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Pelo menos 73% dos custos que envolvem o cuidado de pessoas com demência no Brasil ficam para as famílias dos pacientes. O número foi divulgado pelo Relatório Nacional sobre a Demência no Brasil (Renade), do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a partir da iniciativa do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). O estudo revelou que, além dos custos, as pessoas responsáveis pelos cuidados estão sobrecarregadas e que, na maior parte das vezes, são mulheres. 

O relatório mostra que esses custos podem chegar a 81,3% por parte do familiar a depender do estágio da demência.

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“Isso envolve horas de dedicação para o cuidado. A pessoa, por exemplo, pode ter que parar de trabalhar para cuidar. Isso tudo envolve o que a gente chama de custo informal. É importante que se ofereça um apoio para a família”, afirmou a psiquiatra e epidemiologista Cleusa Ferri, pesquisadora e coordenadora do Projeto Renade no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em entrevista à Agência Brasil.

O relatório enumera custos diretos em saúde, como internações, consultas e medicamentos, e também os recursos indiretos, como a perda de produtividade da pessoa que é cuidadora.

“As atividades relacionadas ao cuidado e supervisão da pessoa com demência consomem uma média diária de 10 horas e 12 minutos”, aponta o relatório.

Olhar para o cuidador

A médica Cleusa Ferri avalia que é necessário aumentar o número de serviços de qualidade que atendam às necessidades da pessoa com demência e também dos parentes. “O familiar pode até ser um parceiro do cuidado. Mas precisamos também pensar nesse cuidador”.

Para elaboração do estudo, os pesquisadores entrevistaram 140 pessoas com demência e cuidadores de todas as regiões do país, com média de idade de 81,3 anos sendo 69,3% mulheres. Os dados foram coletados com pessoas em diferentes fases da demência.  

O relatório mostra, por exemplo, que entre os 140 cuidadores, pelo menos 45% das pessoas apresentavam sintomas psiquiátricos de ansiedade e depressão, 71,4% apresentavam sinais de sobrecarga relativa ao cuidado, 83,6% exerciam o cuidado de maneira informal e sem remuneração. 

O estudo chama a atenção para que, dentro dessa amostra, 51,4% dos pacientes utilizaram, em algum momento, o serviço privado de saúde, 42% não utilizavam nenhum tipo de medicamento para demência. “Somente 15% retiravam a medicação gratuitamente no SUS”, disse a epidemiologista Cleusa Ferri. 

O estudo aponta que a maioria das pessoas cuidadoras de familiares com algum tipo de demência são mulheres.

“Nessa amostra, temos 86% das cuidadoras sendo mulheres. Isso é um fato. Há uma cultura da mulher cuidar para o resto da vida. Entendo que é uma questão cultural.

Subdiagnósticos

De acordo com a pesquisadora, o Brasil contabiliza cerca de 2 milhões de pessoas com demência e 80% delas não estão diagnosticadas. “A taxa de subdiagnóstico é grande. Temos muitas pessoas sem diagnóstico e, portanto, sem cuidado específico para as necessidades que envolvem a doença. Então, esse é um desafio muito importante”, afirma a especialista. Ela cita que esse cenário não é exclusivo do Brasil. 

Na Europa, o subdiagnóstico chega a ser de mais de 50% e na América do Norte, mais de 60%.

“No Brasil, temos 1,85 milhão de pessoas com a doença. E a projeção é que esse número triplique até 2050”.

A pesquisadora acrescenta que a invisibilidade da doença é outro desafio. “Temos muito para aumentar o conhecimento, deixar mais visível. A falta de conhecimento da população sobre essa condição precisa ser enfrentada”. Nesse contexto, a invisibilidade também ocorre diante das desigualdades sociais.

Em um cenário de 80% de pessoas sem diagnóstico, isso significa a necessidade de melhorar as políticas públicas para aumentar o conhecimento da população sobre a demência. “Há uma questão de estigma também. As pessoas evitam falar do tema e procurar ajuda”.

Essa situação, na avaliação da pesquisadora, também contribui para dificuldades para conscientização, treinamento de cuidadores e busca por apoio.

O Spotify, número um do mundo do streaming de áudio, anunciou nesta segunda-feira (4) a eliminação de cerca de 1.500 empregos, cerca de 17% de sua força de trabalho, para reduzir custos.

Esta é a terceira onda de cortes de funcionários. O grupo sueco anunciou em janeiro a demissão de 600 funcionários e outros 200 em junho na sua divisão de podcasts.

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As medidas fazem parte de uma onda de demissões no setor de tecnologia, desde o início de 2023, em gigantes americanas como Meta, Alphabet e Amazon.

"Estou ciente de que, para muitos, uma redução desta magnitude pode parecer surpreendente, devido ao recente relatório positivo sobre os lucros e os nossos resultados", escreveu o CEO Daniel Ek em uma carta aos funcionários, consultada pela AFP.

No terceiro trimestre, o grupo registrou um lucro líquido excepcional de 65 milhões de euros (cerca de 70 milhões de dólares ou 344 milhões de reais), contra os 166 milhões do ano anterior, no contexto de um aumento de 26% no número dos seus usuários ativos, até 574 milhões.

"Apesar dos nossos esforços para reduzir custos no ano passado, a nossa estrutura de custos para atingir os nossos objetivos ainda é muito grande", acrescentou Ek.

Desde o seu lançamento, em 2006, o Spotify não parou de investir para impulsionar o seu crescimento, expandindo-se para novos mercados e depois oferecendo conteúdos exclusivos, como podcasts, nos quais investiu mais de um bilhão de dólares (4,9 bilhões de reais na cotação atual).

Desde o dia 2 de setembro você vem acompanhando a recuperação de Mingau, o baixista da banda Ultraje a Rigor, que foi baleado na cabeça em uma passagem por Paraty, no Rio de Janeiro. Atualmente internado em São Paulo, ele segue se recuperando do grave trauma na cabeça.

Na última sexta-feira (10), Marcos Kleine, guitarrista da Ultraje, anunciou a abertura de uma vaquinha virtual para arcar os custos do tratamento do músico.

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"O começo dessa história muitos já devem saber: em 2 de setembro Mingau voltava para São Paulo quando, ao passar por Paraty, foi baleado na cabeça. Em estado grave e transferido para a capital paulista, enfrentou duas grandes cirurgias em questão de dias. Sua vida ficou por um fio. A comoção foi geral. Família, amigos, fãs e até quem nem sequer conhecia o baixista do Ultraje a Rigor, um cara com jeitão de moleque, de sorriso fácil e coração de ouro, passou a vibrar por sua recuperação".

E continua:

"Depois de dois meses na UTI, está em condições de partir para a reabilitação. Ele evoluiu bastante nesse tempo, e tem muito mais que progredir, para poder voltar a fazer o que mais gosta: tocar, tocar... E estar em contato com a natureza. Agora também é a hora de acertar as contas com a equipe de neurologistas que o acompanha desde a cirurgia. Como os familiares não conseguem arcar com todas as despesas não cobertas pelo plano de saúde, abrimos uma vaquinha para quem puder colaborar na construção de um final feliz pra essa história".

A Guerra na Ucrânia ultrapassou os 390 dias e soma mais de US$ 143,8 bilhões, o equivalente a R$ 756,9 bilhões de perdas aos cofres ucranianos, segundo levantamento da Escola de Economia de Kiev (KSE) divulgado nesta quarta-feira (22).

Financiado pelo governo do Reino Unido e com o apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o relatório analisou os principais setores impactados pelos ataques russos. Os três segmentos mais atingidos pela guerra são o parque habitacional, a infraestrutura e a indústria/empresas.

