históricos - recorde quebrado pelo terceiro ano consecutivo, o que mostra a tendência de aquecimento.

Para o planeta como um todo, 2018 provavelmente foi o 4º ano mais quente (os dados consolidados devem ser divulgados até o final da semana que vem), mas essa diferença ocorre porque a temperatura na superfície é influenciada também por outros fatores, como o El Niño - que ajudou 2016 a ser o ano mais quente da história - e erupções vulcânicas.

Já os oceanos são menos afetados por essas variações anuais. "Os sinais de aquecimento global são muito mais fáceis de detectar se a mudança está ocorrendo nos oceanos do que na superfície", disse Zeke Hausfather, pesquisador da Universidade da Califórnia em Berkeley e um dos autores do trabalho.

A nova análise mostra que as tendências de aquecimento dos oceanos correspondem às previstas pelos principais modelos de mudança climática, o que dá força para as previsões futuras também estarem certas.

Modelos usados no último relatório geral do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas preveem que num cenário de "business as usual", em que nenhum esforço seja feito para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, a temperatura dos primeiros 2.000 metros de profundidade dos oceanos do mundo aumentará 0,78 °C até o final do século.

A expansão térmica causada por esse aumento na temperatura - pense no que ocorre com a água em uma chaleira fervente - elevaria os níveis do mar em mais 30 centímetros além da já significativa elevação do nível do mar causada pelo derretimento das geleiras e dos lençóis de gelo. Oceanos mais quentes também contribuem para a ocorrência de tempestades mais fortes, furacões e precipitações extremas, além de afetarem a vida marinha, que precisa fugir para águas mais frias.

O Papa Francisco lançou neste sábado um chamado pela defesa dos oceanos, ameaçados pela invasão do plástico, e a favor do direito à água potável para todos.

"Não podemos permitir que os mares e oceanos se encham de extensões inertes de plástico flutuante", alertou o Papa em mensagem por ocasião da "IV Jornada de Oração pela Criação".

"Lamentavelmente, muitos esforços se diluem ante a falta de normas e controles eficazes, principalmente no que diz respeito à proteção das áreas marinhas mais além das fronteiras nacionais", criticou o pontífice, para quem é indispensável atuar como "se tudo dependesse de nós".

É essencial permitir a todos o acesso à água potável, acrescentou o Papa, em discurso para executivos no Vaticano.

"Este mundo tem uma dívida social grave com os pobres que não tem acesso à água potável, porque isso é negar a eles o direito à vida radicado em sua dignidade inalienável", destacou.

Uma parcela de apenas 13% dos oceanos do planeta ainda pode ser classificada hoje como "vida marinha selvagem" - isto é, intocada por influências humanas -, de acordo com um novo estudo realizado por um grupo internacional de cientistas e publicado nesta quinta-feira, 26, na revista científica Current Biology.

De acordo com os autores da pesquisa, o trabalho é a primeira análise sistemática da vida marinha selvagem com abrangência global. Segundo eles, essas áreas, importantes para a biodiversidade marinha, estão atualmente distribuídas de forma assimétrica, concentrando-se especialmente no Ártico, na Antártica e em torno de remotas ilhas do Oceano Pacífico. Praticamente nada restou nas regiões costeiras dos continentes.

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"Essas áreas marinhas que podem ser consideradas intocadas estão se tornando cada vez mais raras, enquanto as frotas de navios pesqueiros e de carga expandem seu alcance por quase todos os oceanos do mundo, ao mesmo tempo em que o escoamento de sedimentos sufoca muitas áreas costeiras", disse o autor principal do estudo, Kendall Jones, da Universidade de Queensland (Austrália).

Para realizar o estudo, os cientistas usaram dados classificados em 19 categorias de impactos humanos, incluindo navegação comercial, escoamento costeiro de fertilizantes e de sedimentos e vários tipos de atividades pesqueiras, considerando seu impacto cumulativo. No critério utilizado no mapeamento, foram consideradas como áreas de vida selvagem marinha aquelas nas quais o impacto dessas categorias foram menores que 10%.

"Ficamos atônitos ao descobrir como sobraram tão poucos remanescentes de vida marinha selvagem. Os oceanos são imensos e cobrem mais de 70% da superfície do nosso planeta, mas nós já conseguimos provocar impacto considerável em quase todo esse vastíssimo ecossistema", disse Jones.

