Tópicos | Regime fiscal

A Câmara dos Deputados concluiu a votação do projeto do novo regime fiscal. O Projeto de Lei Complementar (PLP) 93/23 será enviado ao Senado. Aprovado na forma de um substitutivo do relator, deputado Claudio Cajado (PP-BA), o projeto fixa critérios para a variação real (descontada a inflação) da despesa. 

Os deputados rejeitaram os cincos destaques pendentes, que tratavam dos seguintes temas: 

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- responsabilização do agente público apenas se ele não tiver adotado as medidas de contingenciamento e tiver ordenado despesas infringindo as vedações impostas ou ultrapassado os limites de crescimento real da despesa; 

- aplicação da nova regra de correção de despesas para o Fundo Constitucional do Distrito Federal; 

- permissão de abertura de crédito adicional em caso de boa performance da receita para o exercício de 2024; 

- uso de possível aumento de carga tributária federal em 2023, em relação a 2022, para o pagamento da dívida pública. Esse dispositivo constava de emenda do deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP).

  Limite de despesa

Segundo o texto aprovado, a cada ano, haverá limites da despesa primária reajustados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e também por um percentual do quanto cresceu a receita primária descontada a inflação.

A intenção da proposta do Poder Executivo é substituir o atual teto de gastos e manter as despesas abaixo das receitas a cada ano. Se houver sobras, elas poderão ser usadas apenas em investimentos, buscando trajetória de sustentabilidade da dívida pública. 

*Da Agência Câmara de Notícias

O Plenário do Senado aprovou, por 61 votos a favor, 10 contra e 1 abstenção, nesta quinta-feira (2), a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 23/2021. A PEC dos Precatórios, como ficou conhecida, abre no Orçamento da União de 2022 um espaço fiscal estimado em R$ 106 bilhões para bancar R$ 400 mensais aos beneficiários do Auxílio Brasil — programa de transferência de renda sucessor do Bolsa Famíla — por meio da mudança da fórmula de cálculo do teto de gastos imposto pela Emenda Constitucional 95, de 2016, e da criação de um subteto para o pagamento de precatórios, as dívidas da União e dos entes federativos oriundas de sentenças judiciais definitivas. A proposta retorna à Câmara dos Deputados.

Na sessão desta quinta-feira, o relator da PEC, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo no Senado, fez a leitura da última versão de seu parecer, que incorporou várias sugestões dos senadores. Entre elas, ressaltou a inclusão na Constituição de um dispositivo assegurando que "todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica familiar". A "perenização" desse tipo de programa foi uma das maiores preocupações dos senadores durante a discussão da PEC.

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Outra alteração do texto garantiu que até 2026 o espaço fiscal aberto será totalmente vinculado a gastos sociais (programa de transferência de renda, saúde, Previdência Social e assistência social). Senadores expressaram receio de que uma eventual sobra seja utilizada pelo governo para gastos eleitorais.

— Assim, todo o esforço feito pelo Congresso Nacional na busca de recursos estará vinculado às finalidades sociais mais urgentes neste momento de crise — ressaltou o líder do governo.

Bezerra também acolheu proposta da senadora Simone Tebet (MDB-MS), reduzindo de 2036 para 2026 o prazo de vigência do subteto dos precatórios (ou seja, o valor máximo anual que o governo pagará sem parcelamento). Segundo o relator, isso dará "tempo suficiente para o Executivo melhor acompanhar o processo de apuração e formação dos precatórios e seus riscos fiscais, sem criar um passivo de ainda mais difícil execução orçamentária".

Pouco antes da votação, o líder do governo reconheceu argumentos de Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e de outros senadores e anunciou dois complementos de voto: o acréscimo de um inciso no texto para uma "leitura mais clara de que o encadeamento da vinculação do espaço fiscal aberto estaria atendido" e a supressão de uma frase do artigo 4º, para evitar uma interpretação de que os gastos com saúde poderiam ser excluídos do teto de gastos constitucional.

O líder do MDB, Eduardo Braga (AM), saudou a inclusão na versão final do texto de emendas criando uma comissão mista para fazer uma auditoria dos precatórios e garantindo prioridade aos precatórios relativos ao pagamento de abono salarial à categoria dos professores.

— Meu partido entende que talvez este não seja o texto ideal. Mas é muito melhor termos uma resposta imediata à fome, e um alto controle [sobre a transparência dos precatórios], em parceria com o Conselho Nacional de Justiça e o Tribunal de Contas da União — afirmou.

Substitutivo

Autores de um substitutivo que propunha outra solução para a criação do espaço fiscal — excluir os precatórios do teto de gastos, excepcionalmente, em 2022 —, Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e José Aníbal (PSDB-SP), declararam apoio à aprovação do texto, mesmo tendo trabalhado por outra fórmula que financiasse o programa de transferência de renda.

