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O Vaticano defendeu nesta quarta-feira (26) o papa emérito Bento XVI, acusado em um relatório de não ter feito nada para impedir que vários padres abusassem de menores na diocese que ele liderou nos anos 1970-80 na Alemanha e lembrou sua luta contra a pedofilia.

O diretor de comunicação da Santa Sé, Andrea Tornielli, veterano vaticanista, lembrou as medidas tomadas por Bento XVI durante seu mandato papal, além de sua luta contra a pedofilia desde que era cardeal, responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé, o antigo Santo Ofício.

Depois de "combater esse fenômeno como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé", Joseph Ratzinger promulgou como pontífice "normas muito duras contra os abusadores do clero, verdadeiras leis especiais para combater a pedofilia", escreveu Tornielli em um editorial publicado no porta de notícias do Vaticano, o Vatican News.

“Bento XVI deu testemunho, com o seu exemplo concreto, da urgência de uma mudança de mentalidade, importante para combater o fenômeno dos abusos, escutando e estando perto das vítimas a quem deve sempre pedir perdão”, sublinhou.

“Foi precisamente Joseph Ratzinger o primeiro papa a se encontrar várias vezes com vítimas de abuso durante suas viagens apostólicas”, lembrou Tornielli, que ressaltou que o relatório alemão “não é uma investigação judicial, muito menos um julgamento final”.

As reconstruções contidas no relatório alemão devem “ajudar a combater a pedofilia na Igreja se não forem reduzidas à busca de bodes expiatórios fáceis e julgamentos sumários”, alertou.

"Só evitando estes riscos poderão contribuir para a busca da justiça na verdade e para um exame colectivo de consciência sobre os erros do passado", destacou.

Bento XVI corrigiu na segunda-feira as declarações dadas aos autores do relatório sobre uma reunião em 1980 dedicada a um padre pedófilo, esclarecendo que o pedido de acomodação durante sua terapia foi aceito e ressaltando que não foi tomada nenhuma decisão sobre a atribuição de uma missão pastoral.

Tanto o Vaticano quanto o papa emérito expressaram "vergonha" e "proximidade" às vítimas de abuso sexual após a publicação do relatório na Alemanha.

O cardeal francês Philippe Barbarin, suspeito de encobrir casos de pedofilia, pediu "perdão pessoalmente" às ​​vítimas dos padres incriminados durante uma missa na quarta-feira (24) à noite, de acordo com a diocese de Lyon (centro-leste), cidade da qual é arcebispo.

Citando o papa Francisco, o cardeal Barbarin disse ser "sua obrigação assumir todo o mal cometido por alguns padres e pedir pessoalmente perdão pelos danos que causaram abusando sexualmente de crianças", de acordo com seus comentários informados no site da diocese.

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"Cada um é chamado a fazer um exame de consciência frente a essa tormenta e eu agradeço aqueles que me ajudaram a fazer a minha", acrescentou. O cardeal Barbarin se viu envolvido nas últimas semanas em um escândalo de abusos sexuais cometidos contra jovens escoteiros entre 1986 e 1991 por um padre da região de Lyon, Bernard Preynat.

Este último, que continuou em atividade até agosto de 2015, foi indiciado em 27 de janeiro, depois de admitir os fatos. Suas vítimas denunciaram várias autoridades da diocese, incluindo Barbarin, por não terem agido contra tais crimes.

Após o caso vir à tona na imprensa, uma vítima do sexo masculino de um outro padre no início dos anos 90 queixou-se contra o arcebispo de Lyon, acusando-o de não ter agido quando ele foi informado do seu caso em 2009.

O papa Francisco recebeu pela primeira vez no Vaticano seis vítimas de padres pedófilos, anunciou nesta segunda-feira (7) a assessoria de comunicação da Santa Sé. O pontífice recebeu dois britânicos, dois alemães e dois irlandeses que sofreram abusos sexuais de religiosos.

O encontro aconteceu na residência privada de Francisco no Vaticano, a Casa Santa Marta, onde ele mora desde sua eleição como pontífice em março de 2013. A reunião foi anunciada pelo próprio Francisco no dia 26 de maio, durante o voo que o transportou para Roma após uma viagem ao Oriente Médio.

As vítimas assistiram à missa que o bispo de Roma preside na capela de sua residência e depois aconteceu o encontro privado. Os nomes das pessoas presentes não serão divulgados, segundo o Vaticano.

Francisco se comprometeu desde o início a lutar contra a pedofilia e criou uma comissão para a proteção da infância, que tem entre seus integrantes uma vítima, a irlandesa Mary Collins.

Apesar dos gestos, as associações de vítimas consideram que a Igreja não está fazendo todo o possível para impedir que padres abusem sexualmente de menores de idade em todo o mundo.

Um grupo de ativistas mexicanos enviou na quinta-feira uma carta ao papa Francisco na qual pede "decisões estruturais" para acabar com os "padres abusadores". As vítimas pedem que as boas intenções manifestadas pelo papa virem normas específicas, explicou José Barba, ex-membro dos Legionários de Cristo, de 75 anos.

Barba foi vítima de Marcial Maciel, o falecido fundador da poderosa congregação, protagonista do maior escândalo de pedofilia da instituição, que recebeu durante décadas a proteção de João Paulo II.

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