Em terra firme, o rápido declínio da vida selvagem tem sido bem documentado, de acordo com o pesquisador, mas a ciência sabe muito menos sobre a situação da vida selvagem marinha. "As áreas selvagens intocadas mantêm altos níveis de biodiversidade e de espécies endêmicas. Elas estão entre os poucos lugares da Terra onde ainda se encontram grandes populações de predadores que estão no topo da cadeia alimentar", explicou Jones.

O estudo também concluiu que menos de 5% da vida selvagem marinha está atualmente sob proteção, sendo a maior parte em ecossistemas bem distantes das costas. Uma quantidade muito pequena de vida selvagem protegida foi encontrada em áreas de alta biodiversidade, como recifes de corais.

"Isso significa que a vasta maioria da vida selvagem marinha pode ser perdida a qualquer momento, já que os aprimoramentos tecnológicos nos permitem pescar em profundidades maiores e levar navios cargueiros para locais cada vez mais remotos. Por causa do aquecimento global, algumas áreas que no passado estavam seguras, por ficarem o ano todo cobertas por gelo, agora estão se tornando áreas de pesca", disse Jones.

Acordos e proteção

De acordo com outro dos autores do estudo, James Watson, também professor da Universidade de Queensland e diretor científico da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem (WCS, na sigla em inglês), as áreas intocadas têm níveis incomparáveis de biodiversidade - e essa imensa abundância garante a elas resiliência contra ameaças como as mudanças climáticas.

"Sabemos que essas áreas de vida selvagem marinha estão em declínio catastrófico e que protegê-las deve se tornar um foco dos acordos ambientais multilaterais. Se isso não acontecer, é provável que essas áreas desapareçam completamente nos próximos 50 anos", disse Watson.

Segundo Watson, preservar a vida selvagem marinha também exigirá a regulação das águas internacionais, onde historicamente há dificuldades de conservação, já que nenhum país tem jurisdição dessas regiões. Para Jones, no entanto, uma resolução recente da Organização das Nações Unidas (ONU) poderá ajudar a mudar esse quadro.

"No ano passado, a ONU começou a desenvolver um tratado de conservação do alto mar juridicamente vinculativo - que é, essencialmente, um Acordo de Paris do Oceano. Esse acordo poderia ter o poder de proteger grandes áreas em alto mar e poderia ser nossa melhor chance de salvar alguns dos últimos remanescentes de vida marinha selvagem na Terra", disse Jones.

Uma nova petição na internet está solicitando que as grandes empresas da tecnologia removam o emoji de copo com canudo plástico dos teclados de smartphones e redes sociais, numa tentativa de aumentar a conscientização sobre a poluição que o material causa no meio ambiente.

Lançada pela entidade de proteção aos oceanos Sky Ocean Rescue, a primeira campanha desse tipo está chamando atenção do comitê oficial de emojis (Unicode Consortium) para remover o ícone do seu teclado. Se bem-sucedida, a petição poderá banir o ícone do WhatsApp, Facebook e Twitter.

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A petição está disponível na plataforma Change.org e já recebeu mais de sete mil assinaturas virtuais. "Se este emoji não for banido em breve, poderemos ter que remover os adorados emojis de baleias, peixes e animais marinhos enquanto nossos oceanos se afogam em plástico", disse a Sky Ocean Rescue, em comunicado.

O Unicode Consortium - que conta com executivos do Google, Facebook e Apple entre seus diretores - introduziu o ícone de copo com canudo de plástico em 2017. Em 2016, a Apple e a Microsoft removeram de suas plataformas o caractere que representava uma arma de fogo, substituindo a imagem por uma pistola de água.

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Um estudo que revisou a literatura mundial sobre poluição marinha estimou que pelo menos 25 milhões de toneladas de resíduos são despejadas por ano nos oceanos. E a maior parte disso - 80% - tem origem nas cidades, em razão de uma má gestão dos resíduos sólidos.

O caminho é conhecido: sem descarte adequado, resíduos vão parar em lixões, muitos deles à beira de corpos d'água, que seguem pelo seu caminho natural até o mar. O trabalho, coordenado pela Associação Internacional de Resíduos Sólidos (Iswa), levou em conta estimativas sobre quanto resíduo não é coletado no mundo - algo entre 500 milhões e 900 milhões de toneladas - e cruzou esse dado com o mapeamento de pontos de descarte irregular em cidades perto do mar ou de corpos hídricos - daí uma estimativa mínima de pelo menos 25 milhões chegando ao mar.

