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O Brasil vivenciou, no ano passado, a maior crise de escassez hídrica dos últimos 90 anos. Por conta disso, o país precisou comprar energia elétrica do exterior e acionar as usinas termelétricas que funcionam em solo brasileiro. Para financiar os gastos extras, foi criada uma nova bandeira tarifária de energia elétrica: a bandeira de escassez hídrica. A previsão do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, entretanto, é que ela deixe de ser necessária em meados de março ou abril.  

Segundo Albuquerque, ainda não há como prever como será o cenário hídrico em 2022, mas há uma expectativa de que seja melhor do que o do ano passado. O ministro disse que as condições hídricas de 2021 foram 8% melhores que em 2020  graças às medidas adotadas pelo governo.

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“A nossa expectativa para o fim do período úmido (março, abril) é estarmos em condições bem melhores do que estávamos no ano passado”. De acordo com ele, os consumidores – grandes , médios e pequenos – fizeram a sua parte. “Eu digo que foi um esforço coletivo”, garante.

Ainda segundo o ministro, o governo trabalhou para que não houvesse a possibilidade nem de racionamento nem de apagão. Bento Albuquerque citou que países como os Estados Unidos e a China tiveram que racionar energia, o que não ocorreu com o Brasil.

Em um esforço para não tomar decisões impopulares em 2021, o governo tentou a todo custo evitar determinar um racionamento de energia, como aconteceu em 2001, negligenciando impactos tarifários de medidas adotadas de forma açodada, segundo conclusão do Tribunal de Contas da União (TCU). A fatura bilionária das ações para gerenciar a crise hídrica ficou para os consumidores, que pagaram uma conta luz ainda mais cara, o que pressionou os índices de inflação.

A análise do TCU consta em relatório técnico enviado aos órgãos do setor elétrico com uma série de determinações para o Ministério de Minas e Energia (MME). O documento faz parte de um processo que acompanha a atuação do governo e foi instaurado diante do cenário de escassez de chuvas e do risco de desabastecimento de energia em 2021. O objetivo era analisar a eficiência e suficiência das ações adotadas para enfrentamento da crise e as causas que levaram à situação de risco para manter o atendimento à população.

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No documento, os técnicos apontaram que houve uma série de falhas no planejamento das ações que tiveram foco em ampliar a oferta de energia. As medidas incluíram o uso de termelétricas, até mesmo as mais caras e sem contrato, além da importação de energia da Argentina e do Uruguai. Também foi realizado um leilão emergencial para contratação de usinas para operar de 2022 a 2025 e que custou R$ 39 bilhões aos consumidores. Para a corte de Contas, o certame foi planejado para ser realizado em tempo muito curto e sem estimativa de gastos, incorrendo em diversos riscos ao seu sucesso.

"Como as medidas foram implementadas com urgência, a análise do impacto tarifário foi negligenciada, frente ao risco iminente. Nesse sentido, caso houvesse um planejamento estruturado, que proporcionasse, de forma antecipada, a preparação para a adoção das medidas no enfrentamento da crise, seria possível estimar os impactos de cada medida, para que fossem adotadas as mais eficientes e da melhor maneira", diz o relatório.

Ao fazer duras críticas à gestão da crise, os técnicos afirmaram que as medidas tomadas pelas entidades e órgãos relacionados ao setor elétrico "não foram organizadas antecipadamente, de forma transparente e previsíveis". O TCU também apontou o fato de que o governo não tem um plano estratégico para o enfrentamento da escassez hídrica nos reservatórios. "Verificou-se que não há um plano estratégico de contingência para situações críticas, resultando em medidas tomadas de maneira açodada e com pouca previsibilidade."

Programas de economia de energia

O órgão fiscalizador avaliou ainda que não houve a devida atenção para medidas voltadas para redução da demanda. Foi apenas em agosto que o governo anunciou programas de redução voluntária de consumo, tanto para as indústrias quanto para a população em geral. A promessa foi o pagamento de um bônus, com recursos dos próprios consumidores, para as famílias que economizassem energia. Segundo as distribuidoras, o programa deve custar R$ 1,62 bilhão. Mesmo reconhecendo a importância da ação, o órgão fiscalizador apontou problemas.

"Verificou-se que a execução do programa não está sendo efetuada a contento, em função de falhas em seu planejamento, que redundaram em problemas na comunicação à população". Os técnicos apontaram incoerências na divulgação da quantidade de energia economizada mensalmente e criticaram o curto prazo entre o anúncio e o início da vigência do programa, que foi de apenas de um dia. "O consumidor nem ao menos tinha conhecimento do programa de redução da demanda, como poderia responder a ele?", questionou o TCU.

O mesmo foi dito sobre o programa voltado para os grandes consumidores. Segundo o documento, as falhas implicaram na redução da efetividade da ação. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recebeu ofertas de indústrias para setembro e outubro, mas o programa foi interrompido em novembro. O TCU diz que a medida foi suspensa apesar de as indústrias "terem se mobilizado com antecedência para participarem do programa em novembro e nos meses seguintes."

O relatório também cita o extinto horário de verão, cujo retorno foi cogitado em meio à crise. "A volta do horário brasileiro de verão poderia ter sido mais uma medida a ser implementada sob a ótica da demanda", diz o documento. O documento aponta que, segundo dados do ONS, a mudança no relógio poderia reduzir a demanda máxima pela noite, das 18h às 21h, apesar de não ter efeito no período da tarde - horário em que há pico de demanda. O MME refutou a medida, sob argumento de que não traria economia de energia significativa.

Determinações

Considerando toda a análise, os técnicos do TCU determinaram ao MME que elabore um plano estratégico de contingência para enfrentamento de crises hidroenergéticas e elabore estudo para identificar e propor soluções para as causas que levaram ao risco de desequilíbrio entre demanda e oferta de energia. O governo também terá que realizar estudos sobre a efetividade das medidas e avaliar os resultados do programa de redução voluntária voltado para consumidores residenciais, já que os técnicos encontraram erros no faturamento.

O relatório sinaliza ainda que o Ministério de Minas e Energia deve ter o conhecimento de que "a adoção das medidas de enfrentamento à crise hidroenergética, bem como a estruturação da operação de crédito financeiro de que trata a MP 1.078/2021, sem a realização de uma prévia análise dos custos e consequentemente dos impactos tarifários, baseada em estudos, evidências e análises estruturadas para que as alternativas possam ser julgadas de maneira objetiva, contraria uma série de dispositivos".

Secretários de Agricultura de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e de Mato Grosso do Sul pediram nesta segunda-feira, 3, ao secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Soria Bastos Filho, em reunião virtual, apoio na renegociação de dívidas e agilidade no pagamento do seguro agrícola aos produtores rurais afetados pela estiagem em seus Estados.

