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Diante da pandemia e de olho na sustentabilidade, a prática do upcycling, que consiste em personalizar ou costumizar uma peça que já tem sua forma definida, ganha espaço na indústria da moda.

A técnica criativa, que dá vida nova a materiais, roupas e objetos que seriam descartados, foi pauta nos desfiles e palestras das semanas de moda de Milão, Paris e Londres. A tendência esteve na apresentação de marcas como Prada, Yves Saint Laurent, Louis Vuitton e MiuMiu. "Essa é a forma genuína de se fazer moda sustentável", diz a especialista em tendências e desenvolvimento de coleção Fer Faustino.

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As iniciativas que surgem de diferentes direções, como a da inglesa Burberry, que apresentou um desfile neutro, feito em carbono, e a da Stella McCartney, que lançou um manifesto com palavras-chave que servem de auxílio para os conceitos de sua grife e da indústria em geral, são exemplos claros de que as marcas relevantes estão atentas a uma forma de economia sustentável.

A responsabilidade da temporada ficou por conta da MiuMiu, que é comandada por Miuccia Prada. O desfile apresentou uma coleção intelectual e inteira de upcycling. O grupo Prada vem se empenhando em uma indústria que seja menos agressiva ao planeta, como fez com o investimento em nylon regenerado.

MiuMiu apresentou na semana passada uma linha de peças vintage das décadas de 1930 e 1970, que foram garimpadas ao redor do mundo e ganharam tratamentos da grife, com bordados, brocados e aplicações de cristais, resultando em 80 vestidos, feitos a mão. "O que a Miuccia faz, tanto na Prada quanto na MiuMiu, é dialogar com as necessidades do mundo, se atentando ao quanto suas clientes evoluem em termos políticos, sociais e intelectuais, sendo hoje, uma das principais grifes que atendem, de fato, uma moda politizada. O uso do upcycling para tal feito é genial", pontua Fer.

A técnica, que incentiva a economia de recursos, pode ser feita de forma coletiva, contando com a participação de toda equipe de uma maison e não apenas pelo designer. A upcycling é uma forma potente de narrativa, dando protagonismo para os processos criativos.

Água do chuveiro reutilizada para dar descarga do vaso sanitário ou para lavar pisos e calçadas. Este é o conceito do Aguawell, desenvolvido pela startup Lakefarm, formada por três empresários: a brasileira Flavia Arantes Jensen e os dinamarqueses Jens Lachenmeier e Soren Jensen.

O Aguawell consiste em um container de plástico (PEAD, Polietileno de Alta Densidade) com capacidade de 12 litros, uma placa de topo de borracha microporosa antiderrapante e uma tampa de rosca. Pesa 1,5 kg vazio. Não há necessidade de instalação, o que dispensa custos adicionais. Basta que o usuário coloque o objeto no chão do box embaixo do chuveiro e comece a usar.

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Devido a sua facilidade, a ideia se destacou entre outras propostas de coleta de água de banho para fins de reuso. Todos os outros produtos envolviam complicações na fabricação. O produto, no entanto, ainda é um protótipo feito à mão e a ideia é produzi-lo em escala industrial. 

O intuito é destiná-los às populações que mais têm necessidade, mas não têm condições financeiras para adquiri-lo. Para isso o grupo idealizador do Aguawell irá lançar o produto por meio de uma campanha de financiamento coletivo no portal Kickante, na qual os patrocinadores (pessoas físicas, empresas e fundações) poderão apoiar o projeto.

No Brasil, a meta de arrecadação para a produção do produto é de 80 mil reais. Os produtos serão entregues para as pessoas e comunidades de baixa renda em parceria com uma ONG, que será selecionada.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), sancionou na quinta-feira, 23, a lei que obriga o governo a utilizar água de reúso em obras públicas. Pela proposta, aprovada pela Câmara em fevereiro, também ficou definido que a água drenada dos subterrâneos de prédios deverá ser reutilizada - hoje é comum na capital edifícios que desperdiçam até 50 mil litros de água por dia para evitar a inundação de garagens.

A nova lei tem agora 120 dias para ser regulamentada. No texto também fica determinado que a Prefeitura passe a utilizar água de reúso ou das chuvas na irrigação de jardins e na lavagem de calçadas e de monumentos. Mas não foi definido como as empresas contratadas pelo governo vão adotar a mudança.

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Para os postos de combustível e lava-rápidos, o prazo para que passem a utilizar somente água de reúso será de 3 anos. Na semana passada, Haddad também havia sancionado projeto do Legislativo que cria multa de R$ 250 para quem for flagrado pela segunda vez lavando a calçada com água potável ou da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

Desperdício

A terceira lei municipal criada neste ano para combater o desperdício de água na capital paulista quer evitar um problema que vem causando indignação entre os paulistanos. Muitos edifícios recém-erguidos sobre cursos d’água canalizados construíram garagens de até cinco andares em seus subsolos.