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Em primeiro lugar, o parque habitacional supera 150 mil prédios residenciais danificados ou destruídos, que causaram US$ 53,6 bilhões (R$ 282,1 bilhões) em danos. As intentonas russas atingiram três prédios residenciais na quarta-feira, um em Zaporizhzhia e dois em Kiev.

Em segundo lugar está a esfera da infraestrutura, mais de 25 mil quilômetros de estradas estaduais e locais e 344 pontes e cruzamentos foram destruídos ou danificados. As perdas neste segmento são estimadas em US$ 36,2 bilhões (R$ 190,5 bilhões).

O terceiro setor mais prejudicado pela guerra envolve a indústria e empresas, no entanto, os pesquisadores reduziram a estimativa de perdas de US$ 13 bilhões (R$ 68,4 bilhões) em dezembro de 2022 para US$ 11,3 bilhões (R$ 59,4 bilhões) no final de fevereiro de 2023. "A queda ocorreu devido à reavaliação da situação das empresas após o recebimento de informações atualizadas sobre os resultados dos danos aos ativos após o bombardeio", explica o relatório.

Com as constantes explosões às instituições de ensino, como a desta quarta-feira, em Kiev, a educação também foi uma área bastante impactada pela guerra. As perdas nesse setor aumentaram em cerca de 30 vezes em comparação com os cálculos de dezembro, passando de US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão) para US$ 8,9 bilhões (R$ 46,8 bilhões).

'A Rússia pagará'

O relatório é uma iniciativa do projeto ‘A Rússia pagará', uma plataforma que estimula cidadãos, empresários e organizações a relatarem os danos materiais causados pela guerra. "Conte-nos sobre suas perdas - faça a Rússia pagar", diz o site.

O projeto foi implementado pelo Instituto KSE (um centro analítico da Escola de Economia de Kiev) em parceria com o Gabinete do Presidente da Ucrânia, o Ministério da Economia, o Ministério da Reintegração dos Territórios Temporariamente Ocupados e o Ministério das Infraestruturas da Ucrânia.

Com os registros dos danos, o projeto se configura como um grande banco de dados que categoriza e analisa as perdas materiais. Diversos órgãos apoiam a iniciativa, entre eles, a Transparência Internacional.

A chegada da primeira filha mudou a rotina do roteirista e apresentador Dante Baptista. Ele passou a trabalhar em dois empregos após o nascimento da filha com sua esposa Rosana. O sonho de ter filhos levou dois anos para virar realidade. O casal gastou cerca de R$ 100 mil em um tratamento de fertilidade e, apesar de ter se preparado financeiramente para a chegada da Dandara, ainda levou um susto com os custos da família, que subiram 50%. "Fomos surpreendidos pelos gastos. Não imaginávamos que sentiríamos o aperto nas contas no dia a dia. O custo subiu bastante quando ela começou a ter uma alimentação sólida. Queremos diminuir o custo de vida e não sabemos nem por onde começar", afirma.

Baptista passou a trabalhar 12 horas por dia ou mais para cobrir todos os gastos e para construir uma reserva financeira para a educação da Dandara. "Hoje, trabalho em dois lugares para dar conta da criação da Dandara com tranquilidade, sem tirar a qualidade de vida dela e sem faltar dinheiro no fim do mês. No semestre que vem, ela vai para a escolinha, inicialmente, para uma escola pública. Futuramente, no fundamental, devemos mudar para um colégio particular", diz.

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Para o roteirista, todos esses custos valem a pena, mas ele sabe que a jornada financeira é longa. No Brasil, sobretudo nas grandes cidades, nas quais o custo pode subir até 50% em relação aos demais municípios, o gasto com o filho até os 18 anos se transformou numa barreira milionária para a classe média. É o que mostra um estudo feito pelo Insper a pedido do Estadão, conduzido por Juliana Inhasz, professora e coordenadora do curso de economia do instituto.

Para as famílias que integram a classe C - aquelas com renda familiar mensal de R$ 5.281 até R$ 13,2 mil -, o gasto estimado varia entre R$ 480 mil e R$ 1,2 milhão. Na classe B (entre R$ 13.201 e R$ 26,4 mil de renda mensal), o gasto vai de R$ 1,2 milhão até R$ 2,4 milhões. Já na classe A, parte de R$ 3,6 milhões e continua a subir em função da renda familiar. "O custo de vida aumentou. Como o trabalho se baseia nas classes de renda do IBGE, que define classe de renda de acordo com o número de salários mínimos, quando o salário mínimo sobe, o custo aumenta também", afirma Juliana.

O levantamento foi construído com base nos dados de classe de renda do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e aponta um gasto médio de 30% da renda das famílias com os filhos. A lista de custos considera, por exemplo, alimentação, roupas, lazer, educação, saúde e parte das despesas comuns como aluguel. Juliana pondera, no entanto, que quem tem mais de um filho tende a ter uma diluição dos custos.

Em São Paulo, todo o salário da produtora de conteúdo Helvânia Ferreira Aguiar, de 50 anos, vai para a educação dos filhos. Na divisão do orçamento doméstico, o marido dela fica com despesas mais gerais, como aluguel, condomínio e supermercado. "Virou quase uma missão impossível pagar pela educação", afirma.

Na pandemia, Helvânia chegou a atrasar o pagamento da mensalidade num colégio particular da zona oeste da cidade. A situação financeira se complicou, porque o marido dela, dono de uma agência de comunicação, perdeu quase todos os clientes. "Ficamos só com o meu salário. Foi um salve-se quem puder", afirma. O mais velho, de 18 anos, entrou numa universidade pública neste ano, e o mais novo, de 13 anos, conseguiu permanecer na escola.

"Fomos atrasando as parcelas. No final do ano (2021), precisávamos fazer a rematrícula deles e fomos conversar com a tesouraria da escola. Abonaram multa e juros e fizeram um parcelamento das mensalidades atrasadas", afirma Helvânia. A mensalidade do mais novo será quitada em 12 meses, e a do mais velho em 18 meses - a dívida só deve terminar no meio de 2024.

Reforço da desigualdade social

O levantamento do Insper mostra ainda que o gasto na criação dos filhos aumenta em função da renda familiar, o que reforça os aspectos desiguais do Brasil. Entre os mais ricos, o investimento é, ao menos, 15 vezes maior do que na comparação com a classe E e três vezes em relação à classe média.

"Falamos muito sobre a tal distribuição de renda, mas dá para entender porque isso se perpetua. É muito difícil colocar alguém da classe D ou E para competir com alguém da classe A. A diferença de investimento nos filhos é absurda", afirma Juliana. Vale notar que o estudo traz valores médios e não contempla, por exemplo, o gasto de pais e mais solo ou de casais que precisam fazer tratamento de fertilidade.

Garantir que as crianças de todas as classes sociais tenham condições iguais é importante, porque os investimentos na primeira infância são considerados fundamentais para melhorar de maneira permanente a trajetória delas. "É nessa fase que se transforma não só a capacidade cognitiva da criança, mas a questão comportamental, capacidade de fazer esforço, resiliência", diz Marcelo Neri, diretor do FGV Social.

Desde 2014, com a crise econômica dos anos seguintes e os estragos provocados pela pandemia, as famílias brasileiras, sobretudo as de classe média, viram o orçamento pessoal diminuir e perderam capacidade de consumir produtos do setor privado, como educação e saúde.

"À época, as pesquisas mostravam que a grande marca (da classe média) era acessar bens e serviços oferecidos pelo setor privado e que eram de melhor qualidade. Esse processo, no entanto, sofreu uma deterioração, porque a renda das pessoas caiu ou porque faltou dinheiro ao Estado", diz Neri. "Todo mundo voltou para o setor público, que ficou meio estrangulado, e a pandemia foi a continuidade dessa sequência", afirma.

