Tópicos | Romeu Rufino

Depois de 21 anos de Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino deixou na terça-feira, 14, o cargo que assumiu em 2013, de diretor-geral da agência reguladora. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, ele classifica como "indesejável" a eventual instituição de "viés político" na agência. Sobre sua proximidade com a ex-presidente Dilma Rousseff, que o conduziu à direção da agência, diz ser motivo de orgulho ter tido reconhecimento profissional por parte dela. "Mas nem ela nem eu passamos um milímetro do ponto da autonomia e respeito institucional." A seguir, trechos da entrevista.

O sr. sempre teve o nome associado à ex-presidente Dilma Rousseff, a quem são atribuídos os problemas do setor. O sr. concorda com isso?

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Primeiro, não tenho nenhum problema, muito pelo contrário, de atribuir essa vinculação do meu nome à ex-presidente Dilma Rousseff. Não tenho atuação ou vinculação política. Minha origem e estágio atual é pela minha condição profissional e pelos méritos técnicos. Como ministra de Minas e Energia, e eu como superintendente da Aneel, acabou reconhecendo meu trabalho e meu potencial. Mas nem ela nem eu passamos um milímetro do ponto da autonomia e respeito institucional. Evidentemente com isso não estou dizendo que concordo e aprovo tudo o que foi feito. Mas é evidente que também não é justo e correto atribuir à presidente toda a responsabilidade pela MP 579/2012 (que antecipou a renovação das concessões de energia elétrica). Ela foi convertida em lei e o Congresso teve a oportunidade de analisar a matéria encaminhada na forma de medida provisória e poderia modificá-la ou rejeitá-la.

O governo Temer, mesmo de saída, indicará este ano todos os cinco diretores da Aneel. Isso prejudica a agência?

A coincidência do vencimento de mandatos é ruim. As agências foram concebidas para que não haja essa coincidência. A ideia de agência reguladora de Estado é que haja uma continuidade, uma estabilidade de regras e procedimentos. Nesse sentido, a concepção inicial da Aneel e das demais agências era que houvesse alternância e que, a cada ano, de preferência, vencesse o mandato de um diretor. Em relação às indicações políticas, é indesejável. É evidente que não estou questionando a legitimidade. Agora, o que se espera é que, sendo feita a indicação daquele profissional, que ele seja sabatinado, analisado e aprovado nos requisitos que tem de atender. Não é desejável uma apropriação do viés político. O projeto de lei que está em tramitação procura tornar mais robustos os critérios de escolha e seleção desses candidatos a diretor de agência. Esse processo não pode ser essencialmente político. Tem de ser técnico e profissional.

Qual o peso das indicações políticas na aprovação dos candidatos para as agências?

Hoje, na forma como está o processo decisório e político do governo de modo geral, de fato o Congresso tem força e preponderância nas decisões. Não estou dizendo que isso não seja legítimo, mas no modelo presidencialista que temos, era de se imaginar que o Poder Executivo tivesse uma posição mais forte e decisiva nesse processo. Eu, sinceramente, acho que essa lógica de ter representação política do Estado A ou B, do partido ou cacique político X ou Y, não faz muito sentido. O candidato a diretor tem de ter viabilidade política, porque tem um processo político que acaba acontecendo, mas acho que deveria haver critérios menos políticos e mais técnicos para essa avaliação.

O sr. concorda que as tarifas de energia estão muito altas?

Certamente, não nos conforta ter a tarifa no patamar que está, muito menos no nível de reajuste que temos praticado nos últimos tempos, mas a Aneel, na hora de fazer o processo tarifário, tem de conformar o processo respeitando o arcabouço legal, regulatório e contratual existentes. Então, na hora em que está se tomando uma decisão de política do setor elétrico, é importante a Aneel contribuir. Não é a tarifa baixa a qualquer custo, não é a menor tarifa, é a tarifa módica, a tarifa justa. Se fazemos escolhas em um determinado momento, certamente isso vai repercutir, no momento seguinte, nas tarifas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, garantiu nesta terça-feira, 3, que as quotas da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) previstas na proposta de orçamento para o fundo em 2015 serão contempladas em uma revisão tarifária extraordinária para as distribuidoras.

"As quotas propostas impõe um descasamento considerável para as empresas que seria insustentável financeiramente para o setor. Por isso, com certeza esse aumento de gastos será contemplado em um revisão extraordinária", afirmou Rufino.

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Mais cedo, o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite, defendeu uma concatenação entre pagamento dessas despesas e a entrada de recursos nos caixas das distribuidoras. Para Rufino, o reajuste extraordinário resolverá essa questão.

A conta de luz dos consumidores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste terá de subir 19,97% devido aos gastos com programas sociais que voltarão a ser cobrados na tarifa de energia. Para os consumidores do Norte e Nordeste, a conta de luz vai subir 3,89%.

A proposta da Aneel para o orçamento da CDE - que ficará em consulta pública de 4 a 13 de fevereiro - prevê que as despesas com programas setoriais do setor elétrico devem atingir R$ 25,961 bilhões em 2015, enquanto as receitas próprias da CDE somarão apenas R$ 2,75 bilhões. Restam, portanto, R$ 21,28 bilhões em gastos que terão que ser cobertos por meio de aumentos na conta de luz de todos os consumidores.

