A polícia do Pará abriu inquérito para apurar o caso da adolescente T., de 14 anos, e de outras duas menores que, durante quatro dias, teriam sido drogadas, embriagadas, espancadas e violentadas sexualmente por vários detentos dentro da Colônia Agrícola Heleno Fragoso, localizada no complexo penitenciário de Americano, em Santa Isabel do Pará, a 50 km de Belém.
O caso foi denunciado no sábado pela menor depois de ela ter fugido da penitenciária e encontrado soldados da Polícia Militar que estavam em uma viatura na BR-316. Em uma varredura feita no prédio por agentes penitenciários as outras duas menores não foram encontradas. Segundo T., ela teria sido levada para a penitenciária por uma mulher conhecida por Ane, a quem a polícia tenta localizar e prender.
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O governador Simão Jatene, quando soube do fato, mandou exonerar o diretor da instituição penal, Andrés de Albuquerque Nunes, assim como outros 18 agentes que estavam de plantão no sábado. A garota prestou depoimento e em seguida foi levada ao Centro de Perícias Científicas Renato Chaves para exame de corpo de delito.
Na sequência a menor foi encaminhada a um abrigo mantido pelo Estado, onde passou a receber apoio psicológico. Ela começou a tomar vacinas preventivas contra doenças venéreas depois de confessar que as relações sexuais teriam sido feitas sem o uso de preservativos.
A menor revelou que na segunda-feira, 12, foi aliciada por Ane quando estava em uma praia do distrito de Outeiro, na região da Grande Belém. A menina estava foragida de casa desde junho e andava na companhia de um namorado.
Segundo o depoimento de T., a aliciadora a convenceu a ir até a Colônia Heleno Fragoso para uma "diversão". Na primeira vez, ambas entraram em área de mata por um ramal que contorna os fundos da penitenciária.
Enquanto caminhavam, a menor diz ter ouvido Ane falar ao celular com um homem conhecido por Faísca, que seria detento da Colônia. Foi com ele que a menina manteve relação sexual, passando a noite às margens de um igarapé, também em companhia da aliciadora.
Ao voltar ao local pela segunda vez, a menor conta que Ane a deixou sozinha. Foi quando apareceram vários detentos e a levaram para o prédio, onde ela teria permanecido por quatro dias.
Dentro da penitenciária os detentos deram bebida misturada com suco para a garota, obrigando-a depois a usar cocaína e a fumar maconha. Ela fugiu depois de notar que os presos estavam drogados. A menina disse que viu as outras duas jovens também sofrerem violências.
Entidades defensoras dos direitos de crianças e adolescentes definiram a situação de T. como "intolerável", adiantando que o Estado deve ser processado pelo que aconteceu.