"Nós estamos direcionando nossas ações para agilizar os decretos de emergência dos municípios e também a elaboração dos laudos para liberação do Proagro. A nossa solicitação principal para o Ministério da Agricultura é a criação de um crédito emergencial para aqueles produtores que perderam sua fonte de renda", disse, em nota, o secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, Altair Silva.

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As regiões extremo oeste, oeste e meio-oeste são as mais afetadas em Santa Catarina, de acordo com a secretaria local. Nesses locais, a média atual de precipitações é de 20,31 e 46 milímetros, respectivamente, ante uma média esperada de 150 mm. A principal preocupação é com a lavoura de milho, cuja quebra deve afetar as cadeias produtivas de carne e leite. Segundo o secretário, no extremo oeste a quebra deve atingir 50%.

No Estado 67 municípios já publicaram decretos de emergência ou se preparam para isso; 1.500 famílias rurais foram prejudicadas. No Paraná, são 144 municípios com decretos ou em vias de publicar decretos de emergência. No Rio Grande do Sul, são 110 municípios afetados.

Ainda esta semana haverá uma nova reunião com a equipe técnica do Ministério da Agricultura para apresentar ações a serem implementadas.

O custo com as medidas aplicadas por conta da crise hídrica superou a previsão do governo. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), os gastos com o uso de termoelétricas e com a importação de energia da Argentina e do Uruguai somaram R$ 16,8 bilhões até outubro.

Ao longo de 2021, foram acionadas todas as usinas térmicas, inclusive as mais caras, para garantir o fornecimento de energia e evitar um novo apagão no País. As despesas são pagas por todos os consumidores, por meio da conta de luz.

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Em julho, o MME estimou que essas mesmas ações somariam R$ 13,1 bilhões até novembro deste ano. "A variação do custo verificado em relação ao previsto deve-se ao agravamento das condições de operação ao longo de 2021, bem como ao aumento dos custos de combustível para geração de energia elétrica a partir das termoelétricas", informou o MME ao Estadão/broadcast.

O montante gasto até outubro reflete todos os custos associados ao acionamento adicional de usinas termoelétricas e à importação de energia, entre eles encargos e o deslocamento hidrelétrico. Isso porque as geradoras são "ressarcidas" pelo custo da substituição da produção de hidrelétricas por outra fonte ou pela importação por meio de encargos pagos pelos consumidores. A medida é usada para recuperação dos reservatórios.

O custo com o uso de térmicas é repassado aos consumidores por meio das bandeiras tarifárias - taxa cobrada quando há necessidade de acionar usinas mais caras. Com o agravamento da crise hídrica, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reajustou em 52% a taxa e sinalizou que os recursos poderiam ser insuficientes. Por este motivo, o governo criou a chamada "bandeira escassez hídrica", que representa a cobrança de R$ 14,20 extras a cada 100 quilowatts-hora (kwh) consumidos. O novo patamar passou a vigorar em setembro e tem previsão de valer até abril.

Mesmo com uma taxa mais cara, o montante recolhido ainda não é suficiente para bancar todos os custos das ações emergenciais. De acordo com dados da própria Aneel, a Conta Bandeiras registra rombo acumulado de R$ 12,01 bilhões até outubro. Para evitar um "tarifaço" em 2022, ano de eleições presidenciais, o Executivo publicou uma medida provisória que abre espaço para uma nova operação de crédito para as empresas do setor para fazer frente aos custos.

O financiamento será pago pelos consumidores nos próximos anos, com incidência de juros. A medida provisória, no entanto, não traz o detalhamento do empréstimo, que deverá ser estruturado por meio de um decreto do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, "as rubricas e valores a serem cobertos pela operação de crédito amparada pela MP 1078/2021 ainda estão em avaliação pelas equipes técnicas do MME e da Aneel".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O aumento na conta de luz dos brasileiros este ano - que já chega a 25%, principalmente por causa da crise hídrica - deu um impulso extra à energia solar residencial. A capacidade de geração de painéis instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos saltou de 4,7 gigawatts (GW) em janeiro para 7,3 GW no início de novembro, uma alta de 53%. Essa potência equivale a pouco mais da metade da capacidade de geração da usina de Itaipu (14 GW).

No total, a capacidade de geração solar no Brasil atingiu 12 GW na semana passada, incluindo tanto os projetos residenciais quanto as usinas de grande porte. Isso equivale a pouco menos de 7% de toda a capacidade de geração de energia brasileira, de 180 GW. "A evolução confirma que os consumidores tomam consciência da necessidade de buscar soluções sustentáveis para enfrentar as elevadas tarifas de energia e as mudanças climáticas", diz Rodolfo Meyer, presidente do Portal Solar, empresa parte do Grupo Votorantim e responsável pelo levantamento.

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As estimativas são de que a adoção da energia solar reduza as contas de luz em ao menos 50%, podendo chegar a 90% em alguns casos. Apesar de o investimento nas placas não ser baixo (um projeto básico completo sai por volta de R$ 15 mil), ele acaba se pagando em cinco anos, em média.

Por isso mesmo, a expectativa é de que o crescimento desse segmento siga em aceleração, já que as tarifas de energia devem continuar subindo no ano que vem. A projeção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), conforme informou o Estadão, é que as contas tenham um aumento médio de 21,04% em 2022. "Estamos em crescimento acelerado. Para 2022, nem mesmo a elevação dos preços dos equipamentos deverá parar a energia solar no Brasil", diz Meyer.

INVESTIMENTOS

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), essa fonte de energia já trouxe ao Brasil mais de R$ 60 bilhões em novos investimentos desde 2012. "As usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços de até 10% ao das termelétricas ou da energia elétrica importada de países vizinhos", diz o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia.

Segundo a associação, desde 2012 a geração solar evitou a emissão de 13,6 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade. Atualmente, as usinas solares de grande porte são a sexta maior fonte de geração do Brasil.

Sauaia destaca que, além de reduzir a conta de luz, a energia solar pode ser instalada com mais rapidez. "Basta um dia de instalação para transformar uma residência ou empresa em uma pequena usina geradora de eletricidade limpa, renovável e acessível."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Instituições que representam os consumidores de energia do País cobram medidas efetivas do governo para resolver o que chamam de caos financeiro no setor.

O coordenador do programa de energia do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Clauber Leite, afirma que o governo tem falhado em apresentar um planejamento que evite déficits como o atual. "O caminho para mais uma solução insustentável está posto, e isso vemos com a notícia do rombo que ficará para o setor elétrico, após esse acionamento indiscriminado de térmicas. Já tínhamos alertado para esse risco de um novo empréstimo a ser tomado em nome dos consumidores, e parece que temos mais um elemento para irmos nessa direção", afirmou.

