Tópicos | Ataques de tubarão

A praia é um tradicional destino para as festas da virada de ano porque começar o ano próximo ao mar é um costume carregado de simbolismos. Alguns aproveitam a noite de Réveillon para dar “três pulinhos” sobre as ondas do mar e fazer os pedidos para o ano que se inicia. Outras pessoas aproveitam a ocasião para tomar o último banho de mar no ano velho e o primeiro do ano novo, para assim começar o novo ciclo carregado de boas energias. 

Para quem vai aproveitar o feriadão do Ano Novo nas praias do Recife e região metropolitana, deve ficar atento às recomendações de segurança ao entrar no mar, para que os próximos dias que se seguem sejam de alegria e confraternização. Durante os dias 30 e 31 de dezembro e 1° de janeiro, teremos lua cheia, formando as famosas marés vivas (ou marés de sizígia), quando o nível da água sobe e desce bastante na costa.  Por isso, o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (CEMIT) lança o último alerta do ano para relembrar aos moradores e turistas quais as condições de menor risco para a entrada no mar. 

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“As marés vivas são representadas pelo intenso aumento e diminuição do nível da água. Quem estiver na praia perceberá que em determinados horários que a maré estará bastante alta e em outros bastante baixas. Nas condições de maré alta (2,2 metros), não é recomendado entrar na água em qualquer trecho entre a Praia do Paiva, no Cabo, e a Praia do Farol em Olinda, pois há maior possibilidade de um encontro com tubarões, que tendem a se aproximar da costa”, explica a secretária executiva do Cemit e gerente geral de Áreas Costeiras e Oceânicas da Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha (Semas-PE), Danise Alves. 

O banhista vai notar ainda que as marés secas estarão muito baixas, fazendo com que em algumas áreas tenham condições seguras para o banho, formando piscinas naturais. No entanto, Danise alerta que para essa lua em especial, as marés não secarão tanto quanto se costuma. “Uma maré bem seca é 0.2m, 0.1m ou até mesmo -0.1m. Mas a previsão mostra que as marés secas estarão com 0.5m”, detalha a especialista. 

Neste caso, a principal recomendação do Cemit é para que os banhistas só entrem no mar nas áreas de praias em que os arrecifes estiverem formando piscinas naturais. Eles funcionam como barreiras naturais que protegem a faixa de água mais próxima da areia e o mar aberto.  O comitê ainda alerta para que a população fique atenta aos horários das marés, que vão coincidir com o início da manhã e o fim da tarde. Durante o feriadão de Ano Novo, o melhor horário para banho será das 11h às 13h, quando as marés estarão mais secas. 

“No início da manhã e final da tarde, as marés estarão bastante cheias. Então a recomendação é evitar, porque, além das marés mais altas, esses horários também são utilizados pelos animais para capturar suas presas. Eles ficam mais ativos no amanhecer e no entardecer e buscam águas mais rasas”, destaca Danise. 

“O Cemit também alerta para que os banhistas respeitem as placas de sinalização e de advertência de riscos de incidentes com tubarões e evitem entrar em locais onde a água se encontra turva, já que os animais ficam um pouco mais confusos em busca de sua presa e procuram locais mais próximos à praia”, diz Danise. 

 

Confira os horários das marés durante o feriado 

Dia 30/12 (sábado) 05h54 – 2.0m 11h56 – 0.5m 18h06 – 2.2m 

Dia 31/12 (domingo) 00h28 – 0.5m 06h34 – 2.0m 12h36 – 0.6m 18h49 – 2.1m 

Dia 01/01 (segunda) 01h08 – 0.6m 07h13 – 1.9m 13h17 – 0.7m 19h30 – 2.0m 

 

O Cemit orienta também que a população evite o banho de mar nas seguintes condições: 

• Se estiver com algum tipo de ferida ou sangramento, pois fluidos sanguíneos podem ativar o olfato dos animais; 

• Durante períodos chuvosos, que aumentam a turbidez da água, fazendo com que os animais não diferenciem bem suas presas naturais de humanos.   

• Em locais próximos às desembocaduras de rios, pois os rios deságuam grandes quantidades de sedimentos e matéria orgânica no mar que, além de deixar a água turva, tende a atrair animais marinhos que podem oferecer riscos de incidentes. Além disso, essas regiões podem ser utilizadas como berçários de algumas espécies de tubarões;  • Se tiver consumido bebida alcoólica; 

• Se estiver sozinho(a); 

• Se possuir objetivos brilhantes ou chamativos, que podem aguçar os sentidos dos animais. 