Planejamento é ideal

No cenário ideal, a chegada de um filho deve ser organizada financeiramente um ou dois anos antes do nascimento, afirma Ana Paula Netto, planejadora financeira pela Planejar. No período que antecede o nascimento, é fundamental listar todos os gastos que podem ser previstos e começar a juntar recursos para as futuras despesas.

É importante, afirma Ana Paula, que cada família faça a adequação dos custos à sua realidade financeira. "Faça o que for possível dentro da sua possibilidade. Não adianta construir um super quarto e ficar endividado. Veja o que cabe no seu orçamento."

Na infância do filho, se for possível, também é indicado pensar em uma reserva financeira para o futuro, sobretudo para os gastos com escolas. "Durante o crescimento e o desenvolvimento da criança, a sugestão é fazer uma reserva para bancar os gastos com educação", afirma a especialista.

Ela diz que é importante que os pais conheçam bem o próprio orçamento, anotando todas receitas e despesas. "É importante os pais também cuidarem do seu futuro, pensarem no seu futuro, até para não se transformarem num peso para os seus filhos."

O CEO da Walt Disney, Bob Iger, anunciou, nesta quarta-feira (8) que a empresa eliminará 7 mil empregos, como parte de um esforço de reestruturação para cortar até US$ 5,5 bilhões em custos.

Em teleconferência com investidores após divulgação de resultados corporativos, o executivo informou que a organização será dividida em três unidades: Disney Entertainment, ESPN e parques temáticos.

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Após a notícia, a ação da companhia saltava 8,28% no after hours da Bolsa de Nova York, por volta das 18h55 (de Brasília).

A futura primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, quer ratear os custos do festival organizado para o dia da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em 1° de janeiro de 2023, entre os partidos que integraram a coligação durante a campanha. O grupo que discute a organização da posse, coordenado por Janja, fez uma reunião nesta quinta-feira, 1.°, para debater o orçamento necessário, que será usado principalmente para a estrutura de montagem dos dois palcos onde mais de 20 artistas devem se apresentar.

Integrantes do gabinete de transição que trabalham no grupo com a futura primeira-dama afirmam que os artistas não receberão cachê para se apresentar na posse e que sinalizaram, desde a campanha eleitoral, que fariam o show sem cobrar por isso.

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A ideia do grupo, além de dividir custos com os demais partidos, é também criar uma plataforma online de doações, que deve ser divulgada nos próximos dias.

Futuro

Além do que chama de "posse institucional", Janja quer uma festa que batizou como "Festival do Futuro". Nesta semana, ela anunciou os primeiros nomes de artistas que participarão deste festival. Já foram confirmadas as presenças de Pabllo Vittar, Baiana System, Duda Beat, Gaby Amarantos, Martinho da Vila, Os Gilsons, Chico César, Luedji Luna, Teresa Cristina, Fernanda Takai, Johnny Hooker, Marcelo Jeneci, Odair José, Otto, Tulipa Ruiz, Almério, Maria Rita e Valesca Popozuda. Janja também disse ter feito contato com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Ludmilla e Emicida.

Nesta quinta-feira, a futura primeira-dama esteve no Palácio do Buriti, acompanhada do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), do ex-ministro Gilberto Carvalho e de Marcio Tavares, secretário nacional de Cultura do PT. O grupo se reuniu com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), para pedir ajuda na logística da posse.

A maior preocupação do grupo que organiza a posse, até o momento, é com a segurança do público que pretende viajar a Brasília para acompanhar a posse de Lula. Nas redes sociais, Ibaneis afirmou que irá trabalhar para que "a cerimônia aconteça da melhor forma possível, com segurança e paz".

O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar) prevê lotação de quase 100% na rede hoteleira para o 1º de janeiro. Ibaneis disse que haverá espaços de alojamento no Parque da Cidade, Granja do Torto e no Ginásio Nilson Nelson para receber um público estimado em aproximadamente 250 mil pessoas.

Mesmo sem dinheiro de empresas privadas, as eleições de 2022 devem igualar ou até ultrapassar o gasto de 2014, a disputa mais cara da história do País. Naquele ano, a maior parte das campanhas foi bancada por construtoras investigadas pela Operação Lava Jato. Agora, só haverá recursos públicos e de pessoas físicas. Mas as campanhas voltaram a ter arrecadações milionárias com o embate acirrado de grupos alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Até outubro, os candidatos terão aproximadamente R$ 6 bilhões em recursos públicos para gastar nas campanhas, somando os fundos eleitoral e partidário. O dinheiro foi distribuído pelos partidos entre seus candidatos de acordo com critérios dos próprios dirigentes das siglas. A esse montante somam-se doações de pessoas físicas que, na estimativa de especialistas em campanhas, devem chegar a um valor recorde neste ano.

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Para se ter uma ideia, nos primeiros dez dias de campanha entraram R$ 165 milhões em doações dessa forma. Somente o empresário José Salim Mattar repassou R$ 2,8 milhões - é o maior doador até agora. As campanhas podem receber também recursos de financiamentos coletivos, as chamadas "vaquinhas".

Assim, o custo da eleição deste ano poderá atingir o de 2014, que chegou a R$ 5 bilhões - com a atualização monetária, o valor movimentado na disputa que elegeu Dilma Rousseff presidente foi de R$ 8 bilhões.

Há outra diferença entre as disputas do período da Lava Jato e de agora que preocupam especialistas. Na eleição de 2014, foram 90 dias para os candidatos pedirem voto. Neste ano, a campanha oficial vai durar apenas 45. Ou seja, os candidatos terão menos tempo para gastar bilhões de reais despejados nas campanhas.

"A demanda real por gastos diminuiu, mas o dinheiro aumentou. O risco de corrupção se elevou demais", afirmou o consultor sênior da Transparência Internacional no Brasil, Michael Mohallem.

Para o consultor, a intenção das últimas mudanças na legislação eleitoral - como a que proibiu o financiamento por empresas - foi diminuir o custo das campanhas, o que deve ser revertido nesta eleição em que os dois protagonistas são, pela primeira vez, o presidente e um ex-presidente.

Inelegíveis

Uma parte do dinheiro público e das doações de pessoas físicas está sendo gasto em campanhas de candidatos que estão na mira da Justiça Eleitoral. Na próxima terça-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decide se o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) poderá manter sua candidatura ao Palácio do Planalto. Para evitar desperdício de dinheiro público, o ministro Carlos Horbach, que indicou a inelegibilidade de Jefferson, se adiantou e suspendeu repasses de fundos eleitorais para a campanha.

Outro que corre risco de perder direito de se candidatar é o deputado Neri Geller (Progressistas-MT), que disputa vaga ao Senado. Condenado por abuso do poder econômico na campanha em 2018, o parlamentar teve o mandato na Câmara e a atual candidatura a senador cassados pelo TSE na semana passada, mas uma decisão da juíza Clara da Mota Santos, do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, restituiu seus direitos. O caso deve voltar ao TSE. Enquanto isso, Geller já recebeu R$ 2,7 milhões do fundo eleitoral e aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal.

Cassado em 2016, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PTB) começou sua campanha na TV para uma vaga de deputado federal por São Paulo. Na quinta-feira passada, o ministro Luiz Fux, presidente do Supremo, derrubou a liminar que o mantinha na disputa. A campanha continua, enquanto ele aguarda o julgamento no TSE. Cunha já recebeu R$ 1 milhão do "fundão" para financiar sua campanha.

História

O aumento do financiamento público foi articulado por partidos políticos, aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro. A estratégia foi permitir que as campanhas tivessem uma estrutura parecida com eleições anteriores, mesmo sem depender do financiamento de grandes empresas. O valor do fundo eleitoral entrou no Orçamento da União e é bancado com impostos federais e multas pagas à Justiça Eleitoral.