Para evitar que essa água cause umidade nas garagens subterrâneas, os edifícios instalam sistemas de bombeamento para drenar o lençol freático que fica abaixo da edificação. A água retirada é jogada diretamente na rua e entra nos bueiros - ou seja, essa água retirada vai desaguar em córregos poluídos e terá de passar por novo tratamento de esgoto, antes de voltar a compor o sistema hidrológico do Município.

Em março, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que o Edifício Capital Augusta, por exemplo, localizado na Rua Augusta, joga na calçada cerca de 50 mil litros de água por dia para evitar o alagamento de sua garagem, que tem 300 vagas. Alguns comerciantes e donos de bares da região passaram a usar a água desperdiçada pelo prédio para lavar seus estabelecimentos.

Para o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), porém, não há problema nesse bombeamento de águas subterrâneas. O órgão afirma que não há desperdício, porque a água volta a compor os lençóis freáticos da capital paulista.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Sabe aquelas gotinhas que caem do ar condicionado e algumas vezes até molham sua sala no escritório ou em um restaurante que você foi comer? Pois é, elas podem ajudar a economizar e/ou amenizar o desperdício de água. O canteiro de obras da Odebrecht Infraestrutura, do Canal do Sertão Alagoano, chega a juntar 1.500 litros por dia.

Um sistema de coleta das gotas eliminadas dos aparelhos foi instalado para permitir o reuso da água e assim reduzir a demanda por caminhão pipa. A água é acumulada em reservatórios e reutilizada para molhar as plantas e fazer a limpeza dos banheiros.

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LeiaJá tambémReuso de água da chuva pode ajudar, e muito, na crise

Para instalar o sistema foi necessário apenas tubos de PVC e caixas d’água, suficientes para interligar os blocos dos prédios dos alojamentos, refeitórios e áreas de fiscalização e administrativa. São mais de 80 aparelhos, que no pico da obra representaram cerca de 40 mil litros de água por mês.

A obra - O Canal do Sertão é um megassistema de abastecimento (um canal adutor de água do rio São Francisco e seus diversos sub-ramais) que atenderá 42 municípios do semiárido alagoano, uma população de cerca de um milhão de pessoas.

Com informações de assessoria

A escassez de água sempre foi um drama no Nordeste do Brasil. Durante muitos anos, famílias abandonaram suas casas no interior para tentarem se livrar das vidas secas que levavam. No entanto, foi preciso que faltasse o líquido precioso nas torneiras das grandes metrópoles para que o problema histórico colocasse a população em estado de alerta. O que vem sendo feito no interior, e em alguns poucos casos de grandes empreendimentos, pode agora servir de exemplo para a conscientização de que é necessário aproveitar melhor a mais simples maneira de conseguir água: a chuva.

Na região semiárida do Brasil, em particular no Nordeste, já são utilizadas duas maneiras de se captar a água pluvial. A pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Maria Mariah Monteiro de Farias, fez um estudo sobre os aspectos qualitativos e quantitativos desses métodos. “Há a captação por telhados e a captação no nível do solo, conhecida como cisterna calçadão. No primeiro, a água de chuva que escoa dos telhados é direcionada para uma cisterna, através de um sistema que envolve, além da superfície de captação (telhado), calhas, condutores, dispositivo by pass, peneira (ou filtro) e o reservatório em si. Já no sistema calçadão, é construída uma superfície cimentada no nível do solo, e a chuva que escoa nessa superfície também é direcionada para um reservatório”, explica a mestra em engenharia civil e ambiental.

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Mas seria possível usar a água de chuva para tudo? Ou ainda dependeríamos das prestadoras de serviço de água e esgoto? A pesquisadora explica que uma regra de 2007 restringe o uso do líquido captado para fins não-potáveis, ou seja, não é possível beber e nem cozinhar, por exemplo. “A NBR 15.527 (ABNT) restringe as possibilidades de uso porque, ao passar pela superfície de captação, a água da chuva entra em contato com as impurezas presentes naquela superfície, onde pode haver pequenos animais e insetos, excretas de animais, poeira entre outros, o que acaba contaminando a água. Por isso recomenda-se o descarte dos primeiros litros, pois estas primeiras águas têm a função ambiental de lavar o telhado”, afirma Farias.

