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O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio, pediu nesta terça-feira (27) a abertura de sindicância para apurar suposto envolvimento de servidores no esquema de venda de pareceres técnicos em favor de empresas. Conforme reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, o ex-auditor da Corte Cyonil da Cunha Borges de Faria Júnior, delator da máfia dos pareceres, citou em depoimento à Polícia Federal a existência de um possível "esquema de fraudes a licitações e contratos no órgão", com participação de funcionários da Secretaria Técnica e dos gabinetes de Múcio e do ex-ministro Marcos Vinícius Villaça, que se aposentou.

As investigações do TCU vão ficar a cargo da corregedoria. Nesta terça, o tribunal explicou ter solicitado cópia do inquérito à Polícia Federal para subsidiar os trabalhos. Em nota, adiantou que a conduta de Cyonil e seus respectivos desdobramentos serão objeto de apuração. Na véspera, o tribunal informava que aguardaria "o desenrolar dos fatos" para adotar medidas.

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O TCU ponderou que, em encontro com jornalistas na semana passada, policiais da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo disseram não haver servidores ou autoridades de seus quadros sob investigação no âmbito da Operação Porto Seguro.

Cyonil contou à PF ter recebido do ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Rodrigues Vieira, apontado como chefe da quadrilha investigada, oferta de R$ 300 mil para beneficiar a empresa Tecondi em processo do TCU. Ele chegou a receber R$ 100 mil por parecer sugerindo a liberação de áreas do Porto de Santos. No entanto, o TCU deu decisões contrárias à empresa.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, se recusou nesta terça-feira a comentar os desdobramentos da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, que deflagrou o esquema de venda de pareceres e laudos técnicos em órgãos federais."Não vou falar da operação. Não, não, não vou falar", disse o ministro, após participar do evento "Juventude negra, juventude viva: diálogos governo e sociedade civil", no salão leste do Palácio do Planalto. "Não vou falar, só falo do tema de hoje (juventude negra), respondeu o ministro, deixando o salão.

O governo demitiu na segunda-feira a chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, e o advogado-adjunto da União, José Weber Holanda Alves, envolvidos no esquema, segundo a PF. Em entrevista publicada na edição desta terça-feira no jornal O Estado de S.Paulo, o ministro da Advocacia Geral da União, Luís Inácio Adams, admitiu ter sido politicamente atingido pelo escândalo envolvendo seu ex-braço direito. "É claro que me atinge. Não tenho como negar. Mas minha preocupação maior não é essa", disse Adams. "A instituição tem de dar resposta a este evento para continuar a exercer seu papel em favor da governabilidade. Temos de responder a essa situação para manter a credibilidade da AGU.", defendeu.

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Delator do esquema de venda de pareceres e laudos técnicos que levou à Operação Porto Seguro da Polícia Federal (PF), o ex-auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Cyonil da Cunha Borges de Farias Júnior veio a público no último domingo (25) para negar que tenha aceitado inicialmente R$ 100 mil em propina e depois se arrependido, como divulgado pela PF.

"Fico triste pelo tratamento dado pela mídia e órgãos de fiscalização, afinal não aceitei, logo não teria como me arrepender. Nunca aceitei qualquer R$", escreveu Cyonil em um fórum de debates na internet. A autenticidade do relato foi confirmada pelo próprio ao jornal O Estado de S. Paulo.

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Cyonil relata que o suposto corruptor (Paulo Vieira, ex-diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas) o "caçou" pela cidade, escreveu "milhões de e-mails" e foi até a portaria do seu prédio para oferecer dinheiro. O ex-auditor afirma que não desceu até a portaria do edifício para recebê-lo mas, mesmo assim, Vieira deixou um envelope com R$ 100 mil com o porteiro. "Fiquei atordoado quando vi o pacote, não sabia o que fazer com ele. Decidi guardá-lo em casa e preparar provas para denunciar tudo à PF", disse.