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Já o presidente da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, chama a atenção para o custo médio das térmicas, um triplo acima do normal. "A Abrace vem alertando seus associados há muito sobre a explosão do custo da energia para o próximo ano. Só em relação aos Encargos de Serviço do Sistema (ESS), térmicas contratadas emergencialmente e a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) podem superar o preço de R$ 130 por megawatt-hora em 2022, quando não deveria ultrapassar R$ 40", afirma.

"É quase o custo de uma energia nova. É importante atacar a raiz dos males que comprometem o setor elétrico. O preço equivocado da energia esvazia os reservatórios e depois cobra caro dos consumidores para enchê-los de novo."

CUSTOS

A área técnica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) concluiu que, até abril de 2022, as "melhores estimativas" apontam para um rombo da ordem de R$ 13 bilhões, valor que já desconta o que será cobrado do consumidor por meio das chamadas bandeiras tarifárias - uma taxa extra incluída na conta para bancar os custos das usinas térmicas.

O acionamento das térmicas, porém, não é o único fator que explica o rombo financeiro do setor elétrico. Outra fatura, estimada em mais R$ 9 bilhões, que será paga pelo consumidor tem origem nas contratações "simplificadas" de energia feitas pelo governo no mês passado. Trata-se de uma "energia de reserva" que será entregue a partir de maio do ano que vem, para dar mais segurança e evitar o racionamento.

IMPORTAÇÃO

Os reajustes são puxados ainda pelo aumento de importação de energia, por meio de contratos firmados com a Argentina e o Uruguai. Como os reajustes de tarifas são feitos anualmente pela Aneel, após analisar os custos de cada distribuidora de energia do País, o porcentual de aumento varia de Estado para Estado.

Cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que o aumento no preço da energia elétrica resultará em uma queda de R$ 8,2 bilhões no PIB neste ano, em comparação com o que ocorreria sem a crise energética.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo com as chuvas atingindo parte do interior de São Paulo, a prefeitura de Bauru decretou estado de emergência nesta sexta-feira, 12, devido à crise hídrica. A cidade, de 380 mil habitantes, tem 40% dos moradores em regime de racionamento, com água na torneira apenas um em cada quatro dias. A lagoa de captação do rio Batalha está praticamente seca. Ante uma média histórica de 136 milímetros de chuva em novembro, nos primeiros 11 dias deste mês, não caiu uma gota de água na cidade.

O decreto assinado pela prefeita Suéllen Rosim (Patriota) será publicado neste sábado. "Como medida de enfrentamento a esse período difícil, decretei estado de emergência por escassez de água. Com essa medida, vamos acelerar as ações imediatas para colocar água na casa de quem precisa, nos próximos dias", disse.

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Entre as medidas previstas está um aumento na frota de caminhões-pipa para levar água de poços diretamente para os reservatórios que abastecem os bairros. O decreto autoriza o Departamento de Água e Esgoto (DAE) a retirar água de poços particulares.

A prefeita informou que estão sendo perfurados poços para complementar o abastecimento. O objetivo é reduzir a dependência do rio Batalha, que vem perdendo vazão nos últimos anos. Quando o rodízio no abastecimento foi iniciado, em abril, o nível da lagoa abastecida pelo rio era de 2,08 m. Mesmo com o racionamento e as chuvas de setembro e outubro, o nível baixou ainda mais, chegando a 1,95 m nesta sexta-feira. Conforme o DAE, se não chover, pode ser preciso endurecer ainda mais o racionamento. Com a entrada de água atual, a lagoa tem capacidade para apenas dois dias de operação plena, até secar.

Chuvas escassas

Com as chuvas escassas e mal distribuídas, outras cidades do interior estão com o abastecimento comprometido. Em Valinhos, o Departamento de Águas e Esgotos manteve o racionamento devido ao baixo índice de chuvas que não permitiram a recuperação dos mananciais que abastecem a cidade. A prefeitura de São José da Bela Vista também manteve o racionamento, apesar da melhora nas condições da represa que abastece a cidade. Os moradores de Santa Cruz das Palmeiras contam com abastecimento apenas parcial.

Monitoramento realizado pelo Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) mostra que os rios da região estão com o nível parecido com o da crise hídrica de 2014/15. Nesta sexta, o rio Piracicaba, um dos principais do interior, estava com vazão de 14,24 metros por segundo, quando o esperado seria de 81,64 m3/s. O nível das águas no centro da cidade era de 0,87 metro, quase metade da média histórica de novembro, de 1,67 m. A última chuva na cidade foi no dia 1.o deste mês, de apenas 3,75 milímetros.

Cantareira

O Sistema Cantareira, que abastece 7,6 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, entrou em alerta de escassez hídrica no dia 13 de agosto, quando operava com 39% da capacidade, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). As chuvas esperadas ainda não vieram e em outubro, o sistema entrou em nível de restrição. Nesta sexta, o sistema operava com 27,3% da capacidade. Este mês, choveu apenas 32,5 mm na região das represas, ainda longe da média histórica de novembro, de 149 mm. Conforme a Sabesp, não há risco de desabastecimento porque outros sistemas produtores, com mais água, estão interligados.

Em razão da crise hídrica, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) abriu licitação, na quinta-feira, 12, para a perfuração de 141 poços profundos em 125 municípios paulistas não atendidos pela Sabesp. O processo prevê a contratação de uma empresa de engenharia para executar o serviço em um período de seis meses. A perfuração dos poços deve atender 2,1 milhões de habitantes. Cada poço terá um reservatório metálico com capacidade para até 200 mil litros de água. A entrega deve acontecer no primeiro semestre de 2022.

O plano do governo Bolsonaro de renovar o parque de usinas térmicas a carvão mineral, uma das fontes mais poluentes da matriz energética, prevê a injeção de R$ 20 bilhões nessas operações nos próximos dez anos. A questão é saber de onde sairá o dinheiro para financiar um negócio que encolhe em todo o mundo devido à urgência na redução de emissões de gases de efeito estufa. O BNDES, principal banco estatal de financiamento do setor, está fora dessa aposta, diz que só apoia energia limpa e que, até segunda ordem, não pretende colocar nenhum centavo naquele que é um dos principais programas energéticos do governo federal.

O Ministério de Minas e Energia (MME) afirma que a decisão do banco a respeito dos planos de renovação do parque de usinas térmicas a carvão, que anunciou em agosto, teria relação com a definição de "prioridades" de investimento, devido à "restrição de recursos" financeiros do banco. O Estadão questionou o banco sobre os planos do MME. O BNDES deixa claro que não se trata de falta de recursos, e sim da forma como encara o assunto.

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O BNDES rechaçou qualquer possibilidade de financiar as operações, sob o argumento de que "tem uma visão estratégica que leva em consideração o desenvolvimento sustentável e de longo prazo do País e do mundo". No setor de energia, disse o banco, "tal visão está necessariamente alinhada com os esforços para construir uma matriz energética diversificada e limpa".

