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O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um inquérito civil para apurar a conduta da rede Jovem Pan na disseminação de conteúdos desinformativos a respeito do funcionamento das instituições brasileiras e com potencial para incitar atos antidemocráticos.

O foco da investigação será a veiculação de notícias falsas e comentários abusivos pela emissora, sobretudo contra os Poderes constituídos e a organização dos processos democráticos do país.

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O órgão realizou levantamento ao longo dos últimos meses e detectou que a Jovem Pan, a princípio, tem veiculado sistematicamente fake news e discursos que atentam contra a ordem institucional, em um período que coincide com a escalada de movimentos golpistas e violentos em todo o país.

Na cobertura dos atos de vandalismo ocorridos em Brasília neste domingo, por exemplo, comentaristas da Jovem Pan minimizaram o teor de ruptura institucional dos atos e tentaram justificar as motivações dos criminosos que invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes.

O comentarista Alexandre Garcia, contratado da emissora, chegou a fazer uma leitura distorcida da Constituição para atribuir legitimidade às ações de destruição diante do que ele acredita ser um contexto de inação das instituições. “É o poder do povo”, disse, em alusão ao artigo 1º da Lei Maior.

“Nos últimos dois meses as pessoas ficaram paradas esperando por uma tutela das Forças Armadas. A tutela não veio. Então resolveram tomar a iniciativa.”

Paulo Figueiredo foi outro a proferir ataques aos Poderes da República e validar os atos de vandalismo. Mesmo quando vândalos já haviam invadido e destruído prédios públicos, o comentarista tentou imputar aos agentes públicos que neles atuam a culpa pelo caos instalado.

Ele argumentou que “as pessoas estão revoltadas com a forma como o processo eleitoral foi conduzido, elas estão revoltadas com a truculência com que certas instituições têm violado a nossa Constituição”, ecoando notícias falsas sobre supostas fraudes eleitorais e atuações enviesadas ou omissivas de tribunais superiores e do Congresso Nacional.

Já Fernando Capez classificou os atos como “manifestação claramente pacífica”. “Um ou outro vândalo que se infiltra, mas 99,9% são pessoas que estão ali expondo a sua indignação, sua maneira de pensar”, declarou.

Considerações de descrédito às instituições e ao processo democrático vêm ganhando fôlego na programação da Jovem Pan desde meados de 2022, antes mesmo do início do período eleitoral. Ataques infundados ao funcionamento das urnas eletrônicas e à atuação de membros do Judiciário foram cada vez mais constantes, acompanhados depois de suspeições sobre o próprio desfecho da eleição.

O comentarista Rodrigo Constantino, em 14 de novembro, atribuiu o resultado dos processos democráticos do país a “um malabarismo do Supremo”. Já sua colega Zoe Martinez defendeu, em 21 de dezembro, que as Forças Armadas destituíssem os ministros do STF.

Vários dos programas analisados também continham falas com potencial efeito de incitação a atos violentos no país. Exemplo foi registrado em 22 de dezembro, quando Paulo Figueiredo resumiu o cenário político-social a duas alternativas: a aceitação de “uma eleição sem transparência, sem legitimidade, sem confiança da população” e a deflagração de uma guerra civil. Diante delas, sentenciou: “Então que tenha uma guerra civil, pô!”.

Dias depois, o mesmo comentarista diria que uma intervenção militar não traria consequências gravosas ao país e que, em caso de reação de grupos como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, caberia “mandar esses daqui para um lugar pior”. “Passa cerol, pô, vocês são treinados para isso!”, concluiu, dirigindo-se a integrantes das Forças Armadas.

Ordens

O MPF enviou ofício determinando que a Jovem Pan forneça, em até 15 dias, informações detalhadas sobre sua programação e os dados pessoais dos apresentadores e comentaristas dos programas Jovem Pan News, Morning Show, Os Pingos nos Is, Alexandre Garcia e Jovem Pan – 3 em 1. O documento inclui ainda uma notificação para que a empresa se abstenha de promover quaisquer alterações nos canais que mantém no YouTube, seja a exclusão de vídeos, seja tornar sua visualização restrita, pois todo o conteúdo será objeto de investigação minuciosa.

