A mesma organização criminosa responsável por tentar fraudar mais de 100 concursos pelo país, incluindo o certame do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), é acusada de uma nova tentativa. Segundo o responsável da delegacia de defraudações da Polícia Civil da Paraíba (PCPB), o delegado Lucas Sá, o grupo tentou fraudar a edição de 2016 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e conseguiu a aprovação de beneficiários do esquema em universidades. Ele reforça que o trabalho de sete meses de investigação foi feito por ele e demais autoridades da Polícia
A informação foi fornecida ao LeiaJá nesta sexta-feira (3). Segundo Sá, a suspeita aconteceu em maio deste ano. De acordo com ele, a organização criminosa já estava se preparando para fraudar o Enem deste ano quando teve seus líderes presos no mês de maio.
##RECOMENDA##Apesar da prisão dos principais membros, ainda há beneficiários que não foram processados e outros integrantes da organização criminosa seguem em liberdade mesmo sob investigação. Entre os beneficiários do esquema está Mayara Rafaelli, que obteve 777,80 pontos no Exame e conseguiu ser aprovada em primeiro lugar com bolsa integral do Programa Universidade Para Todos (ProUni) no curso de medicina do Centro Universitário de João Pessoa (Unipe).
Segundo o delegado Lucas Sá, ela é filha de um dos líderes da organização, responde a processo por fraude em concurso público e se desligou do curso ao ser interrogada e confessar o crime em junho deste ano. De acordo com informações apuradas pela investigação policial, era de interesse dos suspeitos fraudar o Enem de 2017 pois, de acordo com conversas que foram interceptadas pela polícia, a sobrinha de um dos membros da organização criminosa iria fazer o exame.
Polícia Federal
O delegado afirmou ao LeiaJá que como o Enem é um exame de abrangência nacional, o caso só poderá ser investigado a fundo pela Polícia Federal do Distrito Federal (PF-DF), que é a instituição competente para este tipo de ocorrência. Nossa equipe entrou em contato com a PF para saber se o caso já foi recebido, mas até o momento ainda não obteve resposta.
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
O delegado paraibano também informou que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que é responsável pela realização do Enem, foi notificado em outubro sobre o ocorrido através de e-mail e por meios físicos, com reforço da informação na manhã desta sexta-feira (3).
Também na manhã de sexta-feira, o delegado foi informado que a presidente do Inep, Maria Inês Fini, entrou em contato com a Polícia Civil da Paraíba (PCPB) a fim de obter mais informações sobre o que foi descoberto e teria afirmado que o material apurado pela PCPB será encaminhado à Polícia Federal para que a investigação seja concluída. O objetivo é que os beneficiários do esquema criminoso sejam processados e respondam por fraude.
O LeiaJá entrou em contato com o Inep, que a princípio afirmou que só se pronuncia após ser notificado, mas depois solicitou mais detalhes sobre o caso e não deu uma resposta definitiva até o momento da publicação desta matéria. Nossa equipe também tentou falar diretamente com a presidente do Inep, Maria Inês Fini, porém fomos informados de que ela não se encontrava e que deveríamos aguardar pelo pronunciamento oficial da assessoria de imprensa do Inep.
Operação Panopte
Recentemente foi divulgado pelas polícias civis do Distrito Federal e do Estado de Goiás que uma organização criminosa tentou fraudar a edição de 2016 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A quadrilha foi desarticulada e seus membros foram presos no âmbito da Operação Panopte.
Perguntado sobre ligações entre os dois casos, o delegado paraibano Lucas Sá afirmou que apesar de a Operação Gabarito ter cooperação entre as polícias da Paraíba e do Distrito Federal, a organização desarticulada pela Operação Gabarito é um grupo à parte, com atuação distinta e completamente desconectada da organização que foi flagrada pela Operação Panopte. Assim, de acordo com o delegado, é possível afirmar que existiam dois grupos com o intuito de fraudar o Enem. “Nós temos duas organizações flagradas fraudando o Enem 2016 em diferentes partes do país e ambas pretendiam atuar no Enem 2017”.
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