Tópicos | relações bilaterais

A estrutura do Itamaraty precisa mudar para facilitar as relações bilaterais que pautarão a política externa do governo de Jair Bolsonaro. A afirmação foi feita pelo futuro chanceler, Ernesto Araújo, em reunião do Conselho Empresarial Brasil - Estados Unidos, segundo relatos de participantes. Ele afirmou ainda que "o céu é o limite" no futuro da relação entre os dois países e que seria "fundamental" obter apoio dos americanos para o ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). O governo americano estava representado por Landon Loomis, assessor especial do gabinete do vice-presidente.

A reunião foi marcada pelo otimismo do empresariado dos dois países, que esperam ver removidas barreiras aos negócios. A avaliação geral é que o comércio bilateral, da ordem de US$ 5o bilhões ao ano, não está à altura do potencial da parceria e pode ser fortemente expandido. Segundo afirmou o chanceler, o momento se apresenta como uma oportunidade para levar o relacionamento entre os dois países a níveis impensáveis.

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Araújo comentou que a relação do Brasil com os Estados Unidos tinha um "teto", por isso só foi possível até hoje concretizar 10% do desejado.

A máquina negociadora brasileira, disse o chanceler, é atrasada. Segundo ele, o Itamaraty divide os temas em áreas temáticas desconectadas umas das outras, o que dificulta o desenvolvimento das relações bilaterais - onde, no seu entender, está o dinamismo do mundo atual. Araújo prometeu mudanças. Nas relações bilaterais, disse ele, o foco estará no setor privado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O recém empossado ministro de Relações Exteriores do México, Luis Videgaray, disse hoje que "de jeito nenhum" vai pagar pelo muro que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, quer construir ao longo da fronteira entre os dois países.

O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, nomeou Videgaray na semana passada, ao passo em que o país se para um relacionamento complexo com seu vizinho e principal parceiro comercial no governo Trump. Também na semana passada, Trump disse que qualquer dinheiro gasto pelos EUA na construção do muro seria pago de volta pelo México.

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"Isso não vai acontecer de jeito nenhum", disse Videgray em uma entrevista concedida à Televisa, reiterando comentários anteriores de outras autoridades do governo. "Não é uma questão de quanto custa ou de onde vem o dinheiro, é uma questão de dignidade e de soberania nacional".

A construção de um muro para impedir a entrada de imigrantes mexicanos nos EUA, e fazer o México pagar por isso, foi um ponto explorado pela campanha presidencial de Trump. Fonte: Dow Jones Newswires.

A visita de Estado da presidente Dilma Rousseff a Washington é moldada como mais uma oportunidade perdida nas relações bilaterais, de acordo com o presidente honorário da entidade Diálogo Interamericano, Peter Hakim. O encontro de Dilma com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, seguido de jantar de gala na Casa Branca em 23 de outubro, dificilmente selará as decisões necessárias dos dois lados para aprofundar os laços entre as duas maiores economias das Américas.

Na perspectiva dos EUA, nada poderia ser melhor do que o início da negociação de acordos de livre-comércio e de investimentos, além do contrato do Ministério da Defesa de compra dos caças F18 Super Hornet, da Boeing. As chances de esses três passos serem adotados pelo governo de Dilma, entretanto, são nulos. A gestão Obama está ciente disso e não oferecerá ao Brasil um degrau mais alto na escala internacional, como o apoio ao ingresso do País no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) como membro permanente.

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Um dos sinais da antecipada frustração da Casa Branca surgiu com a remoção do embaixador norte-americano no Brasil, Thomas Shannon, para a Turquia antes da visita oficial, que será pilotada pela sucessora, Lilian Ayalde. De acordo com Hakim, se a pauta em 23 de outubro pudesse ter forte conteúdo, Shannon teria a chegada a Ancara postergada e acompanharia a presidente na capital americana.

"A visita traz a oportunidade para Dilma Rousseff e Obama tomarem grandes decisões e de explorar caminhos que não trilhariam sem esse novo encontro", afirmou o presidente honorário do Diálogo Interamericano. "Mas nada do que o Brasil aspira nem que os EUA desejam deve sair. Nenhum dos dois quer tomar as decisões necessárias", completou.

Em boa medida, a declaração desta terça-feira do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota, refletiu a situação aguada da agenda entre os dois países. Kerry afirmou ser o Brasil uma das "parcerias essenciais do século 21" para os EUA e a classificou como "notável e dinâmica". Mas, ao chamar a atenção de uma área de avanço brasileiro e de possível acordo bilateral, escolheu a de mudança do clima.

Os EUA, surpreendeu-se Hakim, nem sequer têm uma política nacional sobre mudança de clima para falar em acordo com o País nessa área. Ao elogiar o acerto anterior sobre o envio de estudantes brasileiros a universidades americanas, o secretário de Estado dos EUA estaria rebaixando o país à condição de uma "Fundação Ford". Apesar da posição defensiva de Kerry ao ser questionado, no Palácio Itamaraty, sobre a espionagem americana em Brasília, Hakim afirmou acreditar ser o setor de segurança uma das raras áreas em que a relação pode avançar.

"Não há uma agenda real entre Brasil e EUA", avalia. "Em 28 anos de democracia no Brasil, os dois países conseguiram desenvolver bons laços econômicos, mas nunca chegaram a firmar acordos de comércio e investimentos. Se Obama e Dilma falarem em bolsas de estudos de novo, será uma perda de tempo", criticou. Antes do secretário de Estado, que se apresentou em Brasília com a missão de preparar a agenda da visita de Dilma, o secretário de Defesa, Chuck Hagel, e o vice-presidente americano, Joe Biden, estiveram no País. Nenhum indicou haver uma real oportunidade para elevar a relação bilateral.

A presidente, entretanto, fará a única visita de Estado agendada pela Casa Branca para 2013 - uma retribuição ao mesmo padrão oferecido pelo governo brasileiro a Obama, em março de 2011. Nos cinco anos anteriores, a Casa Branca recebeu com a mesma pompa os líderes da China, Índia, México, Grã-Bretanha e França. O último presidente brasileiro a ser acolhido dessa maneira foi Fernando Henrique Cardoso, em 1995.

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