Além de um "fundão" à disposição dos candidatos, as eleições deste ano têm regras diferentes. É a primeira disputa nacional sem coligações proporcionais, grupos que partidos formavam para eleger deputados. Agora, cada legenda terá que ter sozinha o número de votos necessários para eleger um candidato - que varia de acordo com o Estado e o número de vagas disponíveis. Na prática, o político precisará de mais votos - e, consequentemente, mais dinheiro - para obter uma cadeira na Câmara.

O cargo de deputado passou a ser ainda mais cobiçado com o aumento do poder do Congresso e o acesso ao orçamento secreto. Conforme o Estadão publicou, a disputa tem um número recorde de candidatos à reeleição na Câmara.

"O fundo eleitoral ficou maior sem aumentar a transparência e a fiscalização, que claramente não estão na mesma proporção", disse o diretor da Transparência Brasil, Manoel Galdino. A margem para candidaturas "laranjas", gastos fictícios e enriquecimento ilícito aumentou, de acordo com ele. "É mais do que desperdício, é crime mesmo", alertou.

Teto

O gasto também deve aumentar nas campanhas presidenciais. Em 2018, o presidente Jair Bolsonaro declarou ter gasto R$ 2,5 milhões. O PT informou um total de R$ 37,5 milhões para a campanha de Fernando Haddad. Agora, o limite para a campanha de Bolsonaro e de Lula será de R$ 88,9 milhões. Em um eventual segundo turno, haverá um acréscimo de R$ 44,5 milhões. As campanhas dizem que devem chegar perto do teto, mas o valor final só é conhecido depois da disputa.

Até este domingo, os partidos distribuíram R$ 2,3 bilhões dos dois fundos para 6.044 candidatos. A metade do valor, R$ 1,1 bilhão, entrou na conta de apenas 6% dos candidatos. Quem mais recebeu verba pública foi Lula, R$ 66,7 milhões. Dados do TSE mostram que os candidatos já receberam R$ 2,4 bilhões, somando fundos eleitoral e partidário, doações de pessoas físicas e "vaquinhas". Até agora, eles declararam ter contratado R$ 224,1 milhões em despesas, das quais R$ 93 milhões já foram pagas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após a promessa do presidente Jair Bolsonaro de, se eleito, manter o Auxílio Brasil em R$ 600, o secretário especial de Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, disse que será um "desafio considerável" acomodar esse aumento de gastos no Orçamento de 2023.

Um dos problemas é que as despesas discricionárias (não obrigatórias) estão estimadas entre R$ 120 bilhões a R$ 130 bilhões por ano. Colnago, que já foi ministro do Planejamento e integra a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, desde o início do governo, fez uma defesa da manutenção do teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas à variação da inflação.

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Ele confirmou que o projeto de Orçamento de 2023, o primeiro do próximo governo, será entregue em agosto levando em conta o valor do auxílio em R$ 400, como mostrou o Estadão na quinta-feira (21). "É o teto que está nos permitindo caminhar para um resultado superavitário a despesas de todos os auxílios", disse.

O secretário estimou os gastos entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões. Mas mesmo essa previsão é conservadora. Para garantir o aumento de R$ 400 para R$ 600 até o final do ano, a emenda constitucional que ganhou o nome de PEC Kamikaze fixou um gasto de R$ 26 bilhões em cinco meses. Em 12 meses, esse gasto representa na prática um custo adicional de R$ 62,4 bilhões, que se somam ao orçamento de R$ 89 bilhões previstos para este ano com o auxílio em R$ 400.

No ano cheio, o custo em 2023 pode subir para R$ 151,4 bilhões. Trata-se de uma situação fiscal que os próprios técnicos do governo avaliam que não cabe no teto de gastos do modelo atual. Além de Bolsonaro, os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT) já adiantaram que, caso eleitos, vão acabar com o teto.

Com pouco tempo até as eleições de outubro, o governo divulgou que no dia 9 de agosto começa o pagamento de R$ 600 do Auxílio Brasil e da bolsa-caminhoneiro, que deve ter duas prestações de R$ 1 mil pagas no mesmo dia.

O Ministério da Cidadania antecipou o calendário de pagamento dos benefícios do Auxílio Brasil referente ao mês de agosto. De acordo com instrução normativa publicada no Diário Oficial da União (DOU) de ontem, as parcelas serão pagas a partir do dia 9 do mês, a depender do Número de Identificação Social (NIS) do beneficiário (ver quadro). Antes da mudança, os pagamentos seriam feitos nos últimos dez dias úteis de cada mês (dia 18). O calendário do restante do ano não foi alterado.

Bolsa-caminhoneiro

A medida, oficialmente, foi batizada de Benefício Emergencial aos Transportadores Autônomos de Carga (BEm Caminhoneiro) e, pelas contas do governo, deve beneficiar cerca de 900 mil transportadores autônomos de cargas, de forma a amenizar o impacto do alto preço dos combustíveis (em especial, o do óleo diesel).

As informações de cadastro dos caminhoneiros foram repassadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e já estão em processamento pela Dataprev para permitir o pagamento aos elegíveis. Os detalhes sobre o pagamento do benefício serão regulamentados em breve por meio de portaria.

Bolsa-taxista

No caso dos taxistas, desde estsa segunda (25), os prefeitos podem enviar as informações de cadastro. O sistema ficará aberto para receber os cadastros até o dia 31 de julho. Aqueles que, eventualmente, ainda não tiverem recebido a comunicação do ministério poderão acessar o sistema igualmente para enviar as informações. O envio dos cadastros dos taxistas pelas prefeituras é necessário em razão da competência municipal ou distrital em torno do tema. Os dados cadastrados serão processados pela Dataprev.

Serão considerados os motoristas de táxi com Carteira Nacional de Habilitação válida e alvará em vigor no dia 31 de maio de 2022. O valor e o número de parcelas do benefício poderão ser ajustados de acordo com o número de beneficiários cadastrados, respeitando o limite global disponível para o pagamento do auxílio, previsto na emenda.

A promessa feita pelo presidente Jair Bolsonaro de manter o Auxílio Brasil em R$ 600 no ano que vem teria impacto de mais de R$ 50 bilhões e reduziria muito o espaço para outras despesas, como investimentos e custeio da máquina pública.

Na convenção que oficializou sua candidatura à reeleição à presidência da República, realizada nesse domingo (24), no Rio, Bolsonaro disse já ter conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para que o reajuste do auxílio de R$ 400 para R$ 600, às vésperas da eleição, seja mantido no ano que vem. No sábado, em evento em Vitória (ES), o presidente já tinha sinalizado que poderia manter o valor. "Auxílio Brasil de R$ 600 será mantido a partir do ano que vem. E tenho certeza, teremos deflação no corrente mês", disse.

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Técnicos ouvidos pelo Estadão/Broadcast, porém, disseram que o valor não está em discussão na elaboração da Lei Orçamentária Anual de 2023, que tem de ser enviada ao Congresso Nacional até agosto.

Uma fonte ressaltou que o espaço para despesas discricionárias, que incluem investimentos e outras não obrigatórias, está em pouco mais de R$ 150 bilhões. Só o aumento dos beneficiários do Auxílio Brasil, com o programa a R$ 400, elevou o custo do programa no ano que vem para cerca de R$ 106 bilhões.

Se o valor de R$ 600 se tornar permanente, a conta chegará a R$ 155 bilhões, consumindo todo o espaço dos gastos discricionários e limitando muito outras despesas, que incluem investimentos e despesas de custeio com a máquina, como energia e água, entre outras.

Para aumentar o auxílio em ano eleitoral, o governo aprovou uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabeleceu estado de emergência, alegando a alta de preços dos combustíveis.

