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Nesta segunda-feira (24) foi apresentada a conclusão do caso da estudante Camila Mirele Pires da Silva, de 18 anos, que morreu após cair de ônibus em movimento no dia 8 de maio, na BR-101, no bairro da Cidade Universitária. Apenas o motorista João Martins de Oliveira, 30, foi responsabilizado pelo incidente. A ausência de penalização para o Consórcio Grande Recife de Transporte e contra a empresa Rodoviária Metropolitana chamou a atenção durante a coletiva de imprensa, principalmente por causa do problema encontrado nos fios do Sistema de Segurança de Bloqueio de Portas.

Durante a perícia do Instituto de Criminalística (IC), foi constatado que o sistema havia sido deliberadamente desativado. Em um emaranhado de fios, apenas o amarelo, responsável pelo sinal de aceleração, e o laranja, que emite o sinal de velocidade, estavam cortados. Em pleno funcionamento, o sistema impede que, com o ônibus em movimento, as portas se abram, e que o ônibus acelere com as portas abertas. Em pleno funcionamento, o acidente fatal com Camila não teria ocorrido.

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Com um mês de perícia, o IC conseguiu apenas averiguar dois veículos: o envolvido no acidente e outro que faz a mesma linha. Ambos estavam com os mesmos fios do sistema seccionados. Segundo o perito criminal Sérgio Almeida, a empresa de transporte chegou a colocar a culpa no condutor pelo corte dos fios. “Mas é algo muito complexo, cheio de fios. A fiação foi cortada por uma pessoa com conhecimento técnico. Nós da perícia tivemos que consultar o manual do veículo para entender como funcionava”, ele revela. 

Um laudo emitido em dezembro de 2014 pelo Consórcio Grande Recife classificava o ônibus envolvido no acidente como apto a rodar. Na planilha, havia uma listagem de todos os equipamentos do ônibus seguidos da marcação de um “sim” ou “não”. Almeida destacou que no Sistema de Segurança de Bloqueio de Portas havia a marcação de um “não”. Foi preciso o delegado responsável pelo caso, Newson Motta, explicar a situação. De acordo com o delegado, com a dúvida do que significaria o não, ele entrou em contato com o consórcio que, através de ofício, explicou que a negativa se referia ao fato do equipamento em específico não ter sido fiscalizado, visto que se tratava de um ônibus novo, e não que o sistema estava desativado.

O delegado reforçou que não foi possível, durante a investigação, identificar o responsável pelo corte dos fios, responsabilizando apenas o motorista. No laudo do IC, entretanto, há responsabilização em menor grau tanto para o Consórcio Grande Recife quanto para a Metropolitana. O inquérito policial vai seguir agora à Justiça. “Há uma série de contextos que giram em torno deste acidente. Cabe ao Ministério Público analisar o inquérito e, se entender que os resultados são insuficientes, pode abrir um procedimento administrativo, pode procurar a delegacia novamente... O objeto de investigação foi o acidente que provocou a morte de Camila, me ative ao aspecto criminal. Mas o caso trouxe à tona fatos que devem ser objetos de minuciosa análise. Os autos do inquérito vão subsidiar essas investigações e os ajustes que precisarão ser feitos”, pontuou o delegado.

Ao todo, 14 pessoas foram ouvidas durante as investigações, entre elas um supervisor de manutenção e um supervisor de oficina da Rodoviária Metropolitana. Ao delegado, o motorista disse que não acionou a abertura da porta, mas ao agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no dia do acidente, ele informou que a abriu. Ainda à polícia, João disse saber que o sistema não funcionava. A perícia apontou que o carro estava a 50 km/h quando a porta foi aberta e que era possível ver a jovem através do retrovisor mesmo com a lotação do carro. 

O caos no transporte público tem como centro das atenções os principais centros urbanos. Porém, o subúrbio sofre igualmente com as dificuldades geradas pela precariedade do sistema de ônibus. No bairro de Jardim Primavera, no município de Camaragibe, Região Metropolitana do Recife (RMR), os moradores reclamam principalmente dos atrasos da linha 2442- Jardim Primavera (Vale das Pedreiras) nas primeiras horas da manhã - fato que se agravou nos últimos três dias.

