Na coletiva de lançamento da edição deste ano do Festival de Gramado - no mês passado, em Porto Alegre -, Rubens Ewald Filho, o mais conhecido do trio de curadores do evento (os outros são Marcos Santuário e Eva Piwowarski), não deixou por menos. Disse que o cinema brasileiro está batendo um bolão e a consequência foi que a curadoria conseguiu fazer a melhor seleção dos últimos anos. "Fomos muito rigorosos em nossos critérios de avaliação, mas, se tivéssemos espaço, teríamos mais quatro ou cinco filmes em competição, sem comprometer a qualidade", acrescentou. A partir desta sexta-feira, 8, e até o sábado da semana que vem - dia 16 -, será possível comprovar (espera-se) o que garante Ewald Filho.
Foram quase 800 inscritos para as mostras competitivas, e deles foram selecionados oito longas brasileiros, cinco latinos, 15 curtas nacionais e 17 gaúchos que concorrem ao Prêmio Assembleia Legislativa de Cinema. A novidade desse 42.º Festival de Gramado é que, a par dos tradicionais Kikitos, os vencedores vão receber também prêmios em dinheiro, no valor de R$ 275 mil. Só para efeito de comparação, o recente Festival de Paulínia distribuiu R$ 800 mil em prêmios, o mesmo valor que terá a premiação de Brasília, no mês que vem.
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O festival começa com uma homenagem a seu ex-curador, o ator José Wilker (substituído pela argentina Eva Piwowarski no triunvirato que faz a seleção). O longa de abertura, Isolados, um suspense de Tomas Portella, traz o ator em sua última interpretação, como psiquiatra, ao lado de Bruno Gagliasso e Regiane Alves. Na sequência, hoje mesmo, começa a competição brasileira com A Despedida, de Marcelo Galvão, com Nelson Xavier como idoso que se dá de presente uma noite de amor com mulher mais jovem, a deslumbrante Juliana Paes.
Gramado, que nunca negligenciou o valor do tapete vermelho para atrair público, terá dois primeiros dias bem intensos. Depois da bela Juliana, sábado será a vez do mais internacional dos astros brasileiros, Rodrigo Santoro, receber o Troféu Cidade de Gramado.
De volta à competição brasileira, é integrada também por outros sete títulos - Infância, de Domingos Oliveira, com a grande Fernanda Montenegro como matriarca no Rio dos anos 1950; Sinfonia da Necrópole, de Juliana Rojas, mistura de comédias, musical e terror (os dois filmes também haviam sido selecionados por Ewald Filho para Paulínia); Estrada 47, de Vicente Ferraz, com Daniel Oliveira, sobre a participação da FEB na guerra da Itália; A Luneta do Tempo, de Alceu Valença, com Irandhy Santos e Hermila Guedes como Lampião e Maria Bonita; O Segredo dos Diamantes, aventura infantojuvenil de Helvécio Ratton; Os Senhores da Guerra, de Tabajara Ruas, adaptado do romance de José Antônio Severo; e o documentário Esse Viver Ninguém Me Tira, de Caco Ciocler, que resgata a história de Aracy Guimarães Rosa, única brasileira a ter seu nome no Jardim dos Justos, em Jerusalém, por seu trabalho no salvamento de judeus, durante o nazismo.
Gramado mantém a tradição e outorga três importantes prêmios de carreira - O Troféu Oscarito, para o ator e diretor Flávio Migliaccio; o Troféu Eduardo Abelim, para o fotógrafo e diretor Walter Carvalho; e o Kikito de Cristal, para uma personalidade atuante no cinema latino-americano e que vai destacar o ator franco-argentino Jean-Pierre Noher, atualmente no elenco da novela O Rebu. Os longas da competição latina são - Algunos Dias Sin Musica, de Matías Rojo, Argentina/Brasil; El Critico, de Hernán Guerschuny, Argentina; El Lugar del Hijo, de Manuel Nieto, Uruguai; Esclavo de Dios, de Joel Novoa, Venezuela; e Las Analfabetas, de Moisés Sepúlveda, Chile.
O júri dos longas brasileiros é integrado, entre outros, pelo crítico Enéas de Souza e o cineasta César Charlone. No júri dos latinos está o ator Antônio Pitanga, de obras viscerais do Cinema Novo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.