Tópicos | Silvio Costa (Avante)

Com os pedidos de registro de candidatura finalizados, a disputa pelas duas vagas de Pernambuco no Senado Federal fechou com 12 candidatos. Deles, nove declararam a posse de bens à Justiça Eleitoral sendo quatro postulantes milionários. De acordo com os dados disponibilizados pelo DivulgaCand, os maiores patrimônios são dos deputados federais Bruno Araújo (PSDB), Jarbas Vasconcelos (MDB), Mendonça Filho (DEM) e Silvio Costa (Avante). 

Dos quatro, o mais rico é Bruno, que declarou ter um total de R$ 5.160.732,02 em bens. O valor é quase onze vezes a mais do que o apresentado [R$ 480,4 mil] pelo tucano na primeira eleição que disputou em 2006. Já em 2014, quando concorreu pela última vez para deputado federal, o ex-ministro das Cidades disse possuir um patrimônio de R$ 3,1 milhões.  

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Logo em seguida na lista dos mais ricos aparece Jarbas, com uma declaração de R$ 1.687.249,59. O montante é maior do que em 2006, quando o emedebista disse ser dono de R$ 878, 6 mil em bens, contudo, menor do que o declarado no pleito de 2014, quando o ex-senador afirmou ter R$ 2 milhões em posses. 

O ex-ministro da Educação é o terceiro no ranking, com R$ 1.333.854,66. A diferença do patrimônio em relação a eleição de 2006, quando esteve disputado o cargo de governador, não é tão grande, uma vez que o democrata já tinha R$1.016.437,58 naquele ano. Agora, em 2014 os dígitos eram maiores, com pouco mais de R$ 1, 6 milhão em bens. 

Também entre os milionários está Silvio Costa com um patrimônio declarado de R$1.314.633,06. Em 2006, segundo a Justiça Eleitoral, o deputado não declarou nenhum bem, já em 2014 afirmou ser dono de R$1.059.430,23. 

Outras declarações

A candidata a senadora pelo PSOL, Albanise Pires, tem R$ 406,5 mil em bens. O patrimônio dela é ainda maior do que o do senador Humberto Costa (PT) que busca a reeleição e disse ter a posse de R$ 382,5 mil. Já a candidata do Pros, Lídia Brunes declarou ter R$116 mil e Adriana Rocha (Rede) R$114 mil. O postulante à Casa Alta com o menor patrimônio apresentado à Justiça Eleitoral é Helio Cabral (PSTU). Ele disse ser dono de R$ 7 mil em bens. 

Os candidatos Eugênia Lima (PSOL), Gilson Lopes (PCO) e Pastor Jairinho (Rede) não declararam patrimônio. 

Um mandato de oito anos enche os olhos de qualquer político e, não à toa, Pernambuco já tem nove nomes colocados como pré-candidatos as duas das três cadeiras que o estado tem no Senado Federal. A incógnita, porém, é: quem tem chances de ser eleito e garantir estabilidade política até 2026? A corrida deve se concentrar entre o senador Humberto Costa (PT), que busca pleitear à reeleição, e os deputados federais Jarbas Vasconcelos (MDB) e Mendonça Filho (DEM), mas Rede Sustentabilidade, PSOL, PSC e Avante também desejam as vagas.

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Dos três considerados mais competitivos, apenas o ex-ministro da Educação do governo do presidente Michel Temer (MDB) foi oficialmente confirmado para a disputa pelo cargo. Mendonça, que chegou a ser cogitado para ser candidato a governador, ganhou maior visibilidade nacional ao administrar o setor educacional público no país e promover iniciativas como a reforma do ensino médio. A atuação rendeu ainda avaliações positivas de prefeitos pernambucanos, inclusive de partidos que fazem oposição ao democrata.

Mendonça concorrerá na chapa montada pela frente “Pernambuco Vai Mudar” e já disse que se sente “credenciado” para representar o estado na Casa Alta. “Serei um senador para lutar em defesa do Estado e apoiar o governador nas demandas principais, fato que está ligado aos cargos que já ocupei", afirmou o democrata, durante o evento que lançou sua pré-candidatura, na última segunda (11). O que pesa contra ele, contudo, é o fato de estar ligado ao governo Temer, mal avaliado no estado, ou melhor, no país.

Peso que apesar de ser do MDB, mesmo partido de Temer, Jarbas Vasconcelos não carrega por apresentar um deslocamento claro do presidente brasileiro. Jarbas já foi senador e, em 2014, abriu mão de pleitear a reeleição para que o correligionário, Raul Henry (MDB), fosse vice-governador na chapa da Frente Popular de Pernambuco. Agora, com o movimento inverso, o deputado federal pretende voltar ao Senado.

"Sou candidato ao Senado da República. Acho que tenho nome, tenho história, tenho tradição, credibilidade junto ao eleitorado. Construí minha vida política com determinação, força e honestidade”, salientou recentemente o parlamentar. Nos bastidores, já é certa a vaga dele nas candidaturas majoritárias que serão apresentadas pelo grupo de partidos aliados ao governador Paulo Câmara (PSB), o que resta saber é quem será seu parceiro de disputa pelas duas vagas no Senado.

A resposta disso deve vir a partir do fim das articulações entre PSB e PT, para a retomada da aliança entre os dois partidos, previsto apenas para julho. A convergência entre as legendas fará com que o senador Humberto Costa busque a recondução ao posto pela chapa da Frente Popular, dando ao cenário eleitoral pernambucano um feito inédito: PT e MDB lado a lado em busca do voto.