Ao YouTube, o MPF ordenou a preservação da íntegra de todos os vídeos publicados pela Jovem Pan desde janeiro de 2022 até hoje. A plataforma deverá ainda informar em até 30 dias a relação completa dos conteúdos removidos ou cujo acesso público foi restringido pela emissora, para compreender melhor quais razões motivaram essas ações. O YouTube terá também que indicar os vídeos que foram alvo de moderação de conteúdo pela própria plataforma ao longo do ano passado, especificando os fundamentos adotados nesse controle.

Abusos

O MPF lembra que a livre expressão do pensamento não exime a Jovem Pan de respeitar outras diretrizes constitucionais e legais referentes às atividades de comunicação, sobretudo porque parte de seu conteúdo é veiculado via rádio, uma concessão pública sujeita a limites relevantes. O artigo 5º da Constituição garante o acesso de todos à informação, não como o simples direito de recebê-la, mas de obter conteúdos qualificados. Ainda na Carta de 1988, o artigo 221 determina que emissoras de rádio e TV deem preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas em sua programação, com respeito a valores éticos e sociais da pessoa e da família.

“Tendem a violar tais finalidades educativas e informativas, e em especial valores éticos da pessoa humana, conteúdos que sistematicamente veiculam desinformação sobre o funcionamento das instituições democráticas do país e, sobretudo, que incitam violência e ruptura em face dos Poderes estabelecidos”, destacou o MPF na portaria de instauração do inquérito.

O MPF ainda aponta que o Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei 4.117/1962), ao qual a Jovem Pan está submetida enquanto concessionária do serviço de radiodifusão, é claro ao estabelecer que a liberdade de transmissão por som e imagem não exclui a punição dos que praticarem abusos no seu exercício. Segundo a norma, incorrem em tais violações aqueles que empregarem os meios de comunicação para a prática de crimes previstos na legislação em vigor. Entre os exemplos estão incitar a desobediência às leis e a ordens judiciais, fazer propaganda de guerra ou de processos de subversão da ordem política e social e caluniar, injuriar ou difamar os Poderes Legislativo, Executivo ou Judiciário ou seus membros.

A investigação avaliará se a Jovem Pan violou direitos fundamentais da população e incorreu em abusos à liberdade de radiodifusão. Providências poderão ser adotadas tanto para impor multas e indenizações por dano moral coletivo quanto para acionar a Justiça em favor da suspensão da concessão por até 30 dias e até mesmo sua cassação. Para o MPF, “o regime de direito público pertinente aos serviços de radiodifusão coloca limites à iniciativa privada, ao exigirem que sua exploração voltada ao lucro seja compatibilizada com responsabilidade social”.

Da assessoria do MPF

Pacientes com câncer sofrem com a mucosite oral, inflamação da mucosa bucal, com formação de pseudomembrana e fonte potencial de infecções com risco de morte. Ela aparece frequentemente em 80% dos pacientes que recebem quimioterapia em altas doses e em até 100% dos que passam por tratamento de radioterapia para tumores de cabeça e pescoço.

Para o médico Paulo Figueiredo, professor associado de Estomatologia da Universidade de Brasília e coordenador da Residência Multiprofissional em Odontologia e Atenção Oncológica do Hospital Universitário de Brasília, a toxicidade causada pela aplicação dos tratamentos e a chamada mielossupressão, quando a atividade da medula óssea é diminuída, são fatores que aumentam a decorrência dessas inflamações e/ou lesões na região. “Tanto a quimio como a radioterapia comprometem a renovação da célula nas camadas mais profundas do epitélio, o que facilita a descamação da pele”, explica, conforme sua assessoria de comunicação.

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De acordo com o médico, a mucosite oral também acomete aproximadamente de 20 a 40% dos casos de quimioterapia convencional. Paulo Figueiredo aponta: “Tais complicações podem prolongar a hospitalização e diminuir a qualidade de vida do paciente. Em alguns casos pode haver até a interrupção completa do tratamento”.