"Além do incremento dos custos que teve evolução importante, houve uma redução das fontes de financiamento para a CDE nos últimos anos. Primeiro, os recursos da Reserva Geral Reversão foram gastos em 2013 para o pagamento de indenizações e, a partir deste ano, os aportes do Tesouro não acontecerão mais. Tudo isso sobrecarregou a quota da CDE", argumentou Rufino.

Já o diretor José Jurhosa protestou contra o fim dos aportes do Tesouro ao fundo setorial, que resultarão num aumento relevante na conta de luz. Segundo ele, os programas sociais bancados pela CDE são política de governo, e não do setor elétrico, portanto, deveriam ser bancadas pelo Tesouro. "Não acho que somente o consumidor deveria pagar. Entendo a situação, mas acho que valores do fundo estão um pouco distorcidos, sendo que só os consumidores vão pagar", afirmou.

Respondendo a questionamento feito pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Rufino admitiu que há espaço para que os gastos que compõem a CDE tenham maior eficiência e transparência. "Têm sido buscadas a eficiência e a máxima transparência (dessas despesas) porque se trata de um custo relevante que é pago por todos os consumidores. Como gestora do fundo, Eletrobras é sempre cobrada em relação a isso. Há espaço para aprimoramentos", completou o diretor-geral.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, afirmou nesta terça-feira (3) que o saldo da conta criada para cobrir o rombo das distribuidoras não será suficiente para cobrir a despesa dessas empresas referente ao mês de abril. Esse gasto, que deverá ser pago até 9 de junho, supera os R$ 2,270 bilhões presentes na conta administrada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Segundo Rufino, faltarão R$ 450 milhões para cobrir o gasto de abril. Essa despesa deverá ser paga pelas próprias distribuidoras. "(O empréstimo) Não foi suficiente, mas já é uma obrigação da distribuidora pagar o valor, então elas vão ter de arcar com a diferença. Não é um valor tão elevado", afirmou. O diretor-geral informou que esse valor será repassado às tarifas cobradas ao consumidor na data do reajuste de cada empresa, em 2014 ou 2015.

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Rufino afirmou que o governo vai analisar de que forma a exposição das distribuidoras será coberta a partir de maio. Isso porque o leilão para entrega de energia imediata às empresas não conseguiu solucionar integralmente o problema da descontratação das companhias. Mas, segundo Rufino, os valores a serem desembolsados serão bem menores. "Estamos analisando as alternativas", disse.

Uma das soluções em estudo pelo governo é a extensão do empréstimo dos bancos para a conta-ACR, administrada pela CCEE, instituição responsável pelo repasse dos recursos às distribuidoras. Segundo Rufino, o governo deve consultar os bancos para saber se há interesse em breve.

"Tem a possibilidade, que nós vamos analisar, de eventualmente ampliar o valor (do empréstimo). Já está contratado, pode ser ampliado, eventualmente. Essa é uma alternativa que está sendo estudada, se os bancos concordarem, é claro", afirmou. "Essa conversa com os bancos vamos tratar agora."

Rufino disse não saber se novos aportes do Tesouro estão em estudo. "Vamos buscar formas de resolver isso. A possibilidade dos bancos é uma alternativa que está sendo analisada e que vai depender dos bancos", afirmou. "Sobre aportes do Tesouro, não posso falar, isso é com o Tesouro, não sei se o Tesouro tem espaço para isso."

Essa será a terceira vez no ano que o governo terá de buscar uma solução para a exposição das distribuidoras. No início do ano, a alternativa foi um aporte do Tesouro Nacional, no valor de R$ 4 bilhões. Depois, o empréstimo, no valor de R$ 11,2 bilhões, foi autorizado como forma de resolver o problema das empresas até o fim de 2014.

O volume, no entanto, não foi suficiente nem mesmo para pagar integralmente o gasto até abril. O diretor-geral negou que tenha havido falha de planejamento por parte do governo. "Na época que contratamos aquele valor, foi com base na melhor estimativa que se tinha naquele momento. Não foi suficiente? Ok, vamos ter de estudar uma forma de resolver esse resto de ano", justificou Rufino.

Segundo ele, o governo ainda não fez uma nova estimativa sobre o valor necessário até o fim de 2014. No ano passado, o Tesouro bancou integralmente esse gasto e transferiu R$ 9,8 bilhões às distribuidoras.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, disse nesta terça-feira, 13, que a solução para o rombo das distribuidoras em 2014 já está desenhada. Na última sexta-feira, 9, o Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, publicou entrevista com o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite, na qual o executivo afirmou que o setor irá pedir mais R$ 7,2 bilhões para cobrir os custos das companhias entre maio e dezembro deste ano.

Ainda na sexta-feira, uma correção da Aneel na segunda parcela do empréstimo de R$ 11,2 bilhões de socorro às empresas levou a Abradee a aumentar ainda mais o valor desse pedido, para R$ 7,9 bilhões, uma vez que, pelas contas da Associação já faltariam cerca de R$ 700 milhões para cobrir o buraco de abril. "Novos valores que as empresas pedirem terão de ser analisados, mas eu acredito que esse número divulgado não corresponde à exposição das distribuidoras até o fim do ano", disse Rufino, que participou de reunião pública da agência, em Brasília.

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