Mas um experimento premiado pela Agência Nacional de Águas (ANA) consegue, com baixo custo, descartar automaticamente as primeiras águas de chuva e guardar somente o líquido livre de impurezas. Criado pelos pesquisadores Júlio César Azevedo e Sávia Gavazza, também no campus da UFPE de Caruaru, o DesviUFPE é um conjunto de canos de PVC que acumula a quantidade certa de água da chuva que está contaminada e deixa o restante descer direto para a cisterna. “Em todos os nossos testes o dispositivo de desvio removeu 100% dos micro-organismos indicadores de patogenicidade (E. Coli) em laboratório. Em campo, após 2 anos de prática nas comunidades, esse valor foi de 78%, por conta do manejo da água pela população que também a contamina”, diz Gavazza,

A pesquisadora da UFPE garante que o DesviUFPE pode ser reproduzido em larga escala. “A tecnologia está aberta (pode ser copiada). Sabemos que a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) fez um projeto usando o dispositivo e também um órgão de Manaus pediu autorização para usar. O equipamento já foi exaustivamente testado por nós, em laboratório e em campo, publicada em revista internacional, foi feito um depósito de patente e, do nosso ponto de vista, a tecnologia está pronta para ser aplicada”, recomenda Sávia Gavazza.

Um sistema idêntico ao DesviUFPE foi desenvolvido pelo Coletivo Ocupação Verde, de São Paulo. Segundo Thábata Luz, uma das integrantes do grupo, o sistema é adaptável podendo ser implantado em diferentes espaços e diferentes escalas. “A água pode ser usada para fins menos nobres, como limpeza, descargas e irrigação, mas é possível o consumo humano em regiões onde as chuvas não são ácidas, depois de passar por um processo de filtragem e mineralização”, revela.

Tanto o equipamento do Coletivo quanto o DesviUFPE são economicamente viáveis e podem representar, segundo os seus criadores, uma redução de pelo menos 30% do consumo da água fornecida pelas empresas de abastecimento. “Ninguém nos procurou para produzir esse sistema de coleta em massa. No entanto, tivemos um projeto aprovado pelo edital do programa VAI. Nós também gravamos eco aulas sobre todos os equipamentos construídos, onde demonstramos como se fazer e como se utilizar cada um deles”, conta Thábata Luz.

Grandes empreendimentos

Se em uma casa ou pequena construção a captação já faz toda a diferença, imagine então em uma grande fábrica ou mesmo em um estádio de futebol. Pois isso existe. Em Pernambuco, a Mendelez Internacional, localizada em Vitória de Santo Antão, e a Itaipava Arena, em São Lourenço da Mata, têm sistemas de reuso de água das chuvas.

Na fábrica, que produz diversos alimentos de grandes marcas do mercado como Lacta e Royal, 100% da água utilizada nos vasos sanitários são da chuva. Já na Arena Pernambuco, um dos estádios da copa no Brasil, o líquido captado é usado também nos banheiros, na irrigação do gramado e na lavagem das arquibancadas após os eventos.

A água que cai no teto, nas arquibancadas e no gramado são recolhidas pelo sistema, peneirada, filtrada e estocada em quatro reservatórios que, juntos, acumulam 1,8 milhão de litros. “Quando o sistema atinge sua capacidade máxima, a água que vem pelos canos é descartada por uma vala que a leva ao lençol freático”, explica a engenheira da Odebrecht, Marília Bechara.

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Para funcionar, basta que comece a chover. Um sensor ativa o sistema que passa a direcionar a água para as peneiras. Já depois do processo de limpeza, a água é armazenada em dois tanques, de onde é bombeada para o gramado ou para os outros usos. O líquido que é usado nos banheiros e na lavagem das arquibancadas ganha um pigmento, de cor azul (foto), para que não seja confundido com água potável.

Toda a água necessária para os banheiros em um dia de uso da Arena, mesmo que esteja completamente lotada, cabe em apenas um dos quatro reservatórios. Para se ter uma ideia, um deles armazena o equivalente a 37 caminhões-pipa. “É mais do que suficiente. É muita água e o sistema funciona muito rápido. Por exemplo: supondo que os reservatórios estejam vazios e que estejamos em um dia chuvoso na Arena, a água já vai poder ser usada quase que imediatamente após a chuva cair na cobertura”, garante Bechara.

Então vamos aproveitar a água das enchentes?

Não. Segundo a pesquisadora Maria Mariah Monteiro de Farias, a água que cai nas ruas das grandes metrópoles não é reutilizável. “Para tratar a água de chuva juntamente com a água captada dos mananciais seria um aumento significativo nos custos, pois as empresas de abastecimento precisariam dispor de superfícies de captação, além de reservatórios próprios para isso. A água de chuva que cai nas áreas urbanas é direcionada para o sistema de drenagem e é tratada como efluentes (esgoto), devido ao alto grau de contaminação”, explica.

À espera de regulamentação

Em Pernambuco, a Lei 14.572, sancionada em 2011, estabelece normas para o uso racional e reaproveitamento das águas nas edificações com mais de 70 m² do Estado, incluindo o aproveitamento da água de chuva. No entanto, a lei ainda espera pela regulamentação para ser aplicada.

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