A pressão sobre os reservatórios das hidrelétricas tende a aumentar nos próximos anos, dada a ausência de novos projetos baseados na construção de grandes barragens e geração hídrica. Depois de uma década de investimentos em empreendimentos de grande porte, como Jirau, Santo Antônio, Belo Monte, Teles Pires e São Manoel, todas instaladas na região amazônica, o governo praticamente paralisou a construção de novos empreendimentos, por conta da complexidade ambiental desses projetos. Se dois anos atrás previa-se mais de 10 mil megawatts (MW) de energia com projetos hidrelétricos a serem instalados na próxima década, hoje essa projeção é de 3 mil megawatts.
"Usinas solar e eólica são complementares e importantes, mas não podem ser a principal fonte do País. Hoje estamos vivendo um problema estrutural no setor elétrico, porque deixamos de fazer usinas com grandes reservatórios. Antes tínhamos três ou quatro anos de previsibilidade de abastecimento, mesmo com falta de chuvas, devido aos nossos reservatórios. Hoje, essas estruturas suportam apenas meses se água. Perdemos esse benefício", diz Roberto Wagner, especialista em política industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
##RECOMENDA##Há 20 anos, as hidrelétricas respondiam por mais de 80% da geração de energia. Hoje, representam 60%. As mudanças nessa matriz terão impacto econômico. Um estudo elaborado pela CNI aponta que, para o Brasil cumprir o acordo de reduzir em 43% as emissões de gases de efeito estufa até 2030, terá de desembolsar R$ 15 bilhões a mais do que o previsto pelo Plano Nacional de Energia (PNE).
Segundo o levantamento, o investimento necessário para o País se adequar à meta da COP 21 para o setor elétrico - de aumento da parcela de geração renovável para ao menos 23% do total, desconsiderando a energia hídrica - será de R$ 316 bilhões até 2030, enquanto as estimativas do PNE são de R$ 301 bilhões.
Na avaliação da CNI, a tendência é de que novas usinas a gás natural também passem a fazer parte dos investimentos em térmicas, para substituir usinas mais antigas e mais poluentes - de geração a diesel e carvão, por exemplo -, reduzindo assim os índices de emissão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.