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O Brasil não está preparado para enfrentar as mudanças climáticas. A constatação está no relatório Política Climática por Inteiro, documento do Instituto Talanoa, uma organização civil independente, com sede no Rio de Janeiro, escritório em Curitiba e colaboradores baseados em São Paulo e em Brasília.  O levantamento amplo avalia políticas climáticas, nacionais e setoriais e mostra que, apesar dos avanços realizados em 2023, como a redução de 22% do desmatamento da Amazônia, “o país enfrenta desafios imensos em áreas como transição energética e agricultura”.  O relatório foi entregue aos ministros da Fazenda, Fernando Haddad; de Minas e Energia, Alexandre Silveira; e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e também será compartilhado com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e com parlamentares da Câmara e do Senado Federal, segundo os especialistas. 

Desmatamento

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“O desmatamento é um defeito nacional e precisamos acabar com ele, para o nosso bem, mas isso não resolve. A gente precisa de uma indústria de baixo carbono, resolver a questão da transição energética e da agricultura, que hoje é o segundo maior setor emissor”, disse a presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell, em entrevista à Agência Brasil. 

O documento indica que antes da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP28), que vai ocorrer entre 30 de novembro e 12 de dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes, o Brasil ainda tem muito a fazer para cumprir os compromissos climáticos com o Acordo de Paris, tratado internacional que resultou da COP21, em 2015, na capital francesa.  Especialistas identificaram 17 avanços chamados de firmes, oito iniciais, 15 áreas sem progresso e uma área com retrocesso no que se refere a políticas públicas e mudança do clima no Brasil em 2023. Para a presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell, o controle do desmatamento na Amazônia e a criação do mercado regulado de carbono são dois pontos principais de evolução no caminho da redução de emissões. 

Avanços

Entre os avanços, o documento destaca o crescimento de 86% nas ações de fiscalização ambiental, dos 3.261 autos de infração contra a flora pelos órgãos ambientais de 2020 que passaram para 6.077 em 2023, a elevação de 49,5% do orçamento autorizado para fiscalização ambiental que saiu de R$ 78,1 milhões em 2020 para R$ 116,8 milhões em 2023, ainda que tenha sofrido queda de 16% (R$ 19,5 milhões) entre 2022 e 2023.  Já nas ações que precisam melhorar estão a governança inclusiva e participativa, de cunho nacional e não apenas federal, como a criação do Conselho Nacional da Emergência Climática, a adaptação da política de saúde pública aos impactos climáticos, a consideração de riscos climáticos nos investimentos do PAC, tanto para evitar tecnologias não resilientes e locais vulneráveis, quanto para priorizar as obras de adaptação, incluindo a inserção da adaptação na política de habitação social e outras de cunho social, como periferias e favelas, urbanização. 

“O que a gente está vendo ainda são muitas intenções. Não temos instrumentos, por exemplo, quando pegamos uma área muito importante de politica pública, que é a habitação social, eficiência energética, painéis solares, tudo isso é bacana e muito positivo, mas não resolve. Precisamos de uma inclusão social, que por exemplo, leve em conta que estamos vivendo ondas de calor e enfrente de fato o problema climático” observou.  Ações transversais Para a presidente do Instituto, as ações transversais com envolvimento de diversos órgãos do governo, como defende a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, são importantes. No entanto, é preciso que entrem em prática.

“Estamos vendo o início desse transbordamento [transversalidade] e é por isso que esse relatório é muito enfático de que tem que avançar para realmente construir políticas, porque senão fica só no discurso”, afirmou Natalie Unterstell.  Conforme o documento, mesmo no cenário considerado desejável, o Brasil pode chegar ao ano da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), em novembro de 2025, em Belém (PA), com a emissão de 250 milhões de toneladas de CO2 e acima da meta. O cálculo é baseado em informações do governo nas projeções usadas no Plano Plurianual de Investimentos (PPA) para o período de 2024 a 2027. Apesar disso, o relatório apontou, que, segundo a projeção oficial, a meta seguinte de 2030 pode ser atingida mesmo representando um limite de emissões líquidas 33% menor do que o dado do último ano disponível nas estimativas oficiais (2020). 

“O problema é que as emissões estão crescendo em diversos setores como agricultura e energia e o desmatamento no Cerrado também. Então, não basta só reduzir o desmatamento na Amazônia. É preciso ter ações em todos esses outros setores. Temos condição, sim, de cumprir esta meta, mas é preciso um esforço que vá além da Amazônia, do controle do desmatamento”, pontuou e acrescentou. “É por isso que a gente deu o nome a esse relatório de Política Climática por Inteiro”.  Os especialistas do relatório indicam que “a tendência de queda expressiva do desmatamento na Amazônia fará com que os setores de agricultura e energia se tornem a bola da vez da descarbonização, além de impor um olhar mais exigente para a proteção do Cerrado, exigindo esforços maiores nos próximos anos”. 

Negociações

De acordo com o relatório, os negociadores que participarão da Conferência de Dubai terão a responsabilidade de analisar a implementação das metas apresentadas pelos países signatários do Acordo de Paris, avaliar a distância das chances de equilibrar o aquecimento global de 1,5°C e começar a traçar rotas de correção. Ainda em Dubai, o Brasil “deverá ocupar uma posição-chave nas negociações, já que é o quarto maior emissor e presidirá a COP 30, quando novas metas climáticas devem ser apresentadas por todos os países”.

Segundo Natalie, uma agenda de correção de rumos será o ponto central da COP 28 para os chefes de estado e diplomatas definirem, especialmente com as várias ocorrências de desastres climáticos que acontecem no mundo. “Qual é a abordagem que a gente vai estabelecer? A gente já tem metas de zerar a emissão, tem metas nacionais, então o que a gente faz para que essas metas ocorram e se acelerem e que a gente tire algumas barreiras do caminho. É isso que está em jogo e aqui tem um ponto muito difícil, mas importante que é o caso do Brasil também que não basta a gente aumentar as ações positivas. A gente tem que lidar com fatores de emissão, com o petróleo, o gás, o carvão, é difícil, mas é uma conversa inevitável.” 