Autor de livros sobre direito administrativo e professor de cursinhos preparatórios para concursos públicos, Cyonil fez o desabafo no Fórum Concurseiros, em um tópico de debate aberto por seus ex-alunos. Os estudantes queriam saber o motivo de o professor - tido por muitos como exemplo de ética e retidão - ter seu nome envolvido no escândalo que derrubou a chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, e o número 2 da Advocacia-Geral da União, José Weber de Holanda Alves.

Segundo seu relato, Vieira se beneficiou da proximidade pessoal para tentar corrompê-lo. Cyonil relata que começou a reunir provas da tentativa de suborno para se precaver e apresentar uma denúncia consistente à PF. "Juntei tudo, até meus extratos bancários, algumas gravações que fiz." Ele afirma que detém muitos outros detalhes do processo ainda não revelados, mas não os divulgará até o fim do inquérito. "Há milhões de outras informações. Foram três anos de e-mails guardados. Que bandido guarda os e-mails na caixa de entrada e saída? Acho que só eu, né?", provoca.

Ele diz que "a galera do lado de lá" fará tudo para desmerecer a sua imagem, mas afirma que nunca titubeou em seguir em frente com a denúncia e hoje se diz aliviado. "Muitos vão acreditar em mim. Muitos vão me apedrejar. Não me arrependo de ter denunciado o esquema", afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff decidiu mudar a estrutura do escritório da Presidência em São Paulo e acabar com o cargo de chefe do gabinete do órgão. Com isso, ficará extinto o posto que até então era ocupado por Rosemary Nóvoa de Noronha e toda a coordenação do escritório paulista passará a ser feita em Brasília. A decisão foi tomada por Dilma e comunicada durante a reunião de coordenação comandada por ela na manhã desta segunda-feira (26), no Palácio do Planalto.

A presidente quer eliminar qualquer vestígio de influência da ex-assessora presidencial no escritório. Sindicâncias foram abertas em todos os órgãos envolvidos para apurar responsabilidades e, no caso do gabinete da Presidência, a presidente quer saber se há mais pessoas que agiam junto com Rose, como é conhecida Rosemary.

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Dilma quer dar o caso por encerrado, para poder voltar a tratar das questões de governo. Na reunião de coordenação, a avaliação é de que com a decisão tomada no sábado (24) de demitir todos os indiciados, os estragos e respingos no governo foram contidos.

A presidente mandou ainda passar um "pente-fino" nos pareceres elaborados pelos suspeitos investigados para verificar quem e o que eles afetavam. O Planalto tenta ainda se manter afastado dos pormenores do caso e demonstrar que não tem preocupação com as ameaças de Rose, que está inconformada com a forma como perdeu o poder. Ela já mandou recados avisando que "não vai cair sozinha".

Lula, que estava em viagem à Índia quando estourou o escândalo, já está de volta a São Paulo e nesta segunda despachava no instituto que leva seu nome na zona sul da capital paulista. Segundo sua assessoria, ele não iria se pronunciar sobre o caso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

O Diário Oficial da União (DOU) publicou nesta terça-feira (27) o nome dos novos demitidos em decorrência do esquema denunciado pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal. A operação investiga o envolvimento de servidores na emissão fraudulenta de pareceres técnicos para beneficiar empresários.

Também nesta terça-feira, a filha de Rosemary Nóvoa de Noronha, ex-chefe de gabinete da presidência da República, foi exonerada "a pedido" do cargo de assessor técnico da Diretoria de Infraestrutura Aeroportuária. Rose havia empregado a filha Mirelle Nóvoa de Noronha, na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

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Também foram demitidos José Francisco da Silva Cruz e Glauco Alves Cardoso Moreira, que ocupavam respectivamente os cargos de inventariante da extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e de procurador-geral da Procuradoria Federal na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ).

Jailson Santos Soares foi afastado pelo Ministério dos Transportes do cargo de ouvidor da ANTAQ e José Weber Holanda Alves foi exonerado "a pedido" da função de membro suplente do Conselho Deliberativo da Fundação de Previdência Complementar do servidor Público Federal. José Weber era advogado-adjunto da União, e foi demitido na segunda-feira (26).

A ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo indiciada por corrupção na Operação Porto Seguro, Rosemary Nóvoa de Noronha, afirmou, em e-mail interceptado pela Polícia Federal em março deste ano, que conversava "todos os dias" com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A mensagem foi enviada por Rose a Paulo Vieira, diretor afastado da Agência Nacional de Águas (ANA), apontado por investigadores como chefe de uma quadrilha que comprava pareceres técnicos de órgãos públicos para beneficiar empresas.

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"Mandei uma notícia de ultima hora sobre a alta do PR (presidente da República) e vc nao falou nada... Tenho falado com ele todos os dias, agora ele já está voltando a política e logo vou resolver se fico no Gabinete", escreveu Rose a Paulo Vieira. A sigla PR é usada no Palácio do Planalto para identificar presidentes.

O e-mail foi enviado em 29 de março, um dia depois que a equipe médica do Hospital Sírio-Libanês confirmou a remissão total de um tumor na laringe do ex-presidente. Na ocasião, Lula divulgou um vídeo em que dizia "voltar à vida política".

A operação da Polícia Federal também teria gravado 122 telefonemas entre o ex-presidente e Rose entre março de 2011 e outubro deste ano, segundo reportagem publicada pelo jornal Metro. A média seria de cinco ligações por dia.

A oposição cobrou explicações de Lula sobre a nomeação de Rose, e sobre os contatos entre ela e o ex-presidente. "Qual o motivo desses contatos, uma vez que ele não estava mais na Presidência?", indagou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).

A assessoria do Instituto Lula, que representa o ex-presidente, não se manifestou sobre o caso.

Os partidos também querem ouvir explicações dos diretores de agências nomeados por Rose. Os parlamentares ainda pedirão esclarecimentos ao advogado-geral da União, Luís Adams, sobre o envolvimento de seu subordinado José Weber Holanda, advogado-geral adjunto, no esquema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Delator do comércio de pareceres em órgãos federais, o ex-auditor Cyonil da Cunha Borges de Faria Júnior afirmou que o ex-ministro José Dirceu teria interesse em processo do Tribunal de Contas da União (TCU) fraudado para favorecer a empresa Tecondi. Em depoimento à Polícia Federal, ele disse que o esquema investigado na Operação Porto Seguro pode envolver mais funcionários do TCU.

Ao relatar conversas que teve com o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Rodrigues Vieira, preso pela PF e apontado como chefe da quadrilha, Cyonil disse ter ouvido dele comentário sobre o ex-titular da Casa Civil. "Recordo-me que Paulo sempre falava que era o César (Carlos César Floriano, dono da Tecondi) que iria fazer contato quanto ao assunto do parecer favorável à Tecondi, sendo que, inicialmente, mencionara que José Dirceu tinha interesse no andamento do processo", disse.

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O depoimento, em 25 de julho de 2011, foi o segundo prestado pelo ex-auditor, delator do esquema. Ele não foi perguntado e não deu mais detalhes sobre o suposto envolvimento de Dirceu.

Cinco meses antes, Cyonil já citara aos federais a existência de um "suposto esquema de fraudes a licitações e contratos" no âmbito do TCU, com participação de funcionários da Secretaria Técnica e dos gabinetes do ministro José Múcio e do ex-ministro Marcos Vinícius Villaça.

Villaça era relator de um processo sobre supostas irregularidades no arrendamento de área no Porto de Santos pela Tecondi. O terreno de 170 mil metros quadrados, cedido pela Companhia Docas de São Paulo (Codesp), não pôde ser ocupado por falta de licenças ambientais. Com isso, a companhia liberou outros lotes, que não haviam sido licitados - para o TCU, a medida não tem base legal.

Em 2007, Cyonil deu parecer contrário à Tecondi. Dois anos depois, Múcio assumiu a relatoria e determinou nova inspeção. Segundo o inquérito, nessa época, Paulo Vieira, então ouvidor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), ofertou R$ 300 mil a Cyonil para que fizesse parecer favorável à empresa. O ex-auditor disse à PF que recebeu R$ 100 mil, mas devolveu o dinheiro e nega ter se corrompido.

