O primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, tentava hoje formar um novo governo de união nacional em uma nova tentativa de estabilização política do país, mas enfrentava a resistência do principal grupo de oposição. O presidente da Grécia, Karolos Papoulias, informou hoje por meio de sua assessoria que reuniria "sem demora" os líderes dos partidos políticos do país a pedido do primeiro-ministro, em uma tentativa de desfazer o impasse entre situação e oposição. O chefe de Estado discutirá com os líderes políticos "as oportunidades existentes de cooperação", diz o comunicado.
Papandreou reiterou hoje que está pronto para deixar a chefia de governo em favor de um governo de coalizão, mas rejeita a ideia de antecipar as eleições, disse um porta-voz. Por sua vez, Antonis Samaras, líder do principal partido de oposição da Grécia, a Nova Democracia, reiterou seu pedido de eleições antecipadas imediatas e rejeitou a iniciativa de formar um governo de coalizão com os socialistas.
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Samaras se pronunciou depois que o primeiro-ministro, George Papandreou, comunicou ao presidente Papoulias sua intenção de formar um governo de coalizão que implementaria um pacote de ajuda de 130 bilhões de euros ao país aprovado pela Europa no mês passado.
A Nova Democracia, que elogiou o acordo de ajuda, se opõe às medidas de austeridade que o governo vem implementando desde o início da crise da dívida no ano passado, que considera responsáveis pelo aprofundamento da recessão na Grécia. "Papandreou condenou o país com suas políticas", disse Samaras em declarações à televisão. "Nenhum programa pode prosseguir sem o apoio do povo, e por isso precisamos de eleições", disse.
Já o partido Laos, de extrema-direita, pediu que Antonis Samaras reconsidere sua rejeição à tentativa de Papandreou de formar um governo de coalizão. "Estou fazendo um apelo público para que Samaras reconsidere sua decisão", disse Giorgios Karatzaferis, líder do Laos, com comunicado. "Demos o primeiro passo, a saída de George Papandreou do poder. Precisamos dar o segundo passo juntos", afirmou.
Negociações
Papandreou iniciou hoje negociações para formar um governo de coalizão que garanta uma ampla aprovação ao último acordo de ajuda internacional à Grécia e evite uma catástrofe financeira para o endividado país. Ele se reuniu com o presidente Papoulias pela manhã e convocou para o domingo uma reunião ministerial.
Em entrevista a jornalistas depois do encontro com o presidente, Papandreou indicou claramente que o governo a ser formado terá poder para aprovar legislação referente ao pacote de socorro, confirmando as diferenças com a Nova Democracia. "As decisões de 26 de outubro e as obrigações decorrentes destas decisões são uma condição para o país continuar no euro", disse o primeiro-ministro após o encontro com o presidente.
Depois de Papandreou ter obtido ontem à noite um voto de confiança do Parlamento, Samaras pediu eleições imediatas, afirmando que Papandreou rejeitou sua proposta de uma coalizão suprapartidária que apenas ratificaria o acordo de empréstimo, mas não a implementação das medidas.
Em meio ao impasse, um porta-voz do governo lembrou que a Grécia precisa ratificar até o fim do ano o plano de resgate financeiro oferecido pela União Europeia (UE) para solucionar sua crise da dívida. "Segundo um cronograma inegociável da cúpula europeia (onde o plano foi acertado), o novo acordo precisaria ser ratificado no Parlamento até o fim de 2011", disse Ilias Mossialos, o porta-voz.
"Nossos parceiros europeus não irão esperar. Nós temos apenas sete semanas e não podemos perder nenhum dia", acrescentou ele, aumentando a pressão para que os políticos gregos cheguem a um consenso sobre a formação de um governo de unidade nacional.
Enquanto isso, circulavam rumores segundo os quais Papandreou pode nomear seu ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, para liderar um governo de unidade nacional ainda neste sábado, disse um representante do Partido Socialista (Pasok), de Papandreou, acrescentando que o chefe de governo não excluía outros candidatos.
"Papandreou acredita que Venizelos é a pessoa mais adequada para liderar o governo de coalizão", disse a fonte. "Venizelos é o principal negociador na Europa, portanto haverá continuidade, embora o maior partido de oposição Nova Democracia seja contra a proposta", acrescentou. As informações são da Dow Jones.