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Os setores de comércio e de serviços podem demitir dois milhões de empregados ao longo de 2016. Essa é a avaliação do analista econômico da RC Consultores Everton Carneiro.

A previsão de Carneiro se baseia em um corte porcentual de vagas nesses segmentos na mesma magnitude ao feito na indústria da transformação, até agora o setor mais afetado pela onda de demissões.

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O Ministério do Trabalho e Previdência Social informou nesta quinta-feira, 21, que 1,542 milhão de vagas foram fechadas em 2015. Mais de 600 mil cortes ocorreram somente na indústria da transformação, o que equivale a 7% da força de trabalho nesse segmento.

"O comércio e os serviços empregam 27 milhões de trabalhadores. Caso esses setores sofram o mesmo ajuste que a indústria está sofrendo, podemos chegar a 2 milhões de desempregados em 2016", avaliou Carneiro.

Ao longo de 2015, o comércio fechou 218.650 vagas, enquanto o setor de serviços demitiu 276.054 empregados.

O analista pontua que ambos os setores passaram a ter saldos líquidos negativos somente em julho do ano passado, muito mais tarde que o restante dos setores da economia. "Os dados de dezembro mostram uma velocidade surpreendente na deterioração do emprego", afirmou. "O processo de demissões no comércio e no serviços começou tarde e pode durar muito tempo. O potencial de estrago na economia é muito grande", afirmou Carneiro.

O desemprego em setembro, que ficou estável ante agosto em 7,6%, veio um pouco melhor do que o esperado, mas isso já pode ser reflexo das contratações de fim de ano, segundo o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores. A estimativa dele era de 7,7%, enquanto a mediana dos analistas ouvidos pelo AE Projeções era de 7,80%.

"Precisamos tomar cuidado com esse número. No final de ano sazonalmente existe a tendência de começar a ter algum tipo de aumento no emprego temporário. Isso acontece primeiro na indústria, que antecipa a produção, e depois no comércio, serviços", explica.

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O analista aponta que mesmo as contratações temporárias este ano devem ser menores, em função da crise econômica, e que o começo de 2016 será ainda mais difícil, já que o porcentual de trabalhadores efetivados também tende a cair.

Caparoz aponta que tanto a população economicamente ativa (PEA) quanto o volume de ocupados e desocupados caiu em setembro ante agosto, o que mostra que o mercado de trabalho como um todo está encolhendo.

"Isso é muito ruim, porque as pessoas estão saindo do mercado, deixando de ser produtivas. Além disso, o governo deixa de arrecadar impostos e a Previdência perde contribuintes. A população brasileira continua crescendo e os jovens precisam entrar no mercado", aponta.

O analista explica ainda que a queda da PEA, a segunda contração mensal consecutiva, pode indicar o começo de um processo de desalento, quando a pessoa simplesmente desiste de procurar trabalho. "Se for isso mesmo, está acontecendo muito rápido. Eu não esperava este movimento para este. Mas o noticiário tem sido tão negativo, as perspectivas econômicas são tão ruins, que pode estar acelerando o desalento", opinou.

No Rio de Janeiro, a taxa de desemprego subiu de 5,1% para 6,3% de agosto para setembro. Na visão do economista da RC Consultores, com o fim de algumas obras da Olimpíada, o setor de construção civil na cidade começa a demitir.

Mesmo assim, ele aponta que em alguns outros setores a expectativa de demanda maior em função da competição internacional pode estar evitando demissões. "A situação do mercado de trabalho no Rio era para estar muito mais grave, porque o Estado é muito afetado pela situação da Petrobras, que vem cortando fortemente seus investimentos".

Um aspecto positivo, do ponto de vista do custo de produção, é que a renda média real continua caindo. Em setembro, houve redução de 0,8% ante agosto e baixa de 4,3% na comparação com setembro do ano passado. "A mão de obra no Brasil é cara e não é eficiente. Os salários vinham tendo alta real nos últimos anos, sem aumento da produtividade. Agora a indústria começa a segurar o custo da mão de obra, e ainda tem a possibilidade de exportação com a melhora no câmbio".