A última usina a carvão mineral financiada pelo BNDES recebeu recursos em 2015. No ano seguinte, o banco resolveu vetar repasses para esse tipo de projeto. Neste ano, o posicionamento foi formalmente definido pela diretoria do banco, para apostar em projetos menos poluentes. Nos últimos cinco anos, o BNDES firmou contratos de R$ 27 bilhões em financiamentos a projetos com fontes hídricas, solares, eólicas e de biomassa. Outros 12 projetos de térmicas a gás receberam R$ 7,7 bilhões no período.

Sem o repasse do BNDES, a renovação ou a ampliação do parque de usinas a carvão ficará mais difícil. Hoje, 100% dessa estrutura está limitada a sete usinas (uma no Paraná, duas no Rio Grande do Sul e quatro em Santa Catarina). Juntas, somam uma capacidade instalada de 1.572 megawatts médios, energia que abastece boa parte do consumo da região Sudeste.

A concentração dos projetos na região não é casual: 99,97% do carvão mineral do Brasil está no Sul, sendo 89,27% no Rio Grande do Sul, 10,38% em Santa Catarina e 0,32% no Paraná. O desafio é saber como o Brasil cumprirá suas metas de redução do aquecimento global - causado pelas emissões de gases de efeito estufa - se pretende renovar e investir no parque atual. Por outro lado, impõem-se medidas sociais e econômicas para amparar milhares de famílias que vivem da cadeia do carvão mineral, que movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano.

"O que deve ser feito, no caso dos trabalhadores do Sul, é uma transição justa, atendendo à demanda de energia e substituindo os empregos perdidos", diz Ricardo Baitelo, coordenador de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema). "Um exemplo de fonte capaz de apoiar o desenvolvimento econômico e social é a energia solar. Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina são, respectivamente, o terceiro, o quinto e o nono no ranking de geração distribuída no Brasil, e essa atividade pode ser amplificada com políticas públicas e linhas de financiamento."

Poluição em dobro

O setor mineral e as usinas térmicas sustentam a tese de que têm investido em novas tecnologias nos últimos anos, o que ajudou a reduzir o impacto ambiental desses projetos. Os dados, porém, quando comparados aos de demais fontes, dão uma ideia mais clara do que está em jogo.

Considere-se um volume de energia necessário para abastecer uma cidade do Sudeste com 1 milhão de habitantes. Se toda essa energia fosse gerada por uma usina a gás natural, seriam lançados no ar 1,3 milhão de toneladas de CO2 por ano. Se essa mesma energia saísse de uma térmica a carvão, seria o dobro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo castigado pela constante degradação ambiental, por ocupações irregulares de suas margens e por anos sucessivos de seca, o Rio São Francisco sobrevive e, hoje, é um dos principais aliados do País contra a escassez hídrica e no combate ao risco de racionamento de energia.

Neste mês de outubro e em novembro, boa parte da energia que vai alimentar o Brasil e que ajudará a aliviar a situação drástica encarada nos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, principalmente na Bacia do Rio Paraná, vai sair das águas do Velho Chico. Seu maior reservatório, o de Sobradinho, na Bahia, que cinco anos atrás agonizava com apenas 3% da água que é capaz de armazenar, hoje está com 38% do volume total. Por isso, a ordem agora é fazer uso de boa parte dessa água e ampliar a vazão rio abaixo.

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No início deste mês, a estatal Chesf, da Eletrobras, acatou a determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para abrir as torneiras do São Francisco. Sobradinho, com seus 4,2 mil quilômetros quadrados, é o maior reservatório do Brasil em área alagada.

Em volume, pode acumular 28 bilhões de metros cúbicos de água, só ficando atrás da capacidade de Serra da Mesa, na Bacia do Rio Tocantins, que tem uma calha mais profunda e chega a armazenar 43,2 bilhões de m³ de água. Serra da Mesa está com 23% de sua capacidade.

Na semana passada, o volume de água que passa pela barragem de Sobradinho foi elevado de 1,3 mil m³ por segundo para 1,6 mil m³/s. A tendência é a de que esse volume aumente ao longo de outubro e novembro e chegue a 2,5 mil m³/s, conforme as necessidades determinadas pelo setor elétrico.

A barragem de Sobradinho funciona como uma "caixa d'água" do Rio São Francisco, porque alimenta uma sucessão de hidrelétricas instaladas no curso do rio, como as usinas de Luiz Gonzaga, o complexo de Paulo Afonso e de Xingó, a última em operação, até que o São Francisco vá bater no meio do mar.

Assim como fez com Sobradinho, o ONS determinou o aumento de vazão da hidrelétrica de Xingó no mesmo período. Como a geração de energia é distribuída por um sistema de transmissão interligado em todo o País - com exceção de Roraima -, é possível enviar energia de uma área para outra como forma de tentar equilibrar o abastecimento nacional.

Questionado sobre o assunto, o ONS confirmou que, com a elevação da geração nas usinas da bacia do São Francisco, pretende cumprir as medidas previstas pela Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG), grupo ligado ao Ministério de Minas e Energia que tem avaliado o cenário e as ações em relação à crise hídrica e energética.

"Essa medida excepcional se torna viável pela melhor condição de armazenamento nesta bacia em relação à situação da bacia do Rio Paraná e, também, assegura melhores níveis de armazenamento nos reservatórios em outras bacias, como a dos rios Grande e Paranaíba", declarou o ONS.

Protagonismo

Na prática, é a Região Nordeste, portanto, historicamente reconhecida pelas agruras da seca, que tem protagonizado o enfrentamento da pior época sem chuvas dos últimos 91 anos, em especial na bacia do Rio Paraná. "Os recursos energéticos da região Nordeste, no período seco de 2021, têm sido fundamentais até a chegada do período chuvoso", disse o ONS.

Cinco anos atrás, a agonia do São Francisco atingia um nível mínimo inédito, o que exigiu o desligamento de diversas usinas que dependem de suas águas para funcionar. A navegação também foi afetada, e houve problemas com falta de abastecimento humano.

A situação de calamidade levou à liberação máxima de apenas 700 metros cúbicos de água por segundo, a partir de suas comportas, menos da metade do volume atualmente liberado. Foi a pior situação desde 1979, quando os militares fecharam a barragem no rio para formar o maior lago artificial do Brasil e um dos maiores do mundo.

"No passado, quando a Região Nordeste estava com baixos níveis de armazenamento, o Sistema Interligado Nacional possibilitou socorrer a bacia do rio São Francisco", declarou o ONS. "Hoje a situação no Nordeste é bem mais favorável, permitindo auxiliar as demais regiões do País." Além da geração hidrelétrica, o Nordeste tem sido protagonista na geração nacional de energia, com a participação crescente das gerações eólica e fotovoltaica, que têm batido recordes de desempenho.