O documento indica que uma parte do processo de descarbonização do Brasil já está em curso a partir de documentos do governo brasileiro que apontam a intenção de reduzir o desmatamento na Amazônia Legal quase à quarta parte em 2027. No entanto, conforme o estudo, se a meta de desmatamento zero for alcançada até 2030, tanto na Amazônia, como na Mata Atlântica, acrescida de uma queda de 17% no desmate dos demais biomas, significará que o setor de uso da terra pode atingir emissões líquidas negativas já no início da próxima década. 

O resultado se potencializa, se somada a esses parâmetros o país restaurar 4,8 milhões de hectares de florestas nativas até 2030 e ampliar em 4,4 milhões de hectares a área de florestas homogêneas plantadas, a redução das emissões de gases de efeito estufa passariam de 63% a 80%.  Ainda segundo o relatório, ações como restauração de florestas nativas e aumento de áreas protegidas podem levar a 747 MtCO2e retirados da atmosfera em 2030. “Isso requer a criação de uma cadeia produtiva que inclua de sementes e mudas a logística e mão-de-obra e essa é a outra boa notícia: estamos falando na criação de empregos e oportunidades de geração de renda, principalmente no campo”, destaca Natalie.

Enfrentar o aquecimento global é um desafio dessa e das futuras gerações. Os últimos dados divulgados por instituições meteorológicas indicam o acúmulo de grandes concentrações de gases na atmosfera que bloqueiam o calor emitido pelo sol, aumentando assim, as médias da temperatura do planeta em todas as suas regiões, afetando a qualidade de vida de bilhões de pessoas.  

De acordo com dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), os últimos anos foram os mais quentes registrados desde 1880, com destaques para 2016, 2019 e 2020. As pesquisas também apontaram a probabilidade de 20% de que o aumento da temperatura exceda temporariamente os 1,5°C já a partir do próximo ano.

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No famoso Acordo de Paris, que é um tratado de compromisso mundial que combate a crise climática, os países membros se comprometeram a limitar o aquecimento global bem abaixo de 2°C, de preferência a 1,5°C, em comparação com os níveis pré-industriais. Cada país signatário do acordo estabeleceu uma meta para contribuir com a redução das emissões de gases de efeito estufa por volta de 2030.

Em entrevista ao LeiaJá, a engenheira ambiental Pollyana Alves, afirmou que o aquecimento global é um fenômeno associado a diversas causas, sendo a ação humana a principal. ''Então, como sabemos, o aquecimento global nada mais é que o aumento anormal da temperatura do nosso planeta. Esse fenômeno é associado principalmente às ações antrópicas. E suas causas são diversas, mas a principal delas é a ação humana, que não vem adotando políticas de sustentabilidades”, pontuou a engenheira.

Segundo Pollyana, os dados das organizações ambientais devem servir como um alerta para os seres humanos em suas ações. "A poluição, as queimadas e os desmatamento das áreas naturais, contribuem para o aquecimento global no sentido de promover um desequilíbrio climático. A remoção da vegetação, por exemplo, prejudica o controle das temperaturas e os regimes de chuva”, disse.

A engenheira ambiental deu exemplos de como as pessoas podem contribuir na luta contra o acúmulo de grandes concentrações de gases na atmosfera. “Podemos realizar ações simples e eficazes que ajudam o equilíbrio climático. Atitudes como: economizar energia elétrica, deixar seu carro em casa e utilizar mais as bicicletas e os ônibus, evitar banhos demorados, entre outras ações. Inclusive, plantem árvores, pois o meio ambiente precisa delas, e nós precisamos também.”

Além de pressionar indústrias e os governantes a adotarem políticas socioambientais responsáveis, saiba como você também pode contribuir no combate às mudanças climáticas corrigindo alguns hábitos de consumo que podem ser facilmente praticados no seu cotidiano.

Para ajudá-lo, selecionamos 6 atitudes sustentáveis. Confira:

1- Faça trechos menores a pé

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda 150 minutos de atividade física por semana, o que equivale a cerca de 20 minutos de caminhada no dia. Por isso, nada melhor que percorrer pequenas distâncias andando, por isso, sempre que possível, substitua o uso do carro ou moto por caminhadas para percursos de até 3 Km de distância. A escolha reduz a emissão de gases de efeito estufa e, com certeza, o aquecimento global. O uso da bicicleta também pode lhe auxiliar nesses novos hábitos.

Para quem precisa percorrer distâncias maiores, vale usar o transporte coletivo alguns dias da semana ou organizar com amigos a carona solidária. Experimente deslocamentos por meio de aplicativos de veículos elétricos ou com o uso de biocombustíveis.

2- Dê preferência a alimentos agroecológicos

Troque os supermecados por feiras orgânicas da região próxima a sua casa. Os alimentos vendidos nessas feiras não vêm em embalagens de plástico e o trajeto que fazem do produtor até o vendedor é mais curto que o dos comercializados em um supermercado.

Consuma mais produtos agroecológicos, ou seja, produzidos sem agrotóxicos e pela agricultura familiar. Além da conservação do meio ambiente, isso vai contribuir com a economia da região onde você mora. A compra de produtos locais ajuda a diminuir a emissão de CO2 liberado com o transporte desses alimentos.

3- Consuma menos carne

De acordo com relatórios do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), mais de 70% das emissões totais de gases no Brasil estão ligadas à atividade agropecuária. Os estudos levam em consideração a adubação, o desmatamento para pastagem, o metano emitido pelo gado e o transporte dos produtos. Nesse sentido, adote uma alimentação mais diversificada, acompanhada de um nutricionista.

