O desembargador do Tribunal Regional Federal da 4º Região (TFR-4), Rogério Favreto, responsável por conceder o habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em julho de 2018, relatou ter sofrido “perseguição” e disse que tentaram lhe “cancelar” após a assinatura da medida favorável ao ex-alvo da Operação Lava Jato.
Hoje presidenciável mais uma vez, o petista estava preso à época, por determinação do ex-juiz Sergio Moro.
##RECOMENDA##"Houve uma perseguição de todas as formas: fizeram representação no CNJ, que depois foi arquivada, e também um processo criminal que foi solicitado pela então procuradora geral da República, Raquel Dodge, dizendo que eu prevariquei, porque decidi em favor de amigos meus. Eu não sou amigo do ex-presidente, não sou amigo dos autores do Habeas Corpus", declarou à Fórum Café, da revista Fórum, em entrevista veiculada nesta segunda-feira (2).
O processo de prevaricação, aberto por Dodge, argumentou que Favreto prevaricou por ser "amigo" do petista, fato que nega de forma veemente. Ele detalhou ainda o que pensa ter sido a sua participação no processo, em 2018.
“Eu fui o lambari que quis atravessar a correnteza, o fluxo do rio da imprensa conservadora e do sistema judicial e, como disse uma jornalista na ocasião, mostrei naquele dia que havia outras luzes e visões no Judiciário”.
O juiz afirma que, além do âmbito profissional, também sofreu perseguição na vida privada, com ameaças virtuais direcionadas aos seus familiares, além de ter seu número pessoal exposto por jornalistas e por políticos.
“Então houve [ainda] uma perseguição pessoal, familiar, tive que andar com segurança, minha mãe, meus filhos foram ameaçados nas redes sociais, meu telefone foi divulgado. Quiseram me cancelar. Queriam me exonerar, me excluir, me tirar da minha função, porque, se eu fosse 'culpado' por isso, iriam dizer 'ele está errado', e eles estão certos, ou seja, tinham que reafirmar aquelas arbitrariedade e aquele sistema ilegal, autoritário e parcial que estava ocorrendo”, continuou.
O desembargador diz ter tomado decisão favorável a Lula por princípios básicos do direito, por ter compreendido que havia uma “violação” dos direitos do ex-presidente. Ele acredita ter sofrido ataques pelo seu histórico de defesa da democracia.
"Todo ataque sofri, distorção, acusação que tinha contra a minha pessoa era minha [devido a minha] história, porque sou um homem da democracia, militei por políticas públicas, essa é minha história e carrego com honra, teria vergonha se fosse o contrário. Então decidi conforme a compreensão constitucional e jurídica que tive", destacou, ressaltando que "ninguém" recorreu de sua decisão, nem a então procuradora-geral, Raquel Dodge.
"Ninguém recorreu da minha decisão. Quando você está descontente com uma decisão, você recorre aos tribunais superiores, tinha que recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), ou ao STF (Superior Tribunal Federal), mas não houve esse recurso", completou.