Tópicos | Saleh

Sanaa, 8 - O gabinete do Iêmen aprovou um projeto de lei que garante imunidade ao presidente do país, Ali Abdullah Saleh, e a qualquer um que trabalhou sob seu comando durante os 33 anos de seu governo. Com isso, Saleh e suas forças de segurança não podem ser julgados pela morte de centenas de pessoas durante as manifestações contrárias ao regime.

O projeto de lei foi aprovado seguindo os termos do acordo de transferência de poder assinado por Saleh na Arábia Saudita no final do ano passado, que garante imunidade ao presidente desde que ele passe o poder para o vice-presidente do Iêmen, Abed Rabbo Mansour Hadi, em 21 de fevereiro.

##RECOMENDA##

O projeto de lei ainda precisa ser aprovado pelo parlamento iemenita. As informações são da Associated Press. (Equipe AE)

Uma autoridade militar iemenita informou que o filho do ex-presidente do país, Ali Abdullah Saleh, lidera uma repressão dentro da poderosa Guarda Republicana, que é comandada por ele, a fim de extirpar os oficiais rebeldes.

Segundo a fonte, o filho de Saleh, Ahmed, já efetuou dezenas de prisões até agora. A autoridade revelou ainda que a repressão busca impedir que os oficiais se juntem aos protestos que tomaram conta do Iêmen.

##RECOMENDA##

De acordo com ele, Ahmed alertou em uma reunião da Guarda Republicana nesta semana contra a "cópia" das greves trabalhistas que se alastram pelo país. A autoridade falou na condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto.

Centenas de homens em uniformes militares marcharam neste sábado na cidade de Taiz, pedindo o julgamento de importantes comandantes pelas mortes de manifestantes desarmados na onda de protestos que começou há mais de 10 meses.

Saleh, que ficou no poder durante 33 anos, assinou em novembro um acordo que lhe garantiu imunidade judicial, em troca da renúncia. Ele transferiu os poderes para o vice-presidente iemenita, Abdu Rabu Mansour Hadi. As informações são da Associated Press.

O contestado presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, disse a jornalistas neste sábado que pretende viajar para os Estados Unidos nos próximos dias com o objetivo de criar condições para uma prometida transição de poder no país árabe.

"Viajarei para os Estados Unidos nos próximos dias, não para tratamento médico, pois estou bem de saúde, mas para criar condições favoráveis para as eleições presidenciais" marcadas para 21 de fevereiro, disse ele durante entrevista coletiva concedida em Sanaa, a capital iemenita.

##RECOMENDA##

Há mais de três décadas no poder, Saleh já havia prometido em diversas ocasiões, nos últimos meses, permitir o andamento de uma transição no país. O anúncio de hoje, porém, foi feito horas depois de forças de segurança comandadas por um filho e um sobrinho de Saleh terem aberto fogo contra um protesto que reunia mais de 100.000 manifestantes.

Pelo menos nove pessoas morreram e dezenas ficaram feridas na repressão ao protesto de hoje, depois que a poderosa guarda republicana do Iêmen abriu fogo com armas, gás lacrimogêneo e canhões de água neste sábado contra uma marcha de mais de 100 mil manifestantes que exigiam que o presidente iemenita que está deixando o poder seja posto em julgamento.

Os manifestantes foram atacados quando entravam na capital Sanaa depois de marcharem por quatro dias desde Taiz, uma cidade que tem sido o polo de maior oposição e que fica situada a 270 quilômetros ao Sul. O primeiro protesto deste tipo foi chamado de Marcha da Vida e tinha como objetivo colocar pressão sobre o novo governo iemenita para não conceder imunidade ao presidente Ali Abdullah Saleh de ser processado.

A violência põe em relevo a contínua turbulência no Iêmen mesmo depois de Saleh ter assinado no mês passado um acordo, patrocinado pelos Estados Unidos e pela Arábia Saudita, pelo qual ele entregaria o poder ao seu vice-presidente e se comprometeria a renunciar completamente em troca de imunidade.

Os manifestantes, que vêm protestando aos milhares nos últimos nove meses, rejeitaram esse acordo, exigindo que Saleh seja julgado pela reação violenta que adotou contra os movimento de manifestação.