Líder nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também já disse que manterá o auxílio em R$ 600 caso seja eleito.

RISCOS À FRENTE

Como o Auxílio Brasil é uma despesa obrigatória - ou seja, que o governo tem determinação legal de cumprir -, seu aumento acarretará uma compressão nos gastos discricionários, ao contrário dos gastos de investimento e custeio, que podem ser adiados.

Como o orçamento da União já é muito rígido e mais de 90% das despesas são obrigatórias, uma redução ainda maior nesses gastos poderia colocar em risco a própria administração da máquina pública, levando até mesmo ao que se chama de "shut down" - quando não há dinheiro para despesas básicas e serviços essenciais são paralisados.

De acordo com fontes, mesmo se o governo acabasse com o teto de gastos - regra que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior -, há uma limitação pelo lado da arrecadação de tributos. A única saída para a conta fechar seria um grande aumento da dívida pública para bancar todas essas despesas. "A dívida explodiria", disse um integrante do governo.

Os candidatos à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva e Ciro Gomes têm repetido que reverteriam a privatização da Eletrobras, caso eleitos. Mas, para economistas ouvidos pelo Estadão, uma medida desse tipo seria praticamente inviável diante do modelo de privatização escolhido pelo governo - de venda de ações ao mercado, tornando-se um sócio minoritário.

Neste cenário, caso um novo governo decidisse retomar o comando, precisaria fazer uma oferta para recompra de ações, transação que envolveria um alto custo político e financeiro.

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Do lado político, demonstraria ao mercado extrema fragilidade jurídica e regulatória. A consequência seria afastar investidores do mercado brasileiro, em virtude da insegurança em relação a decisões tomadas, principalmente em negócios de grande vulto, como a Eletrobras. "Lula é uma pessoa pragmática e, caso vença, não vai fazer isso", acredita Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Em tempos de falta de recursos para áreas como saúde, educação, segurança e infraestrutura, o governo não teria como justificar uma operação como essa.

Fora da balança política, pesam ainda as amarras do modelo de oferta. A fim de dificultar qualquer tentativa de retomada pela União, foi incluída entre as regras a exigência de que qualquer oferta pública de compra de ações para obtenção de controle acionário terá de bancar um valor três vezes superior à maior cotação já registrada pelos papéis da Eletrobras.

Ou seja, na prática, seria um péssimo negócio para o governo. Ainda que levasse o negócio adiante e alcançasse novamente mais de 50% do capital da empresa, o governo teria, segundo as regras do modelo de oferta, seu poder de voto restrito a no máximo 10%. Para mudar isso, seria preciso convocar uma assembleia de acionistas, propondo alterações no estatuto.

A economista e advogada Elena Landau lembra que esta não é a primeira vez que o setor elétrico, onde há hoje presença majoritária do ente privado, viu esta participação de empresas crescer justamente a partir de uma lei de 2003, editada por Lula, que impulsionou a realização dos leilões e concessões de energia. "Se o Lula quisesse, então, reverter o processo de privatização da Eletrobras, teria de mudar isso tudo que já fez", diz ela. "É discurso de campanha. Já passamos por isso."

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Produtor rural há dez anos, Fabrício Maestrello pela primeira vez vai reduzir a área plantada com soja na safra a ser semeada em setembro. Dos 1,2 mil alqueires (cerca de 2,9 mil hectares ou a área equivalente a quase 3 mil campos de futebol) que normalmente cultiva na região de Paranacity, noroeste do Paraná, ele vai plantar a metade. O motivo do corte foi a alta de preços dos insumos. "O aumento foi muito superior à valorização do grão, é um negócio que você entra devendo", afirma.

Os três vilões da alta de custos, segundo o produtor, são o fertilizante, o defensivo e o combustível. Neste ano, Maestrello desembolsou R$ 6,2 mil pela tonelada de adubo, 120% a mais do que na última safra. Pelo litro do herbicida, pagou R$ 90, quatro vezes o que gastou em 2021. Isso sem falar no diesel usado nos tratores. "Custava R$ 4 e pouco o litro e agora está quase R$ 7." No período, a soja no mercado futuro subiu cerca de 40%.

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Recorde indesejado

A forte pressão de custos dos insumos enfrentada por Maestrello é a realidade dos agricultores brasileiros que vão plantar a safra mais cara da história, apontam levantamentos de várias instituições. A guerra entre a Ucrânia e a Rússia, esta última um dos principais exportadores de adubos para o Brasil e a crise energética e logística da China, onde estão as fábricas de defensivos, além da alta do diesel, levaram os preços de insumos às alturas.

Pressões de custos dos grãos soam como um sinal de alerta para uma inflação de alimentos "encomendada", que pode se concretizar em 2023 ou não, a depender da situação do mercado na hora da comercialização da safra.

Onde o problema é maior

Nas contas da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o gasto médio no País para produzir um hectare este ano deve crescer 45% para a soja e aumentar quase 50% para o milho em relação ao anterior. "Pode ser que o custo seja ainda maior", frisa Maciel Silva, coordenador de Produção Agrícola da CNA. É que, neste momento, nem todos os insumos foram comprados e, portanto, estão sujeitos a altas de preços, diz.

No entanto, o aumento de custos em regiões específicas e consolidadas na produção de grãos supera a média nacional calculada pela CNA. A alta dos gastos com insumos para a próxima safra de soja varia entre 60% e 70% no norte do Paraná e no Mato Grosso em relação à anterior, apontam a cooperativa Cocamar, de Maringá (PR), e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Bolsas de academia da Nike, tênis da Adidas com o logotipo da empresa, câmeras do tipo Polaroid… Esses eram "presentinhos" que grandes startups brasileiras, que amealharam investimentos bilionários, costumavam dar a seus funcionários até pouco tempo atrás. Esse tempo de gastos supérfluos, no entanto, chegou ao fim nos últimos meses, quando várias companhias de tecnologia deixaram de contratar e passaram a demitir, para cortar custos. Deve ser o início de uma realidade bem mais austera para o setor.

Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, como o dinheiro estava farto em todo o mundo até o ano passado, em uma fase em que os juros baixos impulsionavam investimentos mais arriscados, não havia preocupação de que a torneira de recursos poderia secar. Mas a guerra na Ucrânia e as altas de juros ao redor do mundo mudaram essa realidade.

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Amure Pinho, fundador do fundo Investidores.VC, acredita que as demissões são a ponta do iceberg do que as startups devem enfrentar daqui em diante. "Pode haver redução de verbas de marketing e ajustes de orçamento e estratégia. Essa tendência vai afetar startups de todos os setores", afirma.

'EUFORIA'

O exemplo da startup do setor imobiliário QuintoAndar evidencia bem essa "virada". Poucos meses depois de distribuir centenas de câmeras de R$ 300 para boa parte de seus funcionários e parceiros, a companhia ganhou os holofotes ao fazer uma série de cortes na equipe. Enquanto internamente se comentava de uma redução de 20% no quadro de 4 mil funcionários, o fundador e presidente da startup, Gabriel Braga, fala em 4%. Ou seja, oficialmente cerca de 200 pessoas foram desligadas. "É um ajuste do nível de euforia", admite.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As 44 toneladas de aço do tanque russo T-72B3M podem pouco contra o impacto direto do míssil americano Javelin, antiblindagem, construído para atacar e destruir carros de combate pesados. O canhão de 125 mm do gigante pode arrasar um prédio, mas não tem como reagir ao disparo da pequena arma acionada por um único soldado, talvez dois, em condições ideais. Os 8,5 kg de explosivos paralisam o tanque.

Todas as vezes que esses dois sistemas se encontram no campo de luta a conta em dinheiro, é pesada. O tanque T-72 não sai por menos de US$ 4,4 milhões. O Javelin usado na missão custa US$ 78 mil. Só o míssil. É caro fazer a guerra.

