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Munícipes de pelo menos 763 cidades brasileiras fizeram uso de água de torneira imprópria para consumo, entre 2018 e 2020, segundo apontam dados inéditos de uma pesquisa feita pela iniciativa Mapa da Água. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (7) pela Repórter Brasil e revelam que substâncias químicas e radioativas foram encontradas acima do limite em um de cada quatro municípios que fizeram os testes.

Entre eles estão São Paulo (13 testes acima do limite), Florianópolis (26) e Guarulhos (11). A análise menciona, ainda, que os dados são omitidos pelas companhias de abastecimento.

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As informações podem ser consultadas por cidade no Mapa da Água. Os dados são resultados de testes feitos por empresas ou órgãos de abastecimento e enviados ao Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde. Os testes são feitos após o tratamento e a maioria dessas substâncias não pode ser removida por filtros ou fervendo a água.

“Se há substância acima do valor máximo permitido, podemos dizer que a água está contaminada”, afirma Fábio Kummrow, professor de toxicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Uma outra forma de dizer é que essa água não está própria para consumo, como quando um alimento passa da data de validade”. Contaminada ou imprópria, Kummrow confirma que existe risco para quem bebe a água, e ele varia de acordo com a substância e com o número de vezes que ela foi consumida ao longo do tempo.

O risco é maior para quem bebeu diversas vezes ao longo de anos. É o caso de quem mora em São Paulo, Florianópolis, Guarulhos e outras 79 cidades onde a mesma substância foi encontrada acima do limite nos três anos analisados (2018, 2019 e 2020).

O Mapa destaca o risco para a saúde e as atividades econômicas em que cada substância é utilizada. O nitrato, por exemplo, terceira que mais vezes excedeu o limite, é usado na fabricação de fertilizantes, conservantes de alimentos, explosivos e medicamentos. Ele é classificado como “provavelmente cancerígeno” pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Mapa da água aponta níveis de toxicidade. Foto: Reprodução

Dados são omitidos

De acordo com o Mapa da Água, as companhias de abastecimento não costumam informar a população sempre que uma substância aparece acima do limite, como determina a portaria (PORTARIA GM/MS Nº 888, de 4 de maio de 2021) sobre a potabilidade da água.

A Sabesp, responsável pela distribuição de água em mais de 370 municípios paulistas, incluindo a capital, divulga apenas o que chama de “parâmetros básicos”, como cor, turbidez e coliformes fecais. Nem mesmo pesquisando no site é possível acessar as substâncias químicas acima do limite.

O mesmo problema foi encontrado com Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) e Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).

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