 

Outras informações importantes 

Um trecho de 33 km, entre a Praia do Farol, em Olinda, até os coqueirais da Praia do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, é considerado um trecho de atenção para banhistas, que devem seguir as orientações dadas pelo Comitê. Segundo o Decreto estadual 21.402/1999, nesta área é proibida a prática de atividades náuticas. 

A proibição para banho ocorre em um único ponto, em um trecho de 2,2 km da Praia de Piedade, entre a Igrejinha de Piedade e o Hotel Barramares, localizado ao lado do Hospital da Aeronáutica. Essa proibição foi estabelecida por decreto municipal de Jaboatão dos Guararapes.

Em menos de cem dias de gestão, a governadora Raquel Lyra (PSDB) anunciou investimentos de mais de R$ 23 milhões que serão destinados ao Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco e a Defesa Civil. Os recursos dão início ao trabalho de reestruturação das forças operacionais das polícias de todo o estado. O anúncio, feito pela chefe do Executivo e pela vice, Priscila Krause, ocorreu nesta quinta-feira (23), no Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar), localizado na beira-mar de Piedade.

"Nós vamos fazer o maior investimento da história no Corpo de Bombeiros Militar e na Defesa Civil do nosso estado. Nos últimos oito anos, embora o Corpo de Bombeiros tenha arrecadado mais de R$ 1 bilhão, a corporação recebeu apenas R$ 15 milhões de investimento, ou seja, 1,35% do que foi arrecadado no período. Existe um déficit nas forças operacionais da Secretaria de Defesa Social e nós vamos mudar essa história com o investimento de mais de R$ 23 milhões, só neste ano. Aproveitamos para anunciar também que a tão sonhada sede do GBMar finalmente vai se tornar realidade", afirmou Raquel Lyra.

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Na visita ao GBMar, a governadora também agradeceu aos militares que atuaram no resgate às vítimas dos mais recentes incidentes com tubarão registrados no Grande Recife. "Nós também viemos agradecer aos Bombeiros que têm conseguido se desdobrar e ser referência para nós em Pernambuco, para o Nordeste e para todo o Brasil", reforçou.

O GBMar funciona atualmente em instalações da Força Aérea Brasileira, cedidas há 20 anos para uso emergencial. Diante do investimento, a sede do grupamento passará a funcionar em outro endereço da Avenida Beira-Mar, também no bairro de Piedade, de forma permanente e com estrutura adequada de alojamento, espaço para treinamento físico e armazenamento de embarcações. 

"Quando nós assumimos a SDS, fizemos um diagnóstico da situação de todas as operativas e nos preocupou bastante a situação dos bombeiros, porque há uma carência de equipamentos, embarcações e veículos. Os investimentos feitos no Corpo de Bombeiros nos últimos anos são ineficientes, considerando a atuação desses militares, que vai de Noronha até o Sertão. Os mais de R$ 23 milhões anunciados pela governadora serão aplicados para reequipamento e reaparelhamento da corporação, reforçando a atuação em salvamento, guarda-vidas, fiscalização e inspeção", comentou a secretária de Defesa Social, Carla Patrícia Cunha.

Os valores ainda serão aplicados na compra de quatro veículos de busca, salvamento e mergulho; seis botes infláveis de salvamento; nove motos de salvamento aquático; cinco carretas-reboques; quatro auto resgates; um desencarcerador, além de equipamentos para salvamento e mergulho. O Grupamento Tático Aéreo (GTA) da SDS também vai receber um avião, que foi doado pela Polícia Federal para auxiliar as forças operacionais de salvamento.

De acordo com o Diretor de Operações da Região Metropolitana, Coronel Robson Roberto, a nova estrutura permitirá melhores condições de trabalho para os militares. “O Corpo de Bombeiros estava muito carente de investimentos e a gente agradece esse importante anúncio da governadora. Temos certeza de que esses materiais darão maior conforto operacional e a equipe estará bem equipada para prestar o melhor atendimento”, comentou. 

Já o bombeiro Willams de Almeida, um dos militares que atuou na praia de Piedade no incidente com tubarão, comemorou as novas aquisições. "O GBMar será muito beneficiado com a chegada desses equipamentos. Dessa forma, vamos prestar um melhor serviço à sociedade e, com isso, iremos trabalhar melhor, com menos desgaste e com mais rapidez", disse.

Também estiveram presentes no evento o secretário-chefe da Assessoria Especial, Fernando de Holanda, o secretário-chefe da Casa Militar, Coronel Mamede, a secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Ana Luíza Ferreira, o Comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Luciano Bezerra, o comandante do Grupamento de Bombeiros Marítimo, tenente-coronel Cristiano Corrêa, e o deputado estadual Joel da Harpa.