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No conflito entre Rússia e Ucrânia é preciso ter cuidado com os números. As perdas de material russo não são tão grandes quanto as divulgadas pelo governo de Kiev, nem tão baixas quanto às reveladas em Moscou. Os dois lados manipulam as informações. Faz parte do jogo.

Pouco antes da invasão, a tropa russa mobilizada para a operação era estimada por pesquisadores ingleses em cerca de 190 mil homens e mulheres, mais equipamentos e suprimentos. O custo da logística, apenas da manutenção dessa força expedicionária, estava estimado em US$ 290 milhões por dia. A cifra foi atingida considerando a soma de fatores como as despesas com combustíveis, alimentos e aquartelamento durante exercícios de instrução da tropa em tempo de paz. No teatro de operações real, as cifras são maiores.

Pela avaliação dos comandantes ucranianos, os russos somariam 17 mil baixas nos primeiros 33 dias de combate. Difícil. A tropa tem sido pouco exposta. A maior parte dos ataques se dá por meio de mísseis, foguetes de saturação de fogo e da artilharia de longo alcance, ações cuidadosamente combinadas com bombardeio aéreo. Mas, com certeza, os militares mortos não se limitam às poucas centenas admitidas pelo ministro da Defesa, Sergei Shoigu.

A preocupação da Rússia parece ter sido com a preservação dos aviões, os Sukhoi-34 e Sukhoi-35, principalmente. Supersônicos de alto desempenho, cotados a US$ 40 milhões (Su-34) e US$ 50 milhões (Su-35) estariam sendo poupados para a batalha da conquista da capital, Kiev, e do Porto de Odessa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) avalia ser improvável que o conflito entre Rússia e Ucrânia afete o crescimento no longo prazo do transporte aéreo no mundo. Em relatório divulgado ontem, a entidade afirmou ser "muito cedo para estimar quais serão as consequências de curto prazo para a aviação", mas disse ser "claro que existem riscos", principalmente nos mercados expostos ao conflito.

Segundo a Iata, os pontos sensíveis incluem a extensão geográfica do conflito, a gravidade e período de tempo das sanções e/ou fechamento de espaço aéreo. Esses impactos seriam sentidos mais severamente na Rússia, Ucrânia e áreas vizinhas. Antes da Covid-19, a Rússia era o 11.º maior mercado para os serviços de transporte aéreo em número de passageiros, incluindo seu mercado doméstico. A Ucrânia estava em 48.º lugar nesse ranking.

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A entidade alerta que o impacto nos custos das companhias aéreas em decorrência da flutuações nos preços da energia ou da mudança de rota de voos para evitar o espaço aéreo russo pode ter implicações mais amplas. Além disso, o relatório observa que a confiança do consumidor e a atividade econômica provavelmente serão afetadas mesmo fora do Leste Europeu.

No relatório, a Iata diz esperar que o número total de viajantes chegue a 4 bilhões em 2024, superando os níveis pré-covid.

Todos os dias, diversas pessoas saem de suas casas em busca de uma nova oportunidade de trabalho e renda. Mas, para algumas delas, a procura por um emprego pode ser mais difícil de ser realizada devido a dificuldades financeiras enfrentadas. Muitos, por exemplo, não vão a uma entrevista de emprego por não ter condições de pagar pelo transporte, ou até mesmo não conseguem imprimir seu currículo profissional para deixar em alguma empresa. Para esses possíveis candidatos, muitos deles sendo parte dos 14,4 milhões de brasileiros desempregados, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as oportunidades são mais escassas.

É o caso de Karine Barbosa de Souza, 28 anos, moradora do bairro de Água Fria, na Zona Norte do Recife. Desempregada há aproximadamente um ano, Karine diz que os custos mensais para procurar um emprego são, principalmente, com transporte. “Em torno de R$ 65,00 gastos com transporte, currículo. Fora quando tenho que pegar mais de dois ônibus, ou quando tenho que pagar vale B, ou quando esqueço de água e comida, que sempre levo de casa, e quando esqueço compro na rua”, relata a jovem.

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Karine, assim como demais brasileiros, busca uma ocupação em setores de serviço em diversas empresas, como em redes de fast food, lojas de departamento e de cosméticos. A recifense também diz ter dificuldades para distribuir currículos devido aos custos para impressão, recorrendo a fotocópias para economizar ao máximo. Ela diz que já chegou a perder algumas oportunidades por não ter condições de se locomover ou de enviar suas qualificações. “Já deixei de participar de um processo seletivo por ser próximo ao aeroporto e eu não tinha o dinheiro para pagar a passagem. E por currículo também porque às vezes, minha mãe, que trabalha em shopping, dizia que tinha uma vaga, que a pessoa era amigo dela, e era só eu levar o currículo, e não tive dinheiro”, relembra.

Alto custo para quem tem pouco

De acordo com um levantamento feito em 2019 pela Catho, empresa de recrutamento on-line, uma pessoa chega a gastar até 35% de sua renda mensal na busca de um novo emprego, custo que pode ser alto demais para quem tem pouco, ou quase nada.

Como é o caso de Karolayne Barbosa de Souza, também moradora de Água Fria, e que está há 2 anos e 5 meses desempregada, e tem um gasto médio de R$ 60,00 mensais para cobrir os custos de impressão de currículo e transporte para participar de processos seletivos.

A recifense busca cargos em serviços gerais, que não exijam experiência prévia, mas disse que já deixou de participar de processos de seleção por falta de condições, e sem conseguir se comunicar com a empresa. “Foi pelo fato de não ter passagem de transporte mesmo, e não entrei em contato com a empresa”, complementa.

Iniciativas que facilitam

Tendo em vista as dificuldades enfrentadas por boa parte da população, agravada com a pandemia do novo coronavírus, projetos e iniciativas foram desenvolvidos para auxiliar a união entre vagas e candidatos de forma virtual, que pode ser mais econômico do que candidaturas presenciais. É o caso do projeto lançado este ano pela Prefeitura do Recife, o aplicativo Geração de Oportunidade Recife (GO Recife), que visa a captação de vagas em diferentes setores, além de disponibilizar oportunidades de cursos de capacitação para preparar as pessoas para determinados cargos.

Segundo Rafael Figueiredo, secretário executivo de Transformação Digital, a plataforma surgiu para revolucionar a forma como as trocas profissionais são feitas. “Um dos ativos do Recife Virado é a inovação tecnológica. Dessa maneira, o GO Recife, que é parte desse conjunto de iniciativas para a virada econômica da nossa cidade, faz uso da transformação digital para promover e ampliar as oportunidades. E é por meio dessa fábrica de oportunidades que o GO Recife se apresenta para pegar no batente junto com os recifenses”, ele explica.

Os interessados podem acessar a plataforma baixando o aplicativo pelo celular. O cadastro é feito pelo Contecta Recife, sistema integrado desenvolvido pela Prefeitura.

Conexão gratuita

Mesmo com a praticidade de utilizar a internet para procurar um emprego, ainda há pessoas que se veem impedidas de se candidatar de forma virtual por não ter acesso a uma conexão. Estão distribuídos na capital pernambucana pontos de serviço de Wi-Fi gratuito para que as plataformas on-line sejam acessadas por todos. É possível encontrar a rede gratuita em órgãos da Prefeitura, praças, mercados públicos, Compaz e outras áreas públicas.

A operação militar que contou com um desfile de blindados em frente ao Palácio do Planalto, com a presença do presidente Jair Bolsonaro, custou cofres aos públicos R$ 3,7 milhões. O valor foi obtido pelo Estadão por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e se refere aos gastos da Marinha com a edição deste ano da Operação Formosa, um treinamento militar realizado anualmente no interior de Goiás.