Segundo testemunhas, as marchas no sábado foram recebidas na entrada sul de Sanaa pelas forças da Guarda Republicana, a qual é comandada pelo filho de Saleh, e pelas forças da Segurança Central, lideradas pelo sobrinho de Saleh, com apoio de tanques. Os disparos das tropas dispersaram a multidão, que respondeu atirando pedras.

Os manifestantes feridos foram levados por motocicletas para as clínicas próximas, de acordo com o ativista Samer al-Makhalafi. Barulho de balas e de gás lacrimogêneo ainda pode ser ouvido à distância.

Os protestos ocorreram quando o parlamento iemenita se reuniu sábado pela primeira vez desde que a oposição e os legisladores independentes suspenderam seus trabalhos em março como protesto pela reação violenta contra os manifestantes. Os parlamentares iriam discutir o programa para o novo governo de unidade nacional, liderado pelo veterano político independente Mohammed Basindwa. As informações são da Associated Press.

O presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, assinou nesta quarta-feira na Arábia Saudita um acordo para transferir o poder, após 33 anos no cargo. O rei da Arábia, Abdullah, comemorou o acordo como um marco que virou uma "nova página" na história do empobrecido país no sul da Península Arábica, informa a Agência France Presse (AFP). "Esperamos que a transferência de poder ocorra democraticamente. Lamentamos o que aconteceu no Iêmen", disse Saleh.

O acordo, que oferece imunidade a Saleh e à família do mandatário, foi rechaçado por vários iemenitas nesta quarta-feira. Muitos jovens foram acampar em uma praça central na capital Sanaa. Eles afirmaram que o acordo é inviável porque Saleh ordenou às tropas que atirassem contra os manifestantes, matando mais de mil pessoas desde janeiro. Eles querem que Saleh seja levado a julgamento.

##RECOMENDA##

O governo dos Estados Unidos elogiou o acordo. "Os EUA aplaudem o governo e a oposição do Iêmen por concordarem com uma transição de poder pacífica e ordeira", disse em Washington o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner.

Saleh é o quarto governante árabe derrubado por revoltas populares neste ano. Em janeiro, caiu o governante da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, enquanto em fevereiro os egípcios derrubaram Hosni Mubarak. Em agosto, Muamar Kadafi foi defenestrado pelos insurgentes líbios.

A cerimônia de assinatura, transmitida ao vivo pela televisão estatal saudita, mostrou Saleh assinando o acordo patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelos países do Golfo Pérsico, no palácio real de Al-Yamana. Saleh assinou o documento observado pelo rei da Arábia e por vários políticos da oposição iemenita, bem como ministros dos países árabes do Golfo Pérsico.

Representantes do partido governista do Iêmen e da oposição também assinaram o documento, que deverá acabar com 10 meses de violência política no Iêmen. Mais de mil manifestantes foram mortos pelo governo e também em sangrentas lutas tribais. Saleh se aferrou ao poder e nem um atentado a bomba em junho, que o deixou ferido, levou à renúncia. Ele voltou ao Iêmen no mês passado após receber tratamento médico na Arábia.

Sob o acordo, o qual Saleh se recusou a assinar durante meses em desafio a pressões internas e internacionais, o mandatário passa os poderes ao vice-presidente Abdrabuh Mansur Hadi, em troca da imunidade para si próprio e sua família. Saleh ainda permanecerá como "presidente honorário" por 90 dias, ao fim das quais a transferência de poderes estará completa. Mas ele passará o poder para o vice em 30 dias. Após isso, ocorrerão eleições presidenciais em 90 dias.

Mesmo antes das revoltas árabes começarem, o Iêmen já era um dos países árabes mais pobres, com renda per capita inferior a US$ 2.500, segundo o Banco Mundial. A importância do país no mundo árabe é estratégica, já que ele fica no sul da Península Arábica, controlando as rotas do Mar Vermelho e o acesso ao sul, pelo estreito de Bab El-Mandeb, ao porto saudita de Jeddah e ao Canal de Suez ao norte.

"Hoje uma nova página na história de vocês teve início" disse o monarca da Arábia à delegação dos iemenitas que assinaram o acordo.

As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando