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De acordo com os dados coletados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), subdivisão da Organização das Nações Unidas (ONU), uma cidade russa conhecida como Verkhoyansk teve temperatura recorde registrada: 38°C. Vale lembrar que este número não condiz com a temperatura média da região ártica, já que geralmente o verão proporciona uma temperatura que não passa dos 10°C.

Tal fator parece ser, segundo especialistas, mais um reflexo das mudanças climáticas que já têm mostrado consequências em diversos ecossistemas, assim como incêndios que devastam plantações, além de perda de alta quantidade de gelo marinho. Fatores como este foram recorrentes em 2020, um dos três anos mais quentes já registrados por órgãos internacionais.

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A região ártica é caracterizada por ser um local no extremo norte do planeta, que junto com o Oceano Ártico e o Polo Norte formam o Círculo Polar Ártico. Esta mesma região ainda é a fronteira de alguns países localizados no norte da Ásia, como por exemplo, cidades pertencentes à Rússia. Além deste, a região no topo do planeta também corta algumas regiões do Canadá, Groelândia, Finlândia e Noruega.

 

 

A flexibilização das medidas de isolamento social, resultante do avanço da vacinação contra a Covid-19, tem reaquecido o ritmo de atividade dos serviços turísticos. A expectativa é que o segmento contrate 478,1 mil trabalhadores formais entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022. Desse total, 81,7 mil serão voltados, especificamente, para atender à demanda da alta temporada, com vagas temporárias, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

De acordo com o Índice de Atividades Turísticas, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de receitas do setor avançou 49,1% desde o fim da segunda onda da pandemia no Brasil. E, embora ainda esteja 20,7% abaixo do nível registrado antes do início da crise sanitária, é o melhor resultado desde fevereiro de 2020.

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Com a permanência desse cenário, a CNC projeta que as atividades turísticas faturem R$ 171,9 bilhões ao longo da próxima alta temporada o que contribuiria para levar o nível de volume de receitas ao patamar registrado imediatamente antes do início da pandemia a partir de maio de 2022.

Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, um sinal de reativação parcial das atividades é o comportamento de preços setoriais.

“Embora, durante a primeira onda da pandemia de Covid-19, os serviços turísticos tenham ficado mais baratos, apresentando reduções de 6,3% nas diárias de hotéis e pousadas e de 28,5% nas passagens aéreas, por exemplo, nos últimos meses, a retomada da demanda e, principalmente, a evolução de tarifas, como a energia elétrica, vêm pressionando praticamente todos os preços da economia”, avaliou.

De acordo com a entidade, apenas em 2021, a energia elétrica acumulou alta de 24,97% e os gastos com energia representam, em média, 19% dos custos nos serviços de hospedagem e 15% em bares e restaurantes

“Ainda assim, de março de 2020 a outubro de 2021, a variação média dos preços dos serviços turísticos (+7,8%) se deu abaixo da inflação medida pelo IPCA-15 (+11,8%) e alguns serviços típicos do setor ainda apresentaram preços inferiores aos praticados antes do início da crise sanitária, como hospedagem (-5,7%), transporte por aplicativo (-6,7%) e passagens rodoviárias intermunicipais (-10,7%)”, informou a CNC.

Avanço na vacinação

O estudo também aponta que os impactos positivos da flexibilização vêm sendo percebidos na geração de postos de trabalho formal nas atividades turísticas. Em 2020, quando o setor apresentou retração de 36% no volume de receitas, a diferença entre o número de admissões (897,51 mil) e desligamentos (1,13 milhão) produziu um saldo negativo anual de 238,68 mil vagas, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Entre janeiro e setembro de 2021, antes do início do período de contratações para a alta temporada, as empresas já haviam registrado um saldo positivo de 167,53 mil postos formais. A maior parte dessas vagas (126,8 mil) foi gerada a partir de maio, com o avanço da vacinação.

O economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes, analisa que, tradicionalmente, o segmento que mais oferece oportunidades temporárias nessa época do ano é o de bares e restaurantes.

“Para a temporada iniciada este ano, o ramo deverá responder por 77,5% ou 63,4 mil vagas. Outro ramo que costuma se destacar é o de hospedagem, que, historicamente, oferece durante o período a quase totalidade (97,2%) das suas vagas temporárias ao longo de doze meses. Para a alta temporada 2021/2022, esse segmento deverá responder por 13,8% (11,2 mil) do total de empregos criados no turismo”.

Em relação às ocupações, os principais profissionais demandados pelo setor ao longo da próxima alta temporada deverão ser recepcionistas (14,49 mil vagas); cozinheiros e auxiliares (8,09 mil); camareiros (7,30 mil); garçons e auxiliares (4,76 mil); e auxiliares de lavanderia (7,76 mil). A expectativa é que São Paulo (23,49 mil vagas), Rio de Janeiro (10,34 mil) e Minas Gerais (7,43 mil) ofereçam metade do total de vagas.

Os sete anos entre 2015 e 2021 foram provavelmente os mais quentes já registrados, anunciou neste domingo (31) a Organização Meteorológica Mundial (OMM), em um relatório alertando que o clima está entrando em "território desconhecido".

Este relatório anual sobre o estado do clima "tem por base os dados científicos mais recentes que mostram que o planeta está mudando diante dos nossos olhos", afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, citado no texto.

"Das profundezas dos oceanos ao topo das montanhas, do derretimento das geleiras aos incessantes eventos climáticos extremos, ecossistemas e comunidades em todo o mundo estão sendo destruídos", acrescentou.

O texto, elaborado a partir de observações em solo e por meio de satélites de serviços meteorológicos de todo o mundo, é publicado no início da Conferência sobre as Mudanças Climáticas da ONU, COP26, neste domingo.

A cidade escocesa de Glasgow hospeda a conferência, na qual a comunidade internacional deverá intensificar sua luta para limitar o aquecimento global e, idealmente, a um máximo de +1,5ºC.

A COP26 "deve ser um ponto de inflexão para as pessoas e para o planeta", defendeu Guterres.

O relatório é baseado nos registros históricos das temperaturas no planeta e, em particular, utiliza o período 1850-1910, que os especialistas climáticos da ONU (IPCC) usam como base para comparar com os dias de hoje.

A humanidade está emitindo atualmente muito mais do que o dobro das emissões de gases de efeito estufa em comparação com aquela época.

No entanto, esses registros históricos não levam em consideração fenômenos meteorológicos anteriores, que são registrados graças à paleontologia climática.

- Tom alarmante -

O tom do relatório da OMM é alarmante, relacionando secas, incêndios florestais, grandes inundações em diferentes regiões do planeta com a atividade humana.

O ano de "2021 é menos quente do que os últimos anos devido à influência de um episódio moderado de La Niña ocorrido no início do ano. O La Niña tem um efeito de resfriamento temporário sobre a temperatura média global e afeta as condições meteorológicas e climáticas. A marca do La Niña foi claramente observada no Pacífico tropical", lembra o texto.

No entanto, a temperatura média dos últimos 20 anos ultrapassou a barreira simbólica de +1°C pela primeira vez.

"As persistentes precipitações superiores à média registradas durante o primeiro semestre do ano em algumas partes do norte da América do Sul, especialmente no norte da Bacia do Amazonas, ocasionaram inundações graves e de longa duração na região", acrescenta o texto.

E, ao mesmo tempo, "pelo segundo ano consecutivo, ocorreram grandes secas que devastaram grande parte da região subtropical da América do Sul. As precipitações foram abaixo da média na maior parte do sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e norte da Argentina".

Os especialistas reconhecem que utilizaram um sistema de "atribuição rápida", ou seja, o estudo de eventos naturais extremos logo após sua ocorrência, para determinar até que ponto eles são responsabilidade da atividade humana.

"O IPCC observou que houve um aumento de chuvas fortes no Leste Asiático, mas há um baixo nível de confiança em relação à influência humana", reconhece o texto, por exemplo.

De acordo com o mais recente relatório publicado pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG), o Brasil continua com índices em tendência de alta no que diz respeito às emissões de gases do efeito estufa. Vale lembrar que o fenômeno aconteceu com mais intensidade nos últimos dois anos - e 2020 registrou a maior taxa de emissão desde 2006.

Dentre os registros mais chamativos do relatório, está o fato do Brasil ter tido um aumento de 9,5% nas emissões de gases em 2020, no período de pandemia, enquanto no mundo todo houve queda de aproximadamente 7%. Ao que tudo indica, os principais fatores que podem ter acarretado nesse acontecimento são os aumentos de desmatamento, seja na região da Amazônia ou no Cerrado.

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A emissão de gases que vão diretamente para a atmosfera é o principal fator que agrava a crise climática no mundo. Para conter o fenômeno, foi criado o “Acordo de Paris”, programa nacional que visa conscientizar os países a diminuirem as taxas de gases ofensivos. A meta do projeto é estabilizar a temperatura do planeta em 1,5°C nesse século, mas para isso é necessário reduzir as emissões em 7,6% ao ano, entre 2021 e 2030.

 

 

Publicado no início de agosto, o mais recente relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU (Organização das Nações Unidas) aponta como um fato o aquecimento global de 1,1°C, provocado pela ação humana, desde o início da Revolução Industrial. Segundo o relatório, esse aquecimento da atmosfera, oceanos e superfície do planeta gerou mudanças climáticas drásticas e sem precedentes nos últimos milênios, como ondas extremas de calor, chuvas mais intensas e seca mais severa e prolongada.

Para o professor e pesquisador do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará (UFPA) José Henrique Cattanio, especialista em mudanças climáticas, já é possível detectar aumento de temperatura na região paraense. “No Estado do Pará, em uma análise de 1973–2013, é observada tendência de aumento na temperatura entre 0,4 e 0,8 °C por década, sendo que todas as regiões do Estado mostraram aumento de temperatura atmosférica”, afirmou.

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O especialista também afirma que o aumento da temperatura ocorre em toda a Amazônia. “As projeções do IPCC (2021) apontam para um aquecimento praticamente certo em todas as sub-regiões do bioma Amazônia. Existem fortes evidências que o aquecimento continuará em todos os lugares na América do Sul”, disse.

José Henrique explica que é grande a possibilidade de eventos climáticos extremos na região se tornarem mais frequentes, como o estresse térmico extremo, quando a temperatura aumenta acima de 41°C. “Já é possível observar um aumento nos extremos climáticos para a temperatura do ar em todas as sub-regiões da Amazônia”, declarou. O professor também cita redução das chuvas e maior frequência e duração de dias secos por causa das mudanças climáticas.

“Dados anuais mostraram reduções nas precipitações e aumento na evapotranspiração entre 2000 e 2016. Isto indica que o clima Amazônico está tendendo a ficar mais seco e mais quente, diminuindo a água disponível no solo para as plantas (agrícolas e florestas)”, afirmou.

Segundo o pesquisador, outro efeito do aquecimento global na região será a redução do litoral amazônico, provocada pelo aumento do nível do oceano. “Em 2100, com o aquecimento global e degelo dos glaciares e calotas polares, projeta-se um recuo médio entre 50m a 100m para o litoral Amazônico, ou seja, algumas construções nesta faixa no litoral serão inundadas pelas marés”, disse.

Para o professor José Henrique, é preciso tomar atitudes para controlar o aquecimento global antes que ele se torne definitivamente irreversível. “Se chegarmos a um aumento de 2°C na temperatura global não teremos mais volta ao que era antes da industrialização. Para os governos amazônicos, seria fundamental que fizessem cumprir a Lei Ambiental e fiscalizassem o avanço do desflorestamento”, afirmou.

Conforme explica o professor, a lei estabelece que 20% da cobertura florestal original pode ser modificada para atividades como agricultura e pecuária. “No Pará, este limite já foi atingido. Neste sentido, até que se recuperem as áreas já alteradas nas propriedades, que não estão de acordo com a Lei, seria imprescindível adotar desflorestamento zero”, disse.  

O pesquisador entende que os governos ignoram a urgência da situação mostrada pela ciência. “Nossos governantes não conseguem olhar para o futuro. Se assim o fizessem e acreditassem no que os cientistas estão prevendo, não haveria mais desflorestamento na Amazônia, pelo simples e irrefutável fato de que as chuvas que ocorrem ao sul da região amazônica dependem das florestas que aqui ainda existem”, finalizou.

Um dos grandes desafios que a floresta amazônica enfrenta nos últimos anos é a intensificação do desmatamento, atividade que contribui para o aquecimento global. “Nossos últimos monitoramentos apontaram a intensificação da fronteira do desmatamento que abrange o sul do Amazonas e partes dos Estados do Acre e Rondônia”, explicou Larissa Amorim, pesquisadora do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – Imazon.

Larissa reforça que a intensificação do aquecimento global levará à ocorrência de eventos climáticos extremos que irão afetar a região. A pesquisadora cita as alterações no ciclo hidrológico, que influenciam o regime das chuvas, comprometendo o armazenamento de água e podendo causar crises energéticas.

Para combater e diminuir o desmatamento e seus efeitos, a pesquisadora diz ser preciso aumentar a fiscalização nas áreas mais críticas, embargar áreas que foram desmatadas ilegalmente e punir os responsáveis. Além disso, Larissa destaca que é preciso recuperar e reutilizar áreas já desmatadas. “Também é preciso destinar terras públicas que ainda não tiveram seu uso definido para a criação de áreas protegidas, como territórios indígenas e quilombolas ou unidades de conservação”, afirmou.

Segundo Larissa, a falta de fiscalização, junto com ações que buscam flexibilizar as leis ambientais, e a falta de políticas públicas destinadas à preservação ambiental dificultam o combate ao desmatamento e incentivam o desmatamento ilegal. “Sem o devido controle do desmatamento, teremos como consequência a perda da biodiversidade de fauna e de flora. Além da ameaça ao território de povos e comunidades tradicionais, como indígenas, ribeirinhas, quilombolas e extrativistas”, finalizou.  

Por Felipe Pinheiro.

 

Os trópicos podem tornar-se inabitáveis para o ser humano se não conseguirmos limitar o aquecimento global a 1,5 grau centígrado, alertam os cientistas. Cumprir as metas climáticas mundiais pode evitar que as populações das regiões tropicais enfrentem episódios de "calor insuportável".

"O calor extremo, em consequência do aquecimento global, é uma questão preocupante para a crescente população tropical", diz novo estudo publicado nessa segunda-feira (8), na revista científica Nature Geoscience.

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As regiões tropicais do planeta podem atingir ou mesmo exceder os limites suportados pela vida humana, devido às alterações climáticas. O aumento do calor e da umidade ameaçam, assim, submeter grande parte da população mundial a condições potencialmente letais.

Se não conseguirmos limitar o aquecimento global a 1,5 grau centígrado , as faixas tropicais que se estendem em ambos os lados do Equador correm o risco de se transformar num novo ambiente que atingirá "os limite da habitabilidade humana", adverte a pesquisa.

Desenvolvido pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, o estudo lembra que a capacidade de o ser humano "arrefecer" o seu corpo depende de certas condições de temperatura e umidade do ar.

Como explicam os cientistas, há um limite de sobrevivência além do qual uma pessoa já não consegue regular a sua temperatura corporal com eficácia. Esse limite é excedido quando o denominado termômetro de bulbo úmido (WBGT, a temperatura mais baixa que pode ser alcançada apenas pela evaporação da água). indica que a temperatura e a umidade do ar ultrapassam os 35 graus centígrados.

Isto é, temos uma temperatura corporal que permanece relativamente estável em 37 graus, enquanto a nossa pele é mais fria para permitir que o calor flua.

Mas se a temperatura do bulbo úmido exceder os 35 graus, o corpo torna-se incapaz de se resfriar. "Se estiver demasiadamente úmido, o nosso corpo não consegue arrefecer evaporando o suor – é por isso que a umidade é importante quando consideramos a habitabilidade em um local quente", disse ao Guardian Yi Zhang,  investigador da Universidade de Princeton que conduziu o novo estudo.

"As altas temperaturas são perigosas ou mesmo letais", acrescentou.

Nesse sentido, os especialistas concluíram que o aumento da temperatura tem de ser limitado a 1,5 grau para evitar que as regiões dos trópicos ultrapassem os 35 graus na temperatura do bulbo úmido.

Considerando o atual contexto de aquecimento global, os autores alertam que essas regiões podem experimentar "eventos de calor extremo" nos próximos anos, que podem exceder o "limite de segurança".

Cumprir metas climáticas é solução

As condições perigosas e "intoleráveis" nos trópicos podem ocorrer ainda antes do limiar de 1,5 grau.

De fato, o mundo já aqueceu, em média, cerca de 1,1 grau centígrado nos últimos anos, e embora os governos tenham prometido, no acordo climático de Paris, manter as temperaturas a 1,5 grau, os cientistas têm alertado que esse limite pode ser ultrapassado dentro de uma década.

Isso tem implicações potencialmente negativas para milhões de pessoas - cerca de 40% da população mundial vivem, atualmente, em países tropicais, sendo que essa proporção deverá aumentar para metade da população mundial até 2050.

"Pode-se pensar neste termômetro do bulbo úmido como uma imitação do processo de arrefecimento da pele humana por meio da evaporação do suor - é por isso que é relevante para o stress térmico dos nossos corpos", explicou Zhang.

"Quanto mais seco for o ambiente, mais eficaz é a evaporação e menor a temperatura do bulbo úmido", acrescentou.

A investigação de Princeton centrou-se em regiões tropicais, em latitudes entre 20 graus a norte do Equador, uma linha que corta o México, a Líbia e Índia, até 20 graus ao sul, que passa pelo Brasil, Madagascar e o norte da Austrália.

*Com informações da RTP - Rádio e Televisão de Portugal

Com o avanço do aquecimento global, o ano de 2020 deve terminar como um dos três mais quentes do registro histórico, e a década de 2011 a 2020 como a mais quente desde que a temperatura começou a ser medida, no fim do século 19. É o que estima a Organização Meteorológica Mundial (OMM) com base na situação observada entre janeiro e outubro deste ano. Um relatório prévio do seu Estado do Clima Global em 2020 foi divulgado nesta quarta-feira (2).

"A temperatura média global em 2020 deve ficar em cerca de 1,2°C acima do nível pré-industrial (1850-1900). Há pelo menos uma chance em cinco de exceder temporariamente 1,5°C até 2024", afirmou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em comunicado à imprensa. Conter o aquecimento do planeta em 1,5°C até o fim do século é o objetivo mais ousado do Acordo de Paris, estabelecido em 2015, mas parece estar cada vez mais longe de ser alcançado.

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Mesmo com as medidas de lockdown adotadas em vários países neste ano por causa da pandemia de Covid-19, que paralisaram atividades industriais, a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, que provocam o aquecimento do planeta, continuaram subindo, já havia informado no fim de novembro a OMM. No próximo dia 12 o Acordo de Paris completa cinco anos, mas os compromissos que quase 200 países do mundo fizeram para reduzir suas emissões não estão deixando o mundo no caminho de conter a elevação da temperatura. "Mais esforços são necessários", frisou Taalas.

Ele lembra que o ano mais quente até então, o de 2016, coincidiu também com a forte ocorrência do fenômeno El Niño, que aquece as águas do Pacífico e colaboram com o aumento da temperatura do planeta. Mas em 2020 está em vigor um fenômeno contrário, um La Niña, que tem um efeito de esfriamento, mas mesmo assim a temperatura média da Terra subiu. "Não foi suficiente para colocar um freio no aquecimento deste ano. Este ano já mostrou recordes de calor comparáveis aos de 2016", afirmou.

Diversas partes do planeta sofreram neste ano com ondas de calor extremo, com queimadas devastadoras na Austrália, na Sibéria, na costa oeste dos Estados Unidos e na América do Sul. Os incêndios no Pantanal neste ano foram recordes desde o início das medições, em 1998, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), piorados em parte pela seca intensa e pelas altas temperaturas. Cidades do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul e de São Paulo bateram recordes de temperatura neste ano. A cidade de São Paulo teve a segunda maior temperatura da sua história.

De acordo com o relatório, a temperatura do oceano está em níveis recordes e mais de 80% dos mares do planeta experimentaram uma onda de calor marinha em algum momento de 2020, impactando de forma generalizada os ecossistemas marinhos que já sofrem com águas mais ácidas devido à absorção de dióxido de carbono (CO2). Esse aquecimento dos oceanos colaborou com a ocorrência de um número recorde de furacões no Atlântico.

O cemitério já foi mudado duas vezes, a velha escola está debaixo da água e a nova enfrenta o mesmo destino com a erosão constante que está devorando as terras em Napakiak.

Esta pequena aldeia localizada no sudoeste do Alasca, por onde passa o sinuoso rio Kuskokwim, é uma das várias comunidades indígenas costeiras deste estado dos Estados Unidos, cuja própria existência e estilo de vida estão ameaçados pela altas temperaturas.

"O litoral sofre erosão muito mais rápido do que o esperado e temos que nos afastar continuamente do rio para áreas mais altas", explica Walter Nelson, vereador da cidade, a uma equipe da AFP em recente visita a uma isolada população de apenas 350 habitantes, a maioria esquimós Yupik.

"Aqui lidamos com a mudança climática diariamente", acrescenta.

Ele mostra casas e outras construções, principalmente sobre palafitas, que são afetadas pela rápida erosão costeira e o derretimento do "permafrost", uma camada de solo que costumava ser permanentemente congelada e sobre a qual muitas aldeias nativas do Alasca foram construídas.

"É uma corrida constante contra o tempo. Agora o mercado local, o corpo de bombeiros e o prédio da cidade são os primeiros da lista de relocação", explicou Nelson. "A escola vem depois, mas não podemos movê-la; teremos que derrubá-la e construir uma nova".

- Isolamento -

O mesmo drama é experimentado em outras comunidades costeiras do Alasca, que estão cada vez mais isoladas porque as rotas que são formadas no inverno com o rio congelado são cada vez mais escassas com o aumento das temperaturas.

De acordo com um relatório de 2009 do Government Accountability Office, a maioria das mais de 200 aldeias indígenas no estado são afetadas pela erosão e inundação, e 31 enfrentam "ameaças iminentes".

Newtok é uma das comunidades que podem ficar debaixo d'água. Seus 350 moradores terão que se mudar em breve para um novo assentamento a cerca de 15 km de distância.

Mais ao sul, em Quinhagak, que faz fronteira com o Mar de Bering e está localizado na foz dos Kuskokwim, os líderes comunitários também estudam a possibilidade de mudar a vila de 700 habitantes para uma área mais segura.

"Já mudamos duas vezes, a última em 1979", conta Warren Jones, presidente de uma corporação Yupik local conhecida como Qanirtuuq Inc.

"Mas a erosão está acontecendo tão rápido que estamos preparando um pedaço de terra para o novo local muito mais longe do mar", explica.

- "Ameaças existenciais" -

Segundo os cientistas, o Alasca está aquecendo duas vezes mais rápido que a média mundial, com temperaturas em fevereiro e março batendo recordes.

"Entre 1901 e 2016, as temperaturas médias do continente dos Estados Unidos aumentaram 1,8 graus Fahrenheit [1ºC], enquanto no Alasca aumentaram 4,7 graus [2,6ºC]", alertou Rick Thoman, do Centro de Avaliação e Políticas do Clima do Alasca.

"Isso está afetando desproporcionalmente as comunidades rurais do Alasca, muitas das quais enfrentam ameaças existenciais de longo prazo", acrescentou.

Em Napakiak, que é cercada por quilômetros de tundra plana pontilhada por pequenos lagos e acessível apenas de avião ou barco, o trabalho em tempo integral de Harold Ilmar na última década tem sido proteger a vila de tempestades, inundações e a constante erosão do rio que cobre grandes extensões de terra.

Em média, movimenta cerca de cinco estruturas por ano para terrenos mais altos e, com poucos meios a sua disposição, tenta controlar as ondas colocando sacos de areia e folhas de plástico nas bordas.

"Isso não para e durante as emergências, eu trabalho até nos fins de semana", disse ele. "Acho que seria melhor se mudássemos toda a aldeia para um lugar mais alto", acrescentou, apontando para uma pedra a cerca de um quilômetro da costa.

- Fossas comuns -

Os líderes da Napakiak, assim como de outras comunidades, têm feito nos últimos anos viagens a conferências por todo o país para dar o alerta sobre a mudança climática e o afundamento de suas aldeias.

"Passamos a dizer às pessoas para virem nos visitar porque é preciso para acreditar", disse Nelson.

"Eles não vão entender o que está acontecendo através de um telefonema", acrescenta, explicando que sua aldeia até começou a usar caixões de metal em vez de madeira, que são mais resistentes, já que muitos corpos não puderam ser recuperados quando os dois cemitérios anteriores foram levados pela água.

"Temos duas valas comuns agora cheias de restos de pessoas que não conseguimos identificar", contou.

E ele aceita resignadamente que, em longo prazo, dada a velocidade da erosão e o aumento das inundações, Napakiak poderá acabar sob as águas e seus moradores terão de se juntar ao crescente número de refugiados do clima, forçados a abandonar suas terras.

"Nós achamos que 2016 e 2018 foram os anos mais quentes, mas 2019 está quebrando todos os recordes", lamentou.

"Todo ano acaba sendo o mais quente".

"Quem sabe o que vamos enfrentar nos próximos 10 anos?", conclui.

As ondas de calor registradas neste verão devem arrefecer em fevereiro. A previsão é do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Segundo técnicos do órgão, os fatores que levaram à elevação da temperatura no mês passado, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, perderão influência e as próximas semanas devem ser marcadas por temperaturas altas, mas dentro das médias históricas.

Segundo o meteorologista Mamedes Luiz Melo, o tempo quente no Sudeste é consequência do bloqueio da frente fria que vinha do Sul e que normalmente provocava chuvas na região. Entretanto, esse bloqueio tende a perder força neste fim de semana, facilitando as chuvas e, consequentemente, temperaturas mais amenas.

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Nesta semana, o Rio de Janeiro chegou a bater mais de 40ºC, com sensação térmica de 46ºC. O mês de janeiro foi recorde em temperaturas elevadas na capital fluminense e no estado do Rio de Janeiro, com média de 37,4ºC, superando as médias máximas encontradas em janeiro de 1984 (36,4ºC) e de 2014 (36,7ºC), que eram as mais altas até hoje. No estado do Rio de Janeiro, as médias de temperatura máxima no primeiro mês do ano foram observadas em Santa Cruz e Seropédica (37,4ºC), Rio Bonito (37,3ºC) e Realengo (37,2ºC). Em todos esses lugares, a média ficou em torno de quatro pontos acima do esperado.

Em Brasília, por exemplo, janeiro foi o terceiro mês com menos chuva desde o início da medição, em 1961, logo após a criação da cidade, segundo dados do Inmet. A média foi de 74,3 milímetros, menos da metade do ano anterior, quando ficou em 150,6 milímetros. O índice foi apenas 18% do registrado em 2016, que ficou em 400 milímetros.

Já no tocante à temperatura, a máxima de janeiro na capital federal foi de 31,4ºC. O registro foi maior do que o ano anterior (30,9ºC), mas um pouco inferior a 2017, quando a máxima chegou a 32,2ºC. Na temperatura média, a comparação entre os anos também mostra grande calor em janeiro de 2019, mas ainda abaixo da média de 2017.

Consumo de bebidas

Em janeiro, as condições climáticas levaram os consumidores a bater recordes de uso de energia em quatro vezes dentro de duas semanas, segundo o Sistema Interligado Nacional (SIM) .

As altas temperaturas também foram percebidas por impactos na economia, como no aumento do consumo de bebidas.

Pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) revela que a aposta de vendas para o verão, no setor de bebidas, é de aumento de 12,9% para a cerveja. Em seguida, aparecem refrigerantes, com crescimento das vendas no período de 12,7%, acompanhada por água mineral, com 12,6%; chá líquido (12,4 %); espumante (11,9%); suco (10,9%); e água de coco (10%).

A pesquisa foi realizada entre os dias 4 de setembro e 5 de outubro de 2018, com participação de 102 empresas de todo o país. Para o verão de 2019, 48% dos supermercadistas apostam em estabilidade nas vendas, enquanto 45% projetam vendas maiores e 7% preveem queda.

Notícia falsa

As temperaturas elevadas foram aproveitadas para a disseminação de desinformação. Mensagens circularam alegando que em fevereiro haveria uma forte onda de calor. Com base nas previsões do órgão de amenização das sensações térmicas, o Instituto Nacional de Meteorologia divulgou uma nota esclarecendo que esses conteúdos não têm base.

Segundo o órgão, o texto veiculado recentemente nas redes sociais “não possui qualquer fundamento técnico/científico e nenhuma base de estudo ou pesquisa climatológica ou de previsão climática”.

O ano de 2018 foi mesmo o mais quente já registrado para os oceanos. Em apenas uma semana, dois estudos publicados em revistas científicas de peso apresentaram esta mesma conclusão. Um trabalho divulgado nesta quarta-feira (16) aponta que o aumento do calor medido em 2018, em relação a 2017, é 388 vezes maior do que toda a geração de eletricidade da China no ano retrasado - e cem milhões de vezes mais do que o calor gerado pela bomba de Hiroshima.

Os anos de 2017, 2015, 2016 e 2014 (nesta ordem) foram os mais quentes dos registros, mostrando uma tendência clara de aquecimento. Os resultados foram baseados em análises de temperatura feitos pelo Instituto de Física Atmosférica e a Academia Chinesa de Ciências. Na semana passada, estudo mostrou que o os oceanos estão se aquecendo de modo acelerado.

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O novo trabalho publicado na revista "Advances in Atmospheric Sciences" lança nova luz sobre como a temperatura das águas oceânicas vem mudando ao longo dos anos. A mudança na quantidade de calor é considerada uma das melhores - se não a melhor - forma de medir as mudanças climáticas provocadas pelos gases do efeito estufa emitidos por atividades humanas.

Os oceanos cobrem 70% da superfície da Terra e absorvem mais de 90% do calor excedente das mudanças climáticas. Além disso, segundo os cientistas, o aquecimento dos oceanos é menos impactado por flutuações naturais e, portanto, é um importante indicado do aquecimento global, representando também uma base para ações de adaptação e mitigação.

"Os novos dados, ao lado de uma vasta literatura sobre o tema, servem como aviso adicional aos governos e ao público em geral de que estamos vivenciando um aquecimento global inexorável", afirmou Lijing Cheng, principal autor do relatório. "O aquecimento já está acontecendo e causa sérios danos e perdas para a economia e para a sociedade." Segundo Cheng, medidas devem ser tomadas imediatamente para minimizar as tendências de aquecimento.

Nível do mar

Os pesquisadores também frisam que o aumento do calor nas águas oceânicas - que, segundo eles, vai continuar a aumentar - deve ser motivo de preocupação da comunidade científica e do público em geral. Isso porque o aumento da temperatura das águas resulta em aumento do nível do mar. Exemplos desses problemas são a contaminação de água potável com água salgada e o comprometimento de infraestrutura nas áreas costeiras.

Uma outra consequência importante é que o aumento da temperatura da água afeta diretamente o sistema climático global, provocando tempestades mais intensas e chuvas mais pesadas, bem como secas e ondas de calor. Outro resultado nefasto é o branqueamento e a morte de corais e o derretimento do gelo marinho.

Para os cientistas, compreender o impacto do problema pode ser uma ferramenta importante para a indústria pesqueira e do turismo, por exemplo. "Essas informações podem ajudar o público em geral e os governos a tomar decisões mais embasadas e criar um futuro sustentável para todos nós."

O tenista espanhol Rafael Nadal estreou o ano de 2018 com derrota. Nesta terça-feira, ele foi derrotado pelo francês Richard Gasquet pelo placar de 2 sets a 0, com parciais de 6/4 e 7/5, em uma exibição disputada em Melbourne. Gasquet nunca vencera o dono de dez títulos de Roland Garros no circuito profissional - são 15 vitórias de Nadal em 15 jogos contra o adversário.

Exibindo dificuldade típica de um início de temporada, Nadal cometeu muitos erros não forçados, principalmente com o seu potente forehand. Mas não exibiu falta de movimentação ou dores no joelho direito, que o tiraram do ATP Finals, no final da temporada passada.

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"Se eu não estivesse me sentindo bem, provavelmente não estaria aqui. Então, isso é uma boa notícia", comentou Nadal, ao garantir estar 100% fisicamente. "Foi um bom teste hoje para mim e uma boa prática. Isso é o que é importante", declarou o atual vice-campeão do Aberto da Austrália.

Nadal chegará ao primeiro Grand Slam da temporada sob certa desconfiança da torcida. Ele não disputou nenhum torneio oficial antes de jogar em Melbourne a partir do dia 15. Desistiu de uma exibição em Abu Dabi no fim do ano e descartou o Torneio de Brisbane, também na Austrália, na primeira semana de 2018.

As ausências geraram especulações sobre o seu estado físico. "Tive um longo ano em 2017. Então precisei começar a temporada um pouco mais tarde do que o comum. Mas eu cheguei aqui com muito tempo [para treinar]. E foi um bom dia para sentir o feeling novamente de jogar uma partida", declarou o espanhol.

FEDERER - Enquanto Nadal ainda preocupa os fãs para o Aberto da Austrália, o suíço Roger Federer já mostrou boa forma física e técnica neste ano. Ao lado da compatriota Belinda Bencic, ele faturou o título da Copa Hopman, torneio entre países, no fim de semana.

Durante a competição, não perdeu nenhum jogo de simples. E bateu jovens rivais como o russo Karen Khachanov, o norte-americano Jack Sock e o alemão Alexander Zverev, atual número quatro do mundo.

Nesta terça-feira, o atual campeão do Aberto da Austrália treinou pela primeira vez nas dependências do Complexo de Melbourne Park. Ele bateu bola na Margaret Court, uma das principais quadras do torneio. Atual número dois do mundo, o suíço busca o sexto título no Grand Slam disputado em Melbourne.

Três mil bombeiros lutavam nesta terça-feira em Portugal para controlar mais de 150 incêndios florestais, segundo as autoridades, enquanto o clima seco impulsionava as chamas. Mais de 800 bombeiros, com o apoio de unidades aéreas, concentravam-se em extinguir um grande fogo próximo da localidade de Vila de Rei, no centro do país.

A emissora pública portuguesa RTP mostrou imagens de grandes chamas de noite, que pela manhã haviam deixado amplas extensões de bosque calcinadas perto da localidade, de onde as autoridades retiraram 112 pessoas na segunda-feira. Além disso, 300 bombeiros lutavam contra as chamas em outro grande incêndio no interior do país.

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A RTP mostrou imagens nas quais se via o fogo avançando sob a fumaça em meio a colinas de bosques, o que ameaçava os povoados de Ferreira do Zêzere e Macedo de Cavaleiros.

Desde 9 de agosto, 55 pessoas ficaram feridas por incêndios em Portugal, quatro delas em estado grave, indicou a porta-voz da Defesa Civil Patricia Gaspar. O clima não dá respiro aos bombeiros, segundo a funcionária.

A expectativa é de aumento da temperatura no interior de Portugal, com a chance de alcançar os 40º Celsius. Portugal tem sido especialmente golpeada pelos incêndios florestais deste ano por causa da seca. O pior episódio deixou 64 pessoas mortas em junho.

A agência portuguesa de Defesa Civil registrou no sábado um recorde, com 268 focos de incêndio distintos no mesmo dia. Do total, 90% dos incêndios foram causados por intervenção humana, disse o órgão.

Os incêndios florestais em Portugal já consumiram mais de um terço da superfície total de florestas queimadas neste ano nas 28 nações da União Europeia. Fonte: Associated Press.

O governador da Flórida, Rick Scott, declarou na terça-feira emergência neste estado do sudeste dos Estados Unidos devido a uma centena de incêndios florestais que atualmente afetam milhares de hectares na região.

"Hoje declaro estado de emergência na Flórida para nos assegurarmos de que estaremos prontos para enfrentar esses incêndios", disse Scott em um comunicado. De acordo com o Serviço Florestal da Flórida, neste momento há 105 incêndios florestais ativos no estado, 23 deles de mais de 40 hectares de extensão.

Estes incêndios estão queimando mais de 8.000 hectares, enquanto que desde janeiro as chamas devastaram no total cerca de 28.000 hectares. Os meteorologistas preveem que os próximos meses serão mais quentes e secos que o normal na Flórida, de modo que os incêndios florestais devem continuar prosperando neste ano.

"Isso só pode piorar quando entrarmos nos meses de verão mais quentes, e é fundamental que tomemos todas as medidas possíveis agora para estar preparados", disse Scott. Os incêndios florestais queimaram uma área 250% maior no primeiro trimestre de 2017 do que no mesmo período do ano passado.

"Não vemos uma temporada tão ativa desde 2011", disse Adam Putnam, comissário de Agricultura da Flórida. "Estamos vendo que todas as áreas do nosso estado são suscetíveis aos incêndios florestais".

A ordem executiva de Scott libera recursos estatais para combater os incêndios e distribuir provisões.

Os mortos pelas inundações devido ao fenômeno climático El Niño Costeiro, que afeta o Peru desde o início do ano, chegam a 97, informou nesta quarta-feira o governo, que continuava resgatando pessoas isoladas após a cheia dos rios.

O novo balanço emitido pelo Centro de Operações de Emergência Nacional (Coen) elevou para sete o total de pessoas que faleceram desde sábado, depois que a região de Piura foi alvo das chuvas mais intensas nas últimas décadas, inundando a cidade de quase dois milhões de habitantes. O número de desabrigados em todo o país foi atualizado para 124.161 e o de afetados para 813.239, afirmou o COEN, que informou que 182.116 casas foram destruídas.

As autoridades peruanas assinalaram que nas últimas 48 horas em Piura mais de 5.000 pessoas foram ajudadas pelas Forças Armadas durante operações de resgate e trabalhos de evacuação de zonas inundadas. O envio de milhares de militares como socorristas tem sido constante no Peru, nas quase doze semanas que duram os temporais na costa norte do país.

O aquecimento das águas deu passagem para o El Niño Costeiro, que gera uma grande evaporação e fortes chuvas. Estas provocam as cheias dos rios e deslizamentos de terra e pedras, conhecidas no país como "huaicos".

Um grupo de cientistas argentinos comprovou que só faltam uns 20 quilômetros para que uma massa de gelo 30 vezes maior que a cidade de Buenos Aires se desprenda da Antártida para o mar, informaram hoje (21) fontes oficiais. As informações são da agência de notícias alemã DPA.

Os cientistas do Instituto Antártico Argentino (IAA) sobrevoaram a geleira denominada Barreira Larsen C, para registrar e analisar l evolução da fratura, indicou um informe realizado pelo Ministério da Defesa da Argentina.

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Segundo as estimativas do IAA, a superfície que se desprenderá tem uns 5.900 quilômetros quadrados. O desprendimento de enormes massas de gelo alterará o nível da água do mar que as circunda, disseram os cientistas.

Preocupação

O fenômeno é seguido "com preocupação" pelos especialistas, que mencionaram a possibilidade de que a fratura e sua progressão esteja vinculada "às mudanças climáticas globais, ainda que não haja conclusões" a respeito, disseram.

A camada de gelo se encontra a uns 500 quilômetros ao sul da Base Marambio da Argentina na Antártida. Os cientistas argentinos sobrevoaram a zona durante mais de cinco horas e atravessaram o Círculo Polar Antártico.

Em fevereiro passado a glacióloga Daniela Jansen, do Instituto Alfred-Wegener de Investigação Polar e Marinha sediado em Bremerhaven (Alemanha), recordou que em 2002 outro iceberg se desprendeu da barreira Larsen C e esta "continua quebrando-se".

Longo percurso

"Quanto mais gelo se funde na água, mais aumenta o nivel do mar", agregou Jansen. Ela explicou que o novo iceberg gogamte poderá  deslocar-se por milhares de  quilômetros e percorrer a península Antártica, primeiro para o norte e depois rumo ao leste.

“É provável que a massa de gelo termine derretendo-se antes de chegar às Ilhas Geórgias do Sul, 1.400 quilômetros a leste da costa argentina, indicou Jansen.

Da Agência DPA

O aquecimento global está fazendo com que os oceanos estejam mais doentes do que nunca, propagando doenças entre animais e seres humanos e ameaçando a segurança alimentar do planeta, segundo um relatório científico apresentado nesta segunda-feira.

As descobertas, baseadas em pesquisas científicas revisadas por pares, foram compiladas por 80 cientistas de 12 países, disseram especialistas no Congresso de Conservação Mundial realizado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) no Havaí.

"Todos sabemos que os oceanos sustentam o planeta. Todos sabemos que os oceanos proveem cada segundo de ar que respiramos", afirmou a diretora-geral da IUCN, Inger Andersen, à imprensa durante o encontro, que reúne 9.000 líderes e representantes de governos e de grupos ambientalistas em Honolulu.

"E no entanto estamos deixamos os oceanos doentes", completou.

O relatório, "Explicando o aquecimento do oceano", é o estudo "mais completo e sistemático que temos sobre as consequências do aquecimento global nos oceanos", disse Dan Laffoley, um dos autores principais.

As águas do mundo absorveram mais de 93% do calor gerado pelas mudanças climáticas desde 1970, amenizando as temperaturas em terra mas alterando dramaticamente o ritmo de vida nos oceanos, acrescentou o cientista.

"O oceano tem estado nos protegendo e as consequências disso são absolutamente maciças", disse Laffoley, vice-presidente da Comissão Mundial de Áreas Protegidas da IUCN.

A proposta que o governo brasileiro apresentou no domingo (27) de reduzir suas emissões em 37% em 2025 e em 43% em 2030, de acordo com os níveis de 2005, carece de mais detalhes para explicar exatamente como ela vai ser cumprida. Essa é a análise que alguns ambientalistas e cientistas estão fazendo após examinarem com mais cuidado o documento que traz as metas.

A presidente Dilma apresentou as informações principais em discurso na ONU, em Nova York, no domingo, mas o documento completo só foi conhecido na segunda-feira.

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Não está muito claro, por exemplo, como serão algumas ações em relação ao combate ao desmatamento e à recuperação e reflorestamento de 12 milhões de hectares.

"As metas gerais são ambiciosas, mas com planos de ação ao menos no setor de florestas fracos", afirma Britaldo Soares, pesquisador do Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais e uma das autoridades em mudança do uso da terra - o termo técnico para falar sobre desmatamento.

Ele pede que o governo abra a planilha de cálculos que foram feitos para estimar como é possível com essas ações chegar à redução de emissões estabelecida. O governo federal considera que o que é emitido com desmatamento é descontado pela absorção de CO2 pelas florestas protegidas em unidades de conservação e terras indígenas.

"Mas a Amazônia teve duas grandes secas, em 2005 e 2010, e nesse cenário acaba se emitindo carbono, porque as árvores morrem. Isso tem de entrar na conta", argumenta.

O Observatório do Clima, coalizão brasileira com mais de 30 organizações da sociedade civil, considera que o Brasil chega à Conferência do Clima de Paris em dezembro com boas cartas para iniciar as discussões. "Mas é pouco para o acordo final. Se todos os países ficassem no nível do brasileiro ainda assim estaríamos longe da meta dos 2°C. Isso deveria ser o piso de ambição do Brasil, mas para o acordo final precisamos de maior ambição de todos", afirma Carlos Rittl, secretário executivo do observatório.