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O estudo, divulgado nesta terça-feira, 20, no Fórum Mundial da Água, que é realizado em Brasília até o fim da semana, avalia que cerca de metade desse lixo que vai parar no oceano é plástico. E que cada tonelada de resíduo não coletada em áreas ribeirinhas representa o equivalente a mais de 1,5 mil garrafas plásticas que vão parar no mar.

O valor é um pouco mais alto do que estimativas mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que apontam algo em torno de 8 milhões de toneladas de lixo plástico entrando nos oceanos todo ano. Segundo a ONU, de 60% a 80% de todo o lixo no mar é plástico. E até 2050 pode haver mais plástico do que peixes no mar.

"O lixo no ambiente marinho já é um desafio global semelhante às mudanças climáticas. E o problema, que vai muito além daquilo que é visível, está presente em quase todas as áreas costeiras do mundo, trazendo desequilíbrio tanto para a fauna e flora marinhas e comprometendo esse recurso vital para a humanidade", afirmou em comunicado à imprensa Antonis Mavropoulos, presidente da Iswa.

Brasil

A metodologia foi adaptada para o Brasil pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) - braço da Iswa - no Brasil, que concluiu que aqui pelo menos 2 milhões de toneladas de lixo podem chegar aos mares. "Se fosse todo espalhado, esse monte de resíduos ocuparia a área de 7 mil campos de futebol", disse Carlos Silva Filho, diretor presidente da Abrelpe.

"E usamos premissas mais conservadoras. Áreas alagadas, como Pantanal, Amazônia, muito longes do mar, ficaram de fora do cálculo. Se fossem incluídas, poderíamos chegar a um valor de 5 milhões de toneladas de resíduos."

Para o Brasil, Silva diz que não foi possível estimar exatamente quanto desses resíduos é plástico, mas lembra que 15% do resíduo sólido gerado no Brasil tem essa origem.

Segundo outro estudo da Abrelpe, o Panorama dos Resíduos Sólidos - cuja última edição disponível é a de 2016 -, naquele ano cerca de 41% dos resíduos gerados no País tem destinação inadequada.

Esse porcentual pouco melhorou nos últimos anos, apesar de a Política Nacional de Resíduos Sólidos ter definido que não deveria mais existir lixões no Brasil desde 2014. Em 2010, quando a lei foi promulgada, tinham destinação inadequada 43% dos resíduos.

"O estudo da poluição marinha reflete um problema que podemos ver de outra maneira. O Brasil gasta por ano cerca de R$ 5,5 bilhões para tratar a saúde das pessoas, tratar os cursos d'água e recuperar o ambiente em virtude da degradação dos resíduos sólidos. Então resolver o problema é bom para a economia também", defende Silva. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Da ONU News

Aproveitando que vários países celebram neste 14 de fevereiro o Dia dos Namorados (Valentine's Day, em inglês, também conhecido como Festa de São Valentim) o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) lançou uma campanha pedindo a redução do uso de plásticos a nível global, no que classifica de um “relacionamento tóxico”.

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Segundo a agência da ONU, cerca de 8 milhões de toneladas desse material não degradável vão parar nos oceanos todos os anos, causando um problema sério para a vida marinha. Apenas em 2015, o mundo produziu 322 milhões de toneladas de plástico, quantidade suficiente para erguer 900 prédios do tamanho do edifício Empire State, que fica em Nova York.

O Pnuma faz um apelo para que todos deixem de usar sacolas e garrafas de plástico, utensílios descartáveis e potes para armazenar comida. E diz que a dependência que as pessoas têm com o plástico se configura numa verdadeira “relação tóxica”.

Os produtos de plástico são altamente nocivos para o meio ambiente e acabam nos mares e oceanos, prejudicando peixes, pássaros e tartarugas, que ficam enroscados ou se alimentam do plástico.

