A presidente do Chile, Michelle Bachelet, comemorou neste sábado (21) o avanço do ambicioso plano de reformas do seu governo, como a educativa, em um discurso anual ante o Congresso, em Valparaíso, onde um guarda municipal morreu em confronto entre policiais e manifestantes nas ruas da cidade.
"Já começa a ser concluída a 'estrutura' das nossas reformas", disse Bachelet antes de enumerar a implementação das reformas tributária, educativa e eleitoral, entre outras.
##RECOMENDA##"Se há algo que provocou um antes e um depois para cerca de 130 mil famílias é o início da gratuidade na educação superior", que representa 54,3% dos alunos que entraram na universidade neste ano, disse a presidente.
Nesse sentido, anunciou que enviará no mês que vem para o Congresso a lei que definirá de "forma permanente" as bases da gratuidade paulatina na educação.
Durante uma hora e meia de pronunciamento, Bachelet ressaltou também os planos de investimento do governo para superar a desaceleração da economia local e a implementação de leis e de novas políticas para acabar com a discriminação de gênero.
A mandatária reconheceu, no entanto, as dificuldades econômicas que enfrenta o país, com um crescimento em torno de 2%, e anunciou planos de investimento em infraestrutura para dinamizar a economia e o emprego, além da criação de um ministério de ciência e tecnologia no segundo semestre deste ano.
"O Chile precisa de mais ciência e conhecimento para fortalecer a economia, a democracia e a cultura da descoberta", disse.
Na agenda social, Bachelet destacou as políticas que promovem a equidade de gênero, como o objetivo de que 40% das diretoras de órgãos públicos sejam mulheres, e anunciou que apoiará as leis que aumentem as penas para os casos de violência doméstica.
Do lado de fora do Congresso, as ruas de Valparaíso se transformaram em campo de batalha entre manifestantes e policiais, que tentaram dispersar a multidão com canhões de água e gases lacrimogêneos.
Em meios aos confrontos, um incêndio "intencional", segundo a procuradoria-geral da república, provocado por manifestantes com artefatos incendiários, resultou na morte de um guarda municipal.
"A presidenta Bachelet expressa seu mais profundo pesar pela morte de Eduardo Lara e condena a violência dos que não respeitam a democracia. Com sua atuação, acabaram com a vida de um trabalhador da nossa pátria", afirmou uma mensagem na conta de Twitter da mandatária.
"Não há nada que justifique (...) o falecimento de um trabalhador inocente frente a estes delinquentes que se escondem em manifestações cidadãs", afirmou o ministro secretário-geral do Governo, Marcelo Díaz.
Como acontece a cada ano, após o discurso de prestação de contas anual da presidência chilena no Congresso, várias organizações sociais e estudantis tomaram as ruas da cidade com centenas de manifestantes para reivindicar mudanças ao governo.