A linha 2442 – que sai de Camaragibe, percorre as avenidas Caxangá e Conde da Boa Vista e faz o retorno na Avenida Dantas Barreto – já é conhecida pelo seu sucateamento e por andar com veículos lotados mesmo em horários que não são de pico. Nas primeiras horas da manhã, horário de muita demanda pois as pessoas costumam ir ao trabalho e à escola, os ônibus já saem do bairro lotados, mesmo quando mantêm um tempo de espera de dez minutos. Desde a quarta-feira (10), quando os atrasos pioraram, as paradas têm ficado com a quantidade de pessoas superior ao comum, e a linha que saía do bairro lotada está saindo em modo “expresso”, queimando paradas e com usuários se espremendo nas portas. 

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O serviço de Horários x Linha, presente no site do Grande Recife Consórcio de Transporte, informa que entre 5h30 e 6h10 deveriam sair seis veículos. Nesta sexta-feira (12), entretanto, após o ônibus das 5h35, o outro só veio passar às 6h10, seguido logo de outro, formando assim, um comboio de veículos lotados.

A diarista Lucilene Severino da Silva, de 31 anos, é uma das usuárias que tem percebido a piora no tempo de espera. “Todo dia o ônibus vai lotado, e agora está cada vez pior. Parece que nem tem fiscal lá, o que seria um absurdo. Antes vinha de 10 em 10 minutos, mas depois isso parou. Tenho que sair mais cedo para não me atrasar”, ela reclama.

Coincidentemente, o problema piorou um dia após a assembleia dos rodoviários que, em votação, decidiram não paralisar. Para o usuário André Jatobá, 36, deve haver uma relação entre estes ocorridos. “Acho que isso é uma forma de protesto porque eles não conseguiram o tíquete-alimentação que queriam, então eles estão atrasando. A comunidade deveria entrar com uma ação judicial contra a empresa (Rodoviária Metropolitana). Eles querem ser ressarcidos, mas quem é que vai ressarcir nossos atrasos?”, indaga Jatobá.

Na manhã da quinta-feira (11), ao ser questionado sobre o motivo do atraso, o cobrador da linha respondeu que não havia ônibus no terminal. “Não, simplesmente não tem”, ele respondeu após perguntarem se era devido a veículos quebrados. Hoje, um outro cobrador também foi questionado, mas preferiu não responder. 

O presidente eleito do Sindicato dos Rodoviários, Benilson Custódio, disse que desconhecia o caso, e não sabia de nenhum movimento dos rodoviários contra o valor de reajuste. Ele culpou, inicialmente, os corredores do BRT, cuja prioridade para os veículos do sistema prejudica o transitar dos ônibus comuns. Mas após manter contato com um motorista da linha Jardim Primavera (Vale das Pedreiras), identificado apenas como Aritana, Benilson confirmou que o principal motivo era a falta de ônibus. “Ele me disse que está acontecendo este atraso de 15, 20 minutos mesmo. E isto é por causa de falta de carro, tem muito carro quebrado”, disse.

Questionado sobre o que poderia ser feito, Benilson se mostrou incerto. “O que nós podemos fazer se não chega ônibus da garagem? Cabe a população e a imprensa denunciar isto”. O presidente também acredita que não há fiscais nos terminais nesse horário. Estes profissionais, segundo ele, costumam chegar depois das 6h.    

O Grande Recife Consórcio de Transporte informou que a linha 2442 – Jardim Primavera (Vale das Pedreiras) possui 12 veículos e realiza 79 viagens nos dias úteis. No horário de pico, o tempo de espera deveria variar de 15 a 20 minutos. O consórcio afirmou que fará uma fiscalização para identificar a razão dos atrasos. A Rodoviária Metropolitana disse que não houve alteração recente na linha que explicasse o transtorno.