Pesquisas com tubarões

A governadora Raquel Lyra também assinou hoje um edital, no valor de R$ 500 mil, através da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), para financiar estudos para políticas públicas de preservação e mitigação de incidentes com tubarões e invasão do peixe-leão no litoral do estado. 

O formulário eletrônico para os pesquisadores submeterem suas inscrições ficará disponível no Sistema AgilFAP a partir desta quinta-feira (23) até o dia 23 de abril. A previsão para divulgação dos resultados através do site da FACEPE e Diário Oficial do Estado é 10 de junho. Já a contratação dos projetos aprovados ocorrerá a partir de 15 junho.

"A Secti está abrindo esse edital, no valor de R$ 500 mil, para pesquisadores de todo o Estado de Pernambuco e, junto ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, estamos buscando um aditivo de mais R$ 500 mil, então vamos destinar R$ 1 milhão para colocar a ciência a serviço desse problema que está acontecendo aqui em Pernambuco", comentou a secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação, Mauricélia Vidal.

O edital é destinado a pesquisadores vinculados a institutos de ciência e tecnologia. Todos os requisitos necessários para participar estarão detalhados no site da Secti. "Esse edital vem pra trazer pesquisa para Pernambuco, já que desde 2015 estávamos sem nenhum recurso envolvido nisso. Estamos bem felizes que agora a gente vai ter ciência na ajuda para combater esses incidentes com tubarão. Objetivamente, a gente busca com esse investimento diagnosticar as causas de incidentes com tubarão aqui no litoral, buscando novas tecnologias, monitoramento, prognóstico, formas de mitigar ou evitar esses incidentes", acrescentou Mauricélia.

Da assessoria 

 

Na tarde desta terça-feira (7), a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, se reuniu com os prefeitos e prefeitas dos 14 municípios da Região Metropolitana do Recife (RMR). O encontro foi marcado pelo debate acerca dos recentes ataques de tubarão no estado.

Nos últimos 15 dias, foram registrados três casos, sendo um na Praia Del Chifre, em Olinda, e dois na Praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes. Durante a reunião, Lyra informou buscou apoio dos ministros da Pesca e Aquicultura, André de Paula, e Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, para futuras ações a serem tomadas no estado.

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"A pedido dos ministros, a gente está convocando uma reunião do Comitê [Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões] com os  ministros para a próxima quinta-feira (9). Queremos contar com a participação dos prefeitos das cidades que tem áreas de risco, como Recife, Olinda e Ipojuca, que podem vir a ser afetados com as medidas", afirmou.

Presente no encontro, o prefeito de Olinda, Professor Lupércio, lamentou os recentes ataques ocorridos no estado. “Em Olinda, temos um trecho permitido, mas em Del Chifre, onde ocorreu o acidente é uma área proibida há muitos anos. Vamos conversar com os Bombeiros para fazer uma fiscalização maior, junto à Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano”, colocou. Aumento do monitoramento  Em 2015, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) não teve seu convênio renovado com o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), do qual era coordenadora.

“Depois disso, a Rural continuou as pesquisas em diversas regiões. A gente tem um programa chamado Megamar, que fez todo o mapeamento das espécies de tubarão no estuário de Suape. O que não houve mais foi o diálogo com o Cemit para participar dos processos decisórios”, comentou o reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Marcelo Carneiro Leão. Segundo o reitor, um decreto será publicado para voltar a incluir a UFRPE na composição do Cemit.

“Também solicitamos que UFPE e UPE façam parte do Comitê, pois se trata de um problema multidisciplinar. A gente vai ampliar, de imediato, o programa Megamar, que já roda em Suape, até Olinda, passando por Jaboatão e Recife, para identificar o quantitativo de espécies. Provavelmente, a gente vai incorporar a análise por drones pra identificar o caminhar dessas espécies”, acrescentou.

Outra novidade é a saída do Cemit da Secretaria de Defesa Social para ser gerido pela Secretaria de Meio Ambiente. “Nós não vamos combater o tubarão, vamos conviver com a situação, criando mecanismos inteligentes de proteção à população, dentre outras medidas”, completou Marcelo Carneiro Leão.

O prefeito do Recife, João Campos, levantou a possibilidade de reativação de postos de Bombeiros que estão parados na orla da capital pernambucana. “Podem ter sua utilização de forma mais presente, se o efetivo ali for colocando, exercendo tanto orientação quanto monitoramento”, comentou.

