A Polícia Federal (PF) no Ceará e a Controladoria Geral da União (CGU) investigam, a partir da “Operação Caixa 3”, deflagrada na última sexta-feira (22), um acordo fraudulento firmado pela Odebrecht e o Grupo Petrópolis. A investigação questionou o procedimento de troca de garantias utilizadas no financiamento no Banco do Nordeste do Brasil para a construção de cervejarias em Pernambuco e na Bahia, sob a responsabilidade da Odebrecht.
Máquinas e equipamentos foram dados como caução ao empréstimo, mas eles já haviam sido alienados por um banco alemão. De acordo com a PF, houve benefício de fraudes contratuais em pelos menos dois empréstimos de R$ 300 milhões cada. Parte do dinheiro financiado foi doado pela cervejaria a campanhas eleitorais. Ainda não se sabe quem foram os políticos beneficiados.
##RECOMENDA##Observando o contexto, relatórios da CGU apontaram que houve descumprimento de normas do banco quanto à avaliação de risco da operação, fragilidade no acompanhamento do BNB e na comprovação financeira na construção da fábrica na Bahia. As investigações apontaram ainda que houve apresentação de uma certidão inidônea do Cartório de Registro de Notas e Documentos de Alagoinhas afirmando falsamente que tais bens estavam livres e desembaraçados de ônus.
Segundo a polícia, um dos diretores da Odebrecht disse em delação premiada no âmbito da Lava Jato, disse que parte dos recursos utilizados para as construções das fábricas da cervejaria no Nordeste foi utilizado para alimentar o esquema montado pela Construtora e pela cervejaria, batizado de “CAIXA 3”, que consistia em doações oficiais para campanhas políticas pela construtora por meio da mesma.
Em Pernambuco, duas equipes de policiais federais cumpriram um mandado de busca e apreensão nas dependências do Grupo Petrópolis responsável pela construção da fábrica da Cervejaria Itaipava, em Itapissuma. Na empresa foram digitalizadas milhares de notas referentes à construção da fábrica, bem como contratos e extratos bancários.