Tópicos | Queda de cabelo

“Hoje, não ter pelo, pra mim, é uma escolha”. A frase é da educadora social e artista Lídia Rodrigues, 36 anos, que exibe sem medo a cabeça sem os fios de cabelo. Mas nem sempre foi assim. Entre 2010 e 2011, ela recebeu o diagnóstico de alopecia areata, uma doença autoimune que provoca a queda de pelos - não apenas no couro cabeludo como, em alguns casos, em todo o corpo, incluindo sobrancelhas e cílios.

Na época, Lídia vivia um relacionamento abusivo e ainda não havia recebido um segundo diagnóstico, que também teria grande impacto em sua vida: o de transtorno do espectro autista. Ela somente percebeu os efeitos de todo o estresse no corpo quando os fios começaram a cair. 

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“Lembro que começou a cair um pouquinho de cabelo, uma falha que parecia uma moeda de R$ 1. Foi quando eu soube que era alopecia areata. No começo, tentei cuidar bastante, fiz o processo de retomada dos pelos e fui descobrindo algumas coisas. É uma doença autoimune agravada pelo estresse. Então, se eu não aniquilasse os elementos de estresse que, na época, eu nem conseguia entender bem quais eram, os fios iam continuar caindo”, conta.

O tratamento, à base de corticoide, deixou Lídia inchada e ela resolver raspar por completo a cabeça. “Hoje em dia, eu meio que sou uma mulher careca. Os cabelos vêm, mas eu continuo tirando. Incorporei minha identidade.”

A ilustradora Lolla Angelucci, 43 anos, sempre conviveu com a queda de cabelo - desde a infância. Durante muito tempo, achou que conseguia esconder as falhas no couro cabeludo, mas, quando completou 18 anos, a queda dos fios se tornou mais acentuada.

“Aos prantos, entendi que já quase não tinha mais cabelo”, conta. “Minha mãe passou a vida inteira procurando o melhor especialista e o melhor tratamento. Nenhum foi fácil, nem barato, nem eficaz. Quando estava em casa, aos prantos, porque não dava mais pra esconder a alopecia, ela encontrou a melhor loja de peruca - e também a mais cara. Minha primeira peruca era muito desconfortável e custou três salários mínimos”. 

“Essa primeira peruca era tão desconfortável que o passo seguinte, de parar de usar peruca, foi relativamente fácil. Acho que o fato de eu ter entendido desde o começo que a minha peruca não enganava ninguém também facilitou muito”, lembra. “ Eu me gostava careca. Olhava no espelho e me achava bonita. O resto do mundo não achava, mas, como eu achava, estava bem. Não foi fácil. Meus professores de faculdade vinham perguntar por que eu não estava mais usando peruca. Uma mulher fora do padrão que se sente confortável na própria pele causa estranhamento. E as pessoas eram meio agressivas. Como se eu tivesse obrigação de alterar a minha aparência para o que fosse agradável para o outro, não pra mim.”

Diagnóstico tardio

No caso da influencer Yasmin Torquato, 28 anos, o diagnóstico tardio de alopecia areata desencadeou um quadro depressivo que terminou por agravar ainda mais a queda de cabelo. Aos 23 anos, ela percebeu uma falha no couro cabeludo do tamanho de um fundo de copo na altura da nuca.

“Eu assustei bastante. Não sabia o que estava acontecendo comigo. O quadro emocional foi afetado demais e eu entrei em depressão. Demorou seis meses pra ter um diagnóstico. Seis meses de muita luta, indo a vários médicos. Infelizmente, há muito despreparo. Doença autoimune, de certa forma, ainda é doença nova. Nem todos conhecem”.

“Foi um choque pra mim, mas, ao saber do diagnóstico, fiquei um pouco mais tranquila, pelo menos por saber que não era uma doença contagiosa ou uma doença terminal. Esses são os maiores medos que a gente sente ao saber que está doente”, conta. “Contra todas as vontades, eu mesma criei coragem e resolvi raspar. Raspei, consegui ficar carequinha, comecei a falar sobre a doença, ajudar outras pessoas. No final do ano passado, meu cabelo começou a nascer sozinho, o que me deu muita esperança. Começou a crescer bem os fios mas, depois de sete meses, tive uma crise de sinusite, tomei medicamentos fortes e o quadro evoluiu pra alopecia universal, quando caíram os cílios, as sobrancelhas e o pelo do corpo todo.”

