Tópicos | MP 706

O governo deve limitar a R$ 3,5 bilhões o aporte de recursos para ajudar as distribuidoras da Eletrobras no Norte do País. Para evitar uma sangria de caixa, a União fará vetos à Medida Provisória 706/2015, que repassa dívidas bilionárias dessas empresas para o Tesouro Nacional e para as tarifas. Uma nova medida provisória será publicada nos próximos dias, após o prazo final para sanção. O consumidor, porém, não deve se livrar de parte dessa conta. O texto final ainda estava sendo discutido na noite de terça-feira (21).

Da forma como foi aprovada no Congresso, a MP 706 obrigaria o Tesouro a pagar toda a dívida dessas empresas com a Petrobrás, que, segundo cálculos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), totaliza R$ 9,86 bilhões. São débitos acumulados nos últimos sete anos em compra de combustível para abastecer termoelétricas. Mal administradas e alvo de intervenção política, essas distribuidoras são vistas como um "sumidouro de recursos", principalmente as que atuam no Amazonas, Roraima e Amapá, principais beneficiárias do texto.

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Inicialmente, o Ministério do Planejamento havia reservado R$ 5 bilhões no Orçamento para essa finalidade. Agora, o governo decidiu reduzir em R$ 1,5 bilhão esse repasse. A redação da nova MP vai deixar claro que o Tesouro vai cobrir apenas uma parte do rombo.

O restante dessa dívida, que soma cerca de R$ 6 bilhões, terá que ser assumido pela própria Eletrobras. A nova MP foi revisada por técnicos da Casa Civil, Planejamento, Fazenda e Ministério de Minas e Energia.

Embora a MP 706 tenha incomodado o governo, o custo político de vetar integralmente a proposta pesou contra. As mudanças foram propostas pelo então ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB-AM), que voltou ao Senado e agora é o relator do Orçamento de 2017.

Toda a articulação teve apoio dos senadores Romero Jucá (PMDB-RR), que foi ministro do Planejamento de Temer, e Edison Lobão (PMDB-MA), também ex-ministro de Minas e Energia, mas do governo Dilma Rousseff. A equipe de Temer, sabe que precisa do voto desses senadores para aprovar o impeachment da presidente afastada.

Conta de luz

Por essa razão, o consumidor não deve se livrar dos custos extras da MP 706. Não deve sofrer vetos, por exemplo, o repasse às tarifas de todo o País de um passivo de R$ 4,81 bilhões dessas distribuidoras, principalmente com furtos de energia, os chamados "gatos". Essa dívida será paga com aumentos na conta de luz nos próximos anos, com impacto de 0,4 ponto porcentual.

Também não deve sofrer veto o perdão à Eletrobras, que deixará de pagar R$ 7 bilhões em financiamentos subsidiados. A empresa, responsável pela gestão de fundos setoriais, teria se apropriado indevidamente desse valor entre 1998 e 2011, por meio de empréstimos para suas próprias distribuidoras que não foram pagos.

Os fundos arrecadam recursos por meio da conta de luz dos consumidores e bancam subsídios e programas como a Tarifa Social da Baixa Renda e o Luz Para Todos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Para evitar mais prejuízos aos cofres da União, o presidente em exercício Michel Temer pretende vetar o projeto de lei de conversão da Medida Provisória 706/2015, que repassa dívidas bilionárias das distribuidoras da Eletrobras para o Tesouro Nacional e para as contas de luz.

O texto original, que apenas estendia em 180 dias o prazo para que essas empresas assinassem novos contratos de concessão, foi completamente modificado no Congresso Nacional, com apoio de senadores do PMDB e do antigo comando do Ministério de Minas e Energia.

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Segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a Casa Civil está na coordenação de um acordo político para enviar uma nova Medida Provisória ou projeto de lei sobre o tema, com custos e riscos menores para a União. Relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre a MP 706 calcula um impacto de R$ 21,67 bilhões para a União e os consumidores. "O texto ficou tão ruim que é melhor vetar tudo", disse um integrante do governo.

A manutenção das regras da MP 706 é um problema para o governo. O texto aprovado pelo Congresso vai na direção contrária de todo o discurso adotado pela equipe de Michel Temer, de controle de gastos públicos, austeridade na gestão das estatais e independência das agências reguladoras.

A principal preocupação do governo é que o texto sinalize "porteira aberta", ou seja, que está disposto a aceitar tudo que for proposto pelos deputados e senadores no que diz respeito à criação de novos gastos. Mal administradas e alvo de intervenção política, essas distribuidoras são vistas como um "sumidouro de recursos", principalmente as que atuam no Amazonas, Roraima e Amapá, principais beneficiárias do texto.

O Ministério do Planejamento já reservou R$ 5 bilhões no Orçamento para a Eletrobras sanear essas distribuidoras. O projeto aprovado no Congresso, porém, obriga o Tesouro a aplicar R$ 9,86 bilhões para pagar despesas dessas empresas com a Petrobras. São dívidas acumuladas nos últimos sete anos em compra de combustível para abastecer termelétricas.

A MP 706 repassa para consumidores de todo o País um passivo de R$ 4,81 bilhões dessas distribuidoras do Norte, principalmente com furtos de energia, os chamados "gatos", a serem repassados por meio de reajustes tarifários nos próximos anos. Além disso, concede um perdão de R$ 7 bilhões à Eletrobras em financiamentos subsidiados que deixaram de ser pagos.

Privilégio

O texto passa por cima de atribuições da Aneel e dá um tratamento privilegiado para as empresas da Eletrobras. O problema é que essa diferenciação não passou despercebida pelas demais distribuidoras do País, que também querem dez anos para se adaptar às regras de qualidade e equilíbrio econômico-financeiro impostas, em vez dos cinco anos determinados pelo órgão regulador, o que pode se tornar mais uma disputa judicial no setor elétrico.

O texto teve apoio explícito de algumas das principais lideranças do PMDB, como os senadores Eduardo Braga (AM), Edison Lobão (MA) e Romero Jucá (RR), ex-ministro do Planejamento. Nos bastidores, as emendas à MP 706 foram chamadas de "jabutis amazônicos", em referência à Braga, que estava à frente do Ministério de Minas e Energia na época e negociou todo o texto.

Ainda não foi decidido se será necessário enviar um projeto de lei ou se é possível publicar uma nova medida provisória. Embora haja controvérsias, em tese, como a MP 706 foi editada no ano passado, não haveria obstáculo para uma nova medida provisória que trata do mesmo tema em 2016.

A Constituição veda a possibilidade de publicação de uma MP sobre o mesmo tema no mesmo ano. O prazo para sanção da MP 706 termina na próxima semana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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