4- Economize luz e água

Reduzir o consumo de água e energia elétrica contribui tanto para as suas finanças, quanto para o meio ambiente, já que reduz a demanda de recursos naturais para os fornecimentos desses serviços. Você pode mudar seus hábitos com dicas simples que vão desde o reaproveitamento de água para lavar o quintal até a substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes, por exemplo. Uma boa forma de começar a planejar a redução de gastos de energia é simulá-los com a calculadora de conta da energia do Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC).

5- Reduza a geração de resíduos

Adote a coleta seletiva, pois contribui para a preservação do meio ambiente e para práticas cotidianas mais sustentáveis. Em sua casa, crie alternativas eficazes para diminuir a geração dos resíduos. Compre produtos duráveis e resistentes, reutilize sacolas plásticas e não as descarte em locais inadequados, escolha produtos de empresas que desenvolvem programas socioambientais e recicle objetos.

6- Cobre políticas públicas dos governantes

Fale com a gestão da sua cidade sobre a elaboração de políticas públicas que preservem a natureza. Solicite palestras sobre o assunto. Cobre o comprometimento de políticos com essa temática e acompanhe as promessas de todos os candidatos eleitos.

 

De acordo com o mais recente relatório publicado pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG), o Brasil continua com índices em tendência de alta no que diz respeito às emissões de gases do efeito estufa. Vale lembrar que o fenômeno aconteceu com mais intensidade nos últimos dois anos - e 2020 registrou a maior taxa de emissão desde 2006.

Dentre os registros mais chamativos do relatório, está o fato do Brasil ter tido um aumento de 9,5% nas emissões de gases em 2020, no período de pandemia, enquanto no mundo todo houve queda de aproximadamente 7%. Ao que tudo indica, os principais fatores que podem ter acarretado nesse acontecimento são os aumentos de desmatamento, seja na região da Amazônia ou no Cerrado.

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A emissão de gases que vão diretamente para a atmosfera é o principal fator que agrava a crise climática no mundo. Para conter o fenômeno, foi criado o “Acordo de Paris”, programa nacional que visa conscientizar os países a diminuirem as taxas de gases ofensivos. A meta do projeto é estabilizar a temperatura do planeta em 1,5°C nesse século, mas para isso é necessário reduzir as emissões em 7,6% ao ano, entre 2021 e 2030.

 

 

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, informou a oficialização do retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris para o clima nesta sexta-feira, 19. A medida já havia sido comunicada em decreto assinado no dia da posse do presidente Joe Biden, em 20 de janeiro, mas só foi formalizada agora.

Em comunicado, Blinken reitera o compromisso da Casa Branca com a agenda climática, que incluirá uma cúpula sobre o tema no dia 22 de abril.

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Também exalta o pacto entre nações. "Seu propósito é simples e expansivo: ajudar a todos nós a evitar o aquecimento planetário catastrófico e construir resiliência ao redor do mundo aos impactos das mudanças climáticas que já vemos", afirmou.

Assinado em 2015, o acordo prevê que a comunidade internacional trabalhe para limitar o aumento da temperatura global a menos de 2ºC - preferencialmente 1,5ºC -, na comparação com os níveis pré-industriais.

Em 2017, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, revogou a participação do país no tratado, sob argumento de que ele seria prejudicial aos interesses da indústria americana, mas a decisão foi revertida por Biden.

Cumprindo uma promessa de campanha, o presidente americano, Joe Biden, acaba de assinar decreto que reintegra os Estados Unidos no Acordo Climático de Paris. O ex-presidente Donald Trump deixou o tratado multilateral em 2017. "É só um ponto de partida. Tem muito mais por vir", declarou o democrata, há pouco, no Salão Oval, escritório do presidente americano na Casa Branca.

Neste primeiro dia como presidente da maior economia do mundo, Biden ainda assinou outros dois decretos. Um deles obriga a utilização de máscaras e a manutenção do distanciamento social em áreas sob administração do governo federal. O outro estabelece o compromisso do governo no suporte às minorias. "A ideia é tornarmos os EUA um país menos desigual", afirmou o novo líder da Casa Branca.

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Os três decretos assinados há pouco foram as primeiras medidas de Biden à frente dos Estados Unidos. A expectativa é que mais ordens executivas sejam expedidas ainda hoje, como o retorno do país à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Perto de ser eleito presidente, o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, anunciou na noite desta quarta-feira (4) que devolverá os Estados Unidos ao Acordo de Paris sobre o Clima.

A declaração foi dada poucas horas depois de os EUA terem saído oficialmente do tratado, completando um percurso iniciado por Donald Trump em junho de 2017.

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"Hoje, a gestão Trump oficialmente saiu do Acordo de Paris sobre o Clima. E, em exatos 77 dias, a gestão Biden voltará para ele", escreveu o democrata no Twitter.

Para abandonar o tratado, os EUA precisavam esperar pelo menos três anos de sua entrada em vigor, prazo concluído em 4 de novembro de 2019. Após essa etapa, a notificação de retirada só teria efeito depois de 12 meses, em 4 de novembro de 2020.

Até o momento, os Estados Unidos são o único país signatário a deixar o acordo, que obriga seus membros a manterem o aumento da temperatura média do planeta "bem abaixo" de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais e a prosseguir os esforços para limitar esse crescimento a 1,5°C.

Para isso, as partes se propõem a alcançar o pico de suas emissões de gases do efeito estufa "o antes possível" - considerando que os países em desenvolvimento tardarão mais em fazê-lo - e, a partir desse momento, a "reduzir rapidamente" o nível de poluentes, alcançando um "equilíbrio" na segunda metade deste século.