O TCU informou ontem não ter localizado Múcio. Em nota, disse que acompanha o desenrolar do processo. "Quando oficialmente tomar conhecimento do conteúdo do inquérito, poderá adotar as medidas que se fizerem necessárias." O advogado José Luís Oliveira Lima, que representa Dirceu, não quis comentar o caso, pois não teve acesso ao depoimento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

O PSDB quer ouvir a ex-chefe de gabinete da representação da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, e demais envolvidos no escândalo da Operação Porto Seguro, deflagrada na última sexta-feira pela Polícia Federal, em Brasília e São Paulo.

Autor do requerimento encaminhado à Comissão de Fiscalização e Controle convidando Rosemary a depor, o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), disse que na outra vez em que ela foi convidada a falar na CPI dos Cartões Corporativos, o pedido foi rejeitado pelos senadores governistas. Ela seria ouvida sobre os "gastos exorbitantes" do cartão que utilizava.

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"O governo blindou seu comparecimento, mostrando que a relação dela com o poder é de muita intimidade", alegou. O líder lembrou que Rosemary chegou a acompanhar o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagens oficiais.

A operação Porto Seguro investiga o envolvimento de servidores na emissão fraudulenta de pareceres técnicos para beneficiar empresários. No requerimento dirigido à comissão, o senador tucano quer ouvir ainda os diretores da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo e Paulo Rodrigues Vieira, além do auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) em São Paulo, Cyonil da Cunha Borges.

Já na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), o líder pede o comparecimento do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; do advogado-Geral da União Luis Inácio Adams, e seu ex-adjunto, José Weber Holanda Alves, e dos superintendentes da Polícia Federal em São Paulo, Roberto Troncon Filho, e do Patrimônio da União, Evangelina de Almeida Pinho.

Alvaro Dias também encaminhou requerimento à Comissão de Infraestrutura convidando a depor os diretores da Anac, Marcelo Pacheco dos Guaranys e Rubens Carlos Vieira, além do diretor-presidente da Antaq, Tiago Pereira Lima, o chefe de gabinete, Ênio Dias Soares, o Procurador-Geral, Glauco Alves Cardoso Moreira, e o ouvidor Jailson Santos Soares. Outro pedido do líder é para ouvir na Comissão de Educação (CE) o consultor Jurídico do Ministério da Educação, Esmeraldo Malheiros Júnior.

O senador encaminhou, igualmente, pedido ao superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Roberto Troncon Filho, de compartilhamento de informações e documentos referentes à Operação Porto Seguro.

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) defendeu nesta segunda-feira (26) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja convidado para explicar 122 contatos telefônicos que teria mantido, nos últimos 19 meses, com Rosemary Nóvoa de Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo. Rosemary está entre os indiciados pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro. A quadrilha fraudava pareceres em troca de propina e agia em diversos órgãos da cúpula do governo federal. Segundo investigações da PF, Rosemary recebia propina e presentes da quadrilha.

"Qual o motivo desses contatos, uma vez que ele (Lula) não estava mais na Presidência?", indagou o tucano. Além do requerimento para convidar Lula a dar explicações na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara e na Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência, Sampaio também quer que o Advogado-Geral da União, Luís Adams, compareça ao Congresso para esclarecer o envolvimento de seu subordinado José Weber Holanda, advogado-geral da União adjunto, no esquema de compra de pareceres técnicos de órgãos públicos para atender a interesses empresariais.

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O PSDB também vai apresentar requerimentos, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, de convites a Rubens Carlos Vieira e Paulo Rodrigues Vieira, afastados das diretorias da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Agência Nacional de Águas (ANA). Os dois foram indicados para os cargos por Rosemary. Paulo Vieira é apontado como chefe da quadrilha. Rosemary Nóvoa de Noronha será convidada a ir à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência.

Para o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), o ex-presidente Lula deve uma explicação pública sobre os motivos que o levaram a aceitar indicações e ajudar a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Nóvoa de Noronha a nomear diretores de agências reguladoras, hoje acusados de corrupção pela Polícia Federal. O PPS também apresenta na terça-feira (27) requerimentos na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara para ouvir Rosemary e José Weber Holanda.

