Tópicos | monitoramento de tubarões

Aconteceu nesta quinta-feira (3) uma mesa redonda que discutiu o último caso de ataque tubarão no estado, o da estudante Bruna Gobbi. A mesa fez parte da programação do V Workshop Internacional Sobre Incidentes com Tubarões em Recife, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). A discussão foi mediada pela coordenadora do Cômite Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (CEMIT), Rosangela Lessa. O representante do Corpo dos Bombeiros, Major Elton Moura, iniciou a sessão falando sobre o tempo-resposta no caso Bruna Gobbi, na época do incidente, um tópico muito questionado pela população. “Nossa atuação foi correta, não temos protocolo para oxigenar nem medicar pessoas, como muitos leigos questionaram”, disse Moura.

A princípio, o chamado recebido pelos Bombeiros indicava um caso de afogamento. “Quando a equipe já estava no local, foi que o incidente aconteceu, e tivemos que mudar a estratégia do resgate, já que a Bruna passou a ser a prioridade em ser retirada da água”, revelou, lembrando que a orientação era levá-la a uma unidade de saúde mais próxima. “O tempo total de atuação de sete minutos, muito bem executados, a questão foi que ela perdeu uma quantidade extremamente grande de sangue, então as chances já eram menores”, disse. O uso de helicópteros também foi descartado por se tratar de uma área urbana com poucas opções de pouso.

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O Coronel Onir Mocellin, do Corpo de Bombeiros de (SC), explicou como as correntes de retorno podem ter influenciado e facilitado a situação. “Provavelmente, neste caso, a corrente teve influência, apesar de ser classificada como um perigo não permanente no mar. Neste tipo de fenômeno, existem cavas por onde circulam a água (fundo) e bancos de areia (rasos), por onde banhistas podem ser arrastados”, explicou. Ele também completou sua explicação mostrando praias em que este tipo de fenômeno acontece, e que os Bombeiros têm conhecimento dessas áreas, que são constantemente ligadas aos casos de afogamento.

“Acho que ficou evidente que, neste caso, específico, as correntes de retorno realmente influenciaram em levar a vítima para o fundo, e ela, em pânico e agitada, acabou chamando a atenção do animal marinho”, revelou Rosângela Lessa, do CEMIT. O professor de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Pedro Duarte, faz pesquisas sobre as correntes de retorno nas praias do litoral pernambucano, conseguiu identificar, no dia do ataque, a presença do fenômeno na área. “Através do vídeo conseguimos localizar essas valas, que diariamente mudam, assim como muda o comportamento das marés”, relatou. O estudioso lembrou que, na praia de Boa Viagem, existe um canal fixo por onde passam as correntes, localizado em frente ao Edifício Acaiaca, um dos pontos mais frequentados do local, e que é preciso ter cuidado constante no local.

Para a médica do Instituto de Medicina Legal (IML), Joyce Preenzincke, as chances de salvar a estudante eram mínimas. “A perda sanguínea no momento do ataque foi de 70%, um percentual muito alto. Além disso, ela apresentava dilatação pupilar e já não sangrava mais, o que indicava que o cérebro já não recebia mais oxigenação”, finalizou.

Monitoramento – Através do CEMIT, há dez anos o professor Fábio Hazin tem monitorado os tubarões encontrados na costa da capital, e disse estar satisfeito com os resultados. “A possibilidade de um tubarão retornar é muito pequena após ele ser solto em alto mar, o que contribui para uma diminuição no número de ataques na região”, disse. Juntamente com uma equipe, a bordo do barco Sinuelo, os tubarões encontrados na costa são capturados, e instalados sinais de monitoramento em sua calda, e soltos em alto mar, de onde segue para o norte, e dificilmente retorna.

 

 

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