O texto ainda prevê que os Estados mais ricos forneçam recursos para financiar o combate às mudanças climáticas naqueles mais pobres. Mas o Acordo de Paris não estabelece metas específicas para cada país nem prevê punições para quem não respeitar seus termos.

A cada cinco anos, as nações signatárias devem apresentar um plano nacional mostrando sua contribuição para a luta contra o aquecimento global.

Da Ansa

Os Estados Unidos comunicaram formalmente nesta segunda-feira (4) as Nações Unidas sobre sua saída do Acordo de Paris sobre o clima, decidida pelo presidente Donald Trump em 2017, anunciou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.

Esta etapa-chave, que não poderia ter ocorrido antes devido a uma cláusula contida no texto, inicia um período de um ano para que Washington possa efetivamente concretizar sua saída.

"Hoje, os Estados Unidos iniciam o processo de saída dos acordos de Paris. Conforme os termos do acordo, os Estados Unidos submeteram uma notificação formal de sua retirada às Nações Unidas. A saída será efetiva um ano depois da notificação", destacou Pompeo em um comunicado.

A saída ocorrerá após 4 de novembro de 2020, o dia seguinte da eleição presidencial americana, na qual Trump disputará um segundo mandato.

Pompeo invocou novamente "a injusta carga econômica imposta aos trabalhadores, corporações e contribuintes americanos pelos compromissos assumidos pelos Estados Unidos em virtude do acordo".

Ao apresentar os Estados Unidos como um bom aluno na luta contra as emissões de gases de efeito estufa, prometeu que Washington continuaria "propondo um modelo realista e pragmático nas negociações internacionais sobre o clima".

"Continuaremos trabalhando com nossos sócios internacionais para criar resiliência aos impactos da mudança climática", disse Pompeo.

"Como no passado, os Estados Unidos continuarão promovendo a pesquisa, a inovação e o crescimento econômico enquanto reduz as emissões e se comunica com (seus) amigos e sócios no mundo todo", apontou.

- Eleições -

ONGs e especialistas criticaram o egoísmo do segundo país que mais emite gases de efeito estufa, enquanto a China permanece no pacto.

"O abandono do Acordo de Paris é uma abdicação de liderança, à qual se opõem a maioria dos americanos", declarou Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, que financia uma grande campanha a favor de fechar as usinas a carvão e contra os candidatos que se opõem às ações a favor do meio ambiente.

A decisão de Trump não criou um efeito dominó que muitos temiam em países como Austrália e Brasil. Pelo contrário, levou muitos atores não federais nos Estados Unidos a se comprometerem com o meio ambiente, desde o Partido Democrata até grandes cidades e empresas privadas.

Muitas entidades se comprometeram voluntariamente a alcançar um balanço de carbono neutro antes de 2050 ou a passar a um sistema que seja 100% baseado nas energias renováveis.

Finalmente, o Acordo de Paris não sucumbiu, e além disso foi reforçado pelas mobilizações globais de jovens que começaram há um ano.

Por outro lado, o resultado das eleições de 2020 nos Estados Unidos poderia ser mais determinante. "Se houver outro governo de Trump por quatro anos, as consequências vão ser muito, mas muito diferentes", disse à AFP David Levaï, do centro de estudos Iddri.

Todos os pré-candidatos democratas que buscam enfrentar Trump nas eleições se comprometeram a voltar ao pacto, o que poderiam fazer se algum deles chegar à Casa Branca em 20 de janeiro de 2021.

"Esta decisão é um insulto para a humanidade e uma vergonha para nosso país", disse o Comitê Nacional do Partido Democrata.

O desmatamento na Amazônia disparou na primeira metade de julho e superou o percentual registrado no mesmo mês inteiro em 2018, colocando em risco o acordo comercial firmado entre o Mercosul e a União Europeia (UE), após 20 anos de negociações.

De acordo com dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mais de 1 mil quilômetros quadrados de floresta foram derrubados na primeira quinzena de julho, o equivalente a 68% a mais em relação a todo o mês de julho de 2018.

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As informações, obtidas após análises de imagens de satélites, ainda mostram que o desmatamento até o momento é o maior já registrado em um mês desde agosto de 2016. Além disso, acontece depois de um crescimento no resultado anual comparado nos meses de maio e junho.

Segundo especialistas, este aumento é consequência da política a favor do desenvolvimento na região aplicada pelo presidente Jair Bolsonaro. Os dados, no entanto, são apenas preliminares, e os números finais equivalentes aos últimos 12 meses ainda serão divulgados.

No mês passado, o texto do tratado de livre comércio entre União Europeia e Mercosul apresentou um artigo no qual os signatários se comprometem com a plena implantação do Acordo de Paris sobre o clima, assinado em 2015, no qual o Brasil prometeu zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030.

O documento ainda precisa ser ratificado, porém tem enfrentado resistência entre os países membros do bloco, incluindo a Itália, que já pediu para o acordo ser rejeitado.

Da Ansa

A França tem "uma série de exigências" que incluem questões ambientais e de saúde em relação ao acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, afirmou neste domingo a porta-voz do governo, Sibeth Ndiaye.

Em declarações à emissora LCI, Ndiaye disse que "o importante é saber em detalhes o conteúdo" desse acordo de livre-comércio entre os países da UE e do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), sobretudo para "setores frágeis", como o açúcar e a carne.

"Temos uma série de exigências, em termos de saúde e meio ambiente", continuou a porta-voz, citando "a exigência de que o Brasil, em particular, permaneça no Acordo de Paris" sobre o clima.

"É normal que os eurodeputados (...) estejam atentos e monitorizem os detalhes deste acordo porque trará mudanças profundas" para a agricultura europeia, acrescentou.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) concordou em manter o Brasil no Acordo de Paris.

O ministro reconheceu que há oposição ao acordo climático dentro do governo mas que, "por ora, a participação do Brasil está mantida". As declarações foram dadas após almoço no Sevovi-SP com empresários do setor imobiliário.