Na opinião do presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), "a indicação de autoridade feita pela Presidência da República, rejeitada pelo Senado e de forma inédita revista pela maioria governista, coloca o governo na obrigação de dar ao País explicações sobre a propalada influência da intimidade com o poder nos legítimos negócios da República". "Se a operação Porto seguro não tivesse sido deflagrada, os desmandos por ela denunciados tenderiam a não ter fim", disse Maia, em nota divulgada pelo DEM.

A Justiça Federal em São Paulo autorizou nesta segunda feira (26) a remoção de Paulo Rodrigues Vieira, diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), para uma sala de Estado Maior. Apontado pela Polícia Federal como chefe da quadrilha que comprava pareceres técnicos de órgãos públicos para atender interesses empresariais, Vieira é advogado, o que lhe confere o direito a permanecer em sala de Estado Maior, dependência militar sem grades.

Esse benefício é concedido ao advogado que ainda não sofreu condenação com trânsito em julgado. Vieira nem é réu - ele é alvo da Operação Porto Seguro, deflagrada sexta feira passada, e figura como investigado por suspeita de tráfico de influência e corrupção passiva. Ele foi preso em caráter preventivo e removido para o Presídio da Papuda, em Brasília. Agora, por ordem judicial, será encaminhado a alguma dependência militar, provavelmente do Exército.

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A decisão judicial foi tomada depois que a defesa de Vieira pediu reconsideração da prisão preventiva contra ele. O criminalista Pierpaolo Bottini argumentou no pedido à Justiça que Vieira foi afastado da direção de Hidrologia da ANA por decisão do governo. O cargo de Vieira foi um dos fundamentos da ordem de prisão porque ele poderia fazer pressões contra testemunhas.

A Justiça ainda não analisou o pedido sobre revogação da prisão apresentado por Pierpaolo Bottini, mas acolheu o argumento, ou seja, o fato de Vieira ser advogado, portanto com direito à sala de Estado Maior.

O Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira confirma as exonerações da chefe de gabinete do escritório da representação da presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, e do advogado geral da União adjunto, José Weber Holanda. A presidente Dilma Rousseff já havia determinado a demissão dos dois no sábado (24), após reunião no Palácio da Alvorada para avaliar as denúncias do envolvimento dos servidores na emissão fraudulenta de pareceres técnicos para beneficiar empresários. Rosemary e Holanda foram indiciados pela Polícia Federal que deflagrou na última sexta-feira (23) a Operação Porto Seguro, em Brasília e São Paulo.

Além da demissão da chefe de gabinete do escritório em São Paulo e do número dois da Advocacia Geral da União (AGU), os diretores da Agência Nacional de Águas (ANA), Paulo Rodrigues Vieira, e seu irmão, Rubens Rodrigues Vieira, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que estão presos, foram afastados dos cargos, conforme determinação publicada no DOU. Haverá ainda abertura de processos disciplinares contra eles.

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O DOU traz ainda uma portaria da Casa Civil determinando a constituição de uma Comissão de Sindicância Investigativa, para apurar, no prazo de 30 dias, eventuais irregularidades noticiadas por meio da operação Porto Seguro. Para compor a comissão foram designados Edson Leonardo Daléscio Sá Teles, analista de finanças e controle, que irá presidir os trabalhos; Paulo Cesar Wanke, procurador federal; e Cesar Dutra Carrijo, advogado da União.

Um grampo da Polícia Federal revela que o empresário Paulo Vieira, apontado como chefe da quadrilha, conversou com um homem identificado pelo nome de César sobre reunião com o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. A conversa foi no dia 23 de maio, às 11h07. "A agenda do Alípio com o ministro do Desenvolvimento foi marcada pro dia 6 de junho, eu preciso falar com o Alípio urgente pra falar da agenda", disse Vieira.

O diálogo reforça a suspeita de tráfico de influência de Rosemary Nóvoa de Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo. Para a PF, anotações na agenda de Rosemary - conhecida como Rose - mostram que ela se empenhou em promover reuniões de integrantes da organização criminosa com autoridades, "valendo-se do cargo de chefe de gabinete regional da Presidência".

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No documento, a ex-assessora, que fora indicada para o cargo pelo ex-presidente Lula, escreveu um lembrete: "Agendamento de reunião com min. Pimentel no interesse de Alípio Gusmão - Bracelpa." Gusmão é conselheiro da Associação Brasileira de Papel e Celulose (Bracelpa).

Campanha

Em outra interceptação, a PF flagrou conversa entre Vieira e seu irmão, Rubens, também no dia 23 de maio, às 15h32. Eles falam da campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo. O diálogo mostra prestígio de Rosemary em questões internas do partido.

"É o seguinte, Rubens, o PT deve pedir pra Rose uma pessoa pra fazer parte da Comissão do Programa de Governo na área de controle, transparência, essas coisas", disse Vieira. "Certo", respondeu Rubens.

"O candidato natural seria eu, porque eu vim da CGU (Controladoria-Geral da União), mas é que eles não sabem", prosseguiu Vieira. "Mas eu não vou fazer parte de comissão pro Fernando Haddad nem aqui nem na China. Aí eu falei pra Rose que o nome ideal seria você." "Mas de controle?", indagou Rubens. "Claro! Controle é direito administrativo", incentivou Vieira.

"Eu vou montar um e-mail pra ela explicar lá. Eu vou dizer que você conhece muito porque foi da área de controle por muito tempo como corregedor." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

A Polícia Federal identificou 1.169 telefonemas de um dos redutos da organização criminosa que fraudava pareces técnicos para um telefone do Partido da República (PR), no período entre 15 de junho de 2010 e 4 de abril de 2011. A PF também interceptou contatos diretos entre o diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), Paulo Rodrigues Vieira - apontado como chefe da quadrilha -, e o deputado Valdemar da Costa Neto, secretário-geral do PR, condenado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva no julgamento do mensalão.

Os telefonemas partiram de um número cadastrado em nome de um restaurante da Alameda Joaquim Eugênio de Lima, em São Paulo, que tem como sócio o empresário Marcelo Rodrigues Vieira, irmão de Paulo. Os dois e um terceiro irmão, Rubens, diretor de Infraestrutura da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), são alvos da Operação Porto Seguro.

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Em um organograma sobre os grampos a PF cita o Nippon Japanese Restaurantes-Yatai e o PR. O restaurante seria usado como base do grupo para corromper servidores públicos em troca de laudos forjados que atendiam interesses empresariais.

A PF apurou que em uma mesa do Yatai o auditor do TCU Cyonil da Cunha Borges de Farias Junior recebeu R$ 100 mil para fazer um parecer "sob encomenda"- depois, ele se arrependeu, devolveu o dinheiro e denunciou o caso.

Foram interceptados 10 mil e-mails entre integrantes do esquema. A PF pegou ainda escutas nas quais Costa Neto é citado. Isso levou a procuradora da República Suzana Fairbanks a requerer à Justiça Federal, em junho, a separação desses diálogos dos autos da Operação Porto Seguro "para posterior encaminhamento a quem possua atribuição funcional para tal".

Suzana reforça sua preocupação em destacar as menções a detentores de prerrogativa de foro e menciona cinco situações que justificam a medida, quatro delas apontando nominalmente Costa Neto. Áudios de 24 e 28 de maio pegaram conversas da secretária do deputado com o escritório do empresário Carlos César Floriano, que atua na área portuária e sexta-feira (23) foi indiciado pela PF. O criminalista Alberto Zacharias Toron, defensor de Floriano, esclareceu que o empresário não foi preso, mas conduzido para depor. "Floriano não tem participação alguma em atos ilícitos", disse Toron.

A procuradora assinala telefonemas entre Paulo Vieira e Costa Neto. A 28 de maio Vieira pede "a indicação de um vereador de Santos para assinatura de representação junto ao TCU, sendo-lhe indicado Odair Gonzalez". É citado áudio de 5 de junho "entre Tereza, secretária do ministro Pedro Britto (ex-ministro dos Portos) e Daniele, secretária de Floriano, quanto a pedido de patrocínio de evento a ocorrer no setor portuário em 2013".

Por meio da assessoria do PR, Costa Neto informou que "é amigo e mantém relações próximas com Paulo Vieira há muitos anos". Alega é um parlamentar muito bem votado em Cruzeiro (SP) e Paulo é dono de uma faculdade da cidade. "São relações normais, absolutamente cordiais, amistosas, mas destituídas de qualquer envolvimento institucional ou que se refira a gestão pública." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

A Presidência da República informou, por meio de nota oficial divulgada na tarde deste sábado, que vai afastar ou exonerar todos os servidores indiciados na Operação Porto Seguro da Polícia Federal. Os dois principais alvos são a chefe do escritório da Representação da Presidência em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, indiciada por corrupção e tráfico de influência, e o advogado-geral da União substituto, José Weber Holanda, o número dois da AGU. Ambos serão exonerados e os órgãos citados no inquérito terão de abrir processo de sindicância.

Já os diretores das agências Agência Nacional de Águas (ANA), Paulo Rodrigues Vieira, e seu irmão, Rubens Rodrigues Vieira, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que estão presos, serão afastados e haverá abertura de processos disciplinares contra eles.

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Os afastamentos, demissões e a abertura das investigações foram decididos na manhã deste sábado pela presidente Dilma Rousseff, durante reunião com o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, no Palácio da Alvorada e serão publicados no Diário Oficial da União.

A Operação Porto Seguro da PF foi deflagrada nesta sexta-feira (dia 23) em Brasília e São Paulo com o objetivo de desarticular uma organização infiltrada em sete órgãos federais para a obtenção de pareceres técnicos fraudulentos em prol de interesses privados.

Na ocasião, foram apreendidos documentos do gabinete do número dois da AGU, além de documentos na sala que Rosemary ocupa no escritório da Presidência em São Paulo. A PF apreendeu 18 malotes de documentos nas repartições, além de discos rígidos de computador e mídias digitais. Também foram confiscados dois veículos.

A Operação Porto Seguro mobilizou 180 agentes e delegados da PF para executar seis mandados de prisão, dos quais cinco foram cumpridos, e 43 de busca e apreensão nos municípios de Cruzeiro, Dracena, Santos e São Paulo, além de Brasília. Ainda estão sob investigação funcionários dos Correios, da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), da AGU e do Ministério da Educação.

Rosemary Noronha, uma das personagens centrais do esquema de corrupção desbaratado pela Operação Porto Seguro, foi a única funcionária não concursada da Presidência mantida em cargo de chefia após a transição de poder entre Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Próxima de Lula, Rose, como era conhecida, ocupava desde 2009 um cargo DAS 6 - reservado a secretários, chefes e diretores de departamento, com salários na faixa de R$ 11,2 mil. Rose foi demitida há 15 dias, após a operação da Polícia Federal.

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O levantamento sobre os 6.515 servidores federais não concursados que estão em postos de livre nomeação (DAS) mostra que, quanto maior a importância e a remuneração do cargo, menor é a taxa de "sobrevivência" dos remanescentes da gestão Lula - tanto no âmbito da Presidência quanto em ministérios.

É nos cargos DAS - sigla de "Direção e Assessoramento Superior" - que se acomodam a maioria dos servidores indicados por partidos políticos.

No caso dos salários mais elevados, de R$ 8.988 a R$ 11.179, não há cota mínima de concursados. São esses postos os mais visados. Mesmo nesses casos, porém, os servidores de carreira são maioria: 60% entre os DAS 6 e 68% entre os DAS 5.

Os dados do Portal da Transparência do governo mostram que, em relação ao começo da gestão, Dilma ampliou o número de cargos DAS (de cerca de 21,7 mil para 22,3 mil), mas, ao mesmo tempo, reduziu o número de não concursados que os ocupam (de 6.689 para 6.515). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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