Pela primeira vez, porém, a operação incluiu um desfile em frente à sede do Executivo. A passagem dos blindados pela Esplanada ocorreu no último dia 10 de agosto, mesma data em que a Câmara rejeitou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso. A exibição dos blindados foi interpretada como uma tentativa do presidente Jair Bolsonaro de intimidar o Poder Legislativo para aprovar o texto.

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O trajeto contou com cerca de 150 veículos militares, que passaram em frente ao Planalto, sob a justificativa de entregar um convite a Bolsonaro e a diversas autoridades da República para que participassem do dia de Demonstração Operativa, em 16 de agosto. O evento é um desfile que faz uma demonstração de equipamentos militares e todo ano percorre um trajeto entre o Rio de Janeiro e a cidade de Formosa, no interior de Goiás.

Dos R$ 3,7 milhões da operação, R$ 1,78 milhão foi para gastos de custeio de bases, R$ 1,03 milhão para locação de ônibus para transporte, R$ 721 mil para combustíveis, lubrificantes e graxas, R$ 98,7 mil para materiais de saúde, R$ 16,6 mil para suprimentos de fundos e R$ 15 mil para passagens e diárias.

Em resposta ao pedido de informação da reportagem, a Marinha, que organiza o evento, informou que a Operação Formosa é realizada desde 1988 "com o propósito de assegurar o preparo do Corpo de Fuzileiros Navais como força estratégica, de pronto emprego e de caráter anfíbio e expedicionário, conforme previsto na Estratégia Nacional de Defesa".

Neste ano, pela primeira vez, o Exército e a Aeronáutica também participaram da operação. De acordo com a Marinha, a participação dos outros comandos militares aconteceu "de modo a incrementar a interoperabilidade das Forças Armadas do País". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Anúncios de aumento na conta de luz são sempre motivo de preocupação. Desde 2015 que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) resolveu adotar o sistema de bandeiras na conta de luz, para o consumidor saber se está pagando o valor normal ou um valor a mais pela energia elétrica. As bandeiras tarifárias refletem os custos variáveis da geração de energia elétrica.

Elas são indicadoras do valor da energia - de quanto está custando para o Sistema Interligado Nacional (SIN) gerar a energia usada nas casas, nos estabelecimentos comerciais e nas indústrias. Quando a conta de luz é calculada pela bandeira verde, significa que a conta não sofre nenhum acréscimo.

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A bandeira amarela significa que as condições de geração de energia não estão favoráveis, e a conta sofre acréscimo de R$ 1,874 por 100 kilowatt-hora (kWh) consumido. A bandeira vermelha mostra que está mais caro gerar energia naquele período. A bandeira vermelha é dividida em dois patamares. No primeiro patamar, o valor adicional cobrado passa a ser proporcional ao consumo, na razão de R$ 3,971 por 100 kWh; o patamar 2 aplica a razão de R$ 9,492 por 100 kWh.

“Com as bandeiras tarifárias, o consumidor ganha um papel mais ativo na definição de sua conta de energia. Ao saber, por exemplo, que a bandeira está vermelha, o consumidor pode adaptar seu consumo e diminuir o valor da conta (ou, pelo menos, impedir que ele aumente)”, explica a Aneel em seu site.

Reajuste das bandeiras

Os valores das bandeiras foram reajustados no dia 29 de junho. O aumento mais significativo foi o do patamar 2 da bandeira vermelha, o mais alto de todos. O aumento foi de 52%.

Esse aumento, no entanto, não é calculado em cima do valor total da conta de luz, e sim no acréscimo gerado a cada 100 kWh consumido. O reajuste das bandeiras provoca um impacto no valor final da conta de luz, segundo a Aneel, de 4,9%.

Por que a conta aumenta?

A usina hidrelétrica, que gera energia a partir da força da água nos reservatórios, é a mais barata e a primeira opção do SIN. Por isso, em épocas de muita chuva e reservatórios cheios, a bandeira tarifária costuma ser a verde, porque a energia está sendo produzida da maneira mais em conta.

Em períodos de estiagem, quando o nível dos reservatórios diminui, é necessário captar energia de outros tipos de usina, como as termelétricas. Esse tipo de usina gera energia a partir de combustíveis fósseis, como diesel e gás. Além de ser mais poluente, é mais cara. Por isso, quando as termelétricas são acionadas, o custo da geração de energia aumenta e a bandeira tarifária muda.

Quem faz a avaliação das condições de geração de energia no país é o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). É ele que define a melhor estratégia de geração de energia para atendimento da demanda. Ela define a previsão de geração hidráulica e térmica, além do preço de liquidação da energia no mercado de curto prazo.

O avanço da Covid-19 nas cidades brasileiras em 2021, ano em que os indicadores da pandemia bateram recordes no País, levou diversas famílias a recorrer a serviços de hospitais privados em momentos de urgência, na expectativa de conseguir acesso a leitos e assistência que não encontraram na rede pública. Agora, diante de contas com cifras que chegam a centenas de milhares de reais, se mobilizam para honrar as dívidas que se acumularam.

Relatos de dívidas com instituições particulares de saúde se multiplicam nas redes sociais. São famílias que buscam ajuda de conhecidos e desconhecidos para pagar contas de hospital.

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Em alguns casos, os pacientes não sobreviveram e o luto se mistura à batalha para reunir a quantia devida. A mobilização também envolve rifas e vaquinhas online e gente que teve de vender veículos e até a própria casa.

Segundo entidades de hospitais privados e especialistas, os custos para internar pacientes, já elevados, cresceram ao longo do ano, por causa da alta no preço dos remédios, como o kit intubação. Nessas situações, apontam, há ainda risco grande de inadimplência.

Enquanto a família de Gustavo Ferreira, de 22 anos, enfrenta um processo doloroso após a morte prematura do jovem, também deve enfrentar outra adversidade: uma dívida hospitalar que chega a R$ 219 mil. "A gente foi surpreendido com a conta do hospital", afirma Victor Vasconcelos, primo de Gustavo.

A primeira conta lançada pelo Hospital Santa Juliana, em Rio Branco, foi de R$ 104.795,55 e somente o gasto com medicamentos ultrapassa R$ 60 mil. Imersos nessa situação, o processo de luto foi negado aos pais de Gustavo.

"Quis dar aos meus tios o direito de sofrer", diz Victor, que iniciou uma campanha online para auxiliar o pagamento da dívida. Por se tratarem de contas altas, mesmo após significativa mobilização nas redes sociais, a vaquinha ainda não alcançou um terço do valor total necessário.

Transferência

Logo quando a família da educadora Eliete Maia, de 42 anos, soube que a situação dela era grave - 90% do pulmão comprometido -, cogitou-se transferi-la do hospital público em que estava internada na capital acriana para o Santa Juliana, o mesmo em que Gustavo ficou hospitalizado. A possibilidade foi descartada rapidamente após indicações de médicos locais que orientaram mover a paciente para um hospital de São Paulo, onde Eliete teria mais assistência.

Entretanto, no auge da pandemia, a luta pela vida requer gastos elevados. Com um depósito inicial de R$ 50 mil, Eliete foi transferida para o Hospital Incor, na capital paulista, no dia 11 de junho. Segundo a sobrinha dela, Patrícia Andrade, a diária do centro médico chega a R$ 10 mil e os honorários médicos alcançam R$ 2 mil.

Para pagar toda a conta médica, Patrícia também promoveu uma vaquinha online para arrecadar recursos e a família já recorreu a empréstimos, vendeu um carro e colocou a casa à venda. "A vida dela é tudo", afirma a sobrinha.