“Novo amor”

Como parte da campanha Mares Limpos, o Pnuma lançou o vídeo “Não sou eu, é você”, onde a personagem Sandra termina o seu relacionamento com produtos de plástico e encontra um “novo amor” em sacolas e garrafas reutilizáveis.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) também está aproveitando a passagem do Dia dos Namorados pedindo às pessoas para demonstrarem seu amor pelos oceanos nas redes sociais, utilizando a hashtag #LovetheOcean.

Conservar os oceanos e os recursos marinhos é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, que integra a Agenda 2030 da ONU que reúne 17 objetivos globais e mais de 160 metas a serem atingidas ao longo da próxima década em todo o planeta.

Partículas invisíveis de produtos como roupas sintéticas e pneus de carros representam até um terço dos plásticos que poluem os oceanos, afetando os ecossistemas e a saúde humana, alerta um órgão conservacionista.

Essas partículas microplásticas constituem uma parte significativa da "sopa de plástico", que representa entre 15% e 31% das 9,5 milhões de toneladas de plásticos lançadas nos oceanos a cada ano, de acordo com um relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que será divulgado na quarta-feira (22).

A organização descobriu que em muitos países desenvolvidos da América do Norte e da Europa, que têm uma gestão eficaz de resíduos, minúsculas partículas plásticas são uma fonte maior de poluição plástica marítima do que os resíduos plásticos.

"Os resíduos plásticos não são tudo o que há para os plásticos nos oceanos", disse a diretora da IUCN, Inger Andersen, em um comunicado, alertando que "devemos olhar muito além da gestão de resíduos para enfrentar a poluição oceânica na sua totalidade".

"Nossas atividades diárias, como lavar roupas e dirigir, contribuem significativamente para a poluição que asfixia nossos oceanos, com efeitos potencialmente desastrosos para a rica diversidade de vida dentro deles e para a saúde humana", afirmou.

Os microplásticos, que são difíceis de detectar, podem prejudicar gravemente a vida selvagem marinha e, conforme penetram no fornecimento global de alimentos e água, podem representar um risco significativo para a saúde humana.

A IUCN pediu aos fabricantes de pneus e vestuário, especialmente, que mudem seus métodos de produção para fazer produtos menos poluentes.

Karl Gustaf Lundin, que lidera o Programa Marinho e Polar Global da UICN, disse à AFP que os fabricantes de pneus poderiam, por exemplo, voltar a usar principalmente borracha, enquanto os fabricantes de têxteis poderiam parar de usar revestimentos de plástico em suas roupas.

Essas medidas são vitais para limitar os danos, disse Lundin, alertando que a situação é particularmente preocupante no Ártico - a maior fonte de frutos do mar da Europa e da América do Norte.

"Parece que o microplástico está congelando dentro do gelo marinho, e visto que o ponto de fusão do gelo diminui quando há pequenas partículas nele, isso provoca um desaparecimento mais rápido do gelo marinho", acrescentou.

Lundin apontou, ainda, que quando o gelo derrete, ele libera o plâncton que atrai os peixes, permitindo que as partículas plásticas "entrem diretamente na nossa cadeia alimentar".

O aquecimento global está fazendo com que os oceanos estejam mais doentes do que nunca, propagando doenças entre animais e seres humanos e ameaçando a segurança alimentar do planeta, segundo um relatório científico apresentado nesta segunda-feira.

As descobertas, baseadas em pesquisas científicas revisadas por pares, foram compiladas por 80 cientistas de 12 países, disseram especialistas no Congresso de Conservação Mundial realizado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) no Havaí.

"Todos sabemos que os oceanos sustentam o planeta. Todos sabemos que os oceanos proveem cada segundo de ar que respiramos", afirmou a diretora-geral da IUCN, Inger Andersen, à imprensa durante o encontro, que reúne 9.000 líderes e representantes de governos e de grupos ambientalistas em Honolulu.

"E no entanto estamos deixamos os oceanos doentes", completou.

O relatório, "Explicando o aquecimento do oceano", é o estudo "mais completo e sistemático que temos sobre as consequências do aquecimento global nos oceanos", disse Dan Laffoley, um dos autores principais.

As águas do mundo absorveram mais de 93% do calor gerado pelas mudanças climáticas desde 1970, amenizando as temperaturas em terra mas alterando dramaticamente o ritmo de vida nos oceanos, acrescentou o cientista.

"O oceano tem estado nos protegendo e as consequências disso são absolutamente maciças", disse Laffoley, vice-presidente da Comissão Mundial de Áreas Protegidas da IUCN.