Rio Paraná

As condições drásticas enfrentadas na bacia do Rio Paraná, onde o transporte fluvial já foi comprometido devido à escassez hídrica, poderão levar à paralisação das hidrelétricas de Três Irmãos (em Pereira Barreto-SP) e de Ilha Solteira (entre Ilha Solteira-SP e Selvíria-MS), as duas maiores da região.

Segundo medição do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no domingo, a hidrelétrica de Três Irmãos operava com cota de 320,96 metros. Conforme foi autorizado pela Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG), Três Irmãos, que está com menos de 2% de seu volume útil para geração de energia, está apta a funcionar até o limite mínimo de 319,77 metros. Em condições normais, a cota mínima para manter a usina em funcionamento sem comprometer suas turbinas é de 323 metros.

O cenário também é crítico na barragem de Ilha Solteira, que tem como referência de volume útil a cota de 323 metros definida pela Agência Nacional de Águas (ANA).

Esse é o volume mínimo para não interromper o funcionamento da hidrovia Tietê-Paraná. Ocorre que o reservatório já opera bem abaixo disso e chegou ao fim de semana com apenas 319,97 metros. Em caráter de exceção, o ONS está autorizado a manter a operação da usina até chegar à cota de 314 metros.

Mais do que recorrer à geração hidrelétrica de outras regiões para tentar equilibrar o sistema e evitar racionamentos, o setor elétrico tem colocado a toda carga as demais fontes de energia.

Em níveis recordes, a geração térmica, produzida a partir de óleo diesel, gás, carvão mineral, biomassa e nuclear - tem respondido diariamente por até 35% da produção diária.

As eólicas também deixaram de ser acessórias para, praticamente, atuarem na base do sistema, suportando cerca de 18% do consumo nacional de energia. Sem os ventos, portanto, é certo que o País já estaria no escuro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente do governo de São Paulo, Marcos Penido, reconheceu nesta quinta-feira (7) durante o lançamento do Programa Água é Vida, que o Estado vive uma situação de crise hídrica.

"(Estamos) vivendo hoje uma situação de crise hídrica", disse o secretário, durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes.

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No mesmo evento, o presidente da Sabesp, Benedito Braga, pediu à população que seja feito o uso racional da água, mas salientou que a situação encontra-se sob total controle e com avaliação diária.

Atualmente, o Cantareira, maior sistema de reservatórios do Estado, está operando abaixo de 30% da sua capacidade total. Diante desse cenário, a Sabesp reduziu recentemente a captação de água dos reservatórios.

O governador João Doria, presente no evento, também anunciou investimentos de aproximadamente R$ 400 milhões em ações com o propósito de melhorar a segurança hídrica no Estado. Segundo o secretário Marcos Penido, mais de 200 municípios não são abastecidos pela Sabesp. Com o projeto, a estimativa do governo estadual é abastecer 2,1 milhões de habitantes que vivem em municípios onde não há sistema de água implantado.

"Vamos fazer um trabalho nos municípios que não são atendidos pela Sabesp, principalmente os municípios com menos de 50 mil habitantes, para que possamos garantir, através da perfuração de poços, da execução de barragens, da preservação dos mananciais, do desassoreamento dos rios e proteção das nascentes, fazer a garantia que os municípios estejam mais resilientes, e mais fortes para enfrentar períodos de estiagem", disse Penido.

Após 15 anos, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) irá alterar os selos de eficiência energética de refrigeradores. Fabricantes têm até junho de 2022 para adequar seus produtos à alteração anunciada por meio da Portaria nº 332, de 2 de agosto de 2021. Com a mudança, a etiquetagem destes produtos ganha três novas categorias, que até então funcionavam dentro da categoria A, considerada a mais eficiente. Com isso, o Inmetro pretende reduzir o índice de consumo de energia elétrica dos brasileiros e adiar uma possível crise energética no país. 

As novas classificações permitirão ao consumidor identificar mais facilmente, por meio da já conhecida Etiqueta Nacional de Conservação de Energia, produtos que consomem menos energia. Serão criadas as subclasses: A+, A++ e A+++. A categoria A+++, terá uma eficiência de até 30% em relação a atual A; a A++ indicará 20% a menos no consumo e a A+, com economia de 10%.   

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As mudanças ocorrem devido a uma crise híbrida, que torna iminente o risco de um racionamento de energia e de uma conta de luz cada vez mais alta. As outras duas fases, com critérios ainda mais rigorosos, acontecem entre 2025 e 2030, com a expectativa de reduzir, em média, 61% do consumo de energia das geladeiras. 

Essa reclassificação é muito importante para o consumidor, mas será ainda mais importante para sustentabilidade do planeta. Tudo isso vai de encontro aos valores da Ferreira Costa,  em ter os melhores produtos e com uma grande preocupação social e ambiental, pontua Cesar Barros, gerente de Produto de Eletro da Ferreira Costa.

Nas lojas, seguem disponíveis modelos da categoria A, que trabalham em potência mais baixa do que as outras geladeiras convencionais. Algumas opções chegam a reduzir 40% o consumo, o que significa um valor de R$ 0,837 por kWh. Confira outras dicas abaixo: 

1. Deixe a geladeira sempre ligada 

A geladeira precisa ficar ligada o tempo todo, durante 24 horas por dia. É importante saber que desligar o aparelho durante a noite e religar pela manhã não ajuda a economizar energia, pelo contrário: inativar o motor e forçá-lo, ao ligá-lo novamente, a encontrar a temperatura ideal, pode gastar ainda mais energia. Segundo a Aneel, só vale a pena desligar a geladeira quando o período sem uso for de alguns dias. 

2. Não utilize a parte traseira para secar roupas 

Outra dica importante é não secar roupas atrás da geladeira. A prática é bastante comum, já que o calor do motor ajuda a evaporar a água, fazendo com que as roupas sequem mais rápido. Evite fazer isso. O motivo é bastante simples: além de sobrecarregar o motor, aumentando o consumo de energia, o contato das peças molhadas com a grade eleva o risco de choques. 

3. Espere os alimentos esfriarem para armazená-los 

Guardar alimentos quentes na geladeira também aumenta o consumo de energia, porque ela vai precisar “trabalhar” mais para fazer com que aquele alimento chegue à temperatura dos demais. 

4. Verifique o estado das borrachas de vedação 

Manutenções ajudam a evitar o desperdício de energia e a preservar o equipamento por mais tempo. Um teste prático é colocar uma folha de papel e fechar a porta do refrigerador. Se a folha ficar presa pela borracha, a vedação está adequada. Se a folha cair, a borracha não está com vedação adequada.  

5. Descongele o aparelho regularmente 

Com os aparelhos frost-free, esse problema foi amenizado, mas os refrigeradores que não acumulam gelo não são realidade para todos. Descongele a geladeira, longe da luz solar, do calor e em local ventilado. 

6. Não forre as prateleiras 

Forrar as prateleiras da geladeira impede a circulação de ar e acaba consumindo mais energia. 