Sobreviventes que receberam alta do hospital também foram surpreendidos com uma dívida alta. É o caso do professor Alexandre Guidice, de 35 anos. Mesmo com plano de saúde, após dez dias de internação no Hospital Primavera, em Aracaju, o professor foi recebido com uma fatura de mais de R$ 100 mil. "São valores que a gente não sabe de onde tiram", afirma a mulher, Mariana Moura, de 31 anos.

Ela relata que, enquanto o marido estava intubado, a conta foi enviada via aplicativo de mensagens sem detalhamento de quais serviços estavam incluídos na cobrança. O valor é referente aos três dias em que o plano não cobriu as despesas da internação. Sem condições para quitar a dívida, Mariana agiu de imediato e, assim como boa parte dos endividados, lançou uma campanha virtual.

Com as doações, conseguiu pagar 40% da conta, mas o restante continua em negociação. Apesar da preocupação com a dívida, hoje ela tenta se concentrar na recuperação de Guidice, que ainda necessita de fisioterapia, fonoaudiologia e cuidados extras com uma lesão na perna que adquiriu durante a internação.

Os pais internados e uma conta difícil de ser ignorada: esse também foi o cenário enfrentado pela jornalista Narjara Costa, de 37 anos. Para internar a mãe Edileusa, de 61 anos, no hospital privado São Camilo em Macapá, vendeu seu carro e deu entrada de R$ 15 mil.

Pouco tempo depois, o pai Ronaldo, de 64 anos, também precisou ser internado por causa da covid-19. Os custos das permanências na UTI alcançaram R$ 30 mil, por dia. "Muitas pessoas falaram que eu era corajosa por fazer isso, mas o que você não faz por quem você ama?"

Edileusa recebeu alta do hospital, mas Ronaldo não sobreviveu. Em meio à dor do luto, as dívidas não param de se acumular. Para obter recursos, Narjara recorreu a rifas e vaquinhas nas redes sociais. Da conta de R$ 318 mil, ainda restam R$ 227 mil.

A casa de Edileusa foi colocada à venda, mas o processo de negociação da dívida está parado, segundo a família, por causa de entraves com o Hospital São Camilo. "Eles pressionam muito e não negociam. E quando negociam é muito difícil de pagar. Ali você tem de ter dinheiro", afirma Narjara.

Pressão da pandemia

Cobranças de valores altos não envolvem, necessariamente, preços abusivos ou irregulares, mas ilustram a pressão causada pela crise sanitária. A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) divulgou neste mês comunicado no qual detalha os custos das internações privadas de Covid-19.

Segundo a organização, em abril, o custo médio por paciente por mês em UTI estava em R$ 100,6 mil, aumento de 27% em relação ao mês de janeiro, variação que também se relaciona com a alta de preço dos medicamentos do chamado kit intubação.

"Se envolver intubação e ventilação mecânica, os materiais e medicamentos utilizados são extremamente caros. Além disso, numa UTI a equipe assistencial fica ao lado do paciente 24 horas", diz Walter Cintra, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

Isso pode explicar as altas faturas recebidas no caso de pessoas que precisaram recorrer ao sistema privado de saúde. Esses eventos catastróficos, como são chamadas as internações de pacientes em estado grave, também apresentam um enorme risco de inadimplência, uma vez que muitos pacientes são internados em um ato de desespero da família.

Como saída para evitar dívidas de internações, conforme Cintra, os hospitais particulares costumam tentar transferência do paciente para um hospital público. "O que, no presente caso, é muito difícil de conseguir, uma vez que o paciente buscou o serviço privado exatamente por não conseguir vaga no SUS."

Embora cada história apresente algum problema particular, a realidade que enfrentam é um reflexo estrutural do esgotamento nos hospitais públicos brasileiros. "Há uma demanda de assistência superior à capacidade de atendimento", afirma Cintra.

Enquanto o Brasil já registra mais de 500 mil mortos pela Covid-19, reverter essa situação pode ser uma tarefa árdua e que deve se estender a longo prazo.

Associação

Procurada pela reportagem, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), em nota, respondeu que a legislação impossibilita o pagamento antecipado em casos de emergência. Além disso, os acordos são permitidos entre paciente, hospital e seguradora.

Sobre situações semelhantes às que foram apresentadas nesta reportagem, a Anahp afirma que "não pode nem deve participar ou conhecer detalhes de operações comerciais ou financeiras de seus associados".

Até o domingo, nenhum dos hospitais mencionados respondeu aos questionamentos enviados pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Impulsionados pela pandemia de Covid-19, os custos totais do governo federal totalizaram R$ 2,64 trilhões e aumentaram 16% em 2020 em relação a 2019, divulgou nesta terça-feira (6) o Tesouro Nacional. O indicador mede os gastos dos Três Poderes da União e do Ministério Público Federal com mão de obra, funcionamento, insumos, gastos financeiros, desvalorização de patrimônio e repartição de receitas com estados, municípios e organizações da sociedade.

Os principais componentes que elevaram os custos foram o auxílio emergencial e o programa de proteção ao emprego, que fizeram o item insumos financeiros (gastos financeiros) crescer 19% em 2020, e as compras de equipamentos para enfrentar a pandemia, que elevaram os custos de funcionamento do Ministério da Saúde em 17%, de R$ 21,69 bilhões para R$ 25,33 bilhões.

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Segundo o Tesouro Nacional, os itens que contribuíram para o aumento dos gastos do Ministério da Saúde foram materiais farmacológicos (medicamentos ou componentes destinados à manipulação de drogas medicinais), materiais reagentes para diagnóstico clínico e materiais de assepsia e equipamentos de proteção individual para ação preventiva contra o novo coronavírus.

Teletrabalho

Sem o Ministério da Saúde, os custos de funcionamento (um dos itens dos custos totais do governo federal) teriam caído 10% em 2020 para o Poder Executivo. A maior parte da redução deve-se ao trabalho remoto de servidores públicos durante a pandemia. O teletrabalho reduziu em 31% os gastos com diárias e passagens, em 40% as despesas de copa e cozinha, em 18% as de telefonia e em 19% as de água, esgoto, energia elétrica e gás na conta que exclui as despesas do Ministério da Saúde.

Os demais poderes também registraram redução de custos por causa do trabalho remoto. O custo de funcionamento do Poder Legislativo caiu 8% no ano passado. No Poder Judiciário, a queda chegou a 11% e, no Ministério Público Federal, a 7%.

Ao contabilizar apenas os salários e as demais remunerações, os gastos com mão de obra nos Três Poderes e no Ministério Público subiram apenas 3% em 2020. Segundo o relatório, essa alta deveu-se principalmente ao pagamento de sentenças judiciais e do aumento do adicional para as Forças Armadas, que entrou em vigor após a reforma das carreiras militares.

Gastos financeiros

Os insumos (gastos) financeiros subiram 19% no ano passado, impulsionados principalmente pelo auxílio emergencial e pelo Benefício Emergencial (BEm), que consumiram R$ 326 bilhões. Outros itens que puxaram o crescimento foram o incremento de R$ 45,9 bilhões com a atualização das projeções de gastos para a Previdência dos servidores da União e a alta de R$ 36,2 bilhões com o reajuste dos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), vinculados ao aumento do salário mínimo. Puxada pela ajuda aos governos locais em decorrência da pandemia, as transferências para estados e municípios subiram R$ 28,7 bilhões.

Esta foi a segunda vez que o Tesouro divulgou o Boletim Foco em Custos. A primeira versão, lançada em novembro, trazia o balanço de custos em 2019 e no primeiro semestre de 2020. Segundo o Tesouro Nacional, o documento tem o objetivo de medir tanto o consumo de recursos pelo setor público quanto a prestação de bens e de serviços à sociedade. Os valores são apurados por meio da comparação do valor do patrimônio em relação ao período anterior.

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