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O governo e a oposição da Venezuela concordaram, nesta terça-feira, 17, que as próximas eleições presidenciais ocorrerão no segundo semestre de 2024, com observadores internacionais, incluindo a União Europeia, conforme um documento assinado em Barbados, como parte do processo de diálogo mediado pela Noruega.

As partes também acordaram respeitar os processos de escolha interna de cada ator político, enquanto a oposição se prepara para escolher, no domingo, o candidato que enfrentará o presidente Nicolás Maduro. O documento propõe "que o processo eleitoral presidencial ocorra no segundo semestre de 2024, seguindo o cronograma constitucional".

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A data das eleições será definida pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), cuja direção foi renovada em agosto. O documento solicita uma atualização do registro eleitoral, incluindo no exterior, um pedido da oposição, e convida "missões técnicas de observação eleitoral".

Entre essas missões estão a União Europeia, que foi muito criticada pelo chavismo após sua observação nas eleições regionais de 2021, o painel de especialistas eleitorais da ONU, a União Africana, a União Interamericana de Organismos Eleitorais e o Centro Carter.

O processo de diálogo entre o governo e a coalizão opositora Plataforma Unitária começou em agosto de 2021 e foi interrompido duas vezes desde então, a última vez em novembro de 2022, depois que a delegação de Maduro condicionou o diálogo à liberação de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões) de fundos venezuelanos congelados no exterior.

Uma questão não resolvida foi relacionada às inabilitações políticas, uma bandeira da oposição que as considera inconstitucionais.

O acordo menciona permitir que todos os candidatos concorram "desde que cumpram os requisitos estabelecidos para participar da reeleição presidencial, de acordo com os procedimentos estabelecidos na lei venezuelana".

Maria Corina Machado, a favorita nas primárias para enfrentar Maduro, teoricamente não poderá se candidatar à presidência porque está inabilitada por 15 anos. Maduro, que pede no processo o fim das sanções contra seu governo, anunciou na segunda-feira. 16, que os acordos seriam "benéficos para o país".

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, anunciou nesta terça-feira, 17, que a Corte não desistiu de contar com representantes europeus na observação das eleições 2022, tendo a expectativa de trazer ao País mais de 100 autoridades internacionais para atuarem como observadores durante o período de campanha em outubro. Para atingir sucesso na empreitada, o TSE firmou parceria com o Instituto Internacional para Democracia e Assistência Eleitoral (Idea Internacional), que coordena a criação de uma rede de observações formada, especialmente, por representantes europeus.

A estratégia de criar uma rede de observadores internacionais surge após o recuo do TSE no convite às autoridades da União Europeia para atuarem em missão de observação antes, durante e depois das eleições. Como mostrou o Estadão, fontes na diplomacia europeia disseram que o convite para uma missão exploratória foi retirado por causa de "reservas expressas pelo governo brasileiro".

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O Ministério das Relações Exteriores realizou contraofensiva imediata à movimentação do tribunal e disse que o eventual convite à comunidade europeia destoa do modo de funcionamento convencional das missões de observação. A pasta não recebeu com satisfação o movimento da Justiça Eleitoral de trazer observadores, segundo uma fonte do TSE. Em nota, o Itamaraty disse "não ser da tradição do Brasil ser avaliado por organização internacional da qual não faz parte".

Durante evento no TSE, nesta terça-feira, 17, sobre democracia e eleições na América Latina, Fachin disse que, neste ano, "o Brasil olha para o mundo e o mundo democrático olha para o Brasil". Segundo o ministro-presidente, os acontecimentos do País "influenciam o cenário global", assim como os eventos internacionais impactam o Brasil. O magistrado citou a "estapafúrdia invasão do Capitólio (nos Estados Unidos, em janeiro de 2021), os ataques ao Instituto Eleitoral do México e as ameaças de morte sofridas por autoridades eleitorais do Peru, como exemplos de fatos que se refletem no País.

Como mostrou o Estadão, o TSE preparou uma ofensiva internacional para trazer delegações estrangeiras ao País em outubro, numa tentativa de chancelar os resultados das urnas eletrônicas. A Justiça Eleitoral pretende trazer ao território nacional observadores consolidados como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Carter Center, organização fundada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter na área dos direitos humanos, dentre outros.

Brasil não tolera 'aventuras autoritárias'

Ainda durante o evento no TSE, nesta terça-feira, 17, Fachin voltou a responder aos ataques que partem do Poder Executivo e afirmou que o "Brasil não mais aquece aventuras autoritárias". As declarações foram feitas um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro (PL) ligar o momento atual do País aos eventos ocorridos durante a ditadura militar e citar a possibilidade de eleições "conturbadas" neste ano.

"O mundo observa com atenção o processo eleitoral brasileiro. Somos hoje uma vitrine para os analistas internacionais e cabe à sociedade brasileira garantir que levemos aos nossos vizinhos uma mensagem de estabilidade, paz, segurança e de que o Brasil não mais aquece aventuras autoritárias", disse o presidente do TSE.

Fachin ainda citou as recentes "conturbações ocasionadas pela contagem manual de votos impressos" e as disputas em torno do resultado das eleições presidenciais no Equador e no Peru como casos que ligam todos os países latino-americanos. "É um alerta para a possibilidade de regressão a que estamos sujeitos e que pode infiltrar-se em nosso ambiente nacional, o que, a rigor, infelizmente já ocorreu", disse o presidente da corte eleitoral.

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