7. Entenda o seu consumo

Geladeiras antigas consomem mais – de acordo com a Aneel, cerca de 150 kWh por mês. Já os modernos são mais econômicos. É possível verificar o nível de economia a partir do Selo PROCEL e da etiqueta do Inmetro. 

 

O valor da energia elétrica, que neste mês atingiu o patamar mais alto da história através da bandeira de “escassez hídrica”, tem reacendido o debate sobre formas mais sustentáveis e limpas de alimentar as redes domésticas e industriais no Brasil. Em um país onde o sol é presença quase unânime, a instalação de painéis solares aparece como um grande aliado para aqueles que buscam, a longo prazo, economizar.

Só até agosto deste ano, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o setor entregou 10.429 megawatts (MW) de capacidade instalada, ou seja, quantidade de energia gerada nos sistemas existentes. O número representa um crescimento de mais de 39% em relação a 2020. Entre os estados que mais aderiram à tecnologia, estão Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, respectivamente.

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Com relação às condições ambientais do país, as perspectivas também são animadoras. Em comparação com países como Alemanha, considerado uma referência quando o assunto é incentivo à geração solar, o Brasil ainda fica em vantagem: o país europeu tem índice de irradiação equivalente a 900 e 1.250 quilowatts-hora (KWh) por metro quadrado (m²) ao ano, enquanto que aqui este número fica entre 1.500 e 2.400 KWh m²/ano. 

O custo de instalação dos sistemas, no entanto, resulta na lenta adesão da alternativa, que representa apenas 2,1% da matriz nacional. Para a engenheira eletricista Carol Silveira, o sistema oferece “inúmeras as vantagens, desde a economia de energia, uma vez que você gera sua própria energia e utiliza, acaba gerando economia em sua fatura e contribuindo para o meio ambiente, sendo uma fonte de energia renovável e sustentável. A única desvantagem ainda são os preços”.

A instalação dos painéis solares pode chegar até R$ 30.000.

“O investimento de início pode ser muito caro, mas compensa ao longo do tempo”, complementa Silveira. Em contrapartida, o valor da conta de energia pode apresentar reduções que variam entre 90% e 95%, a depender da taxa mínima estabelecida pela concessionária. Além disso, a energia solar é considerada “limpa”, ou seja, não deixa gases como o CO2 (dióxido de carbono) ou CH4 (metano) no meio ambiente.

As diferenças entre modelos “on-grid” e “off-grid”

Para aqueles que estão cogitando investir nos sistemas fotovoltaicos, é importante entender as diferenças entre os modelos disponíveis no mercado, chamados de “off-grid” e o “on-grid”. Os termos são utilizados para nomear estruturas autônomas, isto é, que não estão interligadas às redes de energia, ou aqueles conectados às distribuidoras. Em ambos os casos, utilizam-se placas feitas à base de silício para captar a luz do sol e convertê-la em energia elétrica.

Mais raro no mercado, “o modelo off-grid é o modelo de armazenamento, que funciona independente da rede da concessionária de energia. “É indicado e tem sua maior parte instalada nos interiores [dos estados], onde a falta de energia estável é predominante e o acesso à rede é precário”, explicou a engenheira.

Já o modelo “on-grid” é aquele conectado à rede, com intuito de gerar créditos na conta de energia, mais comuns em casas e apartamentos de áreas urbanas. “Ao gerar mais energia do que consome, acaba acumulando créditos e eles podem ser usados por um período de 60 meses (você acumula na própria conta de energia, e são atrelados ao seu CPF)”, acrescenta Carol Silveira. De acordo com ela, o tempo de retorno do investimento inicial fica em torno de 3 a 5 anos, no máximo.

Investimento público pode salvar o bolso dos brasileiros

Com o novo patamar alcançado pela energia elétrica, considerado crítico em decorrência da falta de chuvas, os brasileiros estão prestes a pagar R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos, uma determinação válida até 30 de abril de 2022. O fenômeno ocorre pois com o nível baixo nos reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste, que respondem por 70% da geração de energia do país, o governo precisa acionar as termelétricas, mais caras e poluentes.

Sendo assim, o investimento em usinas solares de grande porte, que hoje são a sétima maior fonte de geração do Brasil, pode ser uma alternativa capaz de aliviar o bolso das gerações futuras, além de promover o desenvolvimento sustentável do País. Atualmente, os empreendimentos já estão em operação em nove estados, nas regiões Nordeste (Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte), Sudeste (Minas Gerais e São Paulo) e Centro-Oeste (Tocantins).

O presidente da República, Jair Bolsonaro, fez sua tradicional live nesta quinta-feira (23) e pediu para os brasileiros economizarem energia elétrica em meio à crise hídrica que atinge o país. Por conta de uma média menor de chuvas e do aumento do desmatamento das áreas de mata, especialmente da Amazônia, o Brasil pode ver a situação se agravar cada vez mais até 2022.

"Aqui [no Palácio da Alvorada] são três andares. Quando tem que descer, mesmo que o elevador esteja aberto na minha frente, eu desço pela escada. Se puder fazer a mesma coisa no seu prédio. Ajude a gente. Quanto menos mexer no elevador, mais economia de energia nós temos", disse em um dos trechos da live.

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Durante a fala, Bolsonaro ainda pediu que as pessoas "tomem banho frio" porque "é muito mais saudável" e para que desligassem os ar condicionados ou se "está com 20ºC, passa para 24ºC, gasta menos energia".

"Até faço um pedido para você agora: tem uma luz acesa a mais na sua casa? Por favor, apague. Nós estamos vivendo a maior crise hidrológica dos últimos 90 anos. Se você puder apagar uma luz na sua casa, apague", disse ainda.

Essa é a segunda vez que o presidente toca nesse assunto durante suas lives semanais, sendo a primeira no fim do mês de agosto.

Especialistas vem alertando há meses que o governo precisava tomar medidas para evitar o agravamento da crise ou apagões energéticos. No entanto, nos mais de dois anos de governo de Bolsonaro, a destruição da Amazônia vem batendo recordes, segundo o Imazon e o Inpe. A floresta amazônica é fundamental para o ciclo das chuvas no resto do país.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou uma bandeira especial de tarifa para a conta de luz, a "bandeira de escassez hídrica", que ficará em vigor até 30 de abril de 2022.

Nela, há uma taxa de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos. O valor é quase 50% maior do que a bandeira vermelha patamar dois, que estava vigente.

Da Ansa

O nível de água dos reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sul do País deixaram de cair nos últimos três dias, acumulando alta de 4% no mês, uma boa notícia para o estressado sistema elétrico brasileiro, mas ainda longe de resolver a crise energética. Na segunda-feira (21), esse subsistema operava com 31,6% de armazenamento de água, contra 27,2% no início de setembro.