— O Brasil terá como resposta do Senado um texto suficiente para atender as exigências de hoje — disse Alessandro.

Todos os senadores que se pronunciaram na sessão declararam apoio ao Auxílio Brasil. Álvaro Dias (Podemos-PR) disse que o Auxílio Brasil deveria atingir 20 milhões de famílias, e não 17 milhões, como previsto. Esperidião Amin (PP-SC) citou estudo segundo o qual dez emendas constitucionais já trataram de precatórios no passado.

Senadores do governo, da oposição e independentes louvaram na tribuna o trabalho de negociação desempenhado pelo líder do governo. Bezerra agradeceu especificamente aos senadores Eduardo Braga, Davi Alcolumbre (DEM-AP), Esperidião Amin, Antonio Anastasia (PSD-MG), Otto Alencar (PSD-BA), Carlos Portinho (PL-RJ), Marcos Rogério (DEM-RO), Carlos Fávaro (PSD-MT), Rogério Carvalho (PT-SE) e Jaques Wagner (PT-BA) pelas contribuições.

Desmembramento

Diversos senadores, como Zenaide Maia (Pros-RN) e Izalci Lucas (PSDB-DF) cobraram do líder do governo e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a obtenção junto à Câmara dos Deputados do compromisso de que será mantido o texto aprovado pelo Senado.

Simone advertiu para o risco de "desmembramento" da PEC na Câmara, que poderia levar à promulgação de uma emenda sem os aprimoramentos feitos pelos senadores.

— Embora a redação possa não ser a ideal, queremos o compromisso: que lá [na Câmara] eles não tirem aquilo que é primordial, que é a vinculação de todo o espaço fiscal única e exclusivamente para a seguridade social. Infelizmente já tivemos situações adversas — cobrou a senadora.

Da Agência Senado

A Câmara dos Deputados retorna nesta terça-feira (25) às discussões sobre a Proposta de Emenda à Constituição 241/2016, a chamada PEC do Teto de Gastos. O debate deve começar em plenário logo após a sessão solene em comemoração aos 30 anos do Tribunal Regional do Trabalho da 15º Região – Campinas/SP.

Embora as manifestações contrárias à matéria sejam incisivas, o governo já dá como certa a aprovação do texto. Tanto que a reunião da base aliada realizada na noite dessa segunda (24) teve um tom de confraternização. No coquetel, realizado na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente Michel Temer cumprimentou os deputados presentes, mas evitou fazer discurso.

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O texto-base foi aprovado em primeiro turno por 366 votos a 111. E agora o governo espera, ao menos, manter os votos favoráveis, embora não se preocupe tanto com o excedente - já que são necessários 308 votos para uma PEC seja aprovada. "A quantidade de votos acima de 308 pra mim é a cereja do bolo. Se tiver 350, 360, ótimo. 366, excepcional", disse o líder do PSD, deputado Rogério Rosso (DF).

Favorável à matéria, o deputado Daniel Coelho (PSDB-PE) criticou a forma como o Partido dos Trabalhadores tem se mobilizado contra a PEC. “A população já conhece o formato de como o PT faz política, o terrorismo que é feito ao longo dos tempos. Eles votaram contra a Constituição, votaram contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, votaram contra o Plano Real. Todos os momentos decisivos no Brasil, o PT sempre ficou contra”, disparou.

Para o parlamentar, a PEC precisa ser lida pela população para entender que “não há congelamento do salário mínimo, porque ele pode ser ajustado acima da inflação”. Coelho acredita que as pessoas mais pobres serão beneficiadas pela proposta. “O governo só vai poder gastar o dinheiro que arrecada. Quando o governo gasta o dinheiro que não tem gera inflação. E no final do mês é o pobre que não vai ter dinheiro suficiente para fazer sua feira”, explicou.

Ele também criticou a diferença grande entre os valores do salário mínimo e dos tetos salariais dos servidores públicos. “O que a gente não pode mais aguentar são essas mordomias que foram realizadas no Brasil, não só no período do PT, mas nos últimos 20 anos. Não dá para aguentar as mordomias da Câmara dos Deputados, do Senado, do Judiciário, do Ministério Público. Por que a gente tem que pagar essa conta tão alta?”, indagou.

Para a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) acredita que o texto não é o ideal. "A PEC 241 pode ser entendida como uma medida pra inglês ver. Realmente, pra inglês ver! Aliviando a situação do Brasil hoje, mas longe de garantir alívio futuro, ficando suas consequências ainda duvidosas a serem absorvidas pelas próximas gerações. E outra, a PEC do Teto dos Gastos sem a reforma da Previdência é uma PEC do teto furado, pois a maior claraboia desse teto será a Previdência Social".

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