A balança comercial do Brasil deve terminar este ano com saldo positivo de US$ 12,5 bilhões, segundo o economista Thiago Biscuola, da RC Consultores. Nesta quinta-feira (1°) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou que em setembro o País teve superávit de US$ 2,944 bilhões, enquanto no acumulado deste ano o saldo está em US$ 10,246 bilhões. Já para 2016, o analista prevê superávit de quase US$ 24 bilhões.

"A última semana de setembro veio um pouco melhor do que o esperado. As importações estão salvando a balança comercial, porque a queda é muito significativa. Além da fraca demanda interna, em função do ambiente recessivo, a questão cambial também tem impactado", afirma Biscuola. Para ele, esse processo de melhora nas contas externas faz parte do ajuste pelo qual passa a economia brasileira.

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Já no âmbito das exportações, mesmo com a depreciação cambial o Brasil não tem conseguido um grande ganho de competitividade, em especial no setor industrial. Segundo os dados do MDIC, a média diária das exportações em setembro teve queda de 13,8% em relação ao mesmo mês do ano passado, enquanto as importações recuaram 32,7%.

O analista da RC explica que a pauta de exportações brasileiras tem um peso muito grande de itens básicos, e que quase todos tiveram uma forte queda nas cotações internacionais este ano. "Em valores as exportações caem, por conta da retração nos preços, mas em volume elas estão subindo". Ele diz que a janela para exportação de soja, por exemplo, já praticamente terminou, mas para alguns outros itens os produtores podem ter estocado para esperar uma cotação melhor do câmbio.

Biscuola diz que, com o ajuste nas contas externas, já é possível observar um processo de substituição de importações, mas que esse movimento é suavizado pela atividade doméstica muito fraca. "O espaço que o produtor local conseguiria ganhar fica limitado pela demanda interna caindo forte. Se houvesse uma demanda sólida, essa realocação seria mais rápida. De qualquer forma, sem essa substituição a indústria poderia estar caindo ainda mais", comenta.

O avanço da inflação de alimentos no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) de outubro é preocupante, pois o grupo deve seguir acelerando nos próximos meses, avaliou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores.

"A inflação permanece pressionada, o que reforça os sinais de preocupação. A tendência é que nos próximos meses a taxa venha até mais forte, com risco de o IPCA ficar acima de 6,50%", disse, completando que, por enquanto aguarda inflação de 6,45% para o dado fechado deste ano.

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O economista ressaltou que a variação de 0,48% apurada no IPCA-15 de outubro é a mesma registrada em igual mês do ano passado, quando o índice acumulado ficou em 5,75% em 12 meses. Já o acumulado em 12 meses até outubro de 2014, como informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 6,62%. "Está no limite de romper o teto", reforçou.

A despeito do comportamento ainda benigno de alguns itens alimentícios, Caparoz ponderou que esses produtos têm um peso menor no indicador, enquanto as carnes, que avançaram 2,38%, acabam por influenciar mais a inflação. "Batata e ovo, por exemplo, estão caindo, mas quase tudo está subindo. De maneira geral, o forte retorno da inflação de alimentos para o campo das altas, após um tempo no negativo, preocupa", disse.

Além da cautela em relação à inflação de alimentos, o setor de Serviços segue resistente e gerando pressão inflacionária, disse o economista. Segundo ele, o grupo Serviços continua rodando na faixa de 8% e não dá nenhuma indicação de que irá convergir para a meta, de 4,50%. "Com a economia mais fraca e o emprego crescendo menos, a expectativa é que leve a uma demanda menor por serviços. Os sinais são de menor pressão de Serviços", avaliou.

Já os preços livres, disse Caparoz, podem desacelerar, na contramão dos administrados, que estão voltando com força. "Os monitorados chegaram a acumular 0,9% em 12 meses no ano passado, influenciados pela redução da energia elétrica, do reajuste.

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