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Na semana passada, Salles já havia defendido a permanência do País no Acordo, em entrevista à Rádio Eldorado. No entanto, houve críticas de membros do governo.

Antes da posse, a posição do próprio presidente Bolsonaro em relação ao tema era oscilante. Ele chegou a defender a saída do País do acordo, mas depois recuou e prometeu lutar por mudanças no texto.

Salles não detalhou as mudanças a serem propostas. "As metas de redução de emissão, que o Brasil e os outros países concordaram, estão OK. O problema é como você internaliza esses princípios e estes valores na legislação do País. A nossa única preocupação é se esta legislação restringe a liberdade e a ação de empreendedorismo e a gestão do território. Vamos estar muito atentos a isso", disse.

A 24ª Conferência do Clima (COP) da ONU, realizada ao longo das duas últimas semanas em Katowice, na Polônia, terminou na noite desse sábado (15) entregando o que prometeu - o chamado "livro de regras" sobre como vai funcionar o Acordo de Paris, que estabeleceu em 2015 esforços de 195 países para tentar conter o aquecimento global a 1,5°C até o final do século.

Foram definidas, por exemplo, as diretrizes sobre como as nações deverão reportar de modo transparente suas emissões de gases de efeito estufa e seus esforços para reduzi-las. Mas pouco se avançou em termos de aumentar a ambição dos países para diminuir ainda mais suas emissões nos próximos anos.

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Os negociadores trabalharam sob o alerta quase gritante do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), encomendado pela própria conferência, que mostrou no início de outubro que, se o ritmo de emissões continuar, por volta de 2040 o planeta poderá já ter atingido o 1,5°C de aquecimento. Até o final do século, se forem adotadas somente as metas já estabelecidas, a temperatura pode subir até 3°C.

O grupo internacional de cientistas mostrou também que um mundo 2°C mais quente é muito pior que 1,5°C, então seria bom tentar conter o aquecimento nesse limiar. Por enquanto, porém, os alertas não surtiram efeito.

Brasil e Chile

Do ponto de vista de expectativas nacionais, o destaque dessa reunião foram os questionamentos sobre para onde o Brasil deve seguir em relação aos seus esforços contra as mudanças climáticas. O País, que ajudou a costurar o Acordo de Paris e é o berço da Convenção do Clima da ONU, criada na Rio-92, chegou à Polônia com a má notícia de que tinha desistido de sediar, no ano que vem, a COP 25, após pedido do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Também levava a ameaça de que o novo governo poderá abandonar o acordo.

Se oficialmente a questão não foi parar na mesa de negociação, diplomatas, delegados e outros membros da sociedade civil do Brasil foram questionados constantemente nos cafés, nos cantos das salas e nas reuniões bilaterais sobre o que vai acontecer.

Na sexta-feira, 14, foi definido que o Chile vai abrigar a reunião da qual o Brasil abriu mão. Também concorreram Costa Rica, Guatemala e Honduras. No Twitter, Bolsonaro voltou a afirmar sua posição, dizendo que a conferência custaria R$ 500 milhões ao Brasil. Ele disse que o evento poderia "constranger o futuro governo a adotar posições que requerem um tempo maior de análise e estudo". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Oficiais de países ao redor do mundo concordaram sobre um conjunto de regras para governar o acordo climático de Paris, assinado em 2015, após duas semanas de conversas na Polônia.

Michal Kurtyka, um oficial polonês presidindo as conversas em Katowice, na Polônia, acertou o acordo no sábado, após diplomatas e ministros de quase 200 países aprovarem.

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As conversas tinham o propósito de dar diretrizes firmes aos países sobre como relatar de forma transparente as suas emissões de gases de efeito estufa, além de seus esforços para reduzi-las. Cientistas dizem que as emissões de gases como dióxido de carbono precisam cair drasticamente até 2030 para prevenir um aquecimento global potencialmente catastrófico.

O fabricante de automóveis alemão Volkswagen quer parar de vender veículos com motores de combustão em 2040, anunciou o diretor estratégico da companhia nesta terça-feira (4).

Para alcançar os objetivos do Acordo de Paris sobre o clima no horizonte de 2050, "o último lançamento de um produto com uma plataforma tradicional acontecerá em 2026", disse Michael Jost, citado pelo jornal Handelsblatt.

Calculando que estes veículos sairão à venda em 2030, aproximadamente, e que os produtos se mantêm uma média de sete anos no catálogo da Volkswagen, isso significa que os últimos veículos a diesel ou gasolina estarão à venda até 2040, no máximo, explicou Jost.

O grupo alemão, que quer deixar para trás o escândalo dos motores a diesel adulterados, anunciou 44 bilhões de euros em investimentos para reforçar a sua guinada aos carros elétricos e autônomos em 2023.

Atualmente, a marca tem seis modelos elétricos à venda, mas quer que sejam 50 em 2020, indicou o presidente do grupo, Herbert Diess.

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) disse, pelo Twitter, que "está fora de cogitação" o país se sujeitar automaticamente a um interesse externo, de outras nações.

"Sujeitar automaticamente nosso território, leis e soberania a colocações de outras nações está fora de cogitação. É legítimo que países no mundo defendam seus interesses e estaremos dispostos a dialogar sempre, mas defenderemos os interesses do Brasil e dos brasileiros", disse em mensagem na rede social.

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Nessa quinta-feira (29), o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que a possibilidade de seu governo apoiar o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul depende da posição de Bolsonaro sobre o Acordo Climático de Paris. "Não podemos pedir aos agricultores e trabalhadores franceses que mudem seus hábitos de produção para liderar a transição ecológica e assinar acordos comerciais com países que não fazem o mesmo. Queremos acordos equilibrados", disse Macron, que participa da Cúpula do G20, em Buenos Aires.

No último dia 28, o presidente eleito disse que teve participação na decisão do governo brasileiro de retirar a candidatura para sediar a COP-25 (Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas), destinada a negociar a implementação do Acordo de Paris, que ocorrerá de 11 a 22 de novembro de 2019. O Itamaraty informou sobre a decisão ao Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima da Organização das Nações Unidas.

Bolsonaro disse que queria evitar controvérsia entre o seu governo e setores ambientalistas sobre a criação do corredor ecológico internacional Triplo A e ainda alegou restrições orçamentárias.

"Houve participação minha nessa decisão. Ao nosso futuro ministro [Ernesto Araújo, indicado para o Ministério das Relações Exteriores], eu recomendei para que evitasse a realização desse evento aqui no Brasil. Até porque, eu peço que vocês [jornalistas] nos ajudem, está em jogo o Triplo A. Esse acordo, que é uma grande faixa, que pega a [Cordilheira dos] Andes, Amazônia, Atlântico, de 136 milhões de hectares, ao longo da calha dos rios Solimões e Amazonas, que poderá fazer com que percamos nossa soberania nessa área. Se isso for o contrapeso, nós teremos uma posição que pode contrariar muita gente, mas vai estar de acordo com o pensamento nacional. Então, não quero anunciar uma possível ruptura dentro do Brasil, além dos custos, que seriam, no meu entender, bastante exagerados tendo em vista o déficit que temos no momento", disse o presidente eleito, na ocasião.

"Pensar que desenvolvimento se faz à custa do ambiente nos traz uma preocupação enorme. É uma visão muito simplista imaginar que é preciso derrubar floresta para fazer agricultura ou pecuária." Com essa frase a pesquisadora brasileira Thelma Krug, do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, com outros cientistas brasileiros que estudam as mudanças climáticas, fez um alerta sobre os riscos para o País em sair do Acordo de Paris - inclusive para o agronegócio.

"O pessoal não está entendendo que cada vez mais o vetor que vai estimular o mercado internacional deixa de ser quanto custa, mas a pegada ecológica do produto. Não vai ter mercado para o País (se o desmatamento da Amazônia aumentar), mas aí a floresta já foi", afirma.

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A pesquisadora, que é vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), não falou em nome do grupo mundial de cientistas, mas citou as conclusões do seu mais recente relatório para explicar seu ponto.

O documento, divulgado no primeiro turno da eleição, mostrou que os impactos de um mundo 2°C mais quente são muito maiores que 1,5°C e defende que se tente conter o aquecimento global à marca menor. O problema é que o mundo já corre o risco de alcançá-la em 2040. E o Brasil sentirá os efeitos, principalmente no aumento da seca no Nordeste e nos efeitos da elevação do nível do mar para as cidades costeiras.

Na quinta-feira (18), também um grupo que reúne 180 entidades do agronegócio, de defesa do ambiente, da academia e do setor financeiro - a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura - publicou uma carta aos candidatos pedindo a manutenção do País no Acordo de Paris e a preservação das florestas do País.

O grupo, que reúne empresas como Amaggi, Cargill, Fibria, Carrefour, além de entidades como a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Sociedade Rural Brasileira e ONGs como Ipam e WWF, disse que a permanência do Brasil no acordo é importante para o setor "pois garante a correta valoração da produção atual e futura". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A chanceler alemã Angela Merkel disse neste sábado (17) que o papa Francisco a encorajou a trabalhar para preservar o histórico acordo de Paris, apesar da retirada dos Estados Unidos. A declaração foi feita durante o encontro entre Merkel e o papa no Palácio Apostólico para debater sobre a reunião do G20 que deverá ser realizada em Hamburgo nos dias 7 e 8 de julho. Na ocasião, Merkel afirmou ainda seu objetivo de "derrubar os muros" que dividem países, ao invés de construí-los.

A reunião desta manhã foi centrada na necessidade da comunidade internacional combater a pobreza, a fome, o terrorismo e as mudanças climáticas, segundo informações do Vaticano. Merkel declarou que Francisco a encorajou a lutar por acordos internacionais, incluindo o acordo de Paris, cujo objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Também disse a repórteres que apresentou ao papa as propostas da Alemanha para a reunião do G-20, uma agenda que "assume que somos um mundo no qual queremos trabalhar juntos de forma multilateral, um mundo no qual não queremos construir muros, mas derrubá-los".

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A frase remete às recentes declarações de Francisco convocando as nações a construir pontes e não muros, referindo-se aos planos da administração Trump de construir um muro na fronteira dos Estados Unidos com o México.

Assim como na visita do presidente dos EUA, Donald Trump, Francisco entregou a Merkel uma cópia de sua encíclica ambiental, que trata da luta contra as mudanças climáticas e do cuidado com o meio ambiente como uma obrigação moral urgente. A encíclica foi apresentada antes do acordo de Paris, em uma tentativa de criar um consenso global sobre a necessidade de mudar modelos de desenvolvimento "perversos" que, segundo o papa, enriqueceram os ricos às custas dos pobres e tornaram a criação de Deus em uma "imensa pilha de sujeira".

Francisco deu início ao encontro deste sábado expressando suas condolências pela morte do ex-chanceler Helmut Kohl. Em um comunicado oficial, Francisco disse que Kohl foi um "grande estadista e um europeu convicto", que trabalhou incansavelmente pela unidade de seu país e do continente europeu. Fonte: Associated Press.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acaba de anunciar a sua decisão de retirar seu país do Acordo climático de Paris. O anúncio foi feito ao vivo nesta quinta-feira (1) pelo próprio presidente e transmitido maciçamente pela TV e demais meios de comunicação.

Os termos e condições da retirada deverão ser conhecidos progressivamente. Concretamente, a decisão do mandatário republicano vai de encontro a decisão de líderes mundiais expressas recentemente na reunião de cúpula do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) no sentido de apoiar o acordo climático.