O tema mobilidade é corriqueiro no Recife. Não apenas por causa dos engarrafamentos que travam a cidade, mas também pelas obras viárias para a Copa do Mundo. O Corredor Leste-Oeste, que terá 12 km de extensão, abrangendo as zonas leste e oste da Região Metropolitana do Recife (RMR), é uma dessas obras. Porém, faltando pouco mais de um mês para a realização da Copa, esse sistema de mobilidade ainda causa dúvidas na população. Como vai funcionar? Qual o tempo de espera dos passageiros? As antigas linhas vão funcionar? Em meio a essas dúvidas, existe uma "certeza" no quesito empregabilidade. O Corredor, que terá o Bus Rapid Transit (BRT) operando no novo Sistema de Transportes Público de Passageiros (STPP/RMR), não deve gerar demissões de motoristas e cobradores, porém, também não há especulações de geração de empregos.  

A empresa Rodoviária Metropolitana ganhou a licitação do BRT, devendo atender diariamente 155 mil passageiros. Ao todo, serão 213 veículos e 95 BRTs. Elaine Aguiar, gerente de Recursos Humanos da Metropolitana, explica que para conduzir os BRTs, houve recrutamento interno e externo. “Convidamos os funcionários interessados que tinham, no mínimo, um ano de empresa. A partir daí realizamos capacitações, treinamento e avaliações para observar o perfil de cada um”, diz. De acordo com a gerente, foram realocados 221 rodoviários para os BRTs (entre motoristas, cobradores e fiscais) e contratados 170 para conduzir algumas linhas.

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Para atender os passageiros, o diretor executivo da Rodoviária Metropolitana, Alexandre Barros (foto à direita), acredita que os desafios são inúmeros. “A expectativa é grande tanto para o público, quanto para a empresa! A Metropolitana iniciará as operações sem os Terminais Integrados prontos e com muitas estações sem funcionar”, desabafa o executivo.

Ainda segundo Barros, a operadora está investindo em campanhas publicitárias e no treinamento dos colaboradores. “Além de capacitar os profissionais, a empresa vai criar também campanhas publicitárias. As peças serão voltadas aos colaboradores, passageiros e ao público em geral", ressalta Barros.

 

Em entrevista ao Portal LeiaJá, Artur Ângelo, motorista e treinador dos condutores dos BRTS, relata as expectativas sobre o funcionamento do BRT. Confira o vídeo:

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Linhas perdidas

As operadores Caxangá e Transcol, como não participaram da disputa pela licitação do BRT, perderam três linhas para a Rodoviária Metropolitana. O percurso feito por elas não foi divulgado pelas empresas. Diante dessa redução linhas, ainda não há uma definição sobre a situação dos empregados da Caxangá e da Transcol. 

O gestor de operações da Rodoviária Caxangá, Marcelo Luna, informou que os colaboradores provavelmente serão realocados em outras linhas ou rotas. “Haverá mudança, porém ainda não temos nenhum planejamento. Consideramos que é cedo para prever e se posicionar sobre o assunto”, explica Luna. Valdemir Noé, responsável operacional da Transcol, acredita que a situação é imprecisa. “Não sabemos se os ônibus trafegarão no subúrbio ou farão outras rotas. Quanto aos colaboradores, eles não serão demitidos. Acredito que serão transferidos para outras funções ou atividades”, diz Noé.

O presidente do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, Patrício Magalhães, diz que não haverá demissão em massa, com a adesão do BRT. Já Roberto Carlos Torres, líder de oposição do sindicato pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), revela que já existem rumores sobre a redução de linhas e consequente demissões. “Tudo está em fase de estudo, mas os motoristas, cobradores e fiscais já conversam acerca disso”, conta.  

Em relação aos veículos que atualmente trafegam na Avenida Caxangá, uma das principais vias do Corredor Leste-Oeste, a assessoria de imprensa da Grande Recife Consórcio de Transportes explica que o destino das linhas e a situação dos colaboradores é de responsabilidade das empresas. Porém, alguns Terminais não estão prontos, tendo os BRTs que circular, em determinados trechos, na zona mista, junto com carros, motos, pedestres, bicicletas e os ônibus tradicionais.











 

 

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