Após o ataque de tubarão ocorrido na última segunda-feira (21) em Fernando de Noronha, o arquipélago estuda adotar novas medidas de segurança para evitar incidentes do tipo. Algumas medidas já estão em vigor: o horário para utilização da praia está reduzido e os mergulhos estão sendo feitos obrigatoriamente com a presença de um condutor treinado. Tais medidas foram adotadas em caráter emergencial e serão reavaliadas no dia 4 de janeiro.

O coronel Clóvis Ramalho, presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarão (Cemit), anunciou que vai solicitar ao Corpo de Bombeiros a instalação da placa de riscos nas praias públicas do arquipélago, do mesmo tipo das que devem ser instaladas em Boa Viagem, no Recife.  Já a instalação da placa exclusiva sobre risco de tubarão também será estudada, mas o presidente não acredita que ela será necessária. “Todos sabem que aquela é uma área com presença de tubarão. Você é informado disso desde que chega no local”, explica.

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Para a instalação do equipamento, o Corpo de Bombeiros realizará um levantamento dos riscos possíveis. Além das placas, o Cemit também vai sugerir ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) o reforço das orientações aos usuários das praias e uma reavaliação do sistema de controle e educação ambiental. Um protocolo de registro e comunicação de incidentes com animais marinhos deverá ser criado seguindo o mesmo modelo do que é utilizado no resto de Pernambuco.

Responsabilidade – O Cemit também concluiu que o mergulhador Márcio de Castro Palma da Silva não teve culpa no ataque de tubarão que resultou na perda do braço direito do turista.   Márcio usava os equipamentos necessários, estava na praia liberada ao mergulho, em horário permitido e fez nenhum tipo de movimento para provocar o animal marinho.

O comitê ainda não confirma a espécie de tubarão, mas continua apontando como mais provável o tubarão-tigre. Entre os indícios estão a lesão na vítima, o relato de mergulhadores locais que dizem ter visto a espécie nos dias anteriores ao ocorrido e o depoimento do próprio turista, que ao visualizar uma lista com várias espécies de tubarão apontou com firmeza o tigre como responsável pelo ataque.

Para o representante da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) no Cemit Assis Lins, o mergulhador está isento de culpa, mas foi descuidado. “Ele foi descuidado ao se separar do grupo e avançar sozinho. Se ele estivesse com mais gente na hora, espantaria o tubarão. Se fosse uma pessoa mais ciente dos riscos, ele teria observado o redor, podendo enxergar o animal se aproximando”, opina.

Segundo a analista ambiental do ICMBio Thayná Mello, não era possível prever um incidente como o que ocorreu. “Desde a década de 90, o Parque Nacional de Fernando de Noronha teve mais de 1,5 milhão de visitantes e nunca havia acontecido nada do tipo”, comenta.

O horário de utilização da praia está reduzido. Anteriormente, funcionava das 8h às 18h30, mas agora está das 10h às 15h. De acordo com o presidente do Cemit Clóvis Carvalho, a mudança é importante porque os tubarões têm a característica de se aproximar da costa no início da manhã e final da tarde. A previsão é que o horário seja mantido, mas a decisão será definida no dia 4 de janeiro.

Tubarões estão presentes em toda a costa do arquipélago, mas os mais comuns são o tubarão-lixa e o tubarão-limão. A presença de tubarão-tigre é considerada rara. Para o pesquisador da Universidade Federal Rural de Pernambuco Jones Rodrigues, que também participa do Cemit, o incidente indica que há uma proximidade exagerada entre o homem e o ambiente, destacando que as próprias propagandas turísticas de Noronha reforçam a interação. “Não deveria ser dessa forma”, conclui o pesquisador.

Aconteceu nesta quinta-feira (3) uma mesa redonda que discutiu o último caso de ataque tubarão no estado, o da estudante Bruna Gobbi. A mesa fez parte da programação do V Workshop Internacional Sobre Incidentes com Tubarões em Recife, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). A discussão foi mediada pela coordenadora do Cômite Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (CEMIT), Rosangela Lessa. O representante do Corpo dos Bombeiros, Major Elton Moura, iniciou a sessão falando sobre o tempo-resposta no caso Bruna Gobbi, na época do incidente, um tópico muito questionado pela população. “Nossa atuação foi correta, não temos protocolo para oxigenar nem medicar pessoas, como muitos leigos questionaram”, disse Moura.

A princípio, o chamado recebido pelos Bombeiros indicava um caso de afogamento. “Quando a equipe já estava no local, foi que o incidente aconteceu, e tivemos que mudar a estratégia do resgate, já que a Bruna passou a ser a prioridade em ser retirada da água”, revelou, lembrando que a orientação era levá-la a uma unidade de saúde mais próxima. “O tempo total de atuação de sete minutos, muito bem executados, a questão foi que ela perdeu uma quantidade extremamente grande de sangue, então as chances já eram menores”, disse. O uso de helicópteros também foi descartado por se tratar de uma área urbana com poucas opções de pouso.