Em média, o Sistema Interligado Nacional (SIN) opera com armazenamento de 25,9%, puxado para baixo principalmente pelo subsistema Sudeste/Centro Oeste, que na segunda-feira estava apenas 18% cheio.

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No mês, a queda desse subsistema é de 3,3% até ontem (20), mas a previsão do Operador Nacional do Sistema (ONS) é de que chegue a 14,9% no fim de setembro.

Apesar de apresentar o maior volume de armazenagem, o subsistema Norte, onde estão grandes hidrelétricas como Belo Monte e as usinas do rio Madeira (Jirau e Santo Antônio) , com 64,4% de armazenagem, não estão produzindo muita energia por serem usinas a fio d'água, ou seja, não acumulam água e produzem energia de acordo com a afluência dos rios.

As chuvas na região começam a se reduzir nessa época, e a armazenagem dos reservatórios registra queda de 5,9% no mês.

Também o subsistema Nordeste vem registrando queda no armazenamento de água nas hidrelétricas, com queda de 5,4% no mês e armazenagem de 43,8%.

Dois anos após a extinção do horário de verão, novo estudo realizado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresenta o mesmo argumento usado pelo governo em 2019: a mudança no relógio não traz economia de energia. A avaliação aponta que o mecanismo poderia ajudar, mesmo que pouco, a atenuar o consumo nos horários de ponta, ou seja, quando há maior consumo de energia. Por isso, no diagnóstico entregue ao Ministério de Minas e Energia (MME) nesta semana, não faz recomendação alguma, pois o mecanismo teria um efeito "neutro", de acordo com o ONS.

A avaliação foi feita a pedido da pasta diante da pressão crescente de alguns setores da economia e da grave escassez nos reservatórios das usinas hidrelétricas. O tema voltou à pauta após os segmentos do turismo, alimentação e comércio pedirem ao presidente Jair Bolsonaro a retomada do mecanismo, sob argumento de que pode contribuir para a recuperação financeira dessas atividades. Especialistas no setor elétrico afirmam que, mesmo que seja uma pequena economia de energia, seria relevante frente ao atual cenário que o setor elétrico passa.

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O estudo do ONS foi entregue ao Ministério de Minas e Energia, que agora irá analisar os resultados.

Ao Estadão/Broadcast, o presidente do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, afirmou que o estudo traz uma análise do mecanismo e que não foi feita recomendação pela adoção ou não. "Em poucas palavras: do ponto de vista energético é neutro. Do ponto de vista de ponta ajuda com o deslocamento da mesma, mas não atenua tanto assim. Sendo assim, para o setor elétrico ajuda pouco, e é claro, não atrapalha", afirmou. "[O efeito] é neutro, não dá pra recomendar, nem rejeitar", disse.

De acordo com ele, a solicitação do Ministério era no sentido de atualizar um estudo feito há dois anos, que foi usado como base para a decisão de Bolsonaro de acabar com o horário de verão. À época, o diagnóstico foi que não havia mais economia de energia tão relevante. Isso porque como o calor é mais intenso no fim da manhã e início da tarde, os picos de consumo aumentam nesse horário durante o verão, o que leva as pessoas a usarem mais o ar condicionado. Ciocchi avalia que o novo diagnóstico confirma o estudo de dois anos atrás.

Criado com a finalidade de aproveitar o maior período de luz solar durante a época mais quente do ano, o horário de verão foi instituído no Brasil em 1931 pelo então presidente Getúlio Vargas e adotado em caráter permanente a partir de 2008. A redução da economia do horário de verão começou a ser percebida e questionada em 2017, quando foi registrada uma queda de consumo da ordem de 2.185 megawatts, equivalente a cerca de R$ 145 milhões. Em 2013, a economia havia sido de R$ 405 milhões, caindo para R$ 159,5 milhões em 2016, uma queda de 60%.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que "é evidente" que a crise hídrica bota pressão nos preços. Em evento do BTG Pactual, Guedes ressaltou que a aprovação da autonomia do Banco Central ajudará a manter a alta de preços sob controle.

No evento, Guedes afirmou ainda que o teto de gastos é um símbolo de austeridade. "O teto precisa ficar lá como um sinal de que o Executivo não pode exorbitar", afirmou.

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O ministro voltou a dizer que é preciso mudar os pagamentos dos precatórios, que somam R$ 89,1 bilhões, porque, segundo ele, o governo não conseguirá fazer frente à despesa dentro do teto de gastos em 2022. "Tirar precatório do teto é solução que parece fácil, mas teto só pode ser removido quando política assumir responsabilidade por orçamentos", completou.

O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse nesta terça-feira (14), que a crise hídrica, com a consequência de uma crise energética, já se arrasta "há algum tempo" e deve perdurar até novembro. "Estamos necessitando de várias mãos para encontrar um caminho", afirmou durante debate que ocorre no plenário da Câmara dos Deputados.

Ele destacou que a companhia ampliou a capacidade instalada e de entrega de gás de 2 GW para 8 GW. "Nosso comprometimento é com a situação que vivemos nesse momento", afirmou, repetindo que a estatal é controlada por vários setores.

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O general comentou há um contrato com a térmica de Linhares (ES) até 2025 e que a Petrobras vai cumprir com o fornecimento o gás.

Ele disse que a térmica Norte Fluminense tinha problema, mas voltou a funcionar de forma plena hoje, que a Térmica Santa Cruz está em manutenção programada, mas que volta a operar em 30 de setembro, e que a companhia atende hoje quase toda a demanda de gás no Nordeste.

O presidente da Petrobrs também previu que, em outubro, estará com operações em 100%, além de citar a situação da produção em vários outros Estados questionados pelos parlamentares.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a alertar a população sobre a crise hídrica. "Em novembro, se Deus quiser, começa a vir chuva. Se a chuva não chegar, a gente vai ter um problema", declarou nesta quinta-feira (9), em transmissão ao vivo nas redes sociais.

Bolsonaro também reiterou pedidos para que a população desligue uma lâmpada na sua casa e economize água, como forma de preservar ao máximo o nível dos reservatórios utilizados na geração de energia.

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Apesar da gravidade da crise hídrica, o governo ainda não trabalha, oficialmente, com a hipótese de racionamento de energia elétrica.

O aumento da bandeira tarifária na energia elétrica, que passou a valer no início deste mês, é mais um capítulo dramático da crise econômica brasileira. Em conjunto com a alta dos combustíveis, o recuo do Produto Interno Bruto (PIB) e as oscilações no valor da cesta básica, a medida impopular é acompanhada por uma renda que pouco cresce - ou inclusive diminui - para a maioria da população.

Segundo o economista e presidente do Conselho Regional de Economia de Pernambuco, André Morais, parte da escalada dos valores se deve ao processo de pandemia, que pode ecoar ainda em 2022. “A vacinação precisa avançar ainda mais para destravar o setor de serviços com mais força. Esse que foi um dos setores mais afetados. O que mais vem preocupando não é 2021, mas 2022, ano em que o país vai começar a sentir mais fortemente os efeitos recessivos dos juros altos”, disse.