A geleira Totten, que derrete rapidamente no lado leste da Antártica, poderá elevar os oceanos em até dois metros e é possível que ultrapasse, em breve, um "ponto crítico" sem retorno - alertaram pesquisadores nesta quarta-feira (18).

Até agora, os cientistas se preocupavam, principalmente, com as plataformas de gelo da Groenlândia e do oeste da Antártica como perigosos gatilhos da elevação do nível dos oceanos. Esse novo estudo, que se segue a outro já feito pela mesma equipe, identificou uma terceira grande ameaça a centenas de milhões de pessoas que vivem em áreas costeiras ao redor do mundo.

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"Eu prevejo que, antes do final do século, as grandes cidades globais do nosso planeta perto do mar terão proteção contra o mar de 2 a 3 metros de altura a seu redor", afirmou o codiretor do Grantham Institute e do Departamento de Engenharia e Ciências da Terra na Imperial College London, Martin Siegert, autor sênior do estudo.

No último ano, Siegert e seus colegas revelaram que uma parte da geleira Totten está sendo erodida pela aquecida água do mar, que chega ao local após percorrer centenas de quilômetros.

Publicado na Nature, esse novo estudo usou dados de satélite para mapear contornos geológicos escondidos da região. Os especialistas encontraram evidências de que a Totten também derreteu em um outro período de aquecimento global natural há alguns milhões de anos - um possível teste para o que está acontecendo hoje.

"No Plioceno, as temperaturas eram 2ºC mais altas do que são agora, e os níveis de CO2 na atmosfera eram de 400 ppm (partes por milhão)", lembrou Siegert. Nesse período, os níveis do mar atingiram picos de mais de 20 metros de elevação, em relação aos dias atuais.

"Estamos em 400 ppm agora e, se não fizermos nada sobre a mudança climática, também vamos ter um aquecimento de mais 2ºC também", acrescentou. "Essas são questões que temos de resolver na nossa sociedade hoje", declarou Siegert por telefone, insistindo em que "elas são urgentes agora".

Ganimedes, a maior lua de Júpiter, tem um oceano subterrâneo de água salgada sob uma camada de gelo que é maior que todos os oceanos da Terra juntos, segundo observações divulgadas nesta quinta-feira graças ao telescópio espacial Hubble.

A descoberta de água em estado líquido leva para novas direções a pesquisa sobre a existência de vida extraterrestre no Sistema Solar, avaliou a agência espacial norte-americana NASA, responsável pela missão.

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"Acreditamos que, num passado distante, este oceano pode ter estado em contato com a superfície da lua", explicou o diretor da divisão de ciência planetária da NASA, Jim Green, em coletiva de imprensa.

Segundo os cientistas, o oceano tem uma profundidade de cem quilômetros, dez vezes mais que os da Terra, e está enterrado debaixo de uma camada de 150 km formada principalmente por gelo.

Desde os anos 1970, os planetólogos tem suspeitado que Ganimedes -- descoberta em 1610 por Galileu -- poderia ter um oceano.

A sonda Galileu, da Nasa, que estuda Júpiter e suas luas há oito anos, fez um sobrevoo de aproximação a Ganimedes e detectou um campo magnético em 2002, que foi um indício que confirmava a hipótese da existência de um oceano.

As novas observações feitas com o telescópio Hubble a partir de raios ultravioletas permitiram detectar e estudar as auroras boreais das regiões polares de Ganimedes que, assim como as da Terra, são provocadas pelos campos magnéticos.

Ganimedes também está sob a influência do campo magnético de Júpiter, de quem está muito próxima. Cada vez que o campo magnético do planeta muda, as auroras boreais de Ganimedes também mudam.

Foi graças à observação deste movimento das auroras boreais que os cientistas puderam determinar a existência de um grande oceano de água salgada debaixo da camada de gelo, o que afeta o campo magnético da lua.

Devido à capacidade para conduzir eletricidade da água salgada, o movimento do oceano exerce influência sobre o campo magnético.

O holandês Boyan Slat, de apenas 19 anos, propõe usar as correntes marinhas para livrar os oceanos das milhares de toneladas de plásticos contaminantes, uma ideia que espera que seja revolucionária e na qual 100 pessoas já trabalham.