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O Coronel Onir Mocellin, do Corpo de Bombeiros de (SC), explicou como as correntes de retorno podem ter influenciado e facilitado a situação. “Provavelmente, neste caso, a corrente teve influência, apesar de ser classificada como um perigo não permanente no mar. Neste tipo de fenômeno, existem cavas por onde circulam a água (fundo) e bancos de areia (rasos), por onde banhistas podem ser arrastados”, explicou. Ele também completou sua explicação mostrando praias em que este tipo de fenômeno acontece, e que os Bombeiros têm conhecimento dessas áreas, que são constantemente ligadas aos casos de afogamento.

“Acho que ficou evidente que, neste caso, específico, as correntes de retorno realmente influenciaram em levar a vítima para o fundo, e ela, em pânico e agitada, acabou chamando a atenção do animal marinho”, revelou Rosângela Lessa, do CEMIT. O professor de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Pedro Duarte, faz pesquisas sobre as correntes de retorno nas praias do litoral pernambucano, conseguiu identificar, no dia do ataque, a presença do fenômeno na área. “Através do vídeo conseguimos localizar essas valas, que diariamente mudam, assim como muda o comportamento das marés”, relatou. O estudioso lembrou que, na praia de Boa Viagem, existe um canal fixo por onde passam as correntes, localizado em frente ao Edifício Acaiaca, um dos pontos mais frequentados do local, e que é preciso ter cuidado constante no local.

Para a médica do Instituto de Medicina Legal (IML), Joyce Preenzincke, as chances de salvar a estudante eram mínimas. “A perda sanguínea no momento do ataque foi de 70%, um percentual muito alto. Além disso, ela apresentava dilatação pupilar e já não sangrava mais, o que indicava que o cérebro já não recebia mais oxigenação”, finalizou.

Monitoramento – Através do CEMIT, há dez anos o professor Fábio Hazin tem monitorado os tubarões encontrados na costa da capital, e disse estar satisfeito com os resultados. “A possibilidade de um tubarão retornar é muito pequena após ele ser solto em alto mar, o que contribui para uma diminuição no número de ataques na região”, disse. Juntamente com uma equipe, a bordo do barco Sinuelo, os tubarões encontrados na costa são capturados, e instalados sinais de monitoramento em sua calda, e soltos em alto mar, de onde segue para o norte, e dificilmente retorna.

 

 

Em fase de planejamento, a criação do parque dos naufrágios da Área de Proteção Ambiental (APA) tem gerado algumas dúvidas sobre a funcionalidade do projeto. O Governo de Pernambuco pretende efetuar naufrágios programados de uma aeronave e algumas embarcações, para estabelecer viveiros artificiais que seriam ferramentas de prevenção aos ataques de tubarões no litoral Pernambuco. 

Na opinião da presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (CEMIT), Rosangela Lessa, em termos gerais a medida pode ser favorável, mas faltam evidências que comprovem a eficácia do método. “Não há como afirmar 100%, não vejo uma relação de causa e efeito tão determinante assim nos afundamentos. Não se pode dizer que isso por si só vai resolver o problema dos ataques de tubarões”, considerou a gestora do CEMIT. 

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Segundo Rosangela, pesquisas mostram que os animais não atacam por estar com fome, ou seja, os arrecifes artificiais para provisão de alimentos não seriam ideias. “Acreditamos que os ataques ocorrem devido às operações produzidas na costa, como a implantação de grandes empreendimentos, aterramentos, desvios. Nisso acreditamos mais do que na relação dos afundamentos com a diminuição nos ataques”, assegurou. 

Ações para 2014 - Já realizadas em 2013, algumas ações seguem como carro-chefe do CEMIT para o próximo ano. Monitoramento pelo Corpo de Bombeiros, intensificação na sinalização, aumento nas bandeirolas de advertências e placas educativas serão reforçados em 2014. A terceira fase do experimento de colocação de telas no litoral do Estado também segue em curso nos próximos doze meses. 

Através do Projeto Tubarões no Brasil (Protuba), o CEMIT continua a realizar pesquisas para buscar soluções para os ataques e, no mês de abril, o órgão realiza o quinto Workshop CEMIT, na Universidade Federal Rural de Pernambuco. Segundo Rosangela Lessa, o evento acontece de 2 a 4 de abril e terá a presença de representantes de países com a mesma problemática de ataques de tubarão (África do Sul, Austrália, México, Estados Unidos, entre outros). 

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