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Apontada por Morais, a taxa básica de juros (Selic), regulada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, registrou inúmeros reajustes (de alta) neste ano, chegando ao percentual de 5,25% ao ano. Na prática, quando o BC aumenta a taxa de juros, ele pretende “esfriar” a economia, o que, em teoria, deveria desacelerar o consumo das famílias e colocar freio na alta dos preços.

Se a inflação, isto é, o índice que mede a oscilação de preços no mercado, está alta, por exemplo, o órgão aumenta os juros; se a inflação está baixa, há espaço para reduzir a Selic. Através do cenário de incerteza propagado pelas crises econômica e social, contudo, a inflação brasileira atingiu 9% no acumulado até julho, se tornando o terceiro maior da América Latina, atrás apenas da Argentina e do Haiti, de acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas.

Até o final de 2020, o País ocupava a sexta posição no mesmo ranking.

Cesta básica compromete metade do salário mínimo

A nova variante da Covid-19, chamada de Delta, aliada ao ritmo lento de retomada das indústrias alimentícias pelo mundo têm contribuído para a valorização das commodities de itens básicos. No Brasil, a soja e o milho foram alguns dos afetados pela perda de valor do real e aumento da exportação, levando ao desabastecimento do mercado local e, consequentemente, ao aumento dos preços.

De acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), só no mês de agosto o preço da cesta básica aumentou em 13 das 17 capitais do país. No Recife (PE), que compõe a lista, a variação acumulada no último ano é de 11,90%.  Para comprar itens básicos, o trabalhador que ganha um salário mínimo na capital pernambucana gasta, em média, R$ 491,46, comprometendo pouco menos de 50% da renda mensal.

“As oscilações nos preços dos alimentos podem se dar por vários fatores. Tanto uma safra agrícola, como o dólar e demanda do mercado externo. Como exemplo temos o nosso pãozinho de cada dia, que precisa de trigo para sua fabricação. Que, por sua vez, em grande parte, é importado. Com a alta do dólar, os preços aumentaram significativamente e o empresário precisa repassar esse custo ao consumidor”, explicou André Morais, que acrescenta a preferência dos produtores em exportar como outro fator decisivo.

Embora o aumento dos juros seja também uma tentativa dos órgãos reguladores de reprimir o crescimento do dólar, diminuindo o fluxo de exportação exacerbada, as incertezas fiscais provocadas pela crise institucional fomentada pelo presidente Jair Bolsonaro impediram a queda da moeda estrangeira.

“Na minha visão, a tendência é que o dólar, apesar da queda recente, continue subindo. No cenário normal, teria uma tendência de queda com o aumento da Selic, porém estamos perto das eleições presidenciais, e é comum vermos o dólar subir nesse momento. Riscos políticos se tornam cada vez mais eminentes, e isso repercute no câmbio”, disse Morais.

Na prática, tudo indica que o mercado financeiro observa com insegurança a trajetória do Brasil diante da crise, o que também ocasiona a fuga de capital do País e desvaloriza o real, aumentando ainda mais a pressão inflacionária.

Combustíveis e crise hídrica

Contrariando a afirmação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que atribuiu o aumento de preço dos combustíveis ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cobrado por governos estaduais, dados apontam para os reajustes da Petrobrás como o maior “vilão” na precificação dos combustíveis e outros derivados de petróleo, a exemplo de gás encanado e de cozinha.

O economista André Morais pontua que, desde a gestão Michel Temer (MDB), a política de preços adotada pela estatal decidiu acompanhar o preço do barril de petróleo negociado no mercado internacional, ou seja, por meio do dólar. Sendo assim, o principal ‘motor’ das altas é o valor do real desvalorizado. Novamente, o câmbio reflete as incertezas dos investidores estrangeiros sobre o futuro político e institucional do Brasil.

Aliado a isso, a crise hídrica é outro ponto a corroer a renda média dos trabalhadores. “Essa falta de chuvas afeta diretamente a produção do agronegócio, aumenta os custos das indústrias pressionando a inflação e, consecutivamente, chegando a atingir o consumo das famílias. Além disso, alguns especialistas da área, já mostram preocupação com racionamentos obrigatórios e, no pior cenário, apagões”, considerou o economista.

Com isso, o mês de agosto também marca o início de uma nova taxa extra na conta de luz dos brasileiros. Chamada de “escassez hídrica”, a bandeira representa um aumento de quase 50% em relação ao que estava em vigor anteriormente. A determinação é válida até o dia 30 de abril de 2022 e deve continuar puxando a alta da inflação.

 

 

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta quarta-feira, 1º, que "pode ser que tenha que ocorrer algum racionamento" de energia elétrica em razão da crise energética no País. "O que eu tenho acompanhado é que o governo tomou as medidas necessárias, criou uma comissão para acompanhar e tomar as decisões a tempo no sentido de impedir que ocorra isso aí que você colocou, que haja apagão. Agora, pode ser que tenha que ocorrer algum racionamento. O próprio ministro (de Minas e Energia) falou isso", declarou Mourão nesta quarta a jornalistas quando questionado sobre a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de criar uma taxa extra ainda mais cara a ser cobrada na conta de luz.

No entanto, o ministro Bento Albuquerque vem dizendo publicamente não haver a possibilidade de racionamento. Em pronunciamento na terça-feira, 31, ele afirmou que a "condição hidroenergética se agravou" e pediu aos consumidores que reduzam o desperdício de energia por meio de ações como usar chuveiro, ar-condicionado e ferro de passar de manhã ou nos fins de semana, mas não falou da possibilidade de racionamento.

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A partir desta quarta-feira, entra em vigor a bandeira "escassez hídrica", que vai valer até 30 de abril de 2022.

A nova bandeira adiciona R$ 14,20 na conta de luz para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Até então, o preço mais elevado era o da bandeira "vermelha patamar 2", cujo valor era R$ 9,49, reajustado em junho.

O País vive a pior crise hídrica dos últimos 91 anos. Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), os reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste, que correspondem a 70% da energia gerada no Brasil, estão com 21,3% da capacidade de armazenamento. A previsão do ONS é que esses reservatórios cheguem a 10% da capacidade em novembro.

Para Mourão, o atual cenário de risco de racionamento pode perdurar nos próximos anos, caso as usinas mantenham seus reservatórios em níveis considerados baixos. "A maior parte do uso da água é para atividade da agropecuária. Consumo humano é a menor parte, a outra é a geração de energia. Tem que haver uma dosagem nisso aí. É algo que a gente vai ter que enfrentar nos próximos anos, na minha visão, enquanto não houver recuperação plena dos reservatórios."

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