Até agora, outros projetos se baseavam na coleta de plásticos com a ajuda de barcos. Mas, "por que esta necessidade de ir até os dejetos quando eles podem vir a nós?!", diz, sorrindo, Boyan, que parou os estudos de Engenharia Aeronáutica para se concentrar em seu projeto.

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A "sopa de plástico" — dejetos jogados no oceano - tem um impacto ambiental considerável. Os animais marinhos, como os golfinhos e as focas, enredam-se nela, estrangulam-se e se afogam. Outros a comem, como as tartarugas que confundem as sacolas plásticas com águas-vivas.

Além disso, decomposta em pequenas partículas, esta matéria, nociva para a fertilidade e acusada de provocar doenças cancerígenas, entra na cadeia alimentar. A "sopa de plástico" também causa estragos no setor pesqueiro e turístico: as perdas são calculadas em bilhões de euros ao ano.

A maior parte do plástico acaba nos cinco principais giros oceânicos, como são chamadas as imensas correntes marinhas circulares que facilitam a concentração de enormes placas de detritos chamados "continentes" de plástico.

Mas as estimativas variam sobre a quantidade total de plástico nos oceanos, estimada entre centenas de milhares e milhões de toneladas.

Um "V" gigante - O projeto de Boyan consiste em estender duas boias flutuantes com 50 km cada formando um "V" até o fundo do mar. Elas bloqueariam os plásticos mediante uma cortina de três metros de profundidade.

Dessa forma, o plástico, concentrado no centro do "V", poderia ser armazenado em uma plataforma cilíndrica de 11 metros de diâmetro à espera de que um barco possa coletá-lo. Seria possível armazenar até 3.000 metros cúbicos de plástico, o equivalente a uma piscina olímpica.

Uma esteira transportadora, instalada na plataforma e alimentada por painéis solares, permitira levar os pedaços mais volumosos a uma desmanteladora.

Boyan conta ter-se interessado pelo tema após "praticar mergulho durante férias na Grécia". "Debaixo d'água vi mais plástico do que peixes", lamenta.

O jovem apresentou seu projeto no final de 2012, com poucas esperanças de que o levassem a sério. Agora, pelo menos 100 pessoas já trabalham nele, algumas em tempo integral.

 "Mais eficaz e mais barato" - Depois de anos de testes e de um estudo de viabilidade, Boyan quer um projeto-piloto dentro de três ou quatro anos, antes da possível instalação do primeiro dispositivo, no Pacífico Norte.

Ele se deu um prazo de 100 dias para arrecadar dois milhões de dólares, por meio de financiamento coletivo ("crowdfunding"), um montante que lhe permitirá dar continuidade à aventura. Depois de 33 dias, ele já arrecadou mais de um milhão de dólares.

Em dez anos, o dispositivo permitiria coletar quase a metade dos dejetos do Pacífico Norte. Segundo Boyan, seu método é milhares de vezes mais rápido do que os convencionais. "E além de ser mais eficaz, seria mais barato", ressalta.

Cerca de 70 oceanógrafos, engenheiros e juristas participaram do estudo de viabilidade sobre os materiais, os temas legais, ou o financiamento, entre outros. "Por sorte, estou cercado de pessoas com mais conhecimento e experiência do que eu", sorriu.

"Perguntas sem resposta" - "Responderam-se algumas perguntas que se fazia à comunidade oceanográfica, mas ainda restam outras sem resposta", explicou à AFP Kim Martini, da Universidade de Washington, em Seattle.

Alguns analistas estimam que o estudo de factibilidade subestima a proporção de micro-plásticos de alguns milímetros, mais difíceis de extrair. Também consideram que o dispositivo pode representar um obstáculo perigoso para a vida marinha e para a navegação.

A presidente da Associação dos 5 Giros, Anna Cummins, não entende porque Boyan quer instalar o dispositivo "tão longe da costa". "Coletar dejetos no meio do oceano é como recolher água de uma torneira continuamente aberta", diz Daniel Poolen, da Fundação "Sopa de Plástico". "É preciso ir à foz (desembocadura) dos rios, ir à fonte", afirma.

Boyan diz que o estudo de viabilidade levou em conta os problemas técnicos, mas admite que o projeto "não permitirá coletar todos os dejetos". Além disso, falta uma mudança de mentalidade e "infelizmente as pessoas continuarão jogando plásticos fora".