Ele concorda que é preciso mais transparência no detalhamento de como as propostas para cada setor serão cumpridas. "As contas têm de ser abertas com toda a sociedade, até para que possamos analisar nossas capacidades", diz. Ele pede a abertura de um conjunto de estudos chamado "Opções de Mitigação", encomendado pelo Ministério da Ciência para ajudar na construção da meta e que está guardado sob sigilo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O plano era conter o aumento da temperatura do planeta em 2°C, mas as propostas de redução das emissões de gases de efeito estufa apresentadas por mais de uma centena de países até a quinta-feira (1) colocam a Terra no rumo de algo entre 2,7°C a 3,5°C, podendo ultrapassar 4°C até 2100.

Essa é a análise que dois grupos de pesquisa da Europa e dos Estados Unidos fizeram com base nas chamadas INDCs, conjunto de compromissos que os 195 países integrantes da Convenção do Clima das Nações Unidas foram convidados a apresentar como contribuição para a conferência que acontece em Paris em dezembro.

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O prazo para a entrega desses dados era quinta-feira. Até as 23 horas, 120 nações, representando cerca de 85% das emissões do planeta, apresentaram suas metas. O fato de tantos países terem tomado essa atitude é considerado positivo, porque mostra um compromisso de agir para combater o aquecimento global, mas ainda está aquém do necessário para evitar um futuro de mudanças climáticas mais severas. Dependendo do cálculo, pode-se ter uma redução mínima de emissões até 2030.

"Um mundo acima de 3°C pode ter extinção de no mínimo 15% de todas as espécies vivas do planeta. Acima de 3,5°C cria enormes dificuldades para a agricultura de cereais no Brasil. Os extremos vão ocorrer com mais frequência e talvez com mais intensidade. É uma grande mudança climática", comenta Carlos Nobre, um dos principais climatologistas do Brasil.

Justificativa

O "calcanhar de Aquiles" passa a ser China e Índia. A China só tinha dito que vai alcançar o pico de suas emissões daqui a 15 anos. Já a Índia, um dos últimos países a apresentar sua proposta, se comprometeu ontem a reduzir a intensidade de emissões por PIB em 33% a 35% até 2030, com base nos níveis de 2005.

Isso significa reduzir a quantidade de CO2 que é emitida por unidade de PIB gerada. Mas analisando outros dados que o país menciona no documento, como um aumento da população de 1,2 bilhão de pessoas em 2014 para 1,5 bilhão em 2015, e um aumento do PIB per capita de US$ 1.408 para US$ 4.205, as emissões podem ser muito mais altas que as atuais.

A conversão das metas em temperatura foi feita pelo programa Climate Action Tracker, composto por instituições europeias como o Instituto Potsdam para Pesquisa sobre Impactos Climáticos, e pelo Climate Interactive, com pesquisadores da Escola Sloan de Administração do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

O primeiro chegou ao valor de 2,7°C, com base na análise das metas apresentadas por 19 países, que representam 71% das emissões do planeta. Eles fizeram o cálculo antes de a Índia (que aumenta a representatividade para 84% das emissões) apresentar seus dados e trabalharam com uma estimativa de que a meta do país seria reduzir entre 35% e 45% a intensidade de carbono por PIB.

Já o Climate Interactive estima que o aumento da temperatura pode ser de 3,5°C, com uma margem de incerteza que vai de 2,1 °C a 4,6°C.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O planeta se encaminha para um aquecimento de 2,7º C até o fim do século, segundo os compromissos de redução de gases de efeito estufa anunciados pelos vários países, assinalou nesta quinta-feira um painel de analistas.

Apesar de exceder a meta fixada pela ONU de 2º C de aquecimento em relação ao nível pré-industrial, estes compromissos constituem um avanço em relação à previsão anterior de 3º C antecipada em setembro pelo mesmo painel, o Climate Action Tracker (CAT).

"A combinação dos planos climáticos nacionais, se aplicados, limitariam o aquecimento global a 2,7º C para o horizonte de 2100", indicou o organismo, que reúne quatro centros de pesquisa.

É a primeira vez desde 2009, ano em que o CAT começou a avaliar as temperaturas com base nos compromissos climáticos nacionais, que o aquecimento previsível passar abaixo dos 3º C.

A ONU havia fixado a data de 1º de outubro para apresentar os compromissos visando à conferência sobre o clima (COP21) prevista em dezembro em Paris, apesar de isso não impedir que os países continuem apresentando compromissos.

No momento, um total de 140 países - entre 195 Estados membros da convenção da ONU sobre mudanças climáticas - apresentaram compromissos de redução de gases para 2025-2030. Representam 80% das atuais emissões de gases de efeito estufa.

O CAT analisou em detalhe até o momento 19 contribuições. As prometidas por Austrália, Canadá, Japão, Nova Zelândia, Cingapura, África do Sul, Coreia do Sul e Rússia foram consideradas "inadequadas".

As de Etiópia e Marrocos foram, ao contrário, qualificadas como "suficientes". As de Brasil, China, União Europeia, Indonésia, México, Noruega e Estados Unidos apresentaram propostas qualificadas como "intermediárias" pelo CAT.

Nenhum país qualificou até o momento para a categoria "modelo" prevista pelos analistas.

O aquecimento atinge atualmente 0,8º C, quase a metade do caminho para o limite de 2º C.

As previsões do CAT incluem estimativas sobre a Índia, extrapoladas a partir de declarações oficiais, em vista de que este país ainda não apresentou uma contribuição formal.

Para atingir a meta de 2º C, as emissões de gases com efeito estufa deverão ser de 11 e 13 bilhões de toneladas equivalentes de CO2 (GtCO2e) a menos que as prometidas para 2025, diz o CAT, e de 15 a 17 GtCO2 a menos em 2030.

Com base nas contribuições atuais, as emissões totalizaram entre 52 e 54 GtCO2 em 2025, e entre 53 e 55 GtCO2e em 2030, além das quais 48 GtCO2e anuais.

É "pouco provável" que os compromissos dos países que ainda não apresentaram suas propostas consigam alcançar a meta dos 2º C, advertiu à AFP Bill Hare, analista da Climate Analytics, contribuinte do CAT.

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