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As vitórias eleitorais de candidatos adeptos da pauta armamentista garantiram a formação de uma "bancada dos CACs", como são chamados os colecionadores de armas de fogo, atiradores esportivos e caçadores. O grupo que cresceu a partir de incentivos do presidente Jair Bolsonaro (PL), e se tornou o maior segmento armado do País, elegeu ao menos 33 representantes para cargos de deputado federal, senador e deputado estadual.

A bancada do grupo no Congresso terá 23 representantes a partir de 2023, sendo 16 deputados e sete senadores. Juntos, os novos parlamentares que vão ocupar cadeiras na Câmara e no Senado receberam 18,6 milhões de votos.

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Os outros dez eleitos com o apoio do segmento ocuparão assentos nas Assembleias Legislativas de Alagoas, Amazonas, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia, Pernambuco, São Paulo e Tocantins. Os deputados estaduais e distritais eleitos no domingo receberam 550 mil votos.

Para efeito comparativo, a bancada dos CACs na Câmara é maior do que a de dez partidos: federação PSOL/Rede (14), PSB (14), Podemos (12), Avante (7), PSC (6), Patriota (4), Solidariedade (4), Novo (3), Pros (3) e PTB (1).

O PL fez o maior número de CACs da bancada eleita, com 17 parlamentares. Serão 12 deputados e cinco senadores. Republicanos, União Brasil e Progressistas, somados, elegeram seis. A lista de CACs eleitos é baseada nos candidatos que foram apoiados pelo movimento Proarmas, a maior associação armamentista do País. O líder do movimento, Marcos Pollon (PL), foi o deputado mais votado em Mato Grosso do Sul.

Pollon é aliado de primeira hora do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também reeleito. O filho do presidente se dedicou pessoalmente à campanha armamentista. O objetivo do Proarmas era eleger candidatos para flexibilizar leis que tratam do assunto.

Lobby

O líder do Proarmas e o filho do presidente atuam em conjunto no lobby em favor de diversas pautas do setor. Uma delas fomentou nos Estados a apresentação de projetos de lei que facilitariam o porte de arma para os CACs, que ainda não podem circular armados livremente. A estratégia serviu para driblar o Supremo Tribunal Federal (STF) e a oposição no Congresso.

Em live anteontem Eduardo Bolsonaro disse acreditar que a nova composição do Congresso permitirá modificar o Estatuto do Desarmamento. "É o Congresso mais conservador das últimas décadas. Já tem base de maioria para mudar qualquer lei. Por exemplo: o Estatuto do Desarmamento é algo factível para mudar no ano que vem, no meu entendimento", afirmou.

A importância de eleger parlamentares armamentistas também foi explicitada por Pollon, em setembro. Ao criticar uma decisão do ministro Edson Fachin, do STF, o líder do Proarmas disse a seguidores que era preciso votar em senadores alinhados a Bolsonaro. Na ocasião, dois dias antes do Dia da Independência, Fachin havia suspendido decretos do presidente que ampliavam o acesso a armas.

"Eu reitero a importância das eleições neste ano", disse Pollon. "Elejam senadores alinhados com o presidente, porque (são) os senadores que podem frear isso aí (decisão do STF) de alguma forma."

Entre os candidatos apoiados pelo Proarmas estão deputados que já exerciam mandato e que se comprometeram oficialmente com a pauta armamentista. É o caso de Bia Kicis (PL-DF) e de Pedro Lupion (PL-PR), ambos reeleitos.

Lupion atuou politicamente para derrubar uma medida do Exército que desagradou aos CACs. Como mostrou o Estadão, ele levou o pleito ao então ministro da Defesa, general Braga Netto (PL), hoje vice na chapa de Bolsonaro. Mesmo fora do governo e em plena campanha, o militar atuou para reverter o ato do Exército.

Apoio

O Proarmas apoiou 30 candidatos para a Câmara dos Deputados e dez para o Senado. Destes, foram eleitos 13 e quatro para as respectivas Casas. Nos Estados e na Câmara distrital, 31 receberam o apoio do grupo e nove se elegeram.

Na disputa para governador, sete tinham o apoio do movimento. Três foram ao segundo turno: Carlos Manato (PL-ES), Marcos Rogério (PL-RO) e Jorginho Mello (PL-SC).

A bancada dos CACs se elegeu com o compromisso de atuar em favor da flexibilização do acesso a armas. Ela se junta à bancada das forças de segurança, que cresceu na comparação com o resultado de 2018. Um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indica a eleição de 34 policiais e militares para a Câmara. Em 2018, foram 28.

Com a política pró-armamento do governo, o total de CACs registrados saltou de 117.467, em 2018, para 673.818 este ano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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