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Não há mais tempo para salvar o resultado da indústria neste ano, avalia o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini. "Temos só quatro meses. O ano já está comprometido", disse, durante divulgação dos dados do Indicador do Nível de Atividade (INA), nesta quinta-feira, 29. De janeiro a julho, o INA acumula alta de 4,3% ante o mesmo período de 2012, mas, segundo Francini, até o final do ano este número vai diminuir.

"Os 4,3% vão cair e se situar em torno de 3%, inferior à queda de 4,1% do ano passado. 2013 não vai recuperar o que caiu em 2012", completou. Em julho ante junho, o INS caiu 1,6% na série com ajuste sazonal. O economista aponta ainda que no mês de julho todos os indicadores que compõem o INA foram para a mesma direção. "Depois da queda no primeiro semestre de 2012 houve uma recuperação e essa recuperação perdeu força", disse Francini.

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Mesmo a recente depreciação do real não deve trazer os sinais positivos para a indústria já neste ano. "Temos de esperar. A tarefa de reconquistar posição leva naturalmente mais tempo", disse o economista. Segundo ele, com otimismo é possível esperar alguma recuperação ainda neste ano, mas é mais certo aguardar esse efeito para o primeiro trimestre do ano que vem. "A pior taxa de câmbio é a volátil", reforçou. Só depois da estabilização da taxa de câmbio, que o economista espere que seja entre R$ 2,35 e R$ 2,40, se dará o início de uma recuperação de mercado.

A expectativa de Francini é de que o resultado do INA nos próximos meses seja pior do que o registrado nos mesmos meses de 2012, devido a uma base de comparação mais forte, e continue morno na variação mensal.

O economista mencionou três setores industriais que refletem momentos da economia. O setor químico por exemplo apresentou queda de 4,1% no INA de julho ante junho, devido ao forte crescimento das importações. Segundo Francini, este é um cenário que pode melhorar com o novo patamar de câmbio. O setor de móveis também enfrenta problemas (queda de 2,8% na mesma base de comparação), mas por causa do enfraquecimento do comércio no mercado interno. Já o setor de celulose, por sua vez, registrou alta de 0,9% e acumula avanço de 6,7% no ano. Francini atribui o bom resultado a uma gradual recuperação da economia europeia.

Confiança

A pesquisa Sensor, realizada pela Fiesp, mostrou que a confiança do empresariado diminuiu em agosto, ao cair para 49,4 pontos ante 50,6 pontos em julho. Em março, chegou a 56,8 pontos. "Agosto é o primeiro mês desde janeiro em que o Sensor fica abaixo de 50 pontos, significa que o panorama não é bom."

Francini disse ainda que a pesquisa aponta para um cenário de incertezas para o emprego e para a produção. No primeiro quesito, o indicador passou de 49,5 pontos para 47,9 pontos. Já no item estoques, a queda foi ainda maior, de 47,2 pontos em julho para 42,9 pontos em agosto, o que, segundo o economista, revela que as indústrias já começam a ficar super estocadas.

O diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp, Paulo Francini, disse nesta quinta-feira que, apesar de o Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista ter avançado tanto na série com ajuste sazonal quanto na série sem ajuste, o resultado foi fraco.

"Não há muito a comemorar nem há muito a lamentar." O indicador subiu 1,1% em março ante fevereiro, na série com ajuste sazonal, e 8,8%, na série sem ajuste. "A recuperação do INA vem ocorrendo, mas a um ritmo não muito forte. Estamos alcançando um INA que já tínhamos alcançado anteriormente." Francini afirmou que março costuma ser um mês que apresenta grande variação positiva. No entanto, a alta de 8,8%, na série sem ajuste, só é melhor, desde 2002, que março dos anos de 2011 (6,3%), 2008 (5,6%) e 2003 (6,9%).

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O diretor do Depecon disse ainda que o avançou de 2,4% no indicador acumulado de janeiro a março só é melhor que os anos de 2012 (-5,5%), 2009 (-17,4%) e 2002 (-0,2%). Ele disse que a indústria está em um momento "titubeante". "Quando você acha que vai subir, cai e vice-versa."

Entre os setores, na comparação de março com fevereiro deste ano, o destaque, segundo Francini, ficou por conta dos produtos químicos - onde o índice de atividade subiu 2,3% na série com ajuste e de 10,4% na série sem ajuste. "É uma recuperação após um período de desempenho fraco do setor."

Ele disse ainda que esse setor faz paradas para manutenção no fim do ano e em março volta com força. Francini destacou também os artigos de borracha e plástico, que subiram 1% na série com ajuste sazonal e 3,5% na série sem ajuste. "É um setor supridor da indústria de veículo. Portanto, esse setor anda com certo suporte."

O diretor do Depecon destacou de maneira negativa o setor de celulose, papel e produtos de papel, que recuou 1,3% na série com ajuste, porém avançou 9,1% na série sem ajuste. "Normalmente o crescimento é de dois dígitos." Francini resumiu os dados dos setores dizendo que não há nenhum setor que apresente "tragédia" e nenhum que apresente a "glória".

Sensor

Sobre a confiança dos empresários industriais paulistas, medida na pesquisa Sensor, Francini destacou o item Emprego, que caiu de 52,4 pontos em março para 44,3 pontos em abril. "É preocupante. É um eventual prenúncio de redução de emprego na atividade industrial."

Revisão

Os dados do mês de fevereiro ante janeiro foram revisados. O INA com ajuste, que antes apontava queda de 1,5% passou para estabilidade. O indicador sem ajuste passou de baixa de 2,3% para queda de 0,3%.

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