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) está com inscrições abertas para o novo edital do Programa IODP/Capes-Brasil. O programa tem como proposta estimular a elaboração de projetos de pesquisa, no País, para apoiar a formação de recursos humanos voltados à pesquisa dos oceanos e promover a participação de pesquisadores nos painéis JOIDES Resolution Facility Advisory Panels como representantes do Brasil. As inscrições devem ser realizadas até o dia 22 de agosto e a submissão dos projetos no dia 5 de setembro, conforme o cronograma.

No total, serão aprovados até dez projetos com duração máxima de cinco anos para a execução das atividades. O valor do financiamento do projeto é de R$ 1 milhão. São financiáveis bolsas no país de doutorado e pós-doutorado e bolsas no exterior de doutorado-sanduíche, estágio pós-doutoral e estágio sênior, além de passagens aéreas, diárias para missões de pesquisa e docência, auxílio-instalação para missões de estudo e de pesquisa no exterior e de docência no país para pesquisadores qualificados.

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Além disso, ainda está previsto auxílio deslocamento e seguro saúde para os bolsistas no exterior e passagens e diárias para participação em eventos acadêmicos em temas relacionados ao projeto no exterior. Para obter mais informações sobre o programa, os interessados podem acessar o edital, que está disponível no site ou encaminhar mensagem para o endereço eletrônico iodp@capes.gov.br.

A distribuição de peixes e outras espécies marinhas deve sofrer uma grande redistribuição pelos oceanos em todo o mundo até 2060, diminuindo nas regiões tropicais e crescendo nas latitudes médias e altas, em decorrência das mudanças climáticas, indica o novo relatório do IPCC.

O relatório indica uma redução do potencial de pesca de até 20% em algumas regiões costeiras da América do Sul. Na região Antártica e na linha do Equador, pode chegar a 50%. Já em partes do Oceano Índico e no Hemisfério Norte, o potencial pode crescer 100%. A redistribuição pode reduzir suprimentos, lucros e empregos nos países tropicais.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um indicador que avalia a saúde dos oceanos e os benefícios que são capazes de proporcionar mostra que a situação média para o planeta é crítica. Há uma capacidade muito baixa de fornecer alimentos e de aproveitar os produtos naturais e as possibilidades de turismo dos mares, o que deixa a nota global em 65 dentro de 100 possíveis.

A avaliação, divulgada ontem, 15, é uma atualização melhorada do Índice de Saúde do Oceano, lançado em 2012. O trabalho colaborativo de cientistas de várias universidades e ONGs liderados por Ben Halpern, do Centro Nacional para Análise e Síntese Ecológica, dos EUA, avalia a pontuação obtida por 221 zonas econômicas exclusivas em dez itens. O Brasil tirou nota 66, ficando na 83ª posição.

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Além dos três tópicos citados acima, são avaliadas as condições de oportunidades de pesca artesanal, biodiversidade, economia e subsistência costeira, águas limpas, armazenamento de carbono, proteção costeira e identidade local. Do ano passado para cá houve uma mudança na metodologia que elevou as notas médias dos países, mas, de acordo com os organizadores, nas condições gerais, não houve nenhuma melhora.

"A situação continua péssima em todo o mundo. Estamos usando mal os oceanos. Abusamos dos recursos, fazemos ocupação desordenada da costa, poluímos, fazemos um turismo predatório e por causa disso tudo estamos colocando esse grande bioma em risco", afirma André Guimarães, diretor executivo da Conservação Internacional no Brasil, que colabora com o levantamento.

Ele lembra, no entanto, que só um ano se passou desde que o estudo começou a ser feito, o que não é tempo suficiente para ver mudanças. "O índice traz oportunidades para planejar esse uso. Antes, não tínhamos parâmetros para acompanhar o que acontece, tanto para o bem quanto para o mal", comenta.

Seguindo a tendência global, o Brasil obteve sua nota mais baixa em uso dos produtos naturais (15), provisão de alimentos (24) e turismo (34). Nos três casos, a nota nacional é menor que a média do planeta (respectivamente 31, 33 e 39). O País vai melhor em oportunidades de pesca artesanal (99 ante 95), armazenamento de carbono (92 ante 74) e proteção costeira (85 ante 69).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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