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Três dias depois do término da Cúpula do G7, Donald Trump, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, trocaram críticas que refletiram a falta de entendimento na cúpula, sobre a manutenção do Acordo de Paris, que define os compromissos globais para lutar contra os efeitos das mudanças climáticas. A única voz dissonante quanto a necessidade de endossar os esforços ambientais foi justamente dos EUA, que hoje oficializou sua posição de se retirar formalmente do tratado global.

Metas globais

Firmado em 2015, após mais de dez anos de negociações infrutíferas para mitigar o efeito da atividade econômica no clima terrestre, o tratado foi assinado por 195 países e ratificado por 147, responsáveis por 80% das emissões –165 metas de redução já foram submetidas. Apenas Síria e Nicarágua ficaram fora.

Segundo maior emissor de gases depois da China, os Estados Unidos respondem por 18% do carbono lançado na atmosfera terrestre, ou 6,5 milhões de toneladas por ano. A saída americana tornaria ainda mais difíceis as metas do acordo, de reduzir o carbono na atmosfera de 69 biilhões de toneladas para 56 bilhões, e negociar metas futuras para manter, até 2100, o aquecimento global no nível tolerável, inferior a 2ºC.

A decisão americana pela retirada poderá levar outros países a rever sua participação. Pelas metas submetidas, já é incerto que o nível tolerável seja atingido. Reduzirão as emissões do nível atual, que aqueceria o planeta 4,2ºC, para apenas 3,3 ºC, segundo análise do Climate Interactive. Sem os Estados Unidos, esse patamar poderá facilmente subir para acima de 3,5 ºC, ou mesmo 3,8 ºC.

As consequências para o clima da Terra poderão ser, de acordo com o consenso dos cientistas, catastróficas. Derretimento de geleiras, elevação do nível do mar, maior intensidade de eventos extremos como tempestades, enchentes, secas e furacões.

Cenários

Estudo publicado na revista Nature estima, neste cenário, queda de 23% na renda média global até 2100, com aumento de desigualdade, graças sobretudo ao impacto na atividade agrícola e na produtividade. O Banco Mundial previu que, até 2030, mais de 100 milhões de pessoas podem voltar à pobreza se nada for feito para mitigar as mudanças climáticas.

Nos Estados Unidos, fração considerável da opinião pública e do Partido Republicano rejeita o consenso científico sobre o este impacto e não acredita que a atividade humana tenha qualquer interferência no clima do planeta e não aceita argumentos econômicos em favor da adoção de formas limpas de geração de energia.

Os líderes do G7 não chegaram a um consenso nesta sexta-feira (25) sobre a luta contra a mudança climática e o Acordo de Paris porque os Estados Unidos estão revendo sua posição sobre esta matéria e não tomarão uma decisão antes de algumas semanas, disse o primeiro-ministro italiano Paolo Gentiloni. A informação é da agência EFE.

"Há uma questão que permanece suspensa sobre o clima porque o governo americano tem uma reflexão interna em curso sobre o Acordo de Paris [firmado em 2015]", disse Gentiloni à imprensa durante a cúpula do G7 que acontece hoje e amanhã na cidade siciliana de Taormina.

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O primeiro-ministro italiano, anfitrião da reunião, disse que os outros países "acompanham" este processo. Ele acrescentou que os parceiros dos EUA neste fórum confirmaram o "compromisso e a determinação" em cumprir com o Acordo de Paris e acreditam que uma vez que os Estados Unidos resolvam suas questões internas, o país vai querer participar.

"Os EUA confirmaram que tem em andamento uma reflexão sobre a qual tomarão suas decisões nos próximos dias ou semanas. Esperamos que sejam positivas", disse o italiano.

Fontes da presidência francesa afirmaram que a discussão sobre este tema foi "franca e direta" e permitiu ao resto dos países à mesa dar argumentos aos Estados Unidos sobre a importância de ratificar o acordo e também de manter os compromissos adquiridos e o nível de ambição. "É preciso levar em conta as posições, mas todos queremos um comunicado ambicioso", disseram.

Evoluindo

De acordo com um assessor de Trump, a postura do mandatário sobre o Acordo de Paris está "evoluindo" e nesta sexta-feira ele quis deixar claro perante os parceiros do G7 que a proteção do meio ambiente é "muito importante".

Trump "escutou minuciosamente" os argumentos de seus colegas, comentou à imprensa o principal assessor econômico da Casa Branca, Gary Cohn. Segundo ele, o presidente "está pensando sobre quais são suas opções. Agora, ele está muito melhor informado sobre o tema, graças às conversas de hoje, e sua postura sobre o Acordo de Paris está evoluindo", disse o assessor.

O presidente "veio aqui para aprender", sustentou Cohn, enquanto o principal assessor de Segurança Nacional de Trump, o tenente-general H.R. McMaster, disse que ele tomará a decisão sobre o Acordo de Paris que considerar "melhor" para o povo americano.

Trump criticou o Acordo de Paris durante sua campanha eleitoral e já na Casa Branca iniciou um processo para revisar se os EUA devem continuar fazendo parte do pacto climático. Segundo o governo americano, Trump queria escutar os parceiros do G7 antes de tomar uma decisão a respeito, algo que prevê fazer logo depois de seu retorno a Washington.

da Agência EFE

O Acordo de Paris para o combate às mudanças climáticas entra nesta sexta-feira, 4, em vigor em tempo recorde, menos de um ano depois de ter sido fechado na capital francesa por 195 países, com o desafio de acelerar e incrementar suas ações, a fim de evitar os piores impactos do aquecimento global.