“Foi como se tivesse perdido meu cabelo pela primeira vez de novo. Me vi novamente bem abalada, mas, como já estava mais fortalecida, passei um mês mais amuadinha e já estou bem melhor e lidando super bem. Mesmo na fase mais crítica da doença, não parei de trabalhar. É o que me dá força.”

Entenda 

No mês de conscientização sobre a alopecia areata, a dermatologista e tricologista Patricia Damasco alerta para os principais sinais da doença e para a importância do diagnóstico precoce. “É como se o organismo atacasse o próprio folículo, mas de uma forma que não destrói aquele folículo e, com isso, tem chance de voltar a ter pelo naquele local”, explica.

“Pode ser bastante incômodo porque, na maior parte das vezes, as pessoas ficam com uma placa pequena sem cabelo e o tratamento é com injeção local de medicamento. Há alguns casos em que a pessoa perde o pelo do corpo todo, inclusive cílios, sobrancelhas. São quadros bastante desafiadores pros pacientes”. 

“Por um processo autoimune, o anticorpo ataca o folículo, fazendo com que mesmo os fios em fase de crescimento se desprendam e caiam. É bem característico áreas arredondadas, sem pelo nenhum. O paciente fica bem angustiado porque, muitas vezes, ele tem medo que aquele cabelo não volte a crescer naquele local. O interessante é que, mesmo havendo um processo inflamatório, ele não atinge a célula tronco do folículo. Por isso, sempre há chance de retornar aquele fio ao local. Tem relação com estresse muito grande. A gente vê também relação com a descompensação de problemas de tireoide, anemia. Isso tudo pode fazer com que aquela pessoa que já tem pré-disposição genética manifeste a doença.”

“Muitas vezes, o paciente nem sabe que tem a doença. Na maior parte das vezes, ele não sente que o cabelo caiu naquela plaquinha. Quem nota é o cabelereiro ou alguém que esteja manuseando o cabelo da pessoa. É importante o tratamento específico porque a gente consegue controlar aquela atividade evitando que a perda de cabelo seja excessiva. É interessante, assim que notar que há uma área de falha, procurar um dermatologista porque pode aumentar muito e a gente consegue, com o tratamento, frear um pouco.”

 

 

Barra pesada! Desde que anunciou o diagnóstico de câncer no intestino, em agosto desde ano, a cantora Simony tem compartilhado os altos e baixos do processo de tratamento. Em entrevista ao jornalista Roberto Cabrini, no Domingo Espetacular, a cantora desabafou sobre a queda de cabelo.

"Eu fiz a quimio e, depois de 14 dias, meu cabelo começou a cair. E essa parte é muito difícil. É muito triste para uma mulher. Não adianta. Cabelo cresce, mas é uma junção de coisas".

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Simony teve a ajuda do filho, Ryan Benneli, de 21 anos de idade, para raspar a cabeça.

"Ele tirou. Chorou, eu chorei. Hoje eu não choro mais, mas têm dias que eu não estou a fim de levantar, por exemplo".

Recentemente, a artista celebrou a regressão da doença, revelando nas redes sociais que o câncer diminuiu mais de 50%. Contudo, as sessões de radioterapias ainda serão necessárias.

Queda de cabelos preocupa e gera muitas dúvidas no paciente quanto à causa, gravidade do problema e como tratar. Alguns graus de calvície são passíveis de tratamento clínico e cirúrgico simultaneamente. O procedimento, que tem sido buscado cada vez mais por homens e mulheres, deve ser feito por médico especialista no assunto. Para saber se há indicação do transplante é fundamental realizar uma consulta, exame e esclarecimento com o médico especialista.

O transplante capilar é uma cirurgia minimamente invasiva que pretende implementar folículos pilosos (estruturas localizadas na pele e de onde nascem os cabelos ou pelos) nas áreas onde não exista cabelo ou onde exista em uma menor densidade. Estes folículos são retirados das áreas onde existe cabelo, habitualmente da região da nuca e das partes laterais do couro cabeludo.

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“O transplante capilar é um procedimento extremamente seguro. Desenvolvi a técnica Preview Long Hair de transplante capilar sem raspagem da cabeça, sem curativo, com fio longo, para FUE (folicular unit extraction) ou FUT (follicular unit transplantion), com anestesia local pura ou com sedação, além de outras técnicas complementares que mostram resultados muito eficazes”, afirmou o Dr. Marcelo Pitchon, médico cirurgião, que opera em São Paulo e Minas Gerais, e é referência internacional no assunto.  

Mas nem todas as pessoas possuem indicação para efetuar um transplante capilar. É necessário que exista sempre uma avaliação prévia por parte de um médico dermatologista para que seja efetuado o diagnóstico definitivo e excluir algumas patologias que possuem contraindicação para o transplante capilar. Ou seja, o tratamento é recomendado a doentes que possuam as condições que permitam resultados duradouros. Isto porque algumas patologias comprometem os resultados esperados.

De um modo geral, é recomendada a doentes com as seguintes patologias: calvície masculina ou feminina e pessoas que perderam cabelo após uma queimadura ou ferimento no couro cabeludo. O pré-operatório é simples e requer apenas algumas análises ao sangue, como um hemograma, função renal, estudo da coagulação, entre outros. Não é preciso realizar jejum antes da realização da cirurgia. "Um atendimento personalizado desde a primeira consulta é fundamental”, alertou Pitchon.  

Uma das técnicas mais populares atualmente é a raspada. “Criei a técnica agora premiada, sem raspagem da cabeça pensando nas mulheres e nos homens que não querem ter suas cabeças raspadas para um transplante capilar. A técnica é super minuciosa, artesanal e o procedimento é feito com anestesia local. A colocação das unidades foliculares é realizada uma a uma e, para isso, trabalhamos com lupas de aumento. Utilizamos "micro punches", “micro agulhas” ou “micro lâminas”, que são instrumentos que possibilitam realizar micro incisões circulares ou lineares para extrair as unidades foliculares, que serão depois implantadas na área calva”, explicou Pitchon – o primeiro brasileiro ganhador em 2021 do maior prêmio científico mundial da cirurgia capilar, o Golden Follicle Award, prêmio anual da ISHRS. Antes do procedimento, o médico recomenda a realização do exame de tricoscopia e um planejamento completo.  

O transplante capilar sem raspagem da cabeça e com o uso de fios longos pode ter a duração de três a oito horas, não requer internação - e o paciente estará liberado para a maioria das atividades em 24hs. Segundo o médico, a maioria dos pacientes já apresenta uma diferença significativa quanto ao crescimento de fios após seis meses do transplante, mas o resultado final pode ser observado após de nove a 12 meses.

O tratamento e o tipo de técnica usada deve ser personalizado para as necessidades de cada paciente. Os resultados após o transplante capilar são “quase” definitivos, desde que se mantenha um acompanhamento e tratamento pós-operatório em consulta da dermatologista. E o processo de cicatrização fica completo ao fim de três ou quatro dias e não fica visível qualquer cicatriz linear.   

 

Assim como os seres humanos e os animais, o fio de cabelo possui um ciclo de vida. Em especial, as suas fases são marcadas pelo crescimento, repouso e queda. Graças a esse processo de renovação, uma pessoa pode perder entre 50 e 100 fios de cabelo todos os dias, sem risco de desenvolver calvície. Entretanto, a queda permanente, sem a reposição natural dos cabelos não é algo normal e, geralmente, está associada a duas principais questões: hereditariedade e aos hormônios masculinos. 

A perda dos fios está diretamente relacionada, especificamente, ao hormônio da testosterona. Desta forma, atinge em maior quantidade os homens. As mulheres, por outro lado, não estão imunes, pois também são produtoras do hormônio em questão, apesar de ser em uma quantidade menor. 

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Os casos de "Alopecia androgenética feminina", nome científico dado à calvície feminina, possui vários graus e vem aumentando consideravelmente. Atualmente, essa situação já atinge um total de 40% das mulheres. Esse crescimento tem ligação, também, com as condições da vida moderna e sua carga de tensão, estresse e ansiedade.

Sobre essas circunstâncias, a equipe do LeiaJá.com conversou com Carmem Suassuna - uma mulher que sofre de "Alopecia androgenética" e hoje, surpreendentemente, trabalha com o que um dia foi a sua maior dificuldade: os cabelos. 

Confira essa grande história na reportagem:

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