Adversários históricos no estado, Jarbas Vasconcelos, que é ferrenho opositor e dono de declarações ácidas contra membros da legenda petista, já afirmou que não terá dificuldades em pedir voto para Humberto e começou a ponderar mais as avaliações sobre o PT.

“Vou pedir voto para quem for meu companheiro de chapa. O comando dessa questão é do governador. Ele está num diálogo com o PT e eu acho positivo. Quanto mais ele puder fazer um governo abrangente, melhor para o Estado. O PT não é nenhum bicho de sete cabeças, o governador integrando o PT à aliança não me oponho em coisa nenhuma, vamos trabalhar juntos, peço [voto para Humberto] sem nenhuma dificuldade, se esse for o caso”, considerou o pré-candidato a senador, nesta semana.

Outros nomes oficializados e o desejo de candidaturas

Além dos que centralizam a disputa, a Rede Sustentabilidade vai concorrer com uma chapa que terá como pré-candidatos Antônio Souza e Pastor Jairinho. Os dois tentam sair do isolamento e buscam alianças com outros partidos para dar mais competitividade às suas postulações. Os presidentes de PMN, PTC, PPL e PRP já declararam apoio a Antônio, mas não há uma aliança firmada oficialmente ainda com a Rede.

O PSOL, que protagoniza nesta eleição uma chapa majoritária feminina e feminista, também vai apresentar as candidaturas de Albanise Pires e Eugênia Lima ao Senado. A legenda firmou aliança com o PCB e deve arrastar votos de opinião e de movimentos feministas pernambucanos. Albanise já concorreu ao cargo em 2014, contra o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) e o ex-prefeito do Recife, João Paulo (PT) - que também perdeu o pleito. 

Outro nome que está entre os pré-candidatos é o do deputado federal Silvio Costa (Avante). Nos últimos dias, ele tem divulgado a conquista do apoio de prefeitos pernambucanos, contudo, o parlamentar ainda não tem uma chapa. Uma das esperanças dele é que o PT e PSB não firmem aliança e possa concorrer no mesmo palanque da pré-candidata petista ao Governo de Pernambuco, Marília Arraes. Isso fica claro porque Silvio é defensor da postulação da vereadora e tem se intitulado como o “senador de Lula”.

Completando a lista dos que desejam um lugar na Casa Alta, está o deputado estadual André Ferreira (PSC). Ele tenta costurar a candidatura, considerada como prioridade pelo partido, e tem dito que apenas fechará alianças que garantam a participação dele na majoritária. Entretanto, até o momento, nada foi concretizado.

Atualmente o PSC é aliado do governador Paulo Câmara, que ainda não definiu como montará a chapa, mas já iniciou um namoro com a frente “Pernambuco Vai Mudar”, de Armando Monteiro. No bloco oposicionista, os partidos abriram espaço para Ferreira, inclusive com o PSDB abrindo mão da vaga. Tanto governistas como opositores sabem que ter na chapa o deputado estadual, duas vezes o vereador mais votado do Recife, atrai os olhares do segmento evangélico.

Avaliação do cenário

A competitividade entre os pré-candidatos pernambucanos ao Senado e a viabilidade de vitória entre eles foi analisada pela cientista política Priscila Lapa, em conversa com o LeiaJá. A estudiosa também ponderou as articulações firmadas entre os partidos para a construção das postulações e disse que o eleitor ainda confunde o cargo de senador com o de deputado federal.  

“A vaga para o Senado na chapa é o cargo de barganha que dá definição e modelagem as alianças. É um cargo de muito valor, com mandato de oito anos. Um exemplo disso vimos na negociação para que Mendonça trocasse a liderança da chapa para a disputar o Senado”, observou a cientista, lembrando que o ex-ministro da Educação foi cotado para concorrer ao Palácio do Campo das Princesas.  

“Mendonça vem com grande capital político, pois como ocupou o cargo de ministro e vem se capitalizando como um dos candidatos mais competitivos. Ele agrega por ter ganho muita visibilidade como ministro da Educação, vem com a candidatura fortalecida, mas se ele usasse isso para disputar o cargo de governador teria o problema de rejeição, por estar ligado ao presidente Michel Temer. No Senado, deixa de ser vitrine e não capitaliza essa rejeição”, completou.

Do outro lado, Lapa também disse que “o grande peso” será se o PT e o PSB vão estar juntos ou não na disputa. “Se eles saem separados, vejo dificuldades para Humberto, por isso que ele é o grande defensor de não haver a candidatura de Marília. O PT esta esvaziado, não tem bancada federal que dê sustentação ao palanque e a estadual está frágil”, argumentou, lembrando que, apesar disso, o senador petista tem a favor dele o fato de ser considerado “uma liderança” em Brasília e “alguém que tem interlocução”.

Mesmo com o peso para o PT do retorno à Frente Popular de Pernambuco, a cientista política salientou que haverá uma “estranheza” do eleitor diante das eventuais candidaturas de Humberto Costa e Jarbas Vasconcelos na mesma chapa. Jarbas que, na ótica de Priscila, pode se sobressair pelo “recall [de votos] e a memória positiva de quando ele foi governador”, além da independência partidária, “mas isso não garante vitória”.

Questionada se seria uma disputa competitiva, Lapa argumentou que as pré-candidaturas postas não apresenta um quadro de renovação, como vem pedindo o eleitorado, e a “tendência é ser uma eleição mais conservadora”. A cientista política ainda esclareceu que normalmente os eleitores escolhem o senador pelo candidato a governador e que candidaturas solo não tendem a ser vitoriosas.

 

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