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Autoridades cubanas pediram ao Governo Lula (PT) uma maior flexibilidade para retomar os pagamentos atrasados da dívida de R$ 2,5 bilhões que a Cuba tem com o Brasil, pois no momento, o país não tem como arcar com o alto valor. A ilha do norte do Caribe, que atualmente é governada pelo secretário do Partido Comunista, Miguel Díaz-Canel, tem dívidas acumuladas com projetos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A informação foi captada pela Folha de S.Paulo, que teve acesso a um documento do governo brasileiro que registrou uma reunião na última segunda-feira (11) entre integrantes de órgãos do Executivo nacional e de bancos públicos. O documento menciona que as medidas consideradas para a renegociação incluem a possibilidade de aplicar descontos no montante em atraso, explorar o uso de moedas alternativas ao dólar e receber pagamentos em forma de mercadorias cubanas.

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De acordo com o registro oficial, representantes do governo cubano comunicaram recentemente a autoridades brasileiras que Havana não dispõe dos recursos necessários para cumprir suas obrigações financeiras.

Nesta sexta-feira (15), o presidente Lula chega a Cuba para participar de uma reunião do G77, uma coalizão de países em desenvolvimento, juntamente com a China.

Durante a visita, o líder petista também participará de uma reunião bilateral com o presidente Díaz-Canel, em uma tentativa de melhorar as relações com a ilha após os governos de Michel Temer (MDB) e, especialmente, Jair Bolsonaro (PL) que fazia duras críticas ao país caribenho.

Com o objetivo de imprimir uma "marca latina" no início de seu mandato na primeira viagem internacional após a posse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai na próxima semana a Argentina e ao Uruguai. Durante a agenda, o petista também deve se reunir com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Na segunda-feira, 23, Lula terá uma reunião bilateral com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, e na terça o petista participa, em Buenos Aires, da Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos. O Brasil retornou à Celac no dia 5 de janeiro, três anos após o ex-presidente Jair Bolsonaro deixar o grupo. O encontro entre Lula e Díaz-Canel e Maduro deve ocorrer durante a Celac.

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Para o secretário de Américas do Ministério de Relações Exteriores, embaixador Michel Arslanian Neto, o encontro de Lula com Maduro é "natural" após o governo brasileiro determinar a reabertura da embaixada em Caracas. "Mas temos que ver, essas reuniões são sempre movimentadas, não dá para cravar se terá reunião", disse.

Neto disse que a visita a Argentina terá uma dimensão "claramente política" para o "relançamento da relação bilateral" entre os dois países.

Na quarta-feira, Lula faz uma visita de Estado ao presidente uruguaio, Lacalle Pou, em Montevidéu.

As autoridades cubanas reuniram dezenas de milhares de simpatizantes nas ruas neste sábado (17), quase uma semana depois de serem surpreendidas pelos protestos mais generalizados em décadas.

O presidente Miguel Díaz-Canel - acompanhado pelo ex-presidente Raul Castro, de 90 anos - apareceu na avenida Malecón, à beira-mar, que recebeu alguns dos maiores protestos contra a escassez e o sistema político no fim de semana anterior.

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Ele fez um discurso apaixonado culpando os Estados Unidos e seu embargo econômico, "o bloqueio, a agressão e o terror", enquanto uma multidão agitava bandeiras cubanas e do Movimento 26 de Julho, liderado por Fidel Castro durante a Revolução Cubana. "O inimigo voltou para lançar tudo o que tinha para destruir a sagrada unidade e tranquilidade dos cidadãos", disse Díaz-Canel.

Ele terminou sem o tradicional grito de "Pátria ou Morte!" - um slogan ridicularizado na semana passada por manifestantes que gritavam: "Pátria e vida!"

Havana tem voltado ao normal nos últimos dias, mesmo que o serviço de dados de internet móvel - que as autoridades cortaram no domingo - continue limitado.

De jaleco branco e levando bandeiras dos dois países, chegaram nesta sexta-feira a Havana os primeiros 200 médicos cubanos que retornam do Brasil, depois que a ilha decidiu deixar o programa Mais Médicos em reação às críticas do presidente eleito Jair Bolsonaro.

O presidente Miguel Díaz-Canel, que na quinta-feira foi anfitrião do chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, foi ao terminal aéreo junto com outros dirigentes para saudar os compatriotas, relatou o jornal "Juventud Rebelde".

"Nas primeiras horas de sexta-feira começam a chegar à Pátria os apóstolos da saúde cubana que são #MasQueMedicos. Nossa homenagem aos homens e mulheres que fizeram história no Brasil. Bem-vindos pra casa", tuitou Díaz-Canel.

O voo da Cubana de Aviación, um IL-96-300 de fabricação russa, aterrissou em Havana às 5h15 locais (8h15 em Brasília) depois de um trajeto de quase sete horas de voo.

Trata-se do primeiro grupo dos mais de 8.300 cubanos que devem deixar o Brasil até 10 de dezembro, depois que Havana decidiu se retirar do acordo mantido pela Organização Panamericana de Saúde (OPS) há cinco anos com o Brasil.

"Voltamos hoje, e assim farão nossos colegas, com toda honra e dignidade do mundo. Nunca permitiremos ameaças, nem que questionem o humanismo e o profissionalismo com que atendemos nossos pacientes brasileiros", disse um dos médicos ao "Juventud Rebelde", ao desembarcar.

Bolsonaro condicionou a permanência dos médicos a uma revalidação de seu diploma e a contratos individuais com o governo brasileiro, que lhes permita receber o salário integral, assim como liberdade para levarem suas famílias para o Brasil.

Cuba paga a seus médicos no exterior 30% do que recebem por seu trabalho, mantém seu posto de trabalho e salário na Ilha e dedica o restante dos recursos ao orçamento público, sobretudo, para o apoio de um sistema de saúde gratuito e universal para seus cidadãos.

A exportação de mão de obra profissional é a primeira atividade da economia cubana, que proporcionou mais de 10 bilhões de dólares anuais ao orçamento estatal. Esse montante baixou consideravelmente nos últimos anos, porém, devido à crise da Venezuela, onde trabalham milhares de médicos cubanos.

Desde que a decisão de Cuba foi anunciada, há uma semana, a imprensa local faz uma intensa campanha sobre o tema com fortes acusações contra Bolsonaro.

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