A rapidez na adoção, até esta quinta-feira por 94 países, cria um momento de empolgação diante de um problema complexo. As emissões de gases de efeito estufa precisam cair, mas continuam subindo, enquanto o planeta está cada vez mais quente - a expectativa é de que 2016 vai bater o recorde, pelo terceiro ano seguido, como o mais quente desde o início dos registros.

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Ao mesmo tempo, novos cálculos confirmam que as chamadas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) -, compromissos que cada país ofereceu como contribuição ao acordo, ao serem somadas, ficam bem aquém do necessário para limitar o aquecimento do planeta a menos de 2°C até o fim do século. Estão mais distantes ainda do 1,5°C, valor mais desejado para evitar danos aos países mais sensíveis à mudança do clima.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) fez nesta quinta-feira, 3, o alerta de que o mundo só vai alcançar a meta dos 2°C se fizer um corte adicional de 25% nas emissões de gases de efeito estufa até 2030, em relação ao que já estava previsto para ser reduzido. O dado consta do Gap Report, relatório que todo ano mede a lacuna entre as ações que a humanidade está tomando para diminuir a quantidade de gases que é lançada na atmosfera e o quanto de fato precisaria ser feito.

Pela conta, em 2030 todos os países juntos deveriam emitir no máximo 42 gigatoneladas de CO2 equivalente (a soma de todos os gases de efeito estufa convertidos em dióxido de carbono), mas, considerando o ritmo de ações atuais e os compromissos assumidos pelos países junto ao Acordo de Paris, a emissão do mundo estará entre 54 e 56 gigatoneladas. Com isso, a temperatura subiria de 2,9°C a 3,4°C até 2100, na comparação com os valores pré-industriais.

A rápida entrada em vigor do acordo passa um sinal claro a quem ainda não o ratificou, mas também a empresas, mercado financeiro e setores que de algum modo estão ligados ao problema, que o mundo está comprometido de verdade a resolvê-lo. A expectativa é de que também acelere ações justamente para fazer a conta fechar.

Marrakesh.

Na próxima segunda-feira, começa em Marrakesh a 22.ª Conferência do Clima da ONU, que terá a missão de dar o pontapé inicial nesse processo. Será a primeira oportunidade para as partes que já ratificaram o Acordo de Paris começarem a decidir como se dará sua adoção. Desse grupo fazem parte os dois maiores emissores do planeta - China e Estados Unidos - e também pesos pesados na discussão, como Índia, União Europeia e Brasil.

Na prática, porém, a entrada em vigor, comemorada como um arroubo de vontade política até então inédita nas negociações de clima - principalmente quando Estados Unidos e China tomaram a dianteira do processo -, não significa que imediatamente os países começarão a adotar novas medidas para cumprir suas metas.

O acordo passa agora por um processo burocrático para definir algumas regras do jogo e só então torná-lo de fato operacional. É preciso definir, por exemplo, o conjunto de informações que os países terão de apresentar quando forem comunicar suas NDCs; como será o monitoramentos dos resultados; como se dará o mecanismo de mercado e o financiamento.

A verdade, afirma o embaixador José Antonio Marcondes de Carvalho, negociador-chefe da delegação brasileira, é que não se esperava que o acordo entraria em vigor tão rápido. Quando foi fechado, em dezembro do ano passado, se considerava que isso só ocorreria em 2020.

"A entrada em vigor marca um momento político favorável e demonstra consenso da comunidade internacional sobre a urgência de ações que devem ser tomadas para combater a mudança do clima", disse nesta quinta em coletiva à imprensa. Mas não quer dizer que a pressa não foi importante, ressalta. Segundo ele, vai acelerar os trabalhos de implementação.

Para Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima, o principal ganho da entrada em vigor é justamente que a partir de segunda já haverá o primeiro espaço formal para começar a regulamentação. "Quase cem países já ratificaram. Isso vai impor um censo de responsabilidade para tirar o Acordo de Paris do papel." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Acordo de Paris para o combate às mudanças climáticas atingiu na quarta-feira (5) o limite mínimo de adesões para entrar em vigor, depois que 72 países, responsáveis por 56,75% das emissões de gases de efeito mundiais, o ratificaram. Agora se somam 30 dias para ele oficialmente ser adotado: em 4 de novembro, véspera do início da Conferência do Clima de Marrakesh.

Definido em dezembro do ano passado por 195 países durante a Conferência do Clima de Paris, precisava ser ratificado por ao menos 55 países, responsáveis por 55% das emissões, para entrar em vigor.

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A primeira marca havia sido alcançada em 21 de setembro, quando chegou a 60 o número de ratificações, mas na ocasião estavam cobertas apenas 47,76% das emissões. Ali já estavam comprometidos China, Estados Unidos e também o Brasil. No domingo, a Índia entrou. Na terça (4), o Parlamento Europeu ratificou o acordo, abrindo espaço para que todos os países-membros da União Europeia também o fizessem.

A entrada em vigor se dá muito antes do esperado. A expectativa original era que isso só ocorreria em 2020. Na prática, significa que o mundo vai começar a fazer seus planos para implementar ações que possam reduzir as emissões de gases de efeito estufa a fim de limitar o aumento da temperatura média do planeta a menos de 2°C até o fim do século, com esforços para ficar em no máximo 1,5°C.

Já se sabe que as metas que cada país assumiu não são suficientes. Elas ainda deixam o mundo no rumo de um aquecimento de 3°C. A rápida entrada do acordo em vigor dá mais tempo para que os países possam revisar seus planos. "A entrada em vigor do Acordo de Paris, antecipadamente, significa que a sociedade global está preocupada com a questão climática e engajada para que as mudanças climáticas não atinjam níveis catastróficos como os prognósticos científicos indicavam", disse o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho.

Brasil

Everton Lucero, secretário de Mudanças Climáticas, afirmou que deve ser divulgada até novembro uma primeira versão do plano de implementação das metas para discussão com a sociedade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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