Constantemente se apresentando em forma de eritema (vermelhidão), ardência bucal e lesões ulcerativas, às vezes com sangramento, afetando principalmente as regiões dos lábios, língua, mucosas, gengivas e garganta, a mucosite oral faz o paciente começar a se queixar de interferência na qualidade da saliva e da voz, causando dor, dificuldade em deglutir (disfagia) e incapacidade de se alimentar. Segundo a Associação Multinacional de Cuidados de Suporte ao Câncer e a Sociedade Internacional de Oncologia Oral, há sete métodos que os pacientes podem adotar para amenizar a situação: cuidados bucais básicos; Fatores de crescimento e citocinas; Agentes anti-inflamatórios; Antimicrobianos, agentes de revestimento, anestésicos e analgésicos; laser e outra terapia de luz; crioterapia; e agentes naturais e diversos. A prevenção, porém, ainda é o mais indicado. Podem ser usados, por exemplo, lascas de gelo, gelo picado, picolé, além da realização de bochechos com água gelada na cavidade oral durante a administração dos quimioterápicos.

A informação de que o Movimento Brasil Livre (MBL) teria recebido ajuda financeira de partidos políticos para a impressão de panfletos e uso de carro de som, além do fornecimento de transportes e lanches para manifestantes foi rebatida, nesta sexta-feira (27), por um dos líderes grupo em Pernambuco, Paulo Figueiredo. De acordo com ele, sugestão de financiamento partidário “é uma completa mentira”. 

“Não há financiamento e nunca houve a entrada de um centavo sequer”, rebateu, em entrevista ao Portal LeiaJá. “O que aconteceu, e eles estão querendo divulgar, é que antes da manifestação de 13 de março surgiu a campanha ‘Esse impeachment é nosso’ que foi abraçada por diversos grupos, inclusive partidos, isso não foi escondido de ninguém. A gente tem divulgação de que o os partidos iriam abraçar este ato”, acrescentou explicando. 

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A informação foi revelada pelo portal UOL. De acordo com a matéria, o PMDB, o Solidariedade, o DEM e o PSDB estariam custeando algumas despesas nas manifestações organizadas pelo MBL. Segundo a reportagem, o PMDB, por exemplo, teria custeado a impressão de 20 mil panfletos com os dizeres “Esse impeachment é meu” já o PSDB teria feito captação de hospedagem e alimentação.

“Uma coisa é contar com o apoio outra coisa é dizer que o MBL é sustentado por esses partidos. Nunca houve nenhum tipo de apoio financeiro. Eles distribuíram de panfletos e apoiaram nas estratégias para mobilizar as pessoas, mas ajuda financeira, isso nunca teve, em nenhuma hipótese”, argumentou Paulo Figueiredo. “Na verdade, o apoio que eles deram ainda foi muito pequeno. A gente contou mesmo foi com o voluntarismo das pessoas”, completou. 

Indagado se o episódio mancha a causa defendida pelo MBL, que é o fim da corrupção e o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o coordenador do grupo alegou que não. “De forma alguma. Esses partidos sempre disseram que eram favoráveis ao impeachment. O MBL tinha uma pauta comum com eles”, disse.

Vem Pra Rua – Em todas as manifestações, inclusive a do dia 13 de março, o MBL contou com a parceria do Vem Pra Rua na idealização dos atos em diversas cidades do país, entre elas no Recife. O Portal LeiaJá entrou em contato com a coordenação do Vem Pra Rua em Pernambuco, para saber como o grupo avaliava o assunto. 

O advogado Gustavo Gesteira, que responde pelo movimento, conversou com a nossa reportagem, mas logo depois, informou que estava se afastando das atividades do grupo. Com isso, entramos em contato com Alice Gibson, indicada por Gesteira, no entanto ela optou por direcionar a nossa equipe para a assessoria de imprensa nacional do movimento